Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Novo endereço para o blog https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/12/04/novo-endereco-para-o-blog/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/12/04/novo-endereco-para-o-blog/#respond Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10193 Caro leitor,

Após 1.190 posts e mais de oito anos, este blog continua na Folha, mas, agora, em novo endereço (e com novas funcionalidades). Acesse folha.com/mensageirosideral para continuar lendo tudo que o Mensageiro Sideral publica. O longo acervo do blog permanecerá neste espaço, e os textos poder lidos e relidos à vontade.

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Nasa investe mais de US$ 500 mi em estações orbitais privadas

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Missão da Nasa para desviar asteroide sublinha perigos da tecnologia https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/missao-da-nasa-para-desviar-asteroide-sublinha-perigos-da-tecnologia/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/28/missao-da-nasa-para-desviar-asteroide-sublinha-perigos-da-tecnologia/#respond Sun, 28 Nov 2021 15:00:36 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/dart-launch-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10188 Na última quarta (24), a Nasa lançou ao espaço a missão Dart, com o objetivo de alterar a órbita de um asteroide de médio porte (160 metros). A motivação é tão clara quanto nobre: testar uma tecnologia que poderá salvar a civilização de um futuro impacto, caso algum desses objetos seja descoberto em rota de colisão com a Terra.

Até o momento, mapeamos cerca de 40% da população de asteroides com 140 metros ou mais, e não há nenhum a nos ameaçar. Resta identificar os outros 60%, o que deve ocorrer nos próximos anos, com o trabalho diligente de astrônomos profissionais e amadores, somado a significativos projetos capazes de detecção em massa, como o futuro Observatório Vera Rubin, no Chile, que deve iniciar sua operação científica em 2023.

O que parece estar sendo pouco discutido são as implicações éticas de uma missão assim, provavelmente porque é muito difícil sensibilizar a opinião pública sobre questões que parecem remeter mais à ficção científica que à ciência (de vez em quando rola uma pandemia, e o pessoal se lembra de que essas coisas são todas reais e precisam ser amplamente conhecidas, sob risco de sucumbirmos à desinformação).

Em seu livro “Pálido Ponto Azul”, de 1994, o astrônomo Carl Sagan sublinhou o dilema, lembrando que a mesma tecnologia capaz de desviar um asteroide em rota de colisão com a Terra também pode apontar para a nossa direção um desses objetos que originalmente não trombaria conosco. Esse risco costuma ser descartado com o argumento “só um louco faria algo assim”. Ao que Sagan relembra nossa própria história. “Sempre que ouço isso (e é muitas vezes apresentado nesses debates), lembro-me de que loucos realmente existem. Algumas vezes eles alcançam os mais altos níveis de poder político em nações industriais modernas.”

Escrevendo no século 20, o astrônomo remete a figuras como Hitler e Stalin para exemplificar o drama. Adentrando já a terceira década do século 21, vimos que as coisas não mudaram tanto nesse aspecto desde então. Ainda hoje, loucos chegam ao poder e, quando o fazem, tomam decisões que sabidamente causarão enorme tragédia humana sem qualquer constrangimento ou sinal de empatia. Você sabe do que estou falando.

A Dart em si não é motivo para preocupação. Está em boas mãos e não traz risco para a Terra (não há como sua colisão com o asteroide Dimorfo, no fim de 2022, colocá-lo, nem por acidente, na nossa direção). Mas é inegável que estamos legando ao futuro um instrumento que, nas mãos erradas, pode, sim, vir a ser perigoso.

É mais um lembrete do eterno dilema que o desenvolvimento da ciência e da tecnologia nos impõe, desde as primeiras lanças com ponta de pedra lascada. Se não vier acompanhado de ética e sabedoria, pode acabar causando mais mal do que bem. Parece ser o destino da humanidade lutar com valentia em busca de um caminho melhor para si enquanto dança distraidamente à beira do precipício.

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Nasa lança nesta quarta (24) primeira missão para desviar rota de asteroide https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/nasa-lanca-nesta-quarta-24-primeira-missao-para-desviar-rota-de-asteroide/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/nasa-lanca-nesta-quarta-24-primeira-missao-para-desviar-rota-de-asteroide/#respond Tue, 23 Nov 2021 17:17:16 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/dart-mission-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10180 A Nasa lança na madrugada desta quarta-feira (24) a primeira missão de demonstração da capacidade de desviar a rota de um asteroide. Chamada de Dart, sigla inglesa para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo, a iniciativa é relativamente modesta em custo (US$ 324 milhões), mas ainda assim histórica. Pare para pensar: humanos tentarão de forma pioneira demonstrar que podem promover a defesa do planeta contra um bólido celeste que esteja em curso para colidir conosco. Há 65 milhões de anos, os dinossauros não tiveram esse luxo.

Para começar, vamos tirar da frente as teorias da conspiração. Não, não há, até onde se sabe, um asteroide que possa nos ameaçar seriamente ao longo das próximas décadas. A população de bólidos matadores de civilização, com 1 km de diâmetro ou mais, já foi mais de 95% mapeada (são cerca de 900), e nenhum de seus membros traz perigo nas próximas dezenas de anos, pelo menos. Contudo, os asteroides de menor porte, com 140 metros ou mais, são uma população bem mais numerosa e menos conhecida (estimam-se que existam cerca de 25 mil deles, dos quais só conhecemos 39%). E, embora sejam incapazes de extinguir a humanidade, podem causar estragos locais consideráveis.

