Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Amostras trazidas da Lua por missão chinesa revelam vulcanismo tardio https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/amostras-trazidas-da-lua-por-missao-chinesa-revelam-vulcanismo-tardio/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/amostras-trazidas-da-lua-por-missao-chinesa-revelam-vulcanismo-tardio/#respond Sun, 10 Oct 2021 15:00:33 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/change-5-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10138 A primeira missão chinesa de retorno de amostras da Lua começou a produzir seus primeiros frutos científicos. Pesquisadores estudando as rochas lunares trazidas pela espaçonave Chang’e-5 indicam que o basalto no local de pouso tem aproximadamente 2 bilhões de anos de idade.

O resultado confirma uma desconfiança que vem crescendo entre os cientistas: a Lua foi vulcanicamente ativa até mais recentemente do que se imaginava antes. Até uns dez anos atrás, a premissa era de que praticamente todo vulcanismo lunar no lado próximo da Lua cessou há uns 3 bilhões de anos, pouco depois da fase de bombardeio pesado tardio, uma época em que o Sistema Solar interno foi todo alvejado por uma grande quantidade de asteroides, entre 4,2 bilhões e 3,8 bilhões de anos atrás.

Além dessa confirmação de vulcanismo mais recente, a determinação da idade precisa desse fluxo de lava “jovem” (para os padrões lunares, não terrestres) ajuda a calibrar a técnica de contagem de crateras usada para datar superfícies lunares e planetárias. O raciocínio é simples: sem poder colher uma amostra de todo e qualquer terreno para datação por decaimento radioativo de elementos presentes no material, os pesquisadores presumem uma taxa média de impactos por asteroides e então contam a quantidade de crateras em uma dada região. As mais antigas têm mais buracos que as mais novas. Agora, com uma datação precisa de uma nova região lunar, fica mais fácil estimar a taxa média de impactos e, assim, calcular a idade de outros locais.

A missão chinesa foi a primeira a colher amostras lunares desde a soviética Luna-24, conduzida em 1976. Ela pousou em Oceanus Procellarum, a exemplo da Apollo-12, de 1969, mas longe do local em que desceu a missão tripulada americana. Trata-se de uma área cujo solo é composto por lava solidificada de uma antiga erupção vulcânica (ou talvez mais de uma, não há certeza). A espaçonave colheu amostras da superfície em dezembro de 2020 e as trouxe de volta à Terra para análise naquele mesmo mês.

O cálculo de idade, feito pela equipe de Xiaochao Che, da Academia Chinesa de Ciências Geológicas, foi publicado em 7 de outubro na revista Science. E agora resta o desafio de explicar como esse vulcanismo recente foi possível. “Não há evidência de altas concentrações de elementos produtores de calor no manto profundo da Lua, então explicações alternativas são exigidas para a longevidade do magmatismo lunar”, escreveram os pesquisadores.

É uma excelente demonstração de como é falsa a noção de que já investigamos a Lua o suficiente para entendê-la de forma completa. Certamente haverá muita ciência a ser produzida lá, conforme diversas nações, puxadas por China e EUA, se preparam para retomar sua exploração, com sondas e tripulações. Esse é só o começo.

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Nasa fecha contrato de US$ 2,9 bi com SpaceX para levar astronautas à Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/04/18/nasa-fecha-contrato-de-us-29-bi-com-spacex-para-levar-astronautas-a-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/04/18/nasa-fecha-contrato-de-us-29-bi-com-spacex-para-levar-astronautas-a-lua/#respond Mon, 19 Apr 2021 02:15:52 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/starship-moon-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9918 Na decisão mais corajosa da Nasa desde o lançamento do projeto Apollo, nos anos 1960, a agência espacial americana selecionou na sexta-feira (16) o veículo Starship, da empresa SpaceX, para fornecer o transporte dos astronautas até a superfície da Lua em seu programa Artemis. Com isso, a ida à Lua virou um ousado “tudo ou nada”.

Foram preteridas duas outras propostas, uma da Blue Origin (empresa de Jeff Bezos, dono da Amazon, apoiada por pesos-pesados como Lockheed Martin e Northrop Grumman) e outra da Dynetics (em parceria com a Sierra Nevada). A da SpaceX era, como de costume, a mais barata e a menos convencional, com um veículo de um único estágio para pouso e decolagem da Lua.

Pelo contrato, a empresa terá de realizar dois voos: um teste completo do sistema Starship para alunissagem, sem tripulação, e o primeiro voo de demonstração tripulado. Quando a proposta foi formulada, o primeiro desembarque de astronautas na Lua seria em 2024, mas a Nasa está revisando o programa e é pouco provável que a data seja mantida –embora o impossível tenha se tornado apenas improvável com a aposta na SpaceX.

Isso porque a companhia já está relativamente avançada no desenvolvimento do Starship, com a expectativa de realizar o primeiro teste orbital ainda neste ano. Por outro lado, trata-se de um projeto extremamente inovador (e portanto arriscado). O fato de a Nasa tê-lo escolhido é um tremendo voto de confiança.

O valor do contrato, US$ 2,9 bilhões, é uma pechincha. Contraste com o gasto que a Nasa tem com seu próprio foguete de alta capacidade, o SLS, e sua cápsula para voos lunares, a Orion: em apenas um ano a agência gasta esse mesmo montante, e seu desenvolvimento se arrasta há mais de década. Uma Orion chegou a fazer um único voo, e o SLS ainda está por realizar seu primeiro lançamento, algo que pode acontecer neste ano.

De início, a Nasa pretende manter toda essa arquitetura em pé. O pouso lunar envolve o Starship ser lançado à órbita terrestre, passar por um reabastecimento no espaço e então partir para a órbita lunar. Lá ele seria acoplado a uma Orion, lançada por um SLS, com a tripulação, que desceria à superfície da Lua no Starship e com ele subiria para um novo encontro com a Orion, que os traria de volta à Terra.

Agora, ninguém pode se esquecer de que a SpaceX tem planejado o Starship para sair da Terra já tripulado e ser capaz de retornar nessa condição. Ou seja, se o sistema se tornar confiável, a caríssima dupla SLS-Orion perderá função. E também não custa lembrar que o Starship foi projetado pela empresa de Elon Musk para promover a futura colonização de Marte –coisa que SLS e Orion jamais poderiam fazer.

Em essência, a Nasa financiará a maturação de um veículo reutilizável de baixo custo que pode abrir as portas para a ocupação do Sistema Solar. Ou perderá a Lua, sem meios de pousar lá pelos próximos anos. Ousadia pura.

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China diz que dividirá novas amostras lunares com cientistas de outros países https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/01/10/china-diz-que-dividira-novas-amostras-lunares-com-cientistas-de-outros-paises/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/01/10/china-diz-que-dividira-novas-amostras-lunares-com-cientistas-de-outros-paises/#respond Mon, 11 Jan 2021 02:15:33 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/change-5-amostras-e1610326637335-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9737 Após trazerem novas amostras da superfície da Lua pela primeira vez desde 1976, os chineses dizem que vão compartilhar parte do material com cientistas do mundo todo, inclusive os dos EUA – mas, nesse caso, só depois que cair a legislação americana que impede aquele país de cooperar com a China em atividades espaciais.

A afirmação partiu de Wu Yanhua, vice-diretor da agência espacial chinesa (CNSA), ao apresentar os resultados da missão Chang’e-5, que ao longo de 23 dias foi até a Lua, realizou um pouso, colheu amostras, decolou, procedeu com a primeira acoplagem automatizada em órbita lunar na história da exploração espacial e enviou uma cápsula de volta à Terra em 16 de dezembro, com cerca de dois quilos de rochas lunares acondicionados de forma segura em seu interior.

Longe de ser uma alfinetada gratuita, foi uma resposta a uma provocação americana. Em 23 de novembro, a Nasa (agência espacial americana), por meio de seu perfil no Twitter, mandou a seguinte mensagem: “Com a Chang’e-5, a China lançou um esforço para se juntar aos EUA e à antiga União Soviética na obtenção de amostras lunares. Esperamos que a China compartilhe seus dados com a comunidade científica global para aprimorar nosso entendimento da Lua, como nossas missões Apollo fizeram e o programa Artemis fará.”

