Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Ficção científica e ciência na StarCon! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/08/14/ficcao-cientifica-e-ciencia-na-starcon/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/08/14/ficcao-cientifica-e-ciencia-na-starcon/#respond Tue, 14 Aug 2018 19:41:55 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/anuncio-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8015 A quem possa interessar, estarei neste sábado (18) participando da StarCon, grande convenção internacional de ficção científica e ciência organizada pela NovaFrota. O evento acontece no Auditório Elis Regina, do Anhembi, em São Paulo, e é voltado à comemoração dos 25 anos da série “Star Trek: Deep Space Nine” e contará com uma palestra de René Auberjonois, ator que interpretou o metamorfo Odo durante as sete temporadas do programa. Também haverá uma palestra de Richard Arnold, consultor e ex-assistente do criador de “Star Trek”, Gene Roddenberry.

No lado ciência do evento, eu farei uma apresentação sobre buracos de minhoca, o engenheiro espacial Lucas Fonseca, único brasileiro participante da missão Rosetta (que pousou num cometa do 2014), falará do futuro da exploração espacial e o Schwarza, divulgador científico do canal Poligonautas, fará uma palestra sobre a influência da ciência na ficção científica, além de promover o lançamento de seu livro “Do Átomo ao Buraco Negro” com uma sessão de autógrafos.

O evento termina com um show da Banda PAD, do guitarrista Marcos Kleine, tocando temas de séries e filmes em versões que você nunca ouviu antes!

A programação completa você encontra aqui e o leitor do Mensageiro Sideral tem desconto de 20% nos ingressos com o cupom SIDERAL20OFF. Para comprar ingressos, clique aqui.

Abaixo, um vídeo em que falo um pouco do evento e suas atrações.

Vejo vocês lá!

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Astronomia: Por que precisamos de ‘Star Trek’ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/09/25/astronomia-por-que-precisamos-de-star-trek/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/09/25/astronomia-por-que-precisamos-de-star-trek/#comments Mon, 25 Sep 2017 05:00:38 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/burnham-suit-reflection-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6898 “Star Trek” volta à televisão no momento em que o mundo mais precisa dela.

AUDACIOSAMENTE DE VOLTA
Peço licença ao leitor para falar mais de arte e de sonho que de ciência hoje. Nesta segunda-feira (25) estreia no Brasil, pela Netflix, “Star Trek: Discovery”. A série marca o aguardado retorno de “Jornada nas Estrelas” à televisão, e já não era sem tempo. O retrato do futuro que ela pinta jamais foi uma inspiração tão necessária.

HÁ UM FUTURO
A cultura ocidental sempre manteve um flerte com a noção de fim do mundo. Mas, francamente, a era das redes sociais e do “fake news” transformou a situação em namoro firme. Agora temos praticamente um boato de apocalipse por mês. “Star Trek” começa por mostrar que a humanidade tem um futuro e, pasme, ele é bom.

A RAZÃO IMPERA

Humanos do século 23 são guiados pela ciência e por uma ética secular, não por crenças e superstições. Não precisamos ir longe para saber que é uma boa ideia. A mortalidade infantil global entre os séculos 19 e 21 não caiu de 1 em 2 para 1 em 25 por acaso. Também não foi milagre. Foi ciência — vacinas e antibióticos. E pode melhorar ainda mais. Mas pode piorar também, com movimentos antivacinas e outras ações contra a ciência. Para baixo, todo santo ajuda.

DIVERSIDADE
Na Frota Estelar, não importa se você é árabe, se é negra, se é oriental, se é gay, se é azul, se é robô! A humanidade aprendeu que sua força vem não da pureza, mas da diversidade. Superamos nossos preconceitos. Ninguém no futuro de “Star Trek” defenderia veto sistemático a imigrantes com base em sua origem ou etnia. E, claro, haveria respeito à ciência quando ela diz que “reorientação sexual”, além de ser um eufemismo ofensivo, é simplesmente uma fraude.

