Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Sonda Hayabusa2 traz à Terra com sucesso amostras de asteroide https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/06/sonda-hayabusa2-traz-a-terra-com-sucesso-amostras-de-asteroide/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/06/sonda-hayabusa2-traz-a-terra-com-sucesso-amostras-de-asteroide/#respond Mon, 07 Dec 2020 02:15:39 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/20201206_hayabusa2_Fireball-5-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9705 Uma estrela cadente muito especial cruzou o céu da Austrália no último sábado (5). Era a cápsula de retorno da missão japonesa Hayabusa2, que, após seis anos perambulando pelo Sistema Solar, trouxe de volta amostras do asteroide Ryugu para estudo científico detalhado.

O “disco voador” de apenas 40 centímetros e 16 kg fez sua reentrada furiosa na atmosfera terrestre a cerca de 40 mil km/h, mas o escudo térmico aguentou o tranco e o pouso se deu como planejado, auxiliado por paraquedas, na região desértica do sul australiano, próximo a Woomera. Um helicóptero partiu para o resgate, o que aconteceu algumas horas depois. Agora o material será levado de volta ao Japão, onde poderá revelar segredos sobre a formação do Sistema Solar e, quiçá, a origem da vida na Terra.

O Ryugu, alvo da missão, tem cerca de 1 km de diâmetro e pertence à categoria dos asteroides carbonáceos, ou seja, ricos em carbono. Sua origem, como a da imensa maioria dos astros do tipo, remonta à época da formação dos planetas, 4,5 bilhões de anos atrás, e pode ajudar a elucidar a química orgânica então disponível que semeou a Terra e possivelmente viabilizou o surgimento da vida por aqui. É a primeira vez que cientistas terão acesso a um material desse tipo para estudo em laboratório.

Foi uma missão incrível e, diferentemente de sua precursora Hayabusa, praticamente livre de falhas. A Jaxa, agência espacial japonesa, claramente levou a sério a noção de “lições aprendidas” e até mesmo experimentos especulativos transcorreram muito bem.

A cápsula da Hayabusa2 no deserto australiano, após 5 bilhões de km de viagem. (Crédito: Jaxa)

Ao todo, a Hayabusa2 trafegou por mais de 5,2 bilhões de km. Lançada em dezembro de 2014, ela se encontrou com o Ryugu em 2018, após um sobrevoo da Terra em 2015 para ajuste de trajetória e velocidade.

Em suas operações, a espaçonave lançou um total de quatro minirrovers experimentais em sua superfície, dos quais apenas um não funcionou (pifou antes mesmo de ser usado). Os resultados foram valiosos na busca por formas de explorar a superfície de objetos com baixa gravidade, como é o caso de asteroides.

Para além do sensoriamento remoto, em fevereiro e julho de 2019 a Hayabusa2 realizou dois pousos para coleta de amostras, o segundo dos quais após ter literalmente dado um tiro no asteroide, abrindo uma cratera artificial, para colher material não exposto. Tudo isso para capturar, ao todo, cerca de 100 miligramas de asteroide – quantidade ínfima, valor imenso.

A sonda partiu do Ryugu em 12 de novembro de 2019, iniciando sua jornada de volta à Terra com seus propulsores iônicos, que a trouxeram de volta agora. A cápsula de amostras foi liberada e reentrou na atmosfera, mas a espaçonave em si “errou” nosso planeta, como já era planejado. Ainda restam cerca de 30 kg de xenônio (propelente usado nos motores) dos 66 kg da partida. Meio tanque, o que significa que ainda há muita vida útil a extrair da sonda. Ela agora deve ser direcionada para uma missão estendida, onde visitará dois novos asteroides, o 2001 CC21, em 2026, e o 1998 KY26, em 2031.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Hayabusa2 tem sucesso em segundo pouso e coleta de amostras de asteroide https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/07/10/hayabusa2-tem-sucesso-em-segundo-pouso-e-coleta-de-amostras-de-asteroide/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/07/10/hayabusa2-tem-sucesso-em-segundo-pouso-e-coleta-de-amostras-de-asteroide/#respond Thu, 11 Jul 2019 01:53:11 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/hayabusa2-20190710-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8936 A sonda japonesa Hayabusa2 colecionou mais um sucesso no fim desta quarta-feira (quinta, 11, no horário de Tóquio), ao realizar seu segundo pouso bem-sucedido no asteroide Ryugu.

O objetivo era descer para colher mais uma amostra do asteroide, para trazer de volta à Terra no fim do ano que vem.

