Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Missão da Nasa para desviar asteroide sublinha perigos da tecnologia https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/missao-da-nasa-para-desviar-asteroide-sublinha-perigos-da-tecnologia/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/missao-da-nasa-para-desviar-asteroide-sublinha-perigos-da-tecnologia/#respond Sun, 28 Nov 2021 15:00:36 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/dart-launch-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10188 Na última quarta (24), a Nasa lançou ao espaço a missão Dart, com o objetivo de alterar a órbita de um asteroide de médio porte (160 metros). A motivação é tão clara quanto nobre: testar uma tecnologia que poderá salvar a civilização de um futuro impacto, caso algum desses objetos seja descoberto em rota de colisão com a Terra.

Até o momento, mapeamos cerca de 40% da população de asteroides com 140 metros ou mais, e não há nenhum a nos ameaçar. Resta identificar os outros 60%, o que deve ocorrer nos próximos anos, com o trabalho diligente de astrônomos profissionais e amadores, somado a significativos projetos capazes de detecção em massa, como o futuro Observatório Vera Rubin, no Chile, que deve iniciar sua operação científica em 2023.

O que parece estar sendo pouco discutido são as implicações éticas de uma missão assim, provavelmente porque é muito difícil sensibilizar a opinião pública sobre questões que parecem remeter mais à ficção científica que à ciência (de vez em quando rola uma pandemia, e o pessoal se lembra de que essas coisas são todas reais e precisam ser amplamente conhecidas, sob risco de sucumbirmos à desinformação).

Em seu livro “Pálido Ponto Azul”, de 1994, o astrônomo Carl Sagan sublinhou o dilema, lembrando que a mesma tecnologia capaz de desviar um asteroide em rota de colisão com a Terra também pode apontar para a nossa direção um desses objetos que originalmente não trombaria conosco. Esse risco costuma ser descartado com o argumento “só um louco faria algo assim”. Ao que Sagan relembra nossa própria história. “Sempre que ouço isso (e é muitas vezes apresentado nesses debates), lembro-me de que loucos realmente existem. Algumas vezes eles alcançam os mais altos níveis de poder político em nações industriais modernas.”

Escrevendo no século 20, o astrônomo remete a figuras como Hitler e Stalin para exemplificar o drama. Adentrando já a terceira década do século 21, vimos que as coisas não mudaram tanto nesse aspecto desde então. Ainda hoje, loucos chegam ao poder e, quando o fazem, tomam decisões que sabidamente causarão enorme tragédia humana sem qualquer constrangimento ou sinal de empatia. Você sabe do que estou falando.

A Dart em si não é motivo para preocupação. Está em boas mãos e não traz risco para a Terra (não há como sua colisão com o asteroide Dimorfo, no fim de 2022, colocá-lo, nem por acidente, na nossa direção). Mas é inegável que estamos legando ao futuro um instrumento que, nas mãos erradas, pode, sim, vir a ser perigoso.

É mais um lembrete do eterno dilema que o desenvolvimento da ciência e da tecnologia nos impõe, desde as primeiras lanças com ponta de pedra lascada. Se não vier acompanhado de ética e sabedoria, pode acabar causando mais mal do que bem. Parece ser o destino da humanidade lutar com valentia em busca de um caminho melhor para si enquanto dança distraidamente à beira do precipício.

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Nasa lança nesta quarta (24) primeira missão para desviar rota de asteroide https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/nasa-lanca-nesta-quarta-24-primeira-missao-para-desviar-rota-de-asteroide/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/nasa-lanca-nesta-quarta-24-primeira-missao-para-desviar-rota-de-asteroide/#respond Tue, 23 Nov 2021 17:17:16 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/dart-mission-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10180 A Nasa lança na madrugada desta quarta-feira (24) a primeira missão de demonstração da capacidade de desviar a rota de um asteroide. Chamada de Dart, sigla inglesa para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo, a iniciativa é relativamente modesta em custo (US$ 324 milhões), mas ainda assim histórica. Pare para pensar: humanos tentarão de forma pioneira demonstrar que podem promover a defesa do planeta contra um bólido celeste que esteja em curso para colidir conosco. Há 65 milhões de anos, os dinossauros não tiveram esse luxo.