A Dart representa uma tentativa de lidar com o perigo oferecido por esses objetos. Sua tecnologia é a mais simples possível: mudar a trajetória de um asteroide simplesmente colidindo com ele, método de deflexão que os cientistas chamam de “impacto cinético”. Não tem bomba, não tem nada. É só uma pancada em alta velocidade, com um acidente de trânsito cósmico, que leve o asteroide a sofrer uma mudança de velocidade. Alterando isso, a órbita também se altera. E aí o asteroide que hipoteticamente ia bater com a gente de repente não bate mais.

Como o nome diz, trata-se de um teste. É para ver se funciona. O alvo escolhido é um asteroide que facilitará a medição do efeito da missão, mas que não oferece qualquer perigo para a Terra, agora ou depois da colisão com a Dart. Trata-se do astro duplo Dídimo (Didymos) e Dimorfo (Dimorphos). O primeiro, maior deles, tem 780 metros. O segundo, menor, é uma lua-asteroide, com 160 metros.

Partindo da Terra às 3h21 desta quarta (pelo horário de Brasília), a Dart tem um encontro marcado com o Dimorfo entre os dias 28 de setembro e 1º de outubro de 2022. O impacto da espaçonave deve, se tudo der certo, alterar a velocidade orbital dele. Não é lá uma grande massa, pouco mais de meia tonelada, mas numa colisão a 6 km/s – ou 21.600 km/h.

Dimorfo tem muito mais massa que a nave, de forma que, enquanto ela será inteiramente vaporizada pelo encontro (abrindo uma cratera nele), ele deve sofrer apenas uma sutil mudança de rumo. Se o asteroide estivesse vagando sozinho em órbita do Sol, a mudança talvez fosse sutil demais para ser identificada rapidamente. Mas é aí que entra a vantagem de escolher um astro duplo. Como Dimorfo completa uma volta ao redor de Dídimo em cerca de 12 horas, qualquer mudança de trajetória fará uma alteração detectável no período orbital, que os astrônomos poderão medir usando telescópios em solo. (A escolha da data do impacto tem a ver com isso – ele vai acontecer quando a Terra está perto de sua distância mínima de Dídimo, cerca de 11 milhões de km, facilitando as observações. A última vez que houve uma proximidade tão grande foi em 2003, e a próxima, só em 2062.)

Ao impactar contra o asteroide Dimorfo, ele deve reduzir sua órbita em torno do Dídimo. (Crédito: APL/JHU)

Os asteroides também serão estudados pela própria sonda, durante sua aproximação, e é possível que um pequeno satélite italiano (que viaja junto com ela) faça um registro do impacto em si. O LICIACube é da classe dos cubesats (tem o tamanho de uma caixa de sapatos, 30x20x10cm) e é equipado com duas câmeras para produzir imagens do encontro.

E aí, se tudo correr bem, a Terra está segura? Podemos esquecer de uma vez por todas da ameaça dos asteroides, contando que a Nasa está pronta para defender o planeta? Como você deve ter desconfiado, não é bem assim.

“A demonstração é muito importante, mas essa estratégia só será útil se tivermos aviso bastante antecipado de uma futura colisão”, explica Cristóvão Jacques, astrônomo do Observatório SONEAR, em Oliveira (MG), e principal descobridor brasileiro de asteroides próximos à Terra. “Se soubermos que um asteroide de até uns 300 metros estiver em rota de colisão com a gente em uns 10, 15 anos, daria tempo de preparar uma missão assim, implementar e encontrar o objeto a tempo de alterar sua órbita para que, com o passar do tempo, ele não atingisse o planeta. Mas se o aviso fosse de 2 ou 3 anos, esse método não daria certo.”

Daí inclusive a importância do trabalho dos astrônomos em continuar identificando todos os membros dessa vasta população de objetos potencialmente ameaçadores à Terra. Quanto antes descobrirmos um asteroide que tenha o nosso nome colado nele, maior a chance de podermos reagir para evitar o impacto.

E, claro, se o asteroide for muito grande, daquela categoria capaz de extinções em massa (como o que atingiu os dinossauros, que tinha algo como uns 10 km), mesmo com um longo tempo de aviso essa estratégia de simplesmente colidir uma nave com ele provavelmente seria incapaz de redirecioná-lo. “Felizmente, essa população já está quase toda descoberta e sabemos que não oferece perigo pelo próximo século”, completa Jacques.

A missão Dart é gerenciada pelo APL (Laboratório de Física Aplicada) da Universidade Johns Hopkins e será lançada por um foguete Falcon 9, da SpaceX, em sua primeira missão interplanetária a serviço da Nasa. O voo parte da Base da Força Espacial Vandenberg, na Califórnia, e a meteorologia no momento dá 90% de probabilidade de boas condições. Caso haja alguma violação dos critérios de missão, uma nova tentