Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Teste de míssil antissatélite russo gera nuvem de lixo espacial perigoso https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/teste-de-missil-antissatelite-russo-gera-nuvem-de-lixo-espacial-perigoso/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/teste-de-missil-antissatelite-russo-gera-nuvem-de-lixo-espacial-perigoso/#respond Sun, 21 Nov 2021 15:00:08 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/cosmos-1408-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10177 Fogo no parquinho. A Rússia decidiu na última segunda-feira (15) que era um bom dia para testar um míssil antissatélite e explodir um de seus próprios artefatos espaciais. Funcionou. Agora, em vez de termos um grande pedaço de lixo espacial numa órbita bem definida, temos mais de 1.500 pequenos detritos, além de centenas de milhares não rastreáveis, voando por órbitas ligeiramente diferentes. A maioria vai desaparecer em um ano, reentrando na atmosfera terrestre. Alguns poderão ficar lá por mais de uma década. E todos oferecem algum perigo a outros satélites na mesma região do espaço.

A “vítima” foi um satélite listado internacionalmente como Cosmos 1408, já desativado há muito tempo, tendo sido lançado à órbita pela antiga União Soviética nos idos de 1982. Até aí, zero perdas. Mas teve “barata voa” na Estação Espacial Internacional. Ao detectar a nuvem de detritos gerada pelo teste, os centros de controle em Houston e Moscou pediram aos astronautas e cosmonautas que se alojassem preventivamente em suas cápsulas. A ideia era deixá-los prontos para uma evacuação rápida caso o complexo orbital fosse atingido por algum detrito capaz de causar despressurização ou outros danos sérios.

A primeira passagem foi tranquila. Nada aconteceu. A segunda também, e aí os tripulantes já foram liberados para voltar à estação, mas mantendo as comportas entre os módulos fechadas para reduzir riscos. A cada uma hora e meia, mais ou menos, o complexo orbital voltava a fazer aproximação da nuvem de lixo, bem ao sabor do filme “Gravidade”. Felizmente não houve uma reação em cadeia como a vista no longa-metragem.

O problema é que o risco existia. O Departamento de Estado americano classificou o teste russo como uma atitude irresponsável. O Ministério da Defesa russo disse que os detritos mantiveram quilômetros de distância da estação e não ofereceram perigo. Mas o episódio nos lembra de como estamos lidando com um ambiente frágil. Um pedaço de lixo em órbita é algo que permanece lá por muito tempo, como um projétil viajando a 27 mil km/h. Mesmo sendo pequeno, pode causar grandes danos.

E o maior temor é o de que uma nuvem de detritos atinja outros satélites, cada um gerando suas próprias nuvens, desencadeando uma sequência de eventos que terminaria com a Terra envolva por uma camada perigosíssima de lixo espacial. Isso teria o potencial para eliminar a viabilidade de manter satélites operacionais. Esqueça telescópios espaciais, telecomunicações, GPS, meteorologia… Prejuízo incalculável.

Não tem bonzinho na história. Semana passada foi a Rússia. Mas em anos recentes vimos testes similares sendo realizados por EUA, Índia e China. A prosseguirmos nessa escalada, um dia as coisas ainda vão acabar mal. As nações espaciais deveriam estar concentradas em mitigar, e não potencializar, os perigos do lixo espacial. Antes que só nos reste lamentar.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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AO VIVO: Lançamento da missão Crew-1 à Estação Espacial Internacional https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/11/15/ao-vivo-lancamento-da-missao-crew-1-a-estacao-espacial-internacional/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/11/15/ao-vivo-lancamento-da-missao-crew-1-a-estacao-espacial-internacional/#respond Sun, 15 Nov 2020 23:30:29 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/NHQ202011150004_medium-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9670 SpaceX e Nasa lançaram neste domingo (15), às 21h27, a primeira missão regular de rotação de tripulação da Estação Espacial Internacional (ISS) a partir do solo americano desde a aposentadoria dos ônibus espaciais, em 2011.

Durante um hiato de quase dez anos, as expedições do complexo orbital foram lançadas exclusivamente por espaçonaves russas Soyuz. A retomada de voos a partir dos EUA se deu por meio de um inovador programa comercial, em que a Nasa deixou de ser a promotora dos voos para ser mera contratante.

A agência espacial americana tem acertos com SpaceX e Boeing, e cada uma das empresas desenvolveu seu próprio veículo orbital.

O CST-100 Starliner, da Boeing, desenvolvido a um custo inicial de US$ 4,2 bilhões, teve problemas em um voo de teste sem tripulação e segue atrasado. Já a SpaceX, com sua cápsula Crew Dragon, por US$ 2,8 bilhões, realizou com sucesso, em março de 2019, um voo sem tripulação (Demo-1) e outro (Demo-2), em maio de 2020, com dois astronautas a bordo, Bob Behnken e Doug Hurley, pavimentando o caminho para o início dos voos regulares de rotação de tripulação.

O lançamento estava originalmente marcado para sábado, a partir da plataforma 39A, no Centro Espacial Kennedy (Cabo Canaveral, Flórida). Mas, por restrições meteorológicas na recuperação do primeiro estágio do foguete, a ser feito no oceano, Nasa e SpaceX decidiram empurrar para domingo.

Batizada de Crew-1, a missão é mais do que a primeira após a certificação da SpaceX para voos tripulados regulares à ISS. Ela também será o primeiro voo com cápsula a levar mais de três tripulantes. A SpaceX projetou a Crew Dragon para levar até sete pessoas, mas a Nasa optou por realizar voos com apenas quatro.

Estão a bordo da Resilience (“resiliência”, nome dado à cápsula pela tripulação, seguindo a tradição astronáutica) os americanos Michael Hopkins, Victor Glover e Shannon Walker e o japonês Soichi Noguchi. Glover, por sinal, se tornará o primeiro astronauta afro-americano a residir na ISS.

A chegada à estação espacial deve acontecer na terça-feira, iniciando uma estadia de seis meses a bordo do complexo orbital.

O FUTURO
Com a certificação da SpaceX, a Nasa deve deixar de comprar assentos nas naves russas Soyuz. No entanto, astroanutas americanos continuarão a voar nos tradicionais veículos herdados da era soviética. Isso porque haverá intercâmbio de tripulantes.

Aliás, já era para ter começado com a missão Crew-1, mas os russos preferiram jogar duro e declarar o processo de aprovação da agência espacial americana ainda insuficiente, até a realização deste segundo voo. Com as próximas missões, contudo, é inevitável que cosmonautas embarquem nas espaçonaves Crew Dragon, da mesma forma que astronautas subirão a bordo das Soyuz.

A missão Crew-2 está neste momento marcada para 30 de março de 2021, mais uma vez sem russos: serão dois americanos, um japonês e um francês. E marcará o primeiro reuso de uma Crew Dragon (a Endeavour, da missão Demo-2, deve voltar ao espaço) e o primeiro reuso de um primeiro estágio do foguete Falcon 9 em um voo tripulado (deve ser o mesmo que impulsionará a missão Crew-1, se for recuperado com sucesso).

Já a Boeing, com seu Starliner, ainda tem um caminho a percorrer para inciar voos tripulados. O próximo voo de teste, sem tripulação, deve ocorrer no começo de 2021, e o primeiro voo tripulado de certificação, no segundo semestre.

Enquanto isso, a SpaceX já colhe os louros dessa nova era da exploração comercial do espaço, em que a Nasa deve ser apenas mais uma cliente de voos orbitais. A companhia Axiom Space anunciou na quarta-feira (11) ter fechado a tripulação para seu primeiro voo contratado de uma Crew Dragon, Ax-1. Serão três astronautas privados (ou, como queira, turistas espaciais) numa missão comandada pelo híspano-americano Michael López-Alegría, ex-astronauta da Nasa. Os três passageiros ainda não foram anunciados, mas estão destinados aos livros de história como os primeiros a voar em uma missão espacial orbital 100% comercial. A viagem à ISS deve acontecer até o fim de 2021.

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Nasa publica estudo dos gêmeos separados por voo espacial de 1 ano https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/11/nasa-publica-estudo-dos-gemeos-separados-por-voo-espacial-de-1-ano/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/11/nasa-publica-estudo-dos-gemeos-separados-por-voo-espacial-de-1-ano/#respond Thu, 11 Apr 2019 21:45:58 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/gemeos-scott-mark-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8818 Parece aquela clássica narrativa do paradoxo dos gêmeos: um deles parte numa longa viagem pelo espaço enquanto o outro o espera na Terra. Um ano depois, quais as diferenças entre os dois? Em essência, mas sem envolver efeitos da teoria da relatividade, esse foi o experimento realizado pela Nasa ao deixar seu irmão Scott Kelly um ano inteiro na Estação Espacial Internacional (ISS).

Enquanto isso, o gêmeo Mark Kelly, também astronauta da agência espacial americana, ficou em solo, oferecendo uma ótima oportunidade para comparar os efeitos fisiológicos de se estar no espaço versus na Terra, com duas pessoas cujo DNA é idêntico.

E a principal descoberta é: não houve diferenças significativas de saúde entre Scott e Mark. Claro, esse “significativas” esconde uma porção de efeitos menores que foram descritos de forma pormenorizada em um artigo publicado na edição desta semana da revista Science.

Liderado por Francine Garrett-Bakelman, da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia, nos EUA, o trabalho detalha todos os procedimentos realizados nesse estudo, que envolveu a estadia de Scott a bordo da ISS entre março de 2015 e março de 2016.

O estudo encontrou várias alterações específicas ligadas ao voo espacial (cujo principal malefício é a sensação de ausência de peso), como redução da massa corpórea, distensão da artéria carótida e alteração da estrutura ocular. De forma pouco inesperada, os cientistas também notaram mudanças na colônia de bactérias que Scott levou ao espaço — sua microbiota intestinal. Mas tudo voltou ao normal quando ele retornou.

O mais intrigante resultado talvez tenha sido no campo das mudanças de natureza biomolecular, como por exemplo uma diferença no processo de metilação do DNA em Scott. Esse processo tem a ver com o sistema que regula a ativação e desativação de genes no organismo.

Os pesquisadores apontam que essa discrepância parece diminuído seis meses depois que Scott voltou à Terra, e seus níveis globais de expressão gênica, de forma geral, voltaram ao normal. Mas em alguns genes, aparentemente ligados ao sistema imunológico, os efeitos persistiram mesmo depois desse tempo.

O mais difícil nos resultados é separar o que é efeito da viagem espacial e o que não é. Essas são pistas importantes para tentar mitigar efeitos de exposição prolongada ao ambiente de microgravidade, conforme a Nasa se prepara para enviar seus astronautas em missões de longa duração à Lua ou a Marte.

Voluntários terão de passar 60 dias numa cama inclinada. (Crédito: DLR)

OS DEITADÕES
O modo ideal de estudar os efeitos do voo espacial em humanos é enviando-os lá, claro. É o que aconteceu no Estudo dos Gêmeos da Nasa. Mas essa não é a solução mais prática e barata. E quem não tem cão caça com gato. Ou melhor, com cama.

A agência espacial americana é uma das financiadoras de um estudo que está à procura de voluntários. Sua tarefa será ficarem deitados por 60 dias seguidos, sem interrupções. Comer, beber, tomar banho, fazer tudo sem se levantarem.

A cama estará ligeiramente inclinada, com o lado da cabeça 6 graus mais baixo, para simular um dos efeitos que a microgravidade tem no corpo humano — os fluidos se redistribuem e se concentram na parte de cima (repare na cara inchada na foto de astronautas em órbita).

Eles terão também de respirar uma atmosfera com 4% de gás carbônico, para simular o ar de uma espaçonave.

O estudo está acontecendo na DLR (agência espacial alemã), e cada voluntário ganhará 16,5 mil euros por sua participação.

