Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Amostras trazidas da Lua por missão chinesa revelam vulcanismo tardio https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/amostras-trazidas-da-lua-por-missao-chinesa-revelam-vulcanismo-tardio/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/amostras-trazidas-da-lua-por-missao-chinesa-revelam-vulcanismo-tardio/#respond Sun, 10 Oct 2021 15:00:33 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/change-5-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10138 A primeira missão chinesa de retorno de amostras da Lua começou a produzir seus primeiros frutos científicos. Pesquisadores estudando as rochas lunares trazidas pela espaçonave Chang’e-5 indicam que o basalto no local de pouso tem aproximadamente 2 bilhões de anos de idade.

O resultado confirma uma desconfiança que vem crescendo entre os cientistas: a Lua foi vulcanicamente ativa até mais recentemente do que se imaginava antes. Até uns dez anos atrás, a premissa era de que praticamente todo vulcanismo lunar no lado próximo da Lua cessou há uns 3 bilhões de anos, pouco depois da fase de bombardeio pesado tardio, uma época em que o Sistema Solar interno foi todo alvejado por uma grande quantidade de asteroides, entre 4,2 bilhões e 3,8 bilhões de anos atrás.

Além dessa confirmação de vulcanismo mais recente, a determinação da idade precisa desse fluxo de lava “jovem” (para os padrões lunares, não terrestres) ajuda a calibrar a técnica de contagem de crateras usada para datar superfícies lunares e planetárias. O raciocínio é simples: sem poder colher uma amostra de todo e qualquer terreno para datação por decaimento radioativo de elementos presentes no material, os pesquisadores presumem uma taxa média de impactos por asteroides e então contam a quantidade de crateras em uma dada região. As mais antigas têm mais buracos que as mais novas. Agora, com uma datação precisa de uma nova região lunar, fica mais fácil estimar a taxa média de impactos e, assim, calcular a idade de outros locais.

A missão chinesa foi a primeira a colher amostras lunares desde a soviética Luna-24, conduzida em 1976. Ela pousou em Oceanus Procellarum, a exemplo da Apollo-12, de 1969, mas longe do local em que desceu a missão tripulada americana. Trata-se de uma área cujo solo é composto por lava solidificada de uma antiga erupção vulcânica (ou talvez mais de uma, não há certeza). A espaçonave colheu amostras da superfície em dezembro de 2020 e as trouxe de volta à Terra para análise naquele mesmo mês.

O cálculo de idade, feito pela equipe de Xiaochao Che, da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, foi publicado em 7 de outubro na revista Science. E agora resta o desafio de explicar como esse vulcanismo recente foi possível. “Não há evidência de altas concentrações de elementos produtores de calor no manto profundo da Lua, então explicações alternativas são exigidas para a longevidade do magmatismo lunar”, escreveram os pesquisadores.

É uma excelente demonstração de como é falsa a noção de que já investigamos a Lua o suficiente para entendê-la de forma completa. Certamente haverá muita ciência a ser produzida lá, conforme diversas nações, puxadas por China e EUA, se preparam para retomar sua exploração, com sondas e tripulações. Esse é só o começo.

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Em rally marciano, rover dos EUA sofre revés e chinês ganha missão estendida https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/08/22/em-rally-marciano-rover-dos-eua-sofre-reves-e-chines-ganha-missao-estendida/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/08/22/em-rally-marciano-rover-dos-eua-sofre-reves-e-chines-ganha-missao-estendida/#respond Sun, 22 Aug 2021 15:00:51 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/zhurong-menor-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10073 No rally marciano de 2021, o rover americano Perseverance está na liderança, mas com alguns sobressaltos pelo caminho. Em compensação, sua contraparte chinesa, o Zhurong, acaba de ganhar uma missão estendida depois de sobreviver aos primeiros 90 sóis (como são chamados os dias marcianos, com duração um pouco maior que os da Terra, com cerca de 24 horas e 40 minutos).

Não é de fato uma corrida (os dois nem estão no mesmo lugar em Marte), mas há uma disputa por prestígio entre as duas maiores potências espaciais. O Perseverance chegou primeiro ao planeta, tendo pousado com sucesso na cratera Jezero, em 18 de fevereiro. Desde então, ele já percorreu 2,17 km –distância nada desprezável.