Para começar, vamos tirar da frente as teorias da conspiração. Não, não há, até onde se sabe, um asteroide que possa nos ameaçar seriamente ao longo das próximas décadas. A população de bólidos matadores de civilização, com 1 km de diâmetro ou mais, já foi mais de 95% mapeada (são cerca de 900), e nenhum de seus membros traz perigo nas próximas dezenas de anos, pelo menos. Contudo, os asteroides de menor porte, com 140 metros ou mais, são uma população bem mais numerosa e menos conhecida (estimam-se que existam cerca de 25 mil deles, dos quais só conhecemos 39%). E, embora sejam incapazes de extinguir a humanidade, podem causar estragos locais consideráveis.

A Dart representa uma tentativa de lidar com o perigo oferecido por esses objetos. Sua tecnologia é a mais simples possível: mudar a trajetória de um asteroide simplesmente colidindo com ele, método de deflexão que os cientistas chamam de “impacto cinético”. Não tem bomba, não tem nada. É só uma pancada em alta velocidade, com um acidente de trânsito cósmico, que leve o asteroide a sofrer uma mudança de velocidade. Alterando isso, a órbita também se altera. E aí o asteroide que hipoteticamente ia bater com a gente de repente não bate mais.

Como o nome diz, trata-se de um teste. É para ver se funciona. O alvo escolhido é um asteroide que facilitará a medição do efeito da missão, mas que não oferece qualquer perigo para a Terra, agora ou depois da colisão com a Dart. Trata-se do astro duplo Dídimo (Didymos) e Dimorfo (Dimorphos). O primeiro, maior deles, tem 780 metros. O segundo, menor, é uma lua-asteroide, com 160 metros.

Partindo da Terra às 3h21 desta quarta (pelo horário de Brasília), a Dart tem um encontro marcado com o Dimorfo entre os dias 28 de setembro e 1º de outubro de 2022. O impacto da espaçonave deve, se tudo der certo, alterar a velocidade orbital dele. Não é lá uma grande massa, pouco mais de meia tonelada, mas numa colisão a 6 km/s – ou 21.600 km/h.

Dimorfo tem muito mais massa que a nave, de forma que, enquanto ela será inteiramente vaporizada pelo encontro (abrindo uma cratera nele), ele deve sofrer apenas uma sutil mudança de rumo. Se o asteroide estivesse vagando sozinho em órbita do Sol, a mudança talvez fosse sutil demais para ser identificada rapidamente. Mas é aí que entra a vantagem de escolher um astro duplo. Como Dimorfo completa uma volta ao redor de Dídimo em cerca de 12 horas, qualquer mudança de trajetória fará uma alteração detectável no período orbital, que os astrônomos poderão medir usando telescópios em solo. (A escolha da data do impacto tem a ver com isso – ele vai acontecer quando a Terra está perto de sua distância mínima de Dídimo, cerca de 11 milhões de km, facilitando as observações. A última vez que houve uma proximidade tão grande foi em 2003, e a próxima, só em 2062.)

Ao impactar contra o asteroide Dimorfo, ele deve reduzir sua órbita em torno do Dídimo. (Crédito: APL/JHU)

Os asteroides também serão estudados pela própria sonda, durante sua aproximação, e é possível que um pequeno satélite italiano (que viaja junto com ela) faça um registro do impacto em si. O LICIACube é da classe dos cubesats (tem o tamanho de uma caixa de sapatos, 30x20x10cm) e é equipado com duas câmeras para produzir imagens do encontro.

E aí, se tudo correr bem, a Terra está segura? Podemos esquecer de uma vez por todas da ameaça dos asteroides, contando que a Nasa está pronta para defender o planeta? Como você deve ter desconfiado, não é bem assim.

“A demonstração é muito importante, mas essa estratégia só será útil se tivermos aviso bastante antecipado de uma futura colisão”, explica Cristóvão Jacques, astrônomo do Observatório SONEAR, em Oliveira (MG), e principal descobridor brasileiro de asteroides próximos à Terra. “Se soubermos que um asteroide de até uns 300 metros estiver em rota de colisão com a gente em uns 10, 15 anos, daria tempo de preparar uma missão assim, implementar e encontrar o objeto a tempo de alterar sua órbita para que, com o passar do tempo, ele não atingisse o planeta. Mas se o aviso fosse de 2 ou 3 anos, esse método não daria certo.”