De fato, amostras de rochas lunares colhidas pelo programa Apollo foram distribuídas para cientistas de todo o mundo, inclusive os da União Soviética, e na época houve intercâmbio de material. Num momento de tensão internacional aguda, em que qualquer passo em falso poderia esquentar a Guerra Fria e levar a um conflito nuclear global, cooperação no espaço era uma ferramenta essencial de apaziguamento e de dissipação das tensões. O processo culminou com a criação da Estação Espacial Internacional, que reúne hoje EUA, Rússia, Canadá, Japão e países europeus. Mas é um componente que ainda faz muita falta nas relações entre EUA e China.

Quem reluta, no caso, são os americanos. Desde 2011, o Congresso dos EUA inclui provisões em sua legislação orçamentária para a Nasa barrando cooperação espacial com a China. A lógica parte do pressuposto (com mais puro sabor ianque) de que o país não deve ajudar, nem mesmo de forma tangencial, um potencial adversário a desenvolver sua tecnologia espacial.

O discurso, contudo, vai ficando mais datado conforme os chineses se revelam não um país que está evoluindo no espaço, mas uma nação que já se mostra em pé de igualdade em muitos aspectos – como era o caso da ex-URSS na Guerra Fria.

A China enfatiza que a possibilidade de cooperação depende apenas do governo dos EUA. E já passa da hora de os americanos fazerem um gesto de boa-vontade, até pela necessidade de dissipar tensões entre as duas potências, incrementadas pela pandemia e pela controversa gestão Trump que agora chega ao fim. O mundo inteiro se sentiria mais aliviado – como quando viu pela primeira vez astronautas americanos e cosmonautas soviéticos se encontrarem no espaço na missão Apollo-Soyuz, em 1975.

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Cápsula da missão Chang’e-5 conclui com sucesso retorno de amostras lunares https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/16/capsula-da-missao-change-5-conclui-com-sucesso-retorno-de-amostras-lunares/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/16/capsula-da-missao-change-5-conclui-com-sucesso-retorno-de-amostras-lunares/#respond Wed, 16 Dec 2020 18:54:40 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/capsule1-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9712 A partir desta quarta-feira (16), a China já pode ser declarada oficialmente como o terceiro país a trazer amostras da superfície da Lua, depois de EUA e União Soviética. A cápsula da missão Chang’e-5 reentrou na atmosfera terrestre no início da tarde (madrugada do dia 17, pela hora local) e pousou, com auxílio de paraquedas, na Mongólia Interior, onde foi resgatada por equipes chinesas.

Foi o fim bem-sucedido de uma missão que durou pouco menos de um mês. A Chang’e-5 partiu em 23 de novembro, impulsionada por um foguete Longa Marcha-5, do centro de lançamento de Wenchang, no sul da China. Com quatro módulos e mais de oito toneladas, foi a maior espaçonave já enviada pela China ao espaço profundo. A manobra de injeção translunar, com o disparo dos propulsores para colocar a nave a caminho da Lua, foi vista no céu do Brasil.

A despeito da discrição chinesa na divulgação de suas iniciativas espaciais, a jornada lunar foi acompanhada por astrônomos amadores, que registraram a sonda até mesmo se aproximando da Lua. No dia 28 de novembro, a espaçonave disparou seu propulsor para frear e ser capturada pela gravidade lunar. Nos dois dias subsequentes, a nave circularizou a órbita e promoveu a separação do estágio de descida.

A alunissagem aconteceu no dia 1º de dezembro, e a China ameaçou transmitir o pouso ao vivo, mas recuou na última hora. Mais adiante, a TV estatal chinesa liberou o vídeo completo.

Um par de horas depois do pouso, a sonda iniciou o procedimento de coleta de amostras, o que se deu de maneira bem-sucedida, com o uso de uma perfuratriz para obter conteúdo do subsolo e de um braço robótico para recolher material da superfície. As amostras foram então depositadas no módulo de ascensão. A decolagem da Lua aconteceu no dia 3 de dezembro – o primeiro evento do tipo desde 1974, quando a missão soviética Luna-24 partiu de lá trazendo alguns gramas da superfície lunar.