O Zhurong, por sua vez, pousou em 14 de maio em Utopia Planitia, e cruzou 889 metros até 15 de agosto, quando acabou sua missão inicial. Pouco menos da metade do que já marcou o hodômetro do Perseverance, em metade do tempo que o rover da Nasa teve em Marte. Por esse ângulo, é uma disputa apertada. E reflete o quanto a tecnologia evoluiu em termos de inteligência artificial para autonavegação –o que torna o avanço pelo terreno mais dinâmico e menos dependente de comandos enviados da Terra.

Para efeito de comparação, o recordista de distância percorrida em Marte é o rover Opportunity, que avançou por 45,16 km. Mas ele o fez em terreno particularmente benigno e ao longo de mais de 14 anos em atividade (2004-2018). Seu irmão gêmeo Spirit, em condições menos clementes, operou por seis anos (2004-2010) e andou apenas 7,73 km. Não será surpresa, pelo andar da carruagem, se tanto o Perseverance como o Zhurong baterem esse recorde. Mas também não há garantias.

Em Utopia Planitia, onde pousou o rover chinês, o terreno é mais favorável. Já na cratera Jezero, durante algum tempo cogitou-se até que fosse inviável pousar, considerados os perigos oferecidos pelas formações geológicas. Em compensação, as recompensas científicas podem ser riquíssimas.

Em termos de instrumentação, ambos os veículos estão operando muito bem e prometem produzir grandes resultados científicos. Mas o Perseverance sofreu em sua primeira tentativa de colher e armazenar uma amostra de Marte. Escolhida a rocha, uma broca foi usada para extrair um pedaço, que no entanto esfarelou e acabou não sendo armazenado corretamente no tubo designado para isso. A equipe planeja tentar de novo, com outra rocha, em breve. A ideia é que um dia essas amostras possam ser trazidas de volta à Terra (algo que os chineses também pretendem fazer, mas não por meio do Zhurong).

Imagem feita pelo Perseverance revela buraco deixado pela primeira tentativa de colher uma amostra, malograda. (Crédito: Nasa)

Em breve, contudo, teremos uma parada no rally. No início de outubro, Marte passará por trás do Sol com relação à Terra, o que impede a comunicação entre os dois planetas. Os dois rovers serão colocados em modo de “espera”, até que o contato possa ser restabelecido, na segunda metade do mês. O que virá depois disso? Só o tempo dirá.

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China divulga primeiras imagens de seu rover em Marte https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/05/19/china-divulga-primeiras-imagens-de-seu-rover-em-marte/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/05/19/china-divulga-primeiras-imagens-de-seu-rover-em-marte/#respond Wed, 19 May 2021 11:45:51 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/20210519_083311-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9970 A China divulgou nesta quarta-feira (19) as primeiras imagens do seu rover Zhurong na superfície de Marte.

As fotografias revelam o veículo ainda sobre o módulo de pouso que o levou ao solo de Utopia Planitia, no planeta vermelho, na noite do último dia 14.

Além da pouca disposição dos chineses em divulgar seu programa espacial em tempo real, contribuiu para a demora nas imagens o fato de que o país só tem um satélite para servir de retransmissor em órbita de Marte: justamente a espaçonave Tianwen-1, que levou o Zhurong até lá.

O orbitador recentemente fez manobras adicionais de ajuste de sua trajetória, para facilitar a aquisição dos pacotes de dados enviados da superfície. E a expectativa é a de que o rover desça ao solo pela rampa para iniciar sua missão ainda nesta semana.

Imagem da rampa de acesso do Zhurong ao solo marciano. (Crédito: CNSA)

O Zhurong tem 240 kg e seis instrumentos científicos, além de painéis solares para alimentá-los com eletricidade. O jipe robótico deve realizar estudos de composição mineralógica de rochas, investigar o subsolo de Marte com um radar e buscar evidências de vida pregressa no solo marciano.

Com o pouso bem-sucedido, ele tornou a China apenas o segundo país a operar uma missão de solo em Marte, atrás apenas dos EUA.