Daí inclusive a importância do trabalho dos astrônomos em continuar identificando todos os membros dessa vasta população de objetos potencialmente ameaçadores à Terra. Quanto antes descobrirmos um asteroide que tenha o nosso nome colado nele, maior a chance de podermos reagir para evitar o impacto.

E, claro, se o asteroide for muito grande, daquela categoria capaz de extinções em massa (como o que atingiu os dinossauros, que tinha algo como uns 10 km), mesmo com um longo tempo de aviso essa estratégia de simplesmente colidir uma nave com ele provavelmente seria incapaz de redirecioná-lo. “Felizmente, essa população já está quase toda descoberta e sabemos que não oferece perigo pelo próximo século”, completa Jacques.

A missão Dart é gerenciada pelo APL (Laboratório de Física Aplicada) da Universidade Johns Hopkins e será lançada por um foguete Falcon 9, da SpaceX, em sua primeira missão interplanetária a serviço da Nasa. O voo parte da Base da Força Espacial Vandenberg, na Califórnia, e a meteorologia no momento dá 90% de probabilidade de boas condições. Caso haja alguma violação dos critérios de missão, uma nova tentativa pode ser feita no dia 25.

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Teste de míssil antissatélite russo gera nuvem de lixo espacial perigoso https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/teste-de-missil-antissatelite-russo-gera-nuvem-de-lixo-espacial-perigoso/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/teste-de-missil-antissatelite-russo-gera-nuvem-de-lixo-espacial-perigoso/#respond Sun, 21 Nov 2021 15:00:08 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/cosmos-1408-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10177 Fogo no parquinho. A Rússia decidiu na última segunda-feira (15) que era um bom dia para testar um míssil antissatélite e explodir um de seus próprios artefatos espaciais. Funcionou. Agora, em vez de termos um grande pedaço de lixo espacial numa órbita bem definida, temos mais de 1.500 pequenos detritos, além de centenas de milhares não rastreáveis, voando por órbitas ligeiramente diferentes. A maioria vai desaparecer em um ano, reentrando na atmosfera terrestre. Alguns poderão ficar lá por mais de uma década. E todos oferecem algum perigo a outros satélites na mesma região do espaço.

A “vítima” foi um satélite listado internacionalmente como Cosmos 1408, já desativado há muito tempo, tendo sido lançado à órbita pela antiga União Soviética nos idos de 1982. Até aí, zero perdas. Mas teve “barata voa” na Estação Espacial Internacional. Ao detectar a nuvem de detritos gerada pelo teste, os centros de controle em Houston e Moscou pediram aos astronautas e cosmonautas que se alojassem preventivamente em suas cápsulas. A ideia era deixá-los prontos para uma evacuação rápida caso o complexo orbital fosse atingido por algum detrito capaz de causar despressurização ou outros danos sérios.

A primeira passagem foi tranquila. Nada aconteceu. A segunda também, e aí os tripulantes já foram liberados para voltar à estação, mas mantendo as comportas entre os módulos fechadas para reduzir riscos. A cada uma hora e meia, mais ou menos, o complexo orbital voltava a fazer aproximação da nuvem de lixo, bem ao sabor do filme “Gravidade”. Felizmente não houve uma reação em cadeia como a vista no longa-metragem.

O problema é que o risco existia. O Departamento de Estado americano classificou o teste russo como uma atitude irresponsável. O Ministério da Defesa russo disse que os detritos mantiveram quilômetros de distância da estação e não ofereceram perigo. Mas o episódio nos lembra de como estamos lidando com um ambiente frágil. Um pedaço de lixo em órbita é algo que permanece lá por muito tempo, como um projétil viajando a 27 mil km/h. Mesmo sendo pequeno, pode causar grandes danos.

E o maior temor é o de que uma nuvem de detritos atinja outros satélites, cada um gerando suas próprias nuvens, desencadeando uma sequência de eventos que terminaria com a Terra envolva por uma camada perigosíssima de lixo espacial. Isso teria o potencial para eliminar a viabilidade de manter satélites operacionais. Esqueça telescópios espaciais, telecomunicações, GPS, meteorologia… Prejuízo incalculável.

Não tem bonzinho na história. Semana passada foi a Rússia. Mas em anos recentes vimos testes similares sendo realizados por EUA, Índia e China. A prosseguirmos nessa escalada, um dia as coisas ainda vão acabar mal. As nações espaciais deveriam estar concentradas em mitigar, e não potencializar, os perigos do lixo espacial. Antes que só nos reste lamentar.

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Nasa adia retorno tripulado à superfície da Lua para “não antes de 2025” https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/14/nasa-adia-retorno-tripulado-a-superficie-da-lua-para-nao-antes-de-2025/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/14/nasa-adia-retorno-tripulado-a-superficie-da-lua-para-nao-antes-de-2025/#respond Sun, 14 Nov 2021 15:00:17 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/starship-moon-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10174 Esqueça a volta à Lua em 2024. Na semana passada, a chefia da Nasa apresentou atualizações ao cronograma de retorno lunar tripulado. A agência agora diz que o primeiro envio de astronautas à superfície não acontecerá antes de 2025. E não se surpreenda se essa data escapar para 2026 ou mesmo 2028.

O bode expiatório foi o processo recentemente imposto na justiça federal americana pela empresa Blue Origin, de Jeff Bezos, após perder a licitação da escolha do sistema de pouso para o programa lunar. Com três companhias na disputa, a Nasa acabou optando por apenas uma contratação, com a SpaceX, de Elon Musk, baseada em seu veículo Starship.

Altamente inovador, ele poderia transportar até 100 toneladas de cada vez à superfície lunar, algo que mudaria as regras do jogo para a criação de uma futura base. Mas também é uma aposta de alto risco, já que muita coisa nunca feita antes (como reabastecimento em órbita e alta cadência de lançamentos) precisa ser demonstrada antes que ele possa cumprir a missão.

A Blue Origin questionou a escolha na justiça, dizendo que a Nasa poderia ter optado por duas empresas. Ao escolher apenas uma, além de inibir a concorrência, a agência estaria colocando o retorno à Lua em risco. Levou sete meses, mas a Corte Federal validou o processo de escolha da Nasa.

Bezos colocou o rabo entre as pernas, e a agência usou o atraso para justificar a perda da chance de fazer o primeiro pouso tripulado em 2024. Mas vale ressaltar que essa meta sempre soou fantasiosa. Agora virou “não antes de 2025”. Ainda assim, haja otimismo. Tem muita coisa que precisa acontecer antes das próximas pegadas humanas no solo lunar.

A ação começa no ano que vem, com a missão Artemis I. Ela levará pela primeira vez uma cápsula Orion, impulsionada à órbita lunar pelo novo (e caríssimo) superfoguete SLS. Mas sem tripulação. Deve acontecer no primeiro semestre. No momento, o cronograma indica fevereiro.

Depois disso virá a Artemis II, essa sim a primeira tripulada. Repetindo o perfil de voo de sua antecessora, representará o primeiro retorno de astronautas à órbita lunar desde as missões Apollo, encerradas em 1972. A planilha hoje indica que o voo deve ser realizado até maio de 2024. E não dá para subestimar seu valor histórico: ela será a Apollo 8 do século 21.

Em paralelo, a SpaceX precisa amadurecer sua versão lunar do Starship e realizar um pouso não tripulado bem-sucedido na Lua, antes de poder levar os astronautas da missão de solo Artemis III. No momento, esse voo de demonstração não tem data para acontecer, mas a empresa espera realizar o primeiro lançamento orbital do Starship já no começo do ano que vem.

São essas as duas caminhadas paralelas que vão determinar quando veremos humanos saltitando pela Lua novamente. Segue sendo otimista pensar que será em 2025, mas o caminho está traçado, e os percalços, mapeados.

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Nasa lança missão Lucy, dedicada a estudar asteroides ‘companheiros’ de Júpiter https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/16/nasa-lanca-missao-lucy-dedicada-a-estudar-asteroides-companheiros-de-jupiter/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/16/nasa-lanca-missao-lucy-dedicada-a-estudar-asteroides-companheiros-de-jupiter/#respond Sat, 16 Oct 2021 09:52:15 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/lucy-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10150 A Nasa lançou neste sábado (16) a sonda Lucy, sua primeira missão robótica dedicada a explorar os asteroides troianos, que acompanham o gigante Júpiter em sua órbita ao redor do Sol.