O local de descida foi escolhido levando em conta a segurança para a espaçonave e a proximidade com uma cratera artificial gerada por um projétil disparado pela própria Hayabusa2 em 5 de abril. A ideia é conseguir recolher parte do material ejetado da cratera, que imagens revelaram ter cerca de 10 metros de diâmetro.

O procedimento de obtenção de amostras da sonda é por si só um pouco violento. A espaçonave desce lentamente até o solo, guiada por um marcador previamente disparada na direção da superfície. Ao tocá-lo, um tiro é disparado na direção do chão e rochas do asteroide voam na direção de um chifre localizado na porção inferior da nave. Em seguida, a nave dispara rumo a uma distância segura, para garantir sua integridade.

No procedimento desta quarta, o toque com o solo se deu conforme o esperado, às 22h20 (10h20 de quinta no horário japonês), e a espaçonave confirmou por rádio sua viagem para um local seguro. Após a subida, conexão com a antena de alto ganho da sonda foi reestabelecida às 22h39, e a telemetria indicou que o procedimento parece ter se dado de forma normal, as 22h52.

É o mais novo sucesso de uma sequência impressionante na missão. A Hayabusa2 chegou ao Ryugu, um asteroide com cerca de 850 metros de diâmetro, em julho do ano passado. Em setembro, a sonda lançou dois minirrovers pela superfície, e em fevereiro a Hayabusa2 fez o primeiro pouso e coleta de amostras no asteroide.

A espaçonave tem até o fim deste ano para explorá-lo, quando deverá impreterivelmente tomar o caminho de casa — a mecânica celeste não espera ninguém. A missão estava preparada para fazer até três tentativas de pouso e coleta de amostras, mas os cientistas encontraram terreno mais acidentado que o esperado. Por conta disso, é improvável que a Jaxa (agência espacial japonesa) realize uma terceira tentativa. Dois sucessos são uma notícia boa demais para arriscar colocar tudo a perder numa terceira tentativa, talvez danificando a espaçonave de forma irrecuperável.

A Hayabusa2 é a primeira espaçonave da história a visitar um asteroide do tipo C, rico em carbono. Espera-se que as amostras trazidas pelo Ryugu ajudem os cientistas a investigar que tipos de moléculas orgânicas – quiçá precursoras da vida – asteroides podem ter trazido à Terra no passado remoto, além de investigar o ambiente de formação planetária no Sistema Solar, 4,5 bilhões de anos atrás. Os asteroides são genericamente tidos como “restos” do processo que levou ao nascimento dos planetas.

Parabéns à Jaxa por mais esse grande triunfo!

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O beijo passional no asteroide Ryugu https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/03/11/o-beijo-passional-no-asteroide-ryugu/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/03/11/o-beijo-passional-no-asteroide-ryugu/#respond Mon, 11 Mar 2019 05:00:01 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/Snapshot-105-320x213.png https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8716 No dia 22 de fevereiro, a sonda Hayabusa2 deu seu primeiro “beijo passional” no asteroide Ryugu, descendo até a superfície apenas por um instante, para colher uma amostra e futuramente trazê-la de volta à Terra.

No próprio dia, foi possível dizer que o procedimento foi aparentemente bem-sucedido — a telemetria indicava que a espaçonave japonesa seguiu exatamente o protocolo e, ao pousar no asteroide, disparou com sucesso uma bala de tântalo na direção dele, fazendo com que pedras voassem para todo lado, inclusive para dentro de sua cápsula de coleta de amostras.

As imagens e dados colhidos durante o procedimento foram transmitidos para a Terra só nos dias subsequentes. Mas que imagens! Numa sequência de fotos que comprime quase 6 minutos em 1, pegamos carona com a Hayabusa2 durante seu pouso/decolagem do Ryugu. O processo levanta fragmentos de asteroide para tudo quanto é lado e dá a certeza de que a bala disparou. Uma boa notícia, já que sua predecessora, a Hayabusa, que visitou o asteroide Itokawa em 2005, não conseguiu dar o tiro. A falha fez com que ela trouxesse apenas microgramas de asteroide em seu compartimento de amostras. Agora a recompensa promete ser bem maior.

Com quase 1 km de diâmetro, o Ryugu é o primeiro asteroide do tipo C (rico em carbono) a ser visitado por uma espaçonave. A Hayabusa2 foi lançada em dezembro de 2014 e chegou a seu destino em junho de 2018. Desde então, mapeou toda a superfície do astro e fez aproximações pontuais para registrar detalhes de alguns locais-chave. Também liberou minirrovers que exploraram a superfície e enviaram imagens surreais desse estranho e pequeno mundo, e tudo culminou com o procedimento de coleta de amostras. Mas a emoção ainda não acabou.