Já a missão chinesa traz cerca de 2 kg, com uma arquitetura diferente. Enquanto o foguete de retorno da Luna-24 vinha direto para a Terra, o módulo de ascensão da Chang’e-5 subiu apenas até a órbita lunar, onde se encontrou com um módulo orbital. E foi lá que se deu a primeira acoplagem automatizada em órbita lunar da história.

Após a transferência do material colhido para uma cápsula de retorno, o módulo orbital disparou de volta para a Terra, culminando com a reentrada.

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Sonda chinesa Chang’e-5 pousa com sucesso na Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/01/sonda-chinesa-change-5-pousa-com-sucesso-na-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/01/sonda-chinesa-change-5-pousa-com-sucesso-na-lua/#respond Tue, 01 Dec 2020 15:43:58 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/change-5-pouso-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9701 A sonda chinesa Chang’e-5 realizou nesta terça-feira (1º), às 12h13 (de Brasília), seu pouso lunar de forma bem-sucedida. A próxima etapa da missão, já em solo, é colher cerca de 2 kg de solo da Lua para envio de volta à Terra – o primeiro retorno lunar de amostras desde a sonda soviética Luna-24, em 1976.

Apesar de inicialmente prometer a transmissão do pouso ao vivo, a TV estatal chinesa mudou de ideia na última hora, deixando todos sem saber se a alunissagem de fato havia ocorrido conforme o planejado. Apenas após tudo definido houve a divulgação de imagens da descida.

A Chang’e-5 partiu da Terra na segunda-feira passada, 23 de novembro, às 17h30, do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China. A injeção translunar (disparo do foguete para colocar a nave a caminho do satélite natural) ocorreu menos de uma hora depois.

O alvo é a região do monte Rümker, no Oceanus Procellarum (no mesmo “mar” onde desceu a Apollo 12, em 1969, mas bem longe do local de pouso americano). Lá, o Sol nasceu no dia 27. A espaçonave chegou à órbita lunar no dia 28, fez os ajustes na inserção orbital no dia 29 e, então, promoveu a separação do módulo de descida. Após o pouso, o plano é a Chang’e-5 trabalhar em solo lunar por pouco menos de duas semanas (enquanto houver luz solar), usando um perfurador para colher amostras a até 2 metros de profundidade no local de descida.

As amostras serão embarcadas no módulo de ascensão, instalado no topo do módulo de descida (a exemplo das missões Apollo), e então ele decolará para um encontro com o módulo orbital e a cápsula de retorno. O conjunto então deixará a órbita lunar, rumando para a Terra. A expectativa é que as amostras, embarcadas na cápsula de retorno, reentrem na atmosfera entre 16 e 17 de dezembro. A descida será com paraquedas, e o material será resgatado na Mongólia Interior.

O programa espacial chinês já fez um teste do modelo da cápsula de reentrada, com a missão Chang’e-5-T1, em 2014. Os módulos de pouso lunar também já foram bastante testados, nas missões Chang’e-3 e Chang’e-4 (esta última, em 2019, foi o primeiro pouso, de qualquer país, a ser realizado no lado afastado da Lua). A maior tensão, portanto, estará com o módulo de ascensão, que terá de levar as amostras da superfície à órbita da Lua.

E algo que tem chamado a atenção dos observadores do programa é o porte das naves. Elas são pequenas para voos tripulados, mas bem grandes para missões puramente robotizadas, o que indica que a China está usando seu programa lunar como precursor tecnológico para futuras missões com astronautas. O país não esconde sua ambição de estabelecer uma base lunar na próxima década.