NÃO SOMOS PEQUENOS
Ninguém em “Star Trek” acha que o fato de o Universo ser vasto e cheio de vida por todo lado faz de nós, humanos, menos especiais. Pelo contrário; é sermos parte desse vasto cosmos e podermos explorá-lo o que nos torna grandes. Pois cada nova descoberta nos remete a quem somos e nos ajuda a sondar a própria natureza humana.

BÔNUS TREKKER
O blog é de ciência, não de ficção, mas se você gosta de “Star Trek” e quer seguir acompanhando as novidades da franquia, sugiro que você visite o site Trek Brasilis, que eu e uma equipe mantemos já há 18 anos, e se inscreva no novíssimo canal do TB no YouTube (o vídeo da coluna hoje está hospedado nele).

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Novo livro: ‘Jornada nas Estrelas: O Guia da Saga’ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/08/16/novo-livro-jornada-nas-estrelas-o-guia-da-saga/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/08/16/novo-livro-jornada-nas-estrelas-o-guia-da-saga/#comments Tue, 16 Aug 2016 16:26:18 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/capa-je50-corte-180x177.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5116 “Estas são as viagens da nave estelar Enterprise, prosseguindo em sua missão para explorar novos mundos, pesquisar novas vidas e novas civilizações, audaciosamente indo aonde ninguém jamais esteve.”

“Star Trek” (“Jornada nas Estrelas”), a mais bem-sucedida franquia televisiva de ficção científica da história, está completando 50 anos de vida. Eu não sei você, mas eu sou fascinado pelas aventuras espaciais do capitão Kirk, sr. Spock, dr. McCoy e toda a tripulação da Enterprise — e de tudo que veio depois, ao longo de cinco décadas de produção quase ininterrupta. Para comemorar o aniversário (que se completa no dia 8 de setembro próximo), me emparceirei com a tradutora Susana Alexandria (também fã da série e com quem já escrevi dois outros livros) para trazer um livro definitivo para os fãs de “Star Trek”.

O resultado, sem paralelo no mundo todo (acredite, eu pesquisei), chega agora às livrarias brasileiras pela Editora LeYa: Jornada nas Estrelas – O Guia da Saga. O livro, com 320 páginas, já está em pré-venda (com entrega prevista para dia 23 e descontão que vale a pena!) na Amazon. Clique aqui para reservar o seu. E eu sei que tem muitos leitores do Mensageiro Sideral que preferem livros digitais, mas este aqui você vai querer impresso de qualquer modo — o formato maior, a diagramação e as fotos mais que justificam.

Também estaremos, eu e Susana, lançando o livro pessoalmente na Bienal, em São Paulo, no dia 27.

Abaixo, o texto do “press release” da LeYa.

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Jornada nas Estrelas – O guia da saga

A obra definitiva sobre a aventura estelar mais famosa de todos os tempos

Jornada nas Estrelas: O Guia da Saga é um panorama completo da série que revolucionou a ficção científica moderna da televisão e no cinema, tornou-se um dos maiores ícones da cultura pop mundial e está completando 50 anos de existência. Para comemorar a ocasião histórica, uma dupla de escritores (e fãs) brasileiros se lançou a produzir a mais completa “biografia não-autorizada” da saga já publicada.

Escrito pelo jornalista Salvador Nogueira e pela tradutora Susana Alexandria, trata-se do único livro de caráter jornalístico no mundo inteiro a conter informações sobre todas as 30 temporadas e os mais de 700 episódios já produzidos, além dos 13 filmes para cinema – incluindo o mais recente, Star Trek: Sem Fronteiras, que estreia neste ano como parte das comemorações do 50º aniversário.

A série, criada por Gene Roddenberry, estreou em 1966 levando para a TV naves espaciais, viagens interestelares e diversas tipos de alienígenas diferentes. Exibida em apenas três temporadas, deu origem a outras séries, desenhos animados e filmes, influenciou fortemente a cultura popular, ajudou a moldar diversos avanços científicos e conquistou uma legião de fãs.

Ao longo de seus 50 capítulos e apoiado por mais de uma centena de fotos, algumas delas raras, o livro traz detalhes históricos, desde a criação da série original, com o capitão Kirk, Spock e a nave estelar Enterprise, passando pelas séries derivadas, o desenho animado e todos os filmes.