Os cientistas querem testar, em dois terços dos participantes, uma centrífuga de braço curto, numa tentativa de combater os efeitos maléficos da microgravidade.

Já é a segunda rodada dos estudos, que começaram em 2017, numa temporada de 30 dias e 11 participantes. Desta vez, serão 24.

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Crew Dragon retorna com sucesso de sua visita à Estação Espacial Internacional https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/03/08/crew-dragon-retorna-com-sucesso-de-sua-visita-a-estacao-espacial-internacional/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/03/08/crew-dragon-retorna-com-sucesso-de-sua-visita-a-estacao-espacial-internacional/#respond Fri, 08 Mar 2019 20:54:28 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/dm1-splashdown-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8709 A cápsula Crew Dragon, da SpaceX, concluiu nesta sexta-feira (8) seu voo de teste à Estação Espacial Internacional, deixando os Estados Unidos muito próximos de encerrar sua dependência das naves russas Soyuz para levar seus astronautas ao espaço.

Desde 2011, com as aposentadorias dos ônibus espaciais, todo o transporte de pessoal para a estação tem sido feito com as cápsulas russas, a peso de ouro — cada assento vendido à Nasa estava saindo por US$ 90 milhões.

Agora, com o sucesso da cápsula Crew Dragon, a expectativa é grande de que já no segundo semestre a SpaceX possa conduzir seu primeiro voo tripulado para a agência espacial americana, como parte do contrato de transporte comercial de tripulação.

A SpaceX é uma das empresas participantes, ao lado da Boeing (que ainda está por testar sua cápsula em um voo sem tripulação). Ambas estão atrasadas com relação aos cronogramas originais, que previam entrada em operação dos veículos em 2017, mas o processo de desenvolvimento agora se revela de fato na reta final.

A Crew Dragon decolou no último sábado (2), acoplou à Estação Espacial Internacional no dia seguinte (realizando a primeira acoplagem automática de uma nave tripulada do programa espacial americano) e passou mais cinco dias por lá, antes de se desacoplar às 4h32 (de Brasília) desta sexta. O pouso se deu no mar, por meio de para-quedas, às 10h45.

O veículo, com capacidade para até sete tripulantes, é a primeira espaçonave tripulada comercial orbital a voar. Mas desta vez ela viajou apenas com um manequim. Os dados colhidos por sensores instalados nele agora serão analisados para verificar a que tipo de estresse os astronautas serão submetidos quando forem eles a tomar um assento na nave.

O plano da SpaceX é realizar em junho um voo-teste de aborto, em que a cápsula será ejetada do foguete simulando uma falha catastrófica para verificar que o procedimento de segurança é eficaz, e então espera-se que a primeira missão tripulada aconteça a partir de julho.

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Acidente expõe decadência do programa russo e deixa astronautas sem carona https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/10/11/acidente-expoe-decadencia-do-programa-russo-e-deixa-astronautas-sem-carona/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/10/11/acidente-expoe-decadencia-do-programa-russo-e-deixa-astronautas-sem-carona/#respond Thu, 11 Oct 2018 17:58:25 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/10/soyuz-ms-10-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8212 Era mais um lançamento de tripulação com uma Soyuz na madrugada desta quinta-feira (11), mas com pouco mais de dois minutos de voo ficou claro que algo havia dado errado. Ainda não está claro exatamente o quê, mas o foguete falhou e obrigou a tripulação a ser ejetada em sua cápsula, que então abandonou sua ida à Estação Espacial Internacional e voltou à Terra, de forma balística, no Cazaquistão.

O para-quedas da Soyuz MS-10 funcionou bem na emergência e, a despeito de terem sido submetidos a acelerações que os deixaram por um tempo sob uma força de 6,7 G (o equivalente a ter 6,7 seu próprio peso), tanto o astronauta americano Nick Hague quanto o cosmonauta russo Alexey Ovchinin foram encontrados pelas equipes de resgate com boa saúde.