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AO VIVO: Acompanhe a alunissagem da missão chinesa Chang’e-5 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/01/ao-vivo-acompanhe-a-alunissagem-da-missao-chinesa-change-5/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/12/01/ao-vivo-acompanhe-a-alunissagem-da-missao-chinesa-change-5/#respond Tue, 01 Dec 2020 14:22:15 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/12/change-5-lem-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9694 A CNSA (agência espacial chinesa) tenta nesta terça-feira (1º), por volta de 12h15 (de Brasília), promover a alunissagem da sonda não tripulada Chang’e-5. A descida começa aproximadamente às 11h50 e, caso tudo corra bem, a espaçonave tentará colher e enviar de volta à Terra cerca de 2 kg de solo da Lua – o primeiro retorno lunar de amostras desde a sonda soviética Luna-24, em 1976. Acompanhe ao vivo com o Mensageiro Sideral.

A Chang’e-5 partiu da terra na segunda-feira passada, 23 de novembro, às 17h30, do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China. A injeção translunar (disparo do foguete para colocar a nave a caminho do satélite natural) ocorreu menos de uma hora depois.

O alvo é a região do monte Rümker, no Oceanus Procellarum (no mesmo “mar” onde desceu a Apollo 12, em 1969, mas bem longe do local de pouso americano). Lá, o Sol nasceu no dia 27. A espaçonave chegou à órbita lunar no dia 28, fez os ajustes na inserção orbital no dia 29 e, então, promoveu a separação do módulo de descida. Após o pouso, o plano é a Chang’e-5 trabalhar em solo lunar por pouco menos de duas semanas (enquanto houver luz solar), usando um perfurador para colher amostras a até 2 metros de profundidade no local de descida.

As amostras serão embarcadas no módulo de ascensão, instalado no topo do módulo de descida (a exemplo das missões Apollo), e então ele decolará para um encontro com o módulo orbital e a cápsula de retorno. O conjunto então deixará a órbita lunar, rumando para a Terra. A expectativa é que as amostras, embarcadas na cápsula de retorno, reentrem na atmosfera entre 16 e 17 de dezembro. A descida será com paraquedas, e o material será resgatado na Mongólia Interior.

O programa espacial chinês já fez um teste do modelo da cápsula de reentrada, com a missão Chang’e-5-T1, em 2014. Os módulos de pouso lunar também já foram bastante testados, nas missões Chang’e-3 e Chang’e-4 (esta última, em 2019, foi o primeiro pouso, de qualquer país, a ser realizado no lado afastado da Lua). A maior tensão, portanto, estará com o módulo de ascensão, que terá de levar as amostras da superfície à órbita da Lua.

E algo que tem chamado a atenção dos observadores do programa é o porte das naves. Elas são pequenas para voos tripulados, mas bem grandes para missões puramente robotizadas, o que indica que a China está usando seu programa lunar como precursor tecnológico para futuras missões com astronautas. O país não esconde sua ambição de estabelecer uma base lunar na próxima década.

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Missão chinesa Chang’e-5 já está a caminho da Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/11/23/missao-chinesa-change-5-ja-esta-a-caminho-da-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/11/23/missao-chinesa-change-5-ja-esta-a-caminho-da-lua/#respond Mon, 23 Nov 2020 21:35:03 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/lm5_quick1-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9679 Ocorreu com sucesso na tarde desta segunda-feira (23), às 17h30, 0 lançamento da sonda chinesa Chang’e-5, que tem por objetivo realizar a primeira coleta de amostras da Lua desde 1976. O voo partiu do Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China, e a injeção translunar (disparo do foguete para colocar a nave a caminho do satélite natural) ocorreu menos de uma hora depois.

De forma até certo ponto surpreendente, a TV estatal chinesa transmitiu o lançamento ao vivo (em Pequim, eram 4h30 de terça, dia 24), nesta que é a mais audaciosa missão não tripulada já realizada por aquele país.

O alvo é a região do monte Rümker, no Oceanus Procellarum (no mesmo “mar” onde desceu a Apollo 12, em 1969, mas bem longe do local de pouso americano). Lá, o Sol deve nascer no dia 27, sexta-feira, e a alunissagem deve acontecer logo depois. O plano é a Chang’e-5 trabalhar em solo lunar por cerca de duas semanas (enquanto houver luz solar), usando um perfurador para colher amostras a até 2 metros de profundidade no local de descida.