O projeto envolveu intensa pesquisa bibliográfica, entrevistas com escritores, atores e produtores envolvidos nessa jornada de cinco décadas e, naturalmente, o “esforço” de rever exaustivamente todos os episódios e filmes em busca de todos os detalhes. “Desafiamos qualquer fã a ler o livro e não ficar com vontade de ver tudo de novo!”, brincam os autores.

Salvador Nogueira e Susana Alexandria não se limitam a apresentar as séries, mas mostram também como se deu a rica polinização cruzada entre Jornada nas Estrelas e a realidade que vivemos hoje. Revelam, assim, curiosidades intrigantes, como o fato de os celulares terem sido inspirados nos comunicadores, e os tablets, nos “PADDs”, vistos na série original (qualquer semelhança entre o nome PADD e um famoso modelo de tablet não é mera coincidência), bem como a investigação em laboratório, feita hoje por cientistas, sobre a viabilidade de tecnologias fantásticas como teletransporte e viagens espaciais mais rápidas que a luz, marcas registradas do programa; ou ainda o fato de o primeiro ônibus espacial da NASA ter sido batizado Enterprise em homenagem à nave de Star Trek.

Tudo isso e muito mais ganha destaque nas 320 páginas de Jornada nas Estrelas: O Guia da Saga, um livro indispensável para qualquer fã da série de TV mais cultuada de todos os tempos.

Jornadas nas Estrelas – O guia da saga
Dados do lançamento:
LeYa
20 x 27,5 cm
Ilustrado
320 páginas

Contato:
Rodrigo de Almeida
Editora LeYa
Tel: (11) 4084 1011
ralmeida@leya.com

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Adeus ao herói da geração geek https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/02/27/adeus-ao-heroi-da-geracao-geek/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/02/27/adeus-ao-heroi-da-geracao-geek/#comments Fri, 27 Feb 2015 18:09:47 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=3048 O ator Leonard Nimoy, eternizado por sua interpretação do sr. Spock, personagem da série “Jornada nas Estrelas”, morreu nesta sexta (27), aos 83 anos. Diagnosticado com doença pulmonar obstrutiva crônica, ele foi diversas vezes levado ao hospital às pressas nos últimos meses. A última foi no dia 19, que o levou a ser internado com fortes dores no peito. Mas ele estava em sua casa, em Los Angeles, quando morreu.

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Foi impossível não derramar lágrimas ao saber da notícia. Nimoy cativou milhões com sua inesquecível interpretação de Spock, um personagem que ele ajudou a construir e eternizar, desde 1964, quando o primeiro piloto da série foi produzido, até a mais recente produção, dirigida por J.J. Abrams e lançada em 2013.

Nimoy deixou um legado incrível. Muitos cientistas e astronautas que hoje participam de missões espaciais descobriram sua vocação ao assistir às aventuras de “Jornada nas Estrelas”. É um personagem que antecipou em décadas a noção de que ser inteligente, nerd mesmo, podia ser interessante — hoje, depois de séries como “The Big Bang Theory”, ninguém mais questiona.

Isso sem falar no ser humano incrível que sempre demonstrou ser, não só com seus colegas atores (chegou a ameaçar se demitir quando cogitaram dispensar coadjuvantes do elenco da série, para a produção de um desenho animado) como com todos que tiveram a chance de ter contato com ele. Spock era vulcano, mas Nimoy sempre representou o melhor que há no ser humano.

Meu momento especial com ele foi em 2003, quando o ator esteve no Brasil para uma convenção. Consegui uma entrevista exclusiva com ele para a Folha, dias antes, por telefone, o que causou certo incômodo ao estúdio e aos organizadores. Afinal, não só usei meus contatos trekkers para fazer o pedido diretamente à secretária dele, sem passar pela “via-sacra” das assessorias de comunicação, como elas haviam prometido uma exclusiva para outro veículo de comunicação.

O primeiro choque foi quando ele retornou a ligação, na hora combinada. Eu atendi o telefone e ele pediu por mim. Eu, naturalmente, já sabia quem era. Meu lado fã gritava desesperadamente. “O sr. Spock acaba de me telefonar!” Por fora, claro, mantive (tanto quanto consegui) a serenidade e fizemos uma ótima entrevista.