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Com pouso de rover em Marte, China supera ex-URSS em feitos espaciais https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/05/17/com-pouso-de-rover-em-marte-china-supera-ex-urss-em-feitos-espaciais/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/05/17/com-pouso-de-rover-em-marte-china-supera-ex-urss-em-feitos-espaciais/#respond Mon, 17 May 2021 18:19:50 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/zhurong-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9966 É difícil superestimar o significado do pouso bem-sucedido do rover chinês Zhurong em Marte, ocorrido às 20h18 (pelo horário de Brasília) da última sexta-feira (14). Descer à superfície do planeta vermelho nunca é fácil, e a China fez isso em sua primeira tentativa, com um veículo sobre rodas de respeitáveis 240 kg.

Não é tão grande quanto os americanos Curiosity (899 kg) e Perseverance (1.025 kg), os dois últimos rovers a descerem por lá. Mas é maior que seus antecessores diretos, Spirit e Opportunity (185 kg), e maior que os dois jipinhos robóticos lunares Yutu (120 kg), lançados pela China. Massa é um bom tradutor de funcionalidades embarcadas e de capacidade de levar grandes cargas úteis a alvos distantes, daí a importância da comparação.

Mais do que isso, contudo, é preciso lembrar que a China fez algo que muitos tentaram, mas somente a Nasa até sexta passada conseguiu: pousar com sucesso e operar uma sonda em solo marciano. Nem mesmo a União Soviética, no auge da corrida espacial, havia conseguido isso. Seu melhor resultado, com a sonda Mars 3, foi um pouso suave seguido por 20 parcos segundos de operação, antes de o módulo pifar. Isso em 1971. Todas as tentativas posteriores tiveram resultado ainda pior. Recentemente, em 2016, a Rússia, em parceria com a Agência Espacial Europeia, voltou a tentar, com o módulo Schiaparelli. Fracassou.

Os próprios europeus bateram na trave, com o módulo inglês Beagle-2, uma valente (e barata) tentativa de descer ao solo marciano, em 2003. A missão falhou, mas imagens de satélite mostraram que foi por pouco. O módulo pousou, mas não conseguiu abrir todas as suas pétalas de painéis solares, impedindo que estabelecesse contato com a Terra.

No ano passado, a Europa adiou o envio de seu rover Rosalind Franklin, da missão ExoMars, após uma série de problemas nos testes de seu paraquedas supersônico para a travessia da tênue atmosfera marciana. O voo ficou para a próxima oportunidade, em 2022.

Os chineses já haviam conquistado um feito inédito em 2019, ao realizarem o primeiro pouso robótico no lado afastado da Lua, com a missão Chang’e-4. Isso nem a Nasa havia feito, mas também não havia tentado. Já a Chang’e-5, no ano passado, realizou a primeira coleta robótica de amostras do solo lunar desde a Luna-24 soviética, em 1976.

Em paralelo, o país avança a passos largos em seu programa tripulado, que iniciou no mês passado a construção de uma estação espacial nos moldes da russa Mir, com o lançamento de seu módulo principal. A primeira tripulação a ocupá-la deve subir em junho. E com isso a China já supera tudo que a antiga União Soviética havia feito de mais importante no espaço durante a Guerra Fria. Nada mau para quem lançou seu primeiro astronauta ao espaço apenas em 2003.

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China se torna o sexto país a ter uma nave em órbita de Marte https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/02/10/china-se-torna-o-sexto-pais-a-ter-uma-nave-em-orbita-de-marte/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/02/10/china-se-torna-o-sexto-pais-a-ter-uma-nave-em-orbita-de-marte/#respond Wed, 10 Feb 2021 13:37:40 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/tianwen1-mars-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9773 A China optou mais uma vez pela discrição e meramente comunicou, após o fato, a inserção orbital bem-sucedida da sonda Tianwen-1 ao redor de Marte. Aconteceu nesta quarta-feira (10), seguindo um roteiro apurado de forma independente por entusiastas, e fez do país a sexta entidade a chegar com sucesso à órbita do planeta vermelho (depois de EUA, Rússia, Agência Espacial Europeia, Índia e Emirados Árabes Unidos).

Lançada em 23 de julho, a sonda viajou por sete meses em espaço interplanetário e disparou seus motores às 8h52 (de Brasília) para realizar a manobra de frenagem que permitiria sua captura pela gravidade marciana. Os sinais de rádio da espaçonave, viajando de lá à velocidade da luz, chegaram à Terra pouco menos de 11 minutos depois e foram detectados de forma independente pelo grupo alemão Amsat-DL, que faz monitoramento de satélites com uma antena de 20 metros do Observatório de Bechum.

A queima de combustível se deu durante cerca de 15 minutos, quatro dos quais sem sinal captado da Terra, por conta da ocultação da sonda por Marte, conforme ela contornava o planeta.  A recuperação do sinal se deu conforme o previsto, às 9h48.  O orbitador circula agora ao redor do planeta vermelho, chegando a atingir uma distância mínima de 400 km da superfície. Novas manobras farão um ajuste fino da órbita, e a nave começará a fazer uma mapeamento de Marte, com especial atenção para a região de Utopia Planitia.

É para lá que deve partir o módulo de pouso neste momento acoplado à Tianwen-1, mas somente a partir de maio. Em seu interior, viaja um rover. Se a fase de descida for bem-sucedida, a China pode se tornar apenas o segundo país a pousar em Marte. Até hoje, somente missões americanas tiveram sucesso em solo marciano.

Por sinal, é a Nasa, agência espacial dos EUA, quem conclui a atual temporada de chegadas a Marte. Na próxima quinta-feira (18), deve descer à superfície do planeta vermelho o rover Perseverance e o mini-helicóptero Ingenuity, a dupla da missão Mars 2020. E a primeira a chegar foi a sonda Al-Amal (“esperança” em árabe), primeira missão interplanetária dos Emirados Árabes Unidos, que realizou sua inserção orbital nesta terça (9).

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China diz que dividirá novas amostras lunares com cientistas de outros países https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/01/10/china-diz-que-dividira-novas-amostras-lunares-com-cientistas-de-outros-paises/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/01/10/china-diz-que-dividira-novas-amostras-lunares-com-cientistas-de-outros-paises/#respond Mon, 11 Jan 2021 02:15:33 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/change-5-amostras-e1610326637335-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9737 Após trazerem novas amostras da superfície da Lua pela primeira vez desde 1976, os chineses dizem que vão compartilhar parte do material com cientistas do mundo todo, inclusive os dos EUA – mas, nesse caso, só depois que cair a legislação americana que impede aquele país de cooperar com a China em atividades espaciais.

A afirmação partiu de Wu Yanhua, vice-diretor da agência espacial chinesa (CNSA), ao apresentar os resultados da missão Chang’e-5, que ao longo de 23 dias foi até a Lua, realizou um pouso, colheu amostras, decolou, procedeu com a primeira acoplagem automatizada em órbita lunar na história da exploração espacial e enviou uma cápsula de volta à Terra em 16 de dezembro, com cerca de dois quilos de rochas lunares acondicionados de forma segura em seu interior.

Longe de ser uma alfinetada gratuita, foi uma resposta a uma provocação americana. Em 23 de novembro, a Nasa (agência espacial americana), por meio de seu perfil no Twitter, mandou a seguinte mensagem: “Com a Chang’e-5, a China lançou um esforço para se juntar aos EUA e à antiga União Soviética na obtenção de amostras lunares. Esperamos que a China compartilhe seus dados com a comunidade científica global para aprimorar nosso entendimento da Lua, como nossas missões Apollo fizeram e o programa Artemis fará.”

De fato, amostras de rochas lunares colhidas pelo programa Apollo foram distribuídas para cientistas de todo o mundo, inclusive os da União Soviética, e na época houve intercâmbio de material. Num momento de tensão internacional aguda, em que qualquer passo em falso poderia esquentar a Guerra Fria e levar a um conflito nuclear global, cooperação no espaço era uma ferramenta essencial de apaziguamento e de dissipação das tensões. O processo culminou com a criação da Estação Espacial Internacional, que reúne hoje EUA, Rússia, Canadá, Japão e países europeus. Mas é um componente que ainda faz muita falta nas relações entre EUA e China.