Se você achou que um tiro a 300 metros por segundo foi insuficiente, a próxima etapa, marcada para abril, envolverá o uso de explosivos para disparar um bloco de cobre dez vezes mais depressa na direção da superfície. O objetivo é abrir uma cratera de alguns poucos metros e expor material do interior do asteroide.

Após esse disparo de canhão, a equipe da Hayabusa2 vai decidir se realiza mais uma tentativa de pouso e coleta de amostras — talvez do interior da cratera recém-formada. Mas isso não acontecerá antes de junho. O prazo final para a sonda tomar o caminho de volta para a Terra é dezembro, para chegar ao planeta com suas preciosas amostras dali um ano. Ainda tem muito chão pela frente, mas a missão japonesa já se mostra a mais memorável visita a um asteroide até hoje registrada nos anais da exploração espacial.

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Hayabusa2 realiza pouso para coleta de amostras no asteroide Ryugu https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/21/hayabusa2-realiza-pouso-para-coleta-de-amostras-no-asteroide-ryugu/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/21/hayabusa2-realiza-pouso-para-coleta-de-amostras-no-asteroide-ryugu/#respond Thu, 21 Feb 2019 23:12:33 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/fig1-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8655 A sonda Hayabusa2 realizou nesta quinta-feira (21), aparentemente com sucesso, o pouso e a coleta de uma amostra do asteroide Ryugu, em mais um marco para esta impressionante missão japonesa.

O sinal do pouso chegou ao controle da missão às 19h48 (de Brasília). Toda a manobra foi realizada automaticamente, dada a distância entre o Ryugu e a Terra, que neste momento equivale a cerca de 340 milhões de km. Um sinal de rádio percorrendo essa distância toda leva 19 minutos em trânsito, viajando à velocidade da luz, o que impediria intervenções humanas durante a delicada descida.

Aos cientistas e engenheiros da Jaxa, agência espacial japonesa, restou acompanhar o sinal de rádio de baixa potência vindo da sonda e, com base apenas na variação do comprimento de onda causada pelas alterações de velocidade do veículo (o chamado efeito Doppler), identificar as etapas do pouso.

Na manobra desta quinta-feira, a sonda tinha como desafio atingir um “alvo” na cratera Urashima com apenas 6 metros de diâmetro. Para guiá-la na aproximação final, uma cápsula marcadora de alvo foi lançada previamente ao solo. E, a fim de proteger ainda mais a espaçonave, o contato com o solo foi planejado para acontecer a uma inclinação de cerca de 5 a 10 graus, para minimizar chance de colisão com rochedos próximos.

Após a coleta, a espaçonave acelerou para longe e, ao atingir uma distância segura, apontou sua antena principal para a Terra, a fim de transmitir todas as imagens e dados colhidos. A telemetria confirmou que tudo transcorreu como mandava o figurino.

A Hayabusa2 tem uma forma peculiar — talvez passional, diriam alguns — de colher amostras. Ela literalmente dá um beijo, e em seguida um tiro, no Ryugu. Após uma descida em marcha lenta, a 10 cm/s, ela toca um cone de coleta no solo por uma fração de segundo e então um projétil de tântalo é disparado, fazendo com que detritos do asteroide subam pelo cone e sejam armazenados numa cápsula, enquanto a própria sonda torna a subir, a 45 cm/s, para evitar quaisquer danos.

A despeito da descrição abrutalhada, trata-se de procedimento delicado, em que qualquer erro pode colocar tudo a perder.

Lançada em 2014, a Hayabusa2 chegou ao Ryugu — um pedregulho de pouco menos de 1 km de diâmetro residente entre as órbitas da Terra e de Marte — em julho do ano passado. Desde então, fez um mapeamento completo do objeto e chegou a lançar minirrovers à sua superfície, em setembro. O ponto mais crucial, contudo, era o de agora: o pouso da própria espaçonave e a subsequente coleta de amostras.

De início, os planejadores da missão cogitaram realizar até três dessas manobras de coleta, mas o asteroide se revelou mais inóspito do que o esperado, com muitos rochedos em sua superfície que dificultariam um pouso seguro. Daí que ainda não há definição se eles arriscarão outras tentativas até dezembro, quando a Hayabusa2 impreterivelmente deve partir do asteroide para pegar o caminho de casa com as preciosas amostras. Se tudo isso der certo, a cápsula da espaçonave deve reentrar a atmosfera terrestre e ser recuperada pela Jaxa no fim de 2020.

 

Concepção artística da Hayabusa2 em voo ao redor do asteroide Ryugu. (Crédito: Jaxa)

SOBRE A MISSÃO
A Hayabusa2 é a segunda missão de retorno de amostras de asteroides do Japão. Sua predecessora, a Hayabusa, voou entre 2003 e 2010 e trouxe de volta à Terra farelinhos do asteroide Itokawa. Ao chegar ao Ryugu, a Hayabusa2 se tornou a primeira sonda a visitar um asteroide do tipo C (carbonáceo).

Esses astros costumam ser mais escuros e acredita-se que sua composição seja primitiva, mais parecida com o conteúdo original da nebulosa que teria formado o Sol. Eles nos remetem à época em que os planetas estavam se formando.

Estudar o Ryugu é, portanto, um trabalho de arqueologia cósmica — a busca por vestígios do ambiente que levou ao surgimento do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos.

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Sonda estuda asteroide ‘sabor chocolate’ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/08/13/sonda-estuda-asteroide-sabor-chocolate/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/08/13/sonda-estuda-asteroide-sabor-chocolate/#respond Mon, 13 Aug 2018 05:00:56 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/ryugu-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8009 Nosso reflexo é pensar nos asteroides apenas como imensos pedregulhos espaciais, mas na verdade eles são como sorvete -vêm em sabores, de acordo com sua composição. E estamos prestes a aprender muito mais sobre o mais comum desses sabores — o chocolate dos asteroides — com a sonda japonesa Hayabusa2.

Como o nome sugere, ela é a segunda de sua linhagem. A Hayabusa original (o nome significa “falcão peregrino”) voou entre 2003 e 2010, numa missão tão dramática quanto espetacular.

Seu objetivo era chegar ao asteroide Itokawa, pousar, colher amostras, decolar e então trazê-las de volta à Terra. Agora, pense em tudo que pode dar errado nisso aí. Uma boa parte do que você imaginou aconteceu. Mas mesmo assim, aos trancos e barrancos, a Hayabusa conseguiu trazer uns farelinhos do Itokawa de volta para casa.

Foi a primeira vez que amostras de um asteroide foram trazidas por uma espaçonave. Só que o Itokawa é um asteroide do tipo S, composto principalmente de silicatos. Rocha mesmo. Eles são o segundo sabor mais comum de asteroide (baunilha, vá lá), respondendo por 17% do total.

Daí a grande novidade da Hayabusa2. Lançada em 2014, ela está neste momento em visita ao asteroide Ryugu, o primeiro asteroide do tipo C, com alto teor de carbono, a ser estudado em detalhe. Esse sim é um legítimo chocolate, correspondendo ao padrão espectral básico de 75% de todos os asteroides.

Asteroides carbonáceos costumam ser mais escuros e acredita-se que sua composição seja primitiva, mais parecida com o conteúdo original da nebulosa que teria formado o Sol. Eles nos remetem à época em que os planetas estavam se formando.

Estudar o Ryugu é, portanto, um trabalho de arqueologia cósmica — a busca por vestígios do ambiente que levou ao surgimento do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos.

A Hayabusa2 tem os mesmos objetivos de sua predecessora, e até agora tem feito um voo muito mais tranquilo. Diversos ensaios e aproximações do asteroide foram conduzidos, e a sonda já chegou a estar a meros 5 km da superfície do Ryugu.

Concepção artística da Hayabusa2 em voo ao asteroide Ryugu. (Crédito: Jaxa)

Tudo em preparação para o mapeamento e a escolha do local de pouso na primeira tentativa de coleta de amostras, que deve acontecer entre setembro e outubro.

Outras duas manobras do tipo devem acontecer em fevereiro e abril. E o mais incrível: elas devem levar três minijipes à superfície, além de um minimódulo saltador. Se ao menos um deles funcionar, será algo incrível de se ver. Tudo isso até o fim de 2019, quando a Hayabusa2 terá de partir para iniciar sua jornada de volta à Terra.

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As mais lindas cenas de vídeo em órbita da Lua, cortesia da agência espacial japonesa https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/10/25/as-mais-lindas-cenas-de-video-em-orbita-da-lua-cortesia-da-agencia-espacial-japonesa/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/10/25/as-mais-lindas-cenas-de-video-em-orbita-da-lua-cortesia-da-agencia-espacial-japonesa/#comments Tue, 25 Oct 2016 08:00:10 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/10/terra-lua-kaguya-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5522 Já pensou como seria ir à órbita da Lua e observar de pertinho a “magnífica desolação” de sua superfície esburacada? Ainda não há voos turísticos até nosso satélite natural, mas a Jaxa, agência espacial japonesa, promoveu a segunda melhor coisa depois disso — enviou uma câmera de TV de alta definição para captar imagens da órbita lunar.

A missão é antiga. A sonda Kaguya, também conhecida como Selene, foi despachada para a órbita lunar em 2007 e passou um ano e oito meses operando por lá, antes de ser comandada a impactar contra a superfície, em junho de 2009. Mas só agora, pela primeira vez, todos os arquivos de imagens coletados pela câmera HDTV — resultado de uma parceria entre a agência espacial japonesa e a NHK, rede de televisão nipônica — estão disponíveis pela internet.

O cenário é de tirar o fôlego (e não é pelo vácuo do espaço). Há diversas preciosidades dentre os segmentos de um minuto de duração, que revelam as incríveis variedades de terreno na Lua, bem como seu aspecto diferente dependendo da iluminação. Isso sem falar em incríveis cenas nascentes e poentes da Terra, conforme vistos da Lua, além de nascentes e poentes solares.

A integridade dos arquivos permite notar algumas coisas interessantes, como imagens “imperfeitas”, cheias de flares por conta da luz solar incidindo no interior da câmera, e outras que revelam o aumento gradual de “dead pixels” vermelhos, verdes e azuis conforme a missão progride e a câmera é submetida a mais e mais radiação cósmica.

Imagem de campo amplo da Kaguya revela a superfície lunar, quase na completa escuridão, e a Terra, como um fino crescente. Uau. Crédito: Jaxa/NHK
Imagem de campo amplo da Kaguya revela a superfície lunar, quase na completa escuridão, e a Terra, como um fino crescente. Uau. Crédito: Jaxa/NHK

É possivelmente o mais belo registro já feito da órbita lunar, que capta de forma singular o que nossos próprios olhos poderiam ver se estivéssemos lá. As únicas imagens que competem com essas são as produzidas pelos astronautas da Apollo, que usaram câmeras de filme de 16 mm para registrar suas históricas viagens, realizadas entre 1968 e 1972. Mas, enquanto eles precisavam apontar a câmera precariamente pela janela para colher as imagens, o equipamento da Kaguya estava estabilizado e afixado ao lado externo da espaçonave. São de arrepiar.

Confira acima o vídeo com uma seleção feita pelo Mensageiro Sideral de algumas das tomadas mais bonitas (a trilha sonora não decepciona, prometo!), e não deixe de zapear pelo arquivo completo da Jaxa, clicando aqui.

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Os desafios do elevador espacial https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/05/31/os-desafios-do-elevador-espacial/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/05/31/os-desafios-do-elevador-espacial/#comments Mon, 01 Jun 2015 02:28:53 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=3446 Você talvez tenha visto a divertida reportagem que o “Fantástico” exibiu no domingo (31) sobre a empresa japonesa Obayashi Corporation, que quer construir um elevador espacial em 2050. A proposta da empreiteira já havia sido abordada pelo Mensageiro Sideral no ano passado, e, convenhamos, é sensacional. Mas será que é viável?

Concepção artística do elevador espacial da Obayashi Corporation. Sobe?
Concepção artística do elevador espacial da Obayashi Corporation. Sobe?

Tecnicamente, o único impedimento conhecido hoje é a dificuldade na construção de cabos com a resistência e a força suficientes para resistir às tensões de serem esticados a um comprimento de 100 mil km, espaço afora. Não sabemos como fabricá-los e a principal aposta está nos nanotubos de carbono. O difícil até agora tem sido fazê-los com a extensão necessária.

Uma alternativa recente foi explorada por pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia e publicada no periódico “Nature Materials”: nanofios de diamante. Eles basicamente comprimiram benzeno a uma pressão extraordinariamente alta e obtiveram esses fios de carbono cristalino estruturado que poderiam ser ainda mais resistentes que os nanotubos. Resta saber se também haverá como produzi-los na extensão requerida — que não é pouca.

Caso esses materiais resolvam a questão, um elevador espacial, capaz de reduzir drasticamente o custo (e o drama) do transporte à órbita terrestre, poderia ser, em princípio, construído. Seria um baita desafio de engenharia, verdade, mas tecnicamente viável. O que é altamente improvável é que isso tudo possa acontecer em 35 anos, como quer a companhia japonesa. E nossos amigos da Obayashi também não explicaram quem vai pagar a obra. Segundo algumas estimativas, o sistema poderia custar a bagatela de US$ 100 bilhões.