As amostras serão embarcadas no módulo de ascensão, instalado no topo do módulo de descida (a exemplo das missões Apollo), e então ele decolará para um encontro com o módulo orbital e a cápsula de retorno. O conjunto então deixará a órbita lunar, rumando para a Terra. A expectativa é que as amostras, embarcadas na cápsula de retorno, reentrem na atmosfera entre 16 e 17 de dezembro. A descida será com paraquedas, e o material será resgatado na Mongólia Interior.

O programa espacial chinês já fez um teste do modelo da cápsula de reentrada, com a missão Chang’e-5-T1, em 2014. Os módulos de pouso lunar também já foram bastante testados, nas missões Chang’e-3 e Chang’e-4 (esta última, em 2019, foi o primeiro pouso, de qualquer país, a ser realizado no lado afastado da Lua). A maior tensão, portanto, estará com o módulo de ascensão, que terá de levar as amostras da superfície à órbita da Lua.

E algo que tem chamado a atenção dos observadores do programa é o porte das naves. Elas são pequenas para voos tripulados, mas bem grandes para missões puramente robotizadas, o que indica que a China está usando seu programa lunar como precursor tecnológico para futuras missões com astronautas. O país não esconde sua ambição de estabelecer uma base lunar na próxima década. Tudo começa agora.

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China lança nesta semana missão para trazer amostras de volta da Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/11/22/china-lanca-nesta-semana-missao-para-trazer-amostras-de-volta-da-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/11/22/china-lanca-nesta-semana-missao-para-trazer-amostras-de-volta-da-lua/#respond Mon, 23 Nov 2020 02:15:40 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/11/change-3-lander-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9676 A China deve iniciar nesta semana sua mais ambiciosa missão lunar. Denominada Chang’e-5, ela envolve alunissagem e decolagem da Lua, trazendo de volta à Terra até 2 kg de amostras de rochas. Será o primeiro retorno de material lunar desde 1976.

A CNSA (agência espacial chinesa), como sempre, é discreta ao oferecer detalhes. A imprensa estatal por lá diz apenas que o lançamento ocorrerá “no fim de novembro”. Mas o foguete Longa Marcha 5 designado para a missão já foi levado à plataforma, no Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China.

De acordo com dados compartilhados entre agências espaciais, reproduzidos pela Nasa, a partida deve acontecer nesta terça-feira (24), na China. Não há a hora exata do voo, o que significa que pode ser ainda nesta segunda-feira, pelo horário de Brasília.

Os chineses vêm se preparando há tempos para esta missão. Por sinal, era para ter ocorrido em 2017, o que só não aconteceu por conta de uma falha do então novíssimo Longa Marcha 5, lançador requerido para o projeto. Agora, com uma versão 5B dele testada em maio, está tudo pronto para a missão, a ser executada com uma espaçonave parruda de 8 toneladas e quatro módulos.

Será uma aventura e tanto. O alvo é a região do monte Rümker, no Oceanus Procellarum (no mesmo “mar” onde desceu a Apollo 12, em 1969, mas bem longe do local de pouso americano). Lá, o Sol deve nascer no dia 27, sexta-feira, e a alunissagem deve acontecer logo depois. O plano é a Chang’e-5 trabalhar em solo lunar por cerca de duas semanas (enquanto houver luz solar), usando um perfurador para colher amostras a até 2 metros de profundidade no local de descida.

As amostras serão embarcadas no módulo de ascensão, instalado no topo do módulo de descida (a exemplo das missões Apollo), e então ele decolará para um encontro com o módulo orbital e a cápsula de retorno. O conjunto então deixará a órbita lunar, rumando para a Terra. A expectativa é que as amostras, embarcadas na cápsula de retorno, reentrem na atmosfera entre 16 e 17 de dezembro. A descida será com paraquedas, e o material será resgatado na Mongólia Interior.

O programa espacial chinês já fez um teste do modelo da cápsula de reentrada, com a missão Chang’e-5-T1, em 2014. Os módulos de pouso lunar também já foram bastante testados, nas missões Chang’e-3 e Chang’e-4 (esta última, em 2019, foi o primeiro pouso, de qualquer país, a ser realizado no lado afastado da Lua). A maior tensão, portanto, estará com o módulo de ascensão, que terá de levar as amostras da superfície à órbita da Lua.