Quem reluta, no caso, são os americanos. Desde 2011, o Congresso dos EUA inclui provisões em sua legislação orçamentária para a Nasa barrando cooperação espacial com a China. A lógica parte do pressuposto (com mais puro sabor ianque) de que o país não deve ajudar, nem mesmo de forma tangencial, um potencial adversário a desenvolver sua tecnologia espacial.

O discurso, contudo, vai ficando mais datado conforme os chineses se revelam não um país que está evoluindo no espaço, mas uma nação que já se mostra em pé de igualdade em muitos aspectos – como era o caso da ex-URSS na Guerra Fria.

A China enfatiza que a possibilidade de cooperação depende apenas do governo dos EUA. E já passa da hora de os americanos fazerem um gesto de boa-vontade, até pela necessidade de dissipar tensões entre as duas potências, incrementadas pela pandemia e pela controversa gestão Trump que agora chega ao fim. O mundo inteiro se sentiria mais aliviado – como quando viu pela primeira vez astronautas americanos e cosmonautas soviéticos se encontrarem no espaço na missão Apollo-Soyuz, em 1975.

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Cápsula da missão Chang’e-5 conclui com sucesso retorno de amostras lunares https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/16/capsula-da-missao-change-5-conclui-com-sucesso-retorno-de-amostras-lunares/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/16/capsula-da-missao-change-5-conclui-com-sucesso-retorno-de-amostras-lunares/#respond Wed, 16 Dec 2020 18:54:40 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/capsule1-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9712 A partir desta quarta-feira (16), a China já pode ser declarada oficialmente como o terceiro país a trazer amostras da superfície da Lua, depois de EUA e União Soviética. A cápsula da missão Chang’e-5 reentrou na atmosfera terrestre no início da tarde (madrugada do dia 17, pela hora local) e pousou, com auxílio de paraquedas, na Mongólia Interior, onde foi resgatada por equipes chinesas.

Foi o fim bem-sucedido de uma missão que durou pouco menos de um mês. A Chang’e-5 partiu em 23 de novembro, impulsionada por um foguete Longa Marcha-5, do centro de lançamento de Wenchang, no sul da China. Com quatro módulos e mais de oito toneladas, foi a maior espaçonave já enviada pela China ao espaço profundo. A manobra de injeção translunar, com o disparo dos propulsores para colocar a nave a caminho da Lua, foi vista no céu do Brasil.

A despeito da discrição chinesa na divulgação de suas iniciativas espaciais, a jornada lunar foi acompanhada por astrônomos amadores, que registraram a sonda até mesmo se aproximando da Lua. No dia 28 de novembro, a espaçonave disparou seu propulsor para frear e ser capturada pela gravidade lunar. Nos dois dias subsequentes, a nave circularizou a órbita e promoveu a separação do estágio de descida.

A alunissagem aconteceu no dia 1º de dezembro, e a China ameaçou transmitir o pouso ao vivo, mas recuou na última hora. Mais adiante, a TV estatal chinesa liberou o vídeo completo.

Um par de horas depois do pouso, a sonda iniciou o procedimento de coleta de amostras, o que se deu de maneira bem-sucedida, com o uso de uma perfuratriz para obter conteúdo do subsolo e de um braço robótico para recolher material da superfície. As amostras foram então depositadas no módulo de ascensão. A decolagem da Lua aconteceu no dia 3 de dezembro – o primeiro evento do tipo desde 1974, quando a missão soviética Luna-24 partiu de lá trazendo alguns gramas da superfície lunar.

Já a missão chinesa traz cerca de 2 kg, com uma arquitetura diferente. Enquanto o foguete de retorno da Luna-24 vinha direto para a Terra, o módulo de ascensão da Chang’e-5 subiu apenas até a órbita lunar, onde se encontrou com um módulo orbital. E foi lá que se deu a primeira acoplagem automatizada em órbita lunar da história.

Após a transferência do material colhido para uma cápsula de retorno, o módulo orbital disparou de volta para a Terra, culminando com a reentrada.