Fiquei muito contente com ela, pois fiz uma pergunta entrelaçando ciência e ficção científica que Nimoy disse jamais ter ouvido antes. Você entrevista uma lenda viva e faz uma pergunta inédita! Eu já estava no sétimo céu trekker e pronto para aguardar na fila para pegar seu autógrafo dali a alguns dias, em São Paulo, quando Nimoy me deu uma terceira alegria. Durante sua apresentação aos fãs, no palco, ele mencionou a minha entrevista! Foi incrível.

E esse era Nimoy. Por menores que fossem os detalhes, ele sempre se mostrava atento aos outros e tratava a todos com respeito e delicadeza. Sem a arrogância de tantas estrelas de cinema. Não por acaso hoje é um dia triste para tanta gente, inclusive para mim.

A luz de Nimoy, contudo, é como a das estrelas mais distantes no espaço sideral, que ele tanto ajudou a explorar na ficção. Os astros que a originaram podem há muito ter desaparecido, mas sua luz continua a vagar pelo cosmos, inspirando pessoas do outro lado da galáxia a aprender mais sobre o Universo. O homem se vai, mas a lenda fica.

Vida longa e próspera, sr. Spock.

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“Interestelar” faz Batman parecer sutil https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2014/11/14/interestelar-faz-batman-parecer-sutil/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2014/11/14/interestelar-faz-batman-parecer-sutil/#comments Fri, 14 Nov 2014 07:55:18 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=2608 O badalado diretor Christopher Nolan está causando novamente, desta vez com o lançamento de seu épico cinematográfico espacial, “Interestelar”. Nem é preciso dizer que o Mensageiro Sideral foi correndo conferir. E agora chegou a hora de compartilhar minhas impressões sobre o filme, que ambiciona ser tão introspectivo quanto “2001”. Mas só ambiciona.

Em "Interestelar", astronautas voltam ao estrelato como a salvação da lavoura (literalmente).
Em “Interestelar”, astronautas voltam ao estrelato como a salvação da lavoura (literalmente).

A começar pelo óbvio: trata-se de um espetáculo visual de encher os olhos. Nunca antes na história da sétima arte se viu uma ópera espacial tão bonita, com uma sensibilidade hiperrealista e moderna que vai deixar os espectadores antes de mais nada embasbacados. É o tipo de filme que você poderia ver sem os diálogos, só com a linda trilha composta por Hans Zimmer, e sair plenamente satisfeito. (A experiência Imax, a propósito, é altamente recomendada.)

O problema é: quando os diálogos entram, fica bem pior. E confesso que isso me surpreendeu. Depois de aplaudir as coisas incríveis que Nolan fez com sua trilogia do Batman e “A Origem”, fiquei chocado em ver o diretor topar filmar o roteiro em seu estado final, quanto mais imaginá-lo co-escrevendo a peça com seu irmão, Jonathan.

Nem o elenco estelar (com o perdão do trocadilho) consegue torná-lo menos forçado, e eu acho que ele falha em diversos níveis. É grandiloquente, pretensioso e previsível.

A essa altura, você pode estar pensando: “esse é um cara que escreve sobre ciência; ele deve ter ficado irritado com as licenças poéticas que o filme tira com relação aos aspectos científicos e, por isso, está malhando sem dó”. Au contraire, mon ami. A ciência, para mim, com todas as falhas, foi uma das coisas mais divertidas do filme. (E já escrevi longamente sobre isso aqui, caso você não tenha visto.)

Meu problema é com a ficção mesmo. Explicarei em detalhes (e com alguns spoilers brutais!) a seguir, mas antes é hora de um intervalo comercial.

NA TV: Na coluna deste sábado (15) no Jornal das 10, na GloboNews, o Mensageiro Sideral pega carona em “Interestelar” para explorar o estranho mundo dos buracos negros. Quem são eles? Onde vivem? O que fazem com o tempo e o espaço? Não perca, a partir das 22h, na GloboNews!

Um buraco negro, você sabe, é um caminho sem volta. SPOILERS ADIANTE!
Um buraco negro, você sabe, é um caminho sem volta. SPOILERS ADIANTE!