Deu vontade de dar risada? Então é sinal de que estamos longe de ver esse projeto executado. O escritor inglês Arthur C. Clarke era um dos mais entusiasmados defensores dos elevadores espaciais — retratando-os na ficção em seus livros “As Fontes do Paraíso” e “3001” –, mas sabia que eles não seriam tão facilmente trazidos à realidade quanto outra ideia que ele ajudou a criar e a popularizar: os satélites geoestacionários de telecomunicações. Quando perguntaram a Clarke quando ele achava que um elevador espacial seria construído, ele respondeu: “Provavelmente uns cinquenta anos depois que todo mundo parar de rir.”

Nem todo mundo parou de rir, mas muitos cientistas e entusiastas já. Entre eles estão os que pertencem ao Consórcio Internacional do Elevador Espacial (ISEC), que realizará em agosto deste ano mais uma conferência científica, em Seattle, nos Estados Unidos, para tratar do tema. A exemplo da Obayashi, eles também acreditam que pode dar pé. Eu confesso que tenho minhas dúvidas.

No meu primeiro livro, “Rumo ao Infinito: Passado e Futuro da Aventura Humana na Conquista do Espaço”, publicado no longínquo ano de 2005 (alguém aí tem interesse em uma versão revisada, ampliada e atualizada?), eu abordo alguns dos desafios — talvez intransponíveis — que se colocam entre nós e o transporte espacial via elevadores.

Alguns deles são bem triviais, como o risco de terrorismo. Imagine o estrago que um Bin Laden do século 22 (supondo que todo mundo tenha parado de rir até lá) poderia fazer ao chocar um avião contra o prédio que serve de ancoragem ao elevador espacial aqui na Terra. Estamos falando de uma estrutura com uma centena de milhares quilômetros de altura, e nos primeiros 10 km não seria difícil atingi-la com um avião. Isso sem falar nos desafios que ter uma atmosfera impõem a edifícios muito altos.

Seguindo adiante, lá em cima, fora da atmosfera, temos de nos lembrar da imensa quantidade de detritos espaciais, entre lixo gerado por nós mesmos e pequenos asteroides. Você não pode desviar os cabos do elevador deles, ainda que pudesse detectá-los todos de antemão e antecipar colisões. Haveria, na melhor das hipóteses, pequenos danos constantes à estrutura, que teriam de ser reparados com frequência. E, se a manutenção for cara demais, a própria razão de ser do elevador — a redução do custo do transporte até o espaço — pode desaparecer.

Ainda assim, como alerto no livro, nesse estágio tão preliminar da pesquisa, não vale a pena abandonar a esperança. Deixemos os japoneses — e tantos outros — nos contagiarem com seus sonhos de elevadores espaciais. Afinal, outro dia mesmo os foguetes eram apenas sonhos, e antes deles até os aviões não passavam de devaneios de mentes imaginativas como as dos irmãos Wright e a de Alberto Santos-Dumont.

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A nova jornada do falcão peregrino https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2014/12/03/a-nova-jornada-do-falcao-peregrino/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2014/12/03/a-nova-jornada-do-falcao-peregrino/#comments Wed, 03 Dec 2014 04:40:18 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=2700 Ir até um asteroide, colher amostras e retornar à Terra. A missão da sonda japonesa Hayabusa2 é fácil de descrever, mas dificílima de executar. A espaçonave partiu às 2h22 desta quarta-feira (pelo horário de Brasília), do Centro de Lançamento de Tanegashima, impulsionada por um foguete H-IIA. O retorno está marcado para 2020, e certamente teremos muitas emoções até lá, a julgar pela saga de sua antecessora.

Concepção artística da Hayabusa 2 em voo ao asteroide 1999 JU3.
Concepção artística da Hayabusa 2 em voo ao asteroide 1999 JU3.

A Hayabusa original (“falcão peregrino” em japonês) partiu em 2003 e, em 2010, tornou-se a primeira sonda a trazer amostras prístinas de um asteroide. Mas foi um drama. A espaçonave equipada com motores iônicos teve dificuldades para voltar à Terra, e existia um risco de que ela retornasse de mãos vazias, uma vez que não havia certeza, pela telemetria, de que ela de fato tivesse conseguido colher uma amostra. Mas tudo está bem quando termina bem, e a missão acabou se tornando um símbolo da tenacidade dos engenheiros japoneses, que não são brasileiros, mas também não desistem nunca.

De sua sucessora, a Hayabusa2, não podemos esperar menos. Partindo hoje, ela passará perto da Terra novamente em 2015 e usará a gravidade do planeta para colocá-la a caminho do asteroide 1999 JU3 (que provavelmente ganhará um nome mais palatável em breve, por conta da missão). A sonda entrará em órbita desse bólido celeste em 2018 e terá um ano para mapeá-lo, fazer o pouso e colher as amostras.