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Sonda chinesa Chang’e-5 pousa com sucesso na Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/01/sonda-chinesa-change-5-pousa-com-sucesso-na-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/01/sonda-chinesa-change-5-pousa-com-sucesso-na-lua/#respond Tue, 01 Dec 2020 15:43:58 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/change-5-pouso-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9701 A sonda chinesa Chang’e-5 realizou nesta terça-feira (1º), às 12h13 (de Brasília), seu pouso lunar de forma bem-sucedida. A próxima etapa da missão, já em solo, é colher cerca de 2 kg de solo da Lua para envio de volta à Terra – o primeiro retorno lunar de amostras desde a sonda soviética Luna-24, em 1976.

Apesar de inicialmente prometer a transmissão do pouso ao vivo, a TV estatal chinesa mudou de ideia na última hora, deixando todos sem saber se a alunissagem de fato havia ocorrido conforme o planejado. Apenas após tudo definido houve a divulgação de imagens da descida.

A Chang’e-5 partiu da Terra na segunda-feira passada, 23 de novembro, às 17h30, do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China. A injeção translunar (disparo do foguete para colocar a nave a caminho do satélite natural) ocorreu menos de uma hora depois.

O alvo é a região do monte Rümker, no Oceanus Procellarum (no mesmo “mar” onde desceu a Apollo 12, em 1969, mas bem longe do local de pouso americano). Lá, o Sol nasceu no dia 27. A espaçonave chegou à órbita lunar no dia 28, fez os ajustes na inserção orbital no dia 29 e, então, promoveu a separação do módulo de descida. Após o pouso, o plano é a Chang’e-5 trabalhar em solo lunar por pouco menos de duas semanas (enquanto houver luz solar), usando um perfurador para colher amostras a até 2 metros de profundidade no local de descida.

As amostras serão embarcadas no módulo de ascensão, instalado no topo do módulo de descida (a exemplo das missões Apollo), e então ele decolará para um encontro com o módulo orbital e a cápsula de retorno. O conjunto então deixará a órbita lunar, rumando para a Terra. A expectativa é que as amostras, embarcadas na cápsula de retorno, reentrem na atmosfera entre 16 e 17 de dezembro. A descida será com paraquedas, e o material será resgatado na Mongólia Interior.

O programa espacial chinês já fez um teste do modelo da cápsula de reentrada, com a missão Chang’e-5-T1, em 2014. Os módulos de pouso lunar também já foram bastante testados, nas missões Chang’e-3 e Chang’e-4 (esta última, em 2019, foi o primeiro pouso, de qualquer país, a ser realizado no lado afastado da Lua). A maior tensão, portanto, estará com o módulo de ascensão, que terá de levar as amostras da superfície à órbita da Lua.

E algo que tem chamado a atenção dos observadores do programa é o porte das naves. Elas são pequenas para voos tripulados, mas bem grandes para missões puramente robotizadas, o que indica que a China está usando seu programa lunar como precursor tecnológico para futuras missões com astronautas. O país não esconde sua ambição de estabelecer uma base lunar na próxima década.

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AO VIVO: Acompanhe a alunissagem da missão chinesa Chang’e-5 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/01/ao-vivo-acompanhe-a-alunissagem-da-missao-chinesa-change-5/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/01/ao-vivo-acompanhe-a-alunissagem-da-missao-chinesa-change-5/#respond Tue, 01 Dec 2020 14:22:15 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/change-5-lem-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9694 A CNSA (agência espacial chinesa) tenta nesta terça-feira (1º), por volta de 12h15 (de Brasília), promover a alunissagem da sonda não tripulada Chang’e-5. A descida começa aproximadamente às 11h50 e, caso tudo corra bem, a espaçonave tentará colher e enviar de volta à Terra cerca de 2 kg de solo da Lua – o primeiro retorno lunar de amostras desde a sonda soviética Luna-24, em 1976. Acompanhe ao vivo com o Mensageiro Sideral.

A Chang’e-5 partiu da terra na segunda-feira passada, 23 de novembro, às 17h30, do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China. A injeção translunar (disparo do foguete para colocar a nave a caminho do satélite natural) ocorreu menos de uma hora depois.

O alvo é a região do monte Rümker, no Oceanus Procellarum (no mesmo “mar” onde desceu a Apollo 12, em 1969, mas bem longe do local de pouso americano). Lá, o Sol nasceu no dia 27. A espaçonave chegou à órbita lunar no dia 28, fez os ajustes na inserção orbital no dia 29 e, então, promoveu a separação do módulo de descida. Após o pouso, o plano é a Chang’e-5 trabalhar em solo lunar por pouco menos de duas semanas (enquanto houver luz solar), usando um perfurador para colher amostras a até 2 metros de profundidade no local de descida.