E algo que tem chamado a atenção dos observadores do programa é o porte das naves. Elas são pequenas para voos tripulados, mas bem grandes para missões puramente robotizadas, o que indica que a China está usando seu programa lunar como precursor tecnológico para futuras missões com astronautas. O país não esconde sua ambição de estabelecer uma base lunar na próxima década. Tudo começa agora.

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Lua é mais rica em água do que se imaginava, indica Nasa https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/10/26/nasa-anuncia-deteccao-de-quantidades-significativas-de-agua-na-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/10/26/nasa-anuncia-deteccao-de-quantidades-significativas-de-agua-na-lua/#respond Mon, 26 Oct 2020 16:00:05 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/shot1_on.0420-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9619 A Nasa acaba de divulgar dois estudos que demonstram para além de qualquer dúvida a presença de água na Lua – e em regiões iluminadas pelo Sol. Os dois artigos estão publicados na edição desta semana da revista científica britânica Nature Astronomy. E os resultados, claro, têm implicações importantes para futuras missões lunares.

Talvez o anúncio soe como figurinha repetida, mas é muito ilustrativo de como a ciência funciona. De fato, temos há muito tempo uma forte desconfiança de que exista água aprisionada no fundo de crateras polares da Lua, e a primeira suspeita remonta a dados colhidos com a sonda americana Clementine, no final dos anos 1990. Mas todas as detecções anteriores davam um salto pouco comentado: elas eram baseadas numa assinatura de luz infravermelha com comprimento de onda de 3 micrômetros (ou em detecção de nêutrons, ligados à presença de hidrogênio). Só que esse sinal poderia ser tanto de água, H2O, como de outras hidroxilas, ou seja, compostos com HO, presas em minerais.

Esta, portanto, é a primeira vez em que essa dificuldade é superada. Em um dos artigos, liderado por Casey Honniball, da Universidade do Havaí em Manoa, um grupo de pesquisadores reporta os resultados obtidos com o SOFIA, o Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha – na verdade um Boeing adaptado pela Nasa e equipado com um telescópio para realizar observações na estratosfera. Eles detectaram um assinatura espectral de água, com comprimento de onda de 6 micrômetros, que não coincide com outros compostos de hidroxila. Ou seja, só pode ser água mesmo.

Eles constataram que a água está presente em latitudes ao sul em abundâncias entre 100 e 400 partes por milhão, uma quantidade significativa, ainda que não dê para chamar de abundante. E o sinal foi visto também em partes iluminadas da Lua. Os autores sugerem que a água detectada provavelmente está presa em vidro ou entre grãos na superfície lunar, o que protege essas moléculas.

Em outro estudo, liderado por Paul Hayne, da Universidade do Colorado em Boulder, os pesquisadores examinaram a distribuição das áreas da Lua que estão sob sombra permanente – as chamadas armadilhas frias. Nessas áreas, no fundo de crateras polares onde a luz do Sol nunca bate, água pode ser capturada e permanecer de forma estável por lá, como gelo.

Os autores avaliaram todo tipo de tamanhos para as armadilhas frias, desde aquelas com apenas 1 centímetro de diâmetro, e descobriram que essas microarmadilhas são centenas de milhares de vezes mais numerosas que as armadilhas frias maiores, e elas podem ser encontradas em ambos os polos. Os autores sugerem que cerca de 40 mil metros quadrados da superfície lunar têm a capacidade de aprisionar água.

Ainda não sabemos exatamente como essa água pode ser produzida ou depositada nessas regiões. Há diversas hipóteses, desde a entrega direta por asteroides e cometas, até a formação de água a partir de átomos de hidrogênio e oxigênio na própria Lua, passando pela liberação das moléculas a partir do subsolo com o impacto de micrometeoroides. Mas o ponto principal é que as duas descobertas, juntas, indicam que água é produzida ou trazida para a Lua com boa eficiência e acaba preservada nessas armadilhas frias em ambas as regiões polares.