SPOILERS BRUTAIS! HORIZONTE DOS EVENTOS AQUI!

Em “Interestelar”, fica muito claro desde o primeiro minuto que a história se presta a um objetivo filosófico: explorar a natureza humana, de nossas fraquezas egoístas a nossas nobres motivações, para responder a uma só pergunta. Merecemos sobreviver a nós mesmos?

Legal, né? Dá mesmo para fazer um épico com isso. Mas, para tanto, uma qualidade é indispensável: sutileza. Só que “Interestelar” é tão sutil quanto um estouro de mamutes.

E isso pode estragar as surpresas para um espectador mais atento à estrutura do filme. Exemplo cabal: se a história o tempo todo indica que se propõe a discutir a condição humana, quem você acha que pode ter colocado um buraco de minhoca nas vizinhanças de Saturno para salvar a humanidade? É só pensar um pouco. A mensagem deste filme nunca seria algo na linha: “o homem só pode ser salvo se ETs nos derem uma mão!” A julgar pelo próprio tom da história, só o homem poderia ajudar o homem. O buraco de minhoca tem de ser uma construção humana! Ainda se o tom de “pregação” do roteiro fosse mais sutil, sem nos induzir tão cedo a assumir a posição de decifrar a tal moral da história, essa “reviravolta” talvez tivesse me surpreendido. Não foi o caso.

O mesmo problema se aplica a outros pontos-chave da trama. Quem consegue ver este filme sem sacar relativamente depressa que Cooper se tornará o “fantasma” de Murph? E o exemplo mais gritante: quem não viu de cara que o idolatrado Dr. Mann (até o nome do personagem, quase literamente “man”, é sugestivo da mensagem que Nolan quer esfregar na nossa cara) seria enfim um vilão? Então temos de enfrentar o arquetípico egoísmo humano, personificado ali, para nos salvarmos? Que sutil.

Nenhuma dessas me pegou.

Como comparar isso a “2001”, como fazem alguns? Até hoje eu não entendi o filme de Kubrick, tão sutil e aberto ao mistério que ele é! Em “Interestelar”, em contraste, tudo é exaustivamente esclarecido. Em tela. Com diálogos. Longos e exaustivos. Nada resta do sabor do desconhecido ao fim do filme, e se você está prestando atenção, descobre tudo muito antes dos protagonistas — que, aliás, são tão profundos quanto uma cartolina. Esqueça todas aquelas nuances que Nolan introduziu nos personagens do mundo ficcional do Batman. “Interestelar” se parece mais com uma história em quadrinhos do que “O Cavaleiro das Trevas”. Nem gente do naipe de Michael Caine, Matthew McConaughey, Anne Hathaway e Matt Damon salva. (Menção honrosa para McConaughey por tirar leite de pedra, contudo).

No fim das contas, “Interestelar” tem o coração no lugar certo. Ele anseia por reafirmar a confiança que devemos ter no espírito humano, a despeito de nossas óbvias mazelas. Nós vamos sobreviver e vamos nos tornar uma civilização multiplanetária, sem a ajuda miraculosa de ninguém, exceto nós mesmos — e esse é o único caminho. É isso o que diz Nolan com seu filme, e eu não poderia concordar mais. Além disso, a crítica social embutida, destacando a desvalorização crescente da ciência e da curiosidade em nossa sociedade, é muito pertinente.

Contudo, com um “Deus Ex Machina” do tamanho de um bonde na história — um mecanismo narrativo arbitrário que permite corrigir todos os males, inclusive aqueles que já transcorreram — e caricaturas dramáticas, fica difícil colocar este filme no topo da lista dos maiores da ficção científica espacial, como talvez ambicionasse seu nada modesto diretor. “2001” segue imbatível pelo impenetrável que é, e até “Contato” faz melhor papel como drama humano. Em efeitos visuais, contudo, nenhum deles bate “Interestelar”.

Um último alerta: não considero nada do que eu disse acima motivo para que você não vá vê-lo nos cinemas. É assunto para mais de metro. Depois de tanto descascar o verbo, já estou até com vontade de ver de novo.

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