ORIGEM DA VIDA

Diferentemente do asteroide Itokawa, de tipo S (silicato), visitado pela primeira Hayabusa, o 1999 JU3 é do tipo C, carbonáceo. E os japoneses querem colher uma amostra do interior do objeto, que não tenha sido desgastada por bilhões de anos de interação com a radiação solar. Para isso, dispararão um pequeno projétil a fim de abrir uma minicratera, de onde a sonda em seguida tentará retirar sua amostra. A ideia é com isso ter uma boa noção dos potenciais compostos orgânicos presentes durante a formação do Sistema Solar. De certa forma, a missão fará um retrato de nossos ancestrais não-biológicos — a matéria-prima que, na Terra, daria origem à vida.

Também será uma boa oportunidade para medir a quantidade de água presente no interior da rocha. Especula-se que objetos como o 1999 JU3 tenham fornecido boa parte da água do nosso planeta durante sua formação (lembre-se, asteroides são o que restou dos materiais que constituíram os planetas, 4,6 bilhões de anos atrás).

Fora essa novidade do projétil para a minicratera, a Hayabusa2 é muito similar à primeira. E voa acompanhada: nada menos que três pequenos satélites foram lançados em conjunto com ela. O Shin-en 2 é um projeto universitário transportando um radiotransmissor. O ARTSAT é uma escultura feita numa impressora 3D com um computador dentro, que irá gerar e transmitir poemas para a Terra. E o PROCYON passará pela Terra de novo em 2015 e será enviado a um asteroide próximo (ainda a definir) para um sobrevoo.

Não está bom? Então tem mais. A Hayabusa2 leva dois pequenos módulos de pouso autônomos, o japonês Minerva-II e o europeu Mascot. Ambos tentarão descer e operar na superfície do 1999 JU3 — o que não vai ser fácil. O Minerva que acompanhava a Hayabusa original não conseguiu descer no Itokawa.

Os japoneses, por algum motivo, costumam ter missões espaciais atribuladas. Tanto sua sonda marciana como a venusiana fracassaram na hora de entrar em órbita de seus respectivos alvos. Mas a Hayabusa foi um sucesso retumbante, e a segunda espaçonave a carregar o nome quer seguir nessa tradição. O Mensageiro Sideral deseja toda sorte do mundo em mais essa árdua jornada.

Aproveite o embalo e também fique ligado nos americanos, que lançam na quinta-feira pela primeira vez sua cápsula Órion, espaçonave destinada a levar astronautas além da órbita terrestre. Esse primeiro voo de teste será sem tripulação. Mas é um começo.

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A violência de uma supernova https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/08/14/a-violencia-de-uma-supernova/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/08/14/a-violencia-de-uma-supernova/#comments Wed, 14 Aug 2013 10:22:36 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=150 Quer surfar na onda de choque de uma supernova? Um grupo de cientistas japoneses acaba de calcular que, para pegar essa onda ao redor da supernova W44, é preciso estar pronto para encarar sua aproximação a cerca de 46 mil km/h. Definitivamente não é a marolinha do Lula.

Também pudera. As supernovas estão entre os eventos mais violentos do universo. Apesar do nome bonito, elas são basicamente uma explosão descontrolada que faz uma bomba atômica parecer um foguete de festa junina.

Simulação da onda de choque da supernova W44, feita pela Universidade Keio.

Elas acontecem quando uma estrela maior que o Sol (com pelo menos 8 vezes mais massa) esgota seu combustível. É a fusão nuclear que acontece em seu núcleo que mantém a estrela estável, gerando energia de dentro para fora e contrabalançando a ação da gravidade, que age de fora para dentro. Uma vez que acaba o combustível, a fusão cessa, e a gravidade passa a trabalhar sozinha, comprimindo o astro violentamente.

O efeito rebote leva à expulsão das camadas superiores da estrela em alta velocidade. Neste momento, a emissão de energia ultrapassa 100 milhões de bilhões de vezes à do Sol. Por alguns instantes, uma supernova pode ser mais brilhante que sua galáxia inteira, com centenas de bilhões de estrelas emitindo luz ao mesmo tempo.

Deu pra entender o tamanho do troço, né? Pois é, a turma liderada por Tomo Sashida e Tomoharu Oka, da Universidade Keio, no Japão, fez diversas observações em rádio para medir as propriedades da supernova W44. Localizada a cerca de 10 mil anos-luz da Terra, na direção da constelação da Águia, ela explodiu entre 6.500 e 25.000 anos atrás. Certamente foi vista na época por nossos ancestrais, embora não haja registro arqueológico dela em lugar nenhum.