As amostras serão embarcadas no módulo de ascensão, instalado no topo do módulo de descida (a exemplo das missões Apollo), e então ele decolará para um encontro com o módulo orbital e a cápsula de retorno. O conjunto então deixará a órbita lunar, rumando para a Terra. A expectativa é que as amostras, embarcadas na cápsula de retorno, reentrem na atmosfera entre 16 e 17 de dezembro. A descida será com paraquedas, e o material será resgatado na Mongólia Interior.

O programa espacial chinês já fez um teste do modelo da cápsula de reentrada, com a missão Chang’e-5-T1, em 2014. Os módulos de pouso lunar também já foram bastante testados, nas missões Chang’e-3 e Chang’e-4 (esta última, em 2019, foi o primeiro pouso, de qualquer país, a ser realizado no lado afastado da Lua). A maior tensão, portanto, estará com o módulo de ascensão, que terá de levar as amostras da superfície à órbita da Lua.

E algo que tem chamado a atenção dos observadores do programa é o porte das naves. Elas são pequenas para voos tripulados, mas bem grandes para missões puramente robotizadas, o que indica que a China está usando seu programa lunar como precursor tecnológico para futuras missões com astronautas. O país não esconde sua ambição de estabelecer uma base lunar na próxima década.

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Missão chinesa Chang’e-5 já está a caminho da Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/11/23/missao-chinesa-change-5-ja-esta-a-caminho-da-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/11/23/missao-chinesa-change-5-ja-esta-a-caminho-da-lua/#respond Mon, 23 Nov 2020 21:35:03 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/lm5_quick1-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9679 Ocorreu com sucesso na tarde desta segunda-feira (23), às 17h30, 0 lançamento da sonda chinesa Chang’e-5, que tem por objetivo realizar a primeira coleta de amostras da Lua desde 1976. O voo partiu do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China, e a injeção translunar (disparo do foguete para colocar a nave a caminho do satélite natural) ocorreu menos de uma hora depois.

De forma até certo ponto surpreendente, a TV estatal chinesa transmitiu o lançamento ao vivo (em Pequim, eram 4h30 de terça, dia 24), nesta que é a mais audaciosa missão não tripulada já realizada por aquele país.

O alvo é a região do monte Rümker, no Oceanus Procellarum (no mesmo “mar” onde desceu a Apollo 12, em 1969, mas bem longe do local de pouso americano). Lá, o Sol deve nascer no dia 27, sexta-feira, e a alunissagem deve acontecer logo depois. O plano é a Chang’e-5 trabalhar em solo lunar por cerca de duas semanas (enquanto houver luz solar), usando um perfurador para colher amostras a até 2 metros de profundidade no local de descida.

As amostras serão embarcadas no módulo de ascensão, instalado no topo do módulo de descida (a exemplo das missões Apollo), e então ele decolará para um encontro com o módulo orbital e a cápsula de retorno. O conjunto então deixará a órbita lunar, rumando para a Terra. A expectativa é que as amostras, embarcadas na cápsula de retorno, reentrem na atmosfera entre 16 e 17 de dezembro. A descida será com paraquedas, e o material será resgatado na Mongólia Interior.

O programa espacial chinês já fez um teste do modelo da cápsula de reentrada, com a missão Chang’e-5-T1, em 2014. Os módulos de pouso lunar também já foram bastante testados, nas missões Chang’e-3 e Chang’e-4 (esta última, em 2019, foi o primeiro pouso, de qualquer país, a ser realizado no lado afastado da Lua). A maior tensão, portanto, estará com o módulo de ascensão, que terá de levar as amostras da superfície à órbita da Lua.

E algo que tem chamado a atenção dos observadores do programa é o porte das naves. Elas são pequenas para voos tripulados, mas bem grandes para missões puramente robotizadas, o que indica que a China está usando seu programa lunar como precursor tecnológico para futuras missões com astronautas. O país não esconde sua ambição de estabelecer uma base lunar na próxima década. Tudo começa agora.

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