O lançamento partiu no horário marcado, às 6h34 (de Brasília), em Cabo Canaveral, Flórida. A espaçonave foi levada ao espaço por um foguete Atlas V, iniciando uma jornada que deve durar pelo menos 12 anos. Não é fácil chegar aos arredores da órbita joviana e mais difícil ainda chegar a uma velocidade suficientemente moderada para que a espaçonave possa explorar individualmente vários asteroides, um após o outro.

Para isso, a sonda fará três sobrevoos da própria Terra, em 2022, 2024 e 2030. Após o segundo deles, a Lucy passará, em 2025, por um objeto do cinturão de asteroides que atende pelo peculiar nome Donaldjohanson. É o nome do paleoantropólogo que descobriu o fóssil que dá nome à missão, o australopiteco de 3,5 milhões de anos que ajudou a reconstruir a história da evolução humana (ao estudar os asteroides troianos, a missão espera revelar os segredos da formação do Sistema Solar, tendo impacto similar ao de sua homônima fóssil).

Após passar pelo asteroide Donaldjohanson, a sonda chegará ao primeiro grupo de troianos a serem estudados, num dos cinco pontos de Lagrange que existem em cada sistema gravitacional de dois corpos.

Essas regiões, moldadas pela gravidade combinada de Júpiter e do Sol, servem como uma espécie de estacionamento natural para espaçonaves e outros pequenos objetos, como asteroides. Ao longo da missão, a Lucy visitará os pontos L4 e L5. O L4 fica na órbita de Júpiter, mas 60 graus à frente dele. Lá ela visitará cinto objetos: Eurybates e seu satélite Queta, Polymele, Leucus e Orus. Tudo isso entre 2027 e 2028.

Depois da visita ao L4, a sonda volta a fazer um sobrevoo da Terra e então ruma novamente para a órbita de Júpiter, mas desta vez para o L5, onde visitará pelo menos dois objetos: a dupla Patroclus e Menoetius, em 2033.

Ou seja, serão ao todo 7 asteroides troianos visitados, além do encontro com o Donaljohanson no cinturão de asteroides.

Para operar com sucesso em uma região tão longínqua do Sistema Solar, a sonda conta com dois painéis solares superleves e enormes, cada um formando um círculo com mais de 7 metros de diâmetro.

A missão foi selecionada em 2017 como parte do programa Discovery, em que a Nasa seleciona missões de baixo custo propostas por cientistas com objetivos bem definidos.

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William Shatner vai ao espaço na missão NS-18 da Blue Origin https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/13/ao-vivo-william-shatner-vai-ao-espaco-na-missao-ns-18-da-blue-origin/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/13/ao-vivo-william-shatner-vai-ao-espaco-na-missao-ns-18-da-blue-origin/#respond Wed, 13 Oct 2021 13:00:27 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/FBYQlBPVgAIMAWp-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10141 Aconteceu nesta quarta-feira (13), a partir da base da empresa Blue Origin em West Texas (EUA), o lançamento da missão NS-18, o segundo voo suborbital tripulado da companhia. E um dos tripulantes foi ninguém menos que William Shatner, ator que interpretou o capitão Kirk em “Jornada nas Estrelas”, nos anos 1960.

Originalmente marcado para a terça, ele foi adiado para quarta por questões meteorológicas. O veículo New Shepard foi desenvolvido pela empresa de Jeff Bezos (o dono da Amazon e homem mais rico do mundo) para fomentar o turismo espacial e fez sua primeira viagem com tripulação em 20 de julho, quando voaram o próprio Bezos, seu irmão Mark, a aviadora Wally Funk e o jovem estudante Mark Daemen.

Voos do New Shepard não vão à órbita: eles chegam à borda do espaço e retornam em seguida, atingindo altitude de pouco mais de 100 km. Lá, os passageiros esperam alguns minutos da sensação de ausência de peso e podem ver a curvatura da Terra do espaço. É mais ou menos o mesmo perfil de missão realizada pelo primeiro astronauta americano, Alan Shepard, em maio de 1961. Daí o nome do veículo.

A missão toda dura cerca de 12 minutos. A cápsula decola acoplada a um foguete de um único estágio e se solta após a fase propulsada do voo, executando uma parábola até a borda do espaço. No retorno, a descida é suavizada por paraquedas e um sistema de retropropulsão que se ativa na iminência do contato com o solo.

O foguete de estágio único New Shepard que levará William Shatner ao espaço. (Crédito: Blue Origin)

Com o voo desta quarta, Shatner se tornou a pessoa mais velha a ir ao espaço. Aos 90 anos, ele bateu o recorde de Funk, 82, também passageira da Blue Origin. Seus companheiros de viagem foram Audrey Powers, vice-presidente de operações de voo da Blue Origin, e os empresários Chris Boshuizen, cofundador da operadora de satélites Planet, e Glen de Vries, cofundador da empresa de dados médicos Medidata Solutions.

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Amostras trazidas da Lua por missão chinesa revelam vulcanismo tardio https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/amostras-trazidas-da-lua-por-missao-chinesa-revelam-vulcanismo-tardio/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/amostras-trazidas-da-lua-por-missao-chinesa-revelam-vulcanismo-tardio/#respond Sun, 10 Oct 2021 15:00:33 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/change-5-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10138 A primeira missão chinesa de retorno de amostras da Lua começou a produzir seus primeiros frutos científicos. Pesquisadores estudando as rochas lunares trazidas pela espaçonave Chang’e-5 indicam que o basalto no local de pouso tem aproximadamente 2 bilhões de anos de idade.

O resultado confirma uma desconfiança que vem crescendo entre os cientistas: a Lua foi vulcanicamente ativa até mais recentemente do que se imaginava antes. Até uns dez anos atrás, a premissa era de que praticamente todo vulcanismo lunar no lado próximo da Lua cessou há uns 3 bilhões de anos, pouco depois da fase de bombardeio pesado tardio, uma época em que o Sistema Solar interno foi todo alvejado por uma grande quantidade de asteroides, entre 4,2 bilhões e 3,8 bilhões de anos atrás.

Além dessa confirmação de vulcanismo mais recente, a determinação da idade precisa desse fluxo de lava “jovem” (para os padrões lunares, não terrestres) ajuda a calibrar a técnica de contagem de crateras usada para datar superfícies lunares e planetárias. O raciocínio é simples: sem poder colher uma amostra de todo e qualquer terreno para datação por decaimento radioativo de elementos presentes no material, os pesquisadores presumem uma taxa média de impactos por asteroides e então contam a quantidade de crateras em uma dada região. As mais antigas têm mais buracos que as mais novas. Agora, com uma datação precisa de uma nova região lunar, fica mais fácil estimar a taxa média de impactos e, assim, calcular a idade de outros locais.

A missão chinesa foi a primeira a colher amostras lunares desde a soviética Luna-24, conduzida em 1976. Ela pousou em Oceanus Procellarum, a exemplo da Apollo-12, de 1969, mas longe do local em que desceu a missão tripulada americana. Trata-se de uma área cujo solo é composto por lava solidificada de uma antiga erupção vulcânica (ou talvez mais de uma, não há certeza). A espaçonave colheu amostras da superfície em dezembro de 2020 e as trouxe de volta à Terra para análise naquele mesmo mês.

O cálculo de idade, feito pela equipe de Xiaochao Che, da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, foi publicado em 7 de outubro na revista Science. E agora resta o desafio de explicar como esse vulcanismo recente foi possível. “Não há evidência de altas concentrações de elementos produtores de calor no manto profundo da Lua, então explicações alternativas são exigidas para a longevidade do magmatismo lunar”, escreveram os pesquisadores.

É uma excelente demonstração de como é falsa a noção de que já investigamos a Lua o suficiente para entendê-la de forma completa. Certamente haverá muita ciência a ser produzida lá, conforme diversas nações, puxadas por China e EUA, se preparam para retomar sua exploração, com sondas e tripulações. Esse é só o começo.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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William Shatner, ator do capitão Kirk, vai ao espaço com a Blue Origin https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/04/william-shatner-ator-do-capitao-kirk-vai-ao-espaco-com-a-blue-origin/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/04/william-shatner-ator-do-capitao-kirk-vai-ao-espaco-com-a-blue-origin/#respond Mon, 04 Oct 2021 14:55:41 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/blue-shatner-scaled-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10128 A empresa Blue Origin confirmou nesta segunda (4) que William Shatner irá audaciosamente aonde nenhum ator de “Jornada nas Estrelas” jamais esteve: o espaço.