Imagem do astronauta Nick Hague e do cosmonauta Alexey Ovchinin após o voo malfadado, no Cazaquistão. (Crédito: Nasa)

Esse é o fato mais importante do dia e atesta a robustez do projeto russo de transporte espacial, cuja origem remonta aos anos 1960. Em compensação, o caso também é mais um sinal de que o programa espacial russo está em colapso. Quem o acompanha está há algum tempo contando as horas para que algo assim (ou pior) fosse acontecer.

Com o esgarçamento do orçamento russo para a área e a corrupção endêmica, controles de qualidade na fabricação de equipamento espacial vêm caindo vertiginosamente, e com eles, a frequência de acidentes vem subindo. Até agora, essas falhas se restringiam a lançamentos não tripulados, mas desde 2011 houve três falhas com lançamentos de cargueiros Progress, que abastecem a Estação Espacial Internacional e compartilham praticamente todos os elementos com os lançamentos da Soyuz. Os dois mais recentes aconteceram em rápida sucessão, entre abril de 2015 e dezembro de 2016.

Tem mais: a Soyuz atualmente atracada à Estação Espacial Internacional tem um furo em sua fuselagem — literalmente um furo, provavelmente produzido por um erro de manufatura — em seu módulo orbital. Ele foi descoberto em agosto, quando os controladores detectaram um vazamento de atmosfera da estação. Procedimentos foram feitos para identificar a origem, e então os cosmonautas repararam o buraco com gaze e epóxi. É, estilo MacGyver.

O furo encontrado na Soyuz MS-09. Ele parece ter sido feito de dentro para fora, o que descarta impacto de micrometeoroide. (Crédito: Nasa)

Nesses tempos de “fake news”, começou a circular uma teoria conspiratória de que o problema não foi causado por falha de fabricação e que se tratava de sabotagem por parte de um astronauta da Nasa, que teria feito o furo de propósito para obrigar um retorno antecipado à Terra. Claro que não há qualquer evidência disso, nem é possível imaginar que alguém colocaria a própria vida em risco fazendo um furo na nave que poderia levá-lo de volta para casa.

(O remendo feito pelos cosmonautas interrompeu o vazamento de ar, e a Soyuz aparentemente pode trazer seus tripulantes em segurança, uma vez que o módulo orbital é descartado no retorno, e só a cápsula de reentrada, que não apresentou problemas, retorna à Terra.)

A Nasa mantém o sorriso amarelo com os russos, até porque depende deles para levar seus astronautas à ISS. Ou melhor, dependia. Com a falha do lançamento da Soyuz, uma investigação será conduzida e isso muito provavelmente terá impacto no cronograma de voos.

No momento, há três tripulantes a bordo da ISS: a astronauta americana Serena Auñón-Chancellor, o cosmonauta russo Sergey Prokopyev, e o astronauta europeu Alexander Gerst. Eles chegaram lá em 6 de junho, e sua Soyuz (a MS-09) tem em princípio seis meses de validade, o que obrigaria um retorno deles em dezembro — mesmo mês em que deveria subir mais uma Soyuz, com outros três tripulantes.

Do jeito que ficou após o acidente, este voo de dezembro provavelmente não acontecerá, e aí existem duas possibilidades: ou os atuais ocupantes da ISS esticam sua estadia para além de dezembro e depois retornam numa cápsula “vencida” (e que já mostrou problemas, como o furo no módulo orbital), ou retornam e deixam a estação completamente vazia — algo que nunca aconteceu à ISS desde que se tornou habitável, em 2000.

A primeira hipótese é a mais provável, e há suprimentos suficientes a bordo para que o trio permaneça lá por bastante tempo extra. Mas nenhuma das duas “soluções” é exatamente confortável.

Enquanto isso, a Nasa lamenta os atrasos no programa comercial de envio de tripulação, que envolve as empresas SpaceX e Boeing. O primeiro voo de teste das novas cápsulas privadas americanas tripuladas deve acontecer com a Crew Dragon, da SpaceX, em janeiro de 2019. A empresa falou que poderia acelerar o processamento e voar em dezembro deste ano, se fosse do interesse da Nasa. Mas o voo de todo modo seria feito sem tripulação, o que não seria de grande valia. A Boeing está ligeiramente atrás da SpaceX. Ambas dificilmente poderiam realizar voos operarcionais de rotação de tripulação antes de meados do ano que vem.