Como a W44 está perto de uma nuvem de gás próxima, os pesquisadores conseguem detectar o avanço da onda de choque gerada pela supernova e medir sua velocidade. Além da onda principal, viajando a 46 mil km/h, eles viram uma outra nuvem molecular gasosa viajando a 360 mil km/h! Eles confessam não fazer ideia da origem dessa outra nuvem ultrarrápida.

Esses números ajudam a entender a grandiosidade de uma explosão de supernova. Definitivamente não é bom estar por perto de uma detonação dessas. Por outro lado, não podemos reclamar. Não fossem elas, não existiriam os átomos pesados que fazem parte de nós hoje. Você pode nunca ter visto uma supernova, mas tem um monte de átomos em seu corpo que foram originalmente forjados em uma.

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Robô irá fazer companhia a astronautas https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/08/05/robo-ira-fazer-companhia-a-astronautas/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/08/05/robo-ira-fazer-companhia-a-astronautas/#comments Mon, 05 Aug 2013 10:42:35 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=76 Ele é o C-3PO da vida real, e já está a caminho de sua primeira aventura espacial. Conheça o Kirobo, um robô-astronauta japonês recém-enviado à Estação Espacial Internacional.

Kirobo faz teste em ambiente de microgravidade antes de ser enviado ao espaço

O pequenino tem uma missão que seria simples demais para um humano, mas é bem complicada para um robô. Sua única tarefa é conversar. Ele irá ao espaço para fazer companhia ao astronauta japonês Koichi Wakata, que tem sua viagem para a estação marcada para novembro.

Com essa função, ele se assemelha muito ao dróide C-3PO, da cinessérie “Star Wars”. O robô dourado interpretado nas telonas pelo ator Anthony Daniels era um dróide de protocolo, ou seja, hábil primordialmente na arte de conversar.

Kirobo é mais modesto que sua contraparte fictícia. Em vez de falar milhões de idiomas diferentes, ele domina apenas o japonês. Por isso, embora tenha sido lançado ao espaço no último sábado a bordo da nave de carga japonesa HTV-4, ele esperará até a chegada de Wakata para iniciar de fato sua missão.

UMA NOVA ESPERANÇA

O nome, Kirobo, é a junção de Kibo (nome do módulo-laboratório nipônico na estação, que significa “esperança”) com robô. Ele tem um irmão, chamado Mirata, que fica em terra. Ambos têm 34 centímetros de altura e foram construídos por cientistas e engenheiros da Universidade de Tóquio.

Os dois são equipados com tecnologia de reconhecimento de voz e de face, que os permite reconhecer quem está falando com eles. Dotados de câmeras em lugar de olhos e um software sofisticado, eles são capazes de identificar emoções e processar a linguagem natural usada por humanos em bate-papos casuais.

A aposta dos japoneses é que robôs possam ser companheiros naturais para astronautas em longas viagens espaciais. Afinal, a solidão e a sensação de isolamento são dois dos grandes desafios a serem enfrentados pelos exploradores nessas jornadas.

A ideia não é novidade para quem curte ficção científica. Basta lembrar o clássico filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, em que apenas dois dos astronautas ficavam acordado durante a viagem até Júpiter, enquanto os demais eram mantidos em animação suspensa. A única companhia que David Bowman e Frank Poole tinham, enquanto realizavam separadamente seus afazeres na espaçonave, era a do computador HAL 9000. (Infelizmente para eles a inteligência artificial fica maluca no meio da viagem e tenta matá-los, risco que os astronautas da Estação Espacial Internacional não devem correr com o Kirobo.)

FUTURO ROBÓTICO

Foguete H-2B decola com o cargueiro HTV-4, que leva suprimentos e o Kirobo à estação espacial

A viagem do robô japonês será o primeiro teste real dessa estratégia para dar apoio psicológico à tripulação. E pode muito bem dar certo. Em junho, o Kirobo já demonstrou suas habilidades durante uma entrevista coletiva. Quando perguntado sobre seu sonho, ele respondeu: “Quero ajudar a criar um mundo em que humanos e robôs podem viver juntos”.

Talvez o futuro retratado rotineiramente pelo escritor Isaac Asimov esteja mais próximo do que imaginamos. Para o astronauta japonês Koichi Wakata, ele decerto já chegou.

É possível acompanhar os desdobramentos da missão, em twitter.com/Kibo_robo.

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