O intérprete do capitão Kirk na série dos anos 1960 estará a bordo da cápsula New Shepard, desenvolvida pela empresa de Jeff Bezos para a realização de turismo espacial, no próximo dia 12. Será o segundo voo tripulado do veículo, depois que o próprio Bezos, acompanhado por seu irmão Mark, a aviadora Wally Funk e o jovem estudante Mark Daemen, fizeram a viagem inaugural, em julho.

“Tenho ouvido falar de espaço por um longo tempo. Estou abraçando a oportunidade de ver por mim mesmo. Que milagre”, disse Shatner, em comunicado publicado pela companhia.

O voo tem perfil suborbital: ele vai à borda do espaço e retorna em seguida, atingindo altitude de pouco mais de 100 km. Lá, os passageiros esperam alguns minutos da sensação de ausência de peso e podem ver a curvatura da Terra do espaço.

A missão toda dura pouco menos de 15 minutos. A cápsula decola acoplada a um foguete de um único estágio e se solta após a fase propulsada do voo, executando uma parábola até a borda do espaço. No retorno, a descida é suavizada por paraquedas e um sistema de retropropulsão que se ativa na iminência do contato com o solo.

O foguete de estágio único New Shepard que levará William Shatner ao espaço. (Crédito: Blue Origin)

Shatner se tornará também a pessoa mais velha a ir ao espaço. Com 90 anos, ele baterá o recorde de Wally Funk, 82, também passageira da Blue Origin. Ele irá acompanhado por Audrey Powers, vice-presidente de operações de voo e missão da Blue Origin, e dos empresários Chris Boshuizen, cofundador da operadora de satélites Planet, e Glen de Vries, cofundador da empresa de dados médicos Medidata Solutions.

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Inspiration4 termina com sucesso e abre a fila de voos orbitais privados https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/09/19/inspiration4-termina-com-sucesso-e-abre-a-fila-de-voos-orbitais-privados/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/09/19/inspiration4-termina-com-sucesso-e-abre-a-fila-de-voos-orbitais-privados/#respond Sun, 19 Sep 2021 15:00:29 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/dragon-inspiration4-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10115 Com uma amerissagem bem-sucedida na costa da Flórida no começo da noite de sábado (18), terminou de forma bem-sucedida a Inspiration4, primeira missão orbital tripulada privada. Mas Jared Isaacman, o bilionário que pagou a empreitada, e seus colegas de tripulação (Siam Proctor, Hayley Arceneaux e Chris Sembroski) são apenas os primeiros em uma fila que já começa a se alongar, iniciando para valer o processo de ocupação comercial da órbita terrestre baixa. Os próximos voos já estão no horizonte imediato.

A ambição tem mais de década. Quando a Nasa decidiu tocar um programa comercial de transporte de tripulações, em 2010, o plano era ter pelo menos duas empresas que pudessem atender à demanda da agência e, ao mesmo tempo, viabilizar a criação de um mercado privado de voo espacial. Uma vez desenvolvidos os veículos, a serem operados pelas companhias contratadas, a Nasa seria apenas um potencial cliente, dentre vários.

Em 2014, o processo seletivo amadureceu com a seleção de duas empresas, SpaceX e Boeing, para desenvolverem suas próprias naves, por, respectivamente, US$ 2,6 bilhões e US$ 4,2 bilhões. A SpaceX chegou na frente com a Crew Dragon, que realizou seu primeiro voo tripulado para a Nasa em 2020. A Boeing, com sua Starliner, teve mais problemas e ainda não chegou lá, mas espera-se que possa acontecer no ano que vem.

A Inspiration4 foi a quarta missão orbital tripulada da SpaceX e a primeira contratada por um ente privado. Mas já há fila. A companhia Axiom Space, cofundada e dirigida por Michael Suffredini, ex-gerente da Nasa, tem outros quatro voos contratados com a SpaceX. O primeiro deles, a ser realizado no início de 2022, tem tripulação fechada e será comandado pelo ex-astronauta da Nasa Michael López-Alegría. Será o primeiro voo privado à Estação Espacial Internacional (ISS), e a Axiom pagará “aluguel” à Nasa pelo uso dos serviços de bordo lá. Os outros três devem acontecer entre 2022 e 2023.