A presença de água pode ter implicações para a escolha de futuros sítios de pouso para missões lunares. Aliás, tanto a Nasa como a agência espacial chinesa já declararam seu interesse em particular pela exploração do polo Sul lunar, onde se espera a maior quantidade dessas armadilhas frias de água. Estamos falando do componente mais valioso que existe no espaço. Com água, não só se torna viável manter humanos na Lua, como se pode fabricar combustível de foguete para viagens ainda mais distantes.

São mais resultados importantes nesse quebra-cabeça, e as próximas peças certamente virão nos próximos anos, quando missões tecnológicas, tripuladas ou não, demonstrarão a captura e o uso dessa água presente nos polos lunares.

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Nasa anuncia contrato com SpaceX para transporte de carga à órbita lunar https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/03/30/nasa-anuncia-contrato-com-spacex-para-transporte-de-carga-a-orbita-lunar/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2020/03/30/nasa-anuncia-contrato-com-spacex-para-transporte-de-carga-a-orbita-lunar/#respond Mon, 30 Mar 2020 04:00:29 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/spacex-xl-high-orbit.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=9268 A Nasa anunciou na última sexta-feira (27) que fechou um contrato com a empresa SpaceX para transporte de cargas até o Gateway, estação orbital lunar que a agência espacial americana espera construir e operar, em parceria com outros países, em meados desta década.

A ideia é reproduzir o que já acontece na Estação Espacial Internacional, para onde a SpaceX já transporta cargas desde 2012, com sua cápsula Dragon. A diferença é que, enquanto o complexo orbital fica a 400 km de distância da Terra, o futuro Gateway estará a mais de 380 mil km, na órbita da Lua.

Para cumprir os requisitos, a SpaceX já tem praticamente tudo que precisa; basta trocar o foguete Falcon 9 pelo já testado Falcon Heavy, e adaptar a cápsula Dragon para as missões lunares. A modificação está sendo chamada de Dragon XL.

O contrato prevê pelo menos duas missões de transporte e um valor total que pode chegar a US$ 7 bilhões, caso voos adicionais sejam agregados. E a Nasa espera futuramente adicionar outra contratada, além da SpaceX, para manter redundância.

O mesmo foi feito para o transporte de carga à Estação Espacial Internacional, que conta com as fornecedoras SpaceX e Northrop Grumman, e para o iminente transporte comercial de astronautas, com SpaceX e Boeing. Projeta-se que o primeiro voo tripulado, a ser conduzido pela SpaceX, ocorra em maio deste ano, se a pandemia de coronavírus que assola o planeta permitir.

O novo contrato de transporte lunar se encaixa no âmbito do programa Artemis, que tem por objetivo colocar humanos de volta à superfície da Lua até 2024. Originalmente o Gateway estava sendo pensado como “ponto de parada”, onde os astronautas desembarcariam de sua cápsula e entrariam no módulo de pouso lunar.

Esses planos, contudo, estão sendo formulados e modificados pela Nasa, e existe uma possibilidade grande de que o Gateway seja escanteado para o primeiro pouso lunar tripulado, o que diminuiria também a pressão para que seja desenvolvido rapidamente.

Mesmo que as estrelas se alinhem e tudo dê certo, segue altamente improvável que o primeiro pouso lunar tripulado do século 21 vá acontecer em pouco menos de cinco anos. O desenvolvimento do foguete SLS e da cápsula Orion, base tecnológica para o retorno à Lua projetado pela Nasa, segue em passo de tartaruga e agora sofre mais atrasos por conta da pandemia.

Até em razão disso, parece estranho, quase alienado, ficar pensando em estação orbital lunar e humanos caminhando sobre a Lua em meados desta década, enquanto uma tragédia global bate à nossa porta. Mas é justamente em momentos como o atual, que nos deixam naturalmente míopes, com horizonte muito curto, que precisamos nos lembrar de que, sim, haverá um futuro, e ele será brilhante, a despeito das dificuldades do presente. Explorar o espaço é sonhar o futuro. E nunca isso foi tão necessário quanto agora.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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