Ou seja, no momento, o programa da Estação Espacial Internacional está no proverbial mato sem foguete.

Nos próximos dias, Nasa, Roscosmos e demais agências parceiras terão diversas decisões cruciais de gestão a tomar, enquanto os russos realizam sua investigação e enfrentam os problemas cada vez maiores do seu programa espacial decadente. De toda forma, é possível que esta acabe se configurando como a maior crise da história da ISS. Os americanos também já tiveram seus grandes problemas, com a tragédia do ônibus espacial Columbia, em 2003 (que matou sete astronautas e deixou os veículos dois anos e meio sem voar), mas em nenhum momento antes o programa como um todo ficou sem quaisquer meios de levar e trazer tripulação do complexo orbital.

Especialistas próximo à cápsula da Soyuz (Reuters)
Especialistas próximo à cápsula da Soyuz (Reuters)

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SpaceX leva experimento do Brasil à Estação Espacial Internacional https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/06/29/ao-vivo-spacex-leva-experimento-do-brasil-a-estacao-espacial-internacional/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/06/29/ao-vivo-spacex-leva-experimento-do-brasil-a-estacao-espacial-internacional/#respond Fri, 29 Jun 2018 05:00:45 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/crs-15-launch-2-320x213.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7874 Um foguete Falcon 9 da SpaceX partiu nesta sexta-feira (29), às 6h42 (horário de Brasília), de Cabo Canaveral, na Flórida, em mais uma missão de reabastecimento à Estação Espacial Internacional (ISS). O lançamento teve um sabor especial para os brasileiros, pois a bordo da cápsula Dragon voa o primeiro experimento nacional a ir ao complexo orbital desde a viagem do astronauta Marcos Pontes, em 2006. Parte do programa Garatéa-ISS, ele foi desenvolvido por estudantes e vai testar a viabilidade de fabricação de “cimento espacial”, com um componente plástico verde também desenvolvido no Brasil.

A Dragon cumpre a missão CRS-15, décima-quinta missão de abastecimento da estação espacial pela SpaceX. O encontro da cápsula cargueira com o complexo orbital deve acontecer em três dias, com acoplagem marcada para as 10h da segunda-feira (2). Confira como foi o lançamento, na transmissão do Mensageiro Sideral.

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Astronomia: O que vem aí em 2018! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/01/01/astronomia-o-que-vem-ai-em-2018/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/01/01/astronomia-o-que-vem-ai-em-2018/#comments Mon, 01 Jan 2018 04:00:49 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/04/spacex-falconheavy-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7243 De possível voo lunar tripulado até o fim do ano à busca por vida em Marte, 2018 promete.

CARRO NO ESPAÇO
Janeiro começa quente, com o primeiro voo do foguete Falcon Heavy. No lançamento de teste, a empresa SpaceX deve colocar um carro da Tesla no espaço. E, seja qual for o resultado, ele deve pavimentar o caminho para voos tripulados ao redor da Lua, algo que não ocorre desde 1972. A SpaceX chegou a prometer o primeiro deles para o fim de 2018. A data é ambiciosa, mas o objetivo nunca foi tão factível.

DE VOLTA AO JOGO
Este também deve ser o ano em que os EUA voltam a ter a capacidade de mandar astronautas ao espaço, o que já não têm desde a aposentadoria dos ônibus espaciais, em 2011. Neste ano devem ocorrer os primeiros testes das cápsulas tripuladas Dragon V2 (SpaceX), em abril, e Starliner (Boeing), em agosto.

DA TERRA À LUA
Enquanto isso, na China, a ambição segue em alta. Os chineses planejam lançar em 2018 o primeiro módulo de sua estação orbital e, até o fim do ano, devem se tornar os primeiros no mundo a enviar um jipe robótico ao lado afastado da Lua, com a missão Chang’E-4.

MARTE ATACA
O ano promete para os fissurados por Marte. A Nasa quer lançar, em maio, e pousar, em novembro, um robô sismólogo por lá, o InSight. Fora isso, é em 2018 que o orbitador europeu Gas Trace Orbiter passará a colher dados científicos — é a Europa iniciando a busca por evidências de vida no planeta vermelho.

REINO DOS ASTEROIDES
No espaço profundo, teremos dois encontros empolgantes para os fãs do estudo de asteroides: a japonesa Hayabusa-2 chegará ao Ryugu, em julho, e a americana Osiris-Rex, ao Bennu, em agosto. Ambas devem colher amostras para trazer de volta à Terra.

GRANDES VOOS
Por fim, teremos vários lançamentos científicos importantes. Entre março e junho, a Nasa deve lançar seu próximo satélite caçador de exoplanetas, o Tess. Depois de junho, um experimento educacional brasileiro deve ir à Estação Espacial Internacional. Entre julho e agosto, deve partir a sonda Parker, que vai roçar a alta atmosfera do Sol. E em outubro os europeus lançarão sua primeira sonda a Mercúrio, a BepiColombo.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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AO VIVO: SpaceX envia carga à Estação Espacial Internacional em cápsula e foguete usados https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/15/ao-vivo-spacex-envia-carga-a-estacao-espacial-internacional-em-capsula-e-foguete-usados/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/15/ao-vivo-spacex-envia-carga-a-estacao-espacial-internacional-em-capsula-e-foguete-usados/#comments Fri, 15 Dec 2017 14:20:46 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/Pasted-Image-3-180x120.png http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7193 A missão CRS-13, que levará suprimentos e experimentos à Estação Espacial Internacional, decola nesta sexta-feira (15), às 13h36 (de Brasília). É a volta dos voos do Falcon 9 a partir da plataforma 40 em Cabo Canaveral, na Flórida, onde um foguete do mesmo tipo explodiu em 2016, e a primeira vez que a Nasa concorda em ter o transporte feito em um primeiro estágio usado do Falcon 9. A cápsula cargueira Dragon também é usada. Acompanhe o lançamento ao vivo com o Mensageiro Sideral.

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AO VIVO: Lançamento da missão CRS-12 à ISS https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/08/14/ao-vivo-lancamento-da-missao-crs-12-a-iss/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/08/14/ao-vivo-lancamento-da-missao-crs-12-a-iss/#comments Mon, 14 Aug 2017 15:04:26 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/08/spacex-crs11-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6734 A partir da plataforma 39A, no Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral (Flórida), a SpaceX lança nesta segunda-feira (14) mais um foguete Falcon 9. No topo, uma cápsula Dragon, que levará suprimentos à Estação Espacial Internacional (ISS), como parte da décima-segunda missão de carga da empresa americana à Nasa (CRS-12). O primeiro estágio do foguete deve pousar de volta no centro de lançamento após cumprir seu papel na missão, e o lançamento está marcado para 13h31 (a meteorologia dá 70% de probabilidade de tempo bom para o voo). Confira ao vivo com o Mensageiro Sideral, a partir das 13h20 (horário de Brasília).

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AO VIVO: Lançamento da Expedição 52 à ISS https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/07/28/ao-vivo-lancamento-da-expedicao-52-a-iss/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/07/28/ao-vivo-lancamento-da-expedicao-52-a-iss/#comments Fri, 28 Jul 2017 15:21:04 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/expedicao52-137x180.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6671 Nesta sexta-feira (28), em Baikonur, no Cazaquistão, parte a espaçonave russa Soyuz MS-05, levando três membros da 52a Expedição à Estação Espacial Internacional: o americano Randy Bresnik, o russo Sergey Ryazanskiy e italiano Paolo Nespoli devem se juntar a seus colegas Fyodor Yurchikhin, Peggy Whitson e Jack Fischer, para uma estadia de quatro meses no espaço. Confira o lançamento ao vivo, marcado para 12h41 (de Brasília), com transmissão do Mensageiro Sideral.

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