A Axiom também tem contrato com a Nasa para enviar dois módulos à estação, entre 2024 e 2025, no que seria o prelúdio para a construção de um complexo próprio em órbita. É outro objetivo confesso da agência espacial que estações privadas tomem o lugar da ISS após o fim da sua vida útil, em 2030, liberando recursos para a exploração do espaço profundo, com missões à Lua e a Marte.

Nesse primeiro momento, tudo segue muito caro. Cada voo de Crew Dragon sai por cerca de US$ 200 milhões. Agora imagine que o próximo foguete da SpaceX, o Starship, mantenha o custo de operação da dupla Falcon 9/Dragon, mas levando 100 passageiros de cada vez. O custo por assento cairia dos US$ 50 milhões atuais para US$ 2 milhões. E aí termine com a meta aspiracional de Elon Musk: cada lançamento do Starship por US$ 2 milhões. Nesse cenário, uma passagem individual sairia por US$ 20 mil. Ficção? Pelo contrário; é um futuro que já começa a bater à nossa porta.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Missão privada Inspiration4 atinge a órbita terrestre https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/09/15/missao-privada-inspiration4-atinge-a-orbita-terrestre/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/09/15/missao-privada-inspiration4-atinge-a-orbita-terrestre/#respond Thu, 16 Sep 2021 00:35:28 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-15-at-21.34.29-320x213.jpeg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10111 A missão Inspiration4, primeiro voo tripulado totalmente privado à órbita terrestre, partiu nesta quarta (15), às 21h02 (de Brasília), levando quatro pessoas que não são astronautas para uma estadia de três dias no espaço. Eles partiram a bordo da cápsula Crew Dragon Resilience, no topo de um foguete Falcon 9, ambos da empresa SpaceX, lançados do Centro Espacial Kennedy, da Nasa, na Flórida.

É bem diferente de dar um pulinho ao espaço e retornar em seguida, como fizeram os bilionários Richard Branson e Jeff Bezos em seus voos suborbitais. Para entrar em órbita, uma cápsula precisa atingir velocidade superior aos 27 mil km/h. Já para um voo suborbital, a velocidade não costuma exceder os 4.000 km/h. Essa diferença se traduz no tamanho do foguete necessário e no incremento de complexidade (e risco) na subida e na descida, com uma reentrada potencialmente incendiária na atmosfera.

A Crew Dragon, contudo, já se mostrou à altura do desafio. Com ela, a SpaceX já conduziu três missões tripuladas à Estação Espacial Internacional para a Nasa, entre 2020 e 2021. A Inspiration4 é a quarta para a companhia, a segunda com a cápsula Resilience e a primeira com financiamento inteiramente privado. Quem banca a empreitada é o empresário Jared Isaacman, que ficou bilionário ao criar o sistema digital de pagamentos Shift4. O custo do voo não foi revelado, mas um bom palpite seria ao redor de US$ 200 milhões.

A cápsula não visitará a estação espacial, como de costume, mas voará mais alto que o complexo orbital, em uma órbita de 575 km de altitude. Uma cúpula instalada a bordo permitirá visões incríveis da Terra e do espaço. E a missão está sendo acompanhada praticamente de forma simultânea por uma minissérie documental na Netflix. Será o primeiro voo orbital tripulado totalmente financiado pela iniciativa privada, e seus promotores esperam que seja o marco de uma nova era para o acesso ao espaço.

O nome Inspiration4 se justifica pela escalação da tripulação, pensada para representar qualidades específicas: liderança, esperança, generosidade e prosperidade.

Isaacman, 38, com experiência como piloto, assumiu o papel de liderança. A esperança foi representada por Hayley Arceneaux, 29, uma assistente médica do hospital infantil St. Jude, em Memphis, no Tennessee, que superou lá um câncer quando tinha dez anos. Para generosidade, a vaga ficou com Christopher Sembroski, 42, um dos doadores da campanha realizada para o mesmo hospital. E a vaga da prosperidade ficou com Sian Proctor, 51, uma geóloga e empreendedora que quase chegou a ser astronauta pela Nasa e agora realiza o sonho de ir ao espaço (tornando-se a quarta mulher negra a chegar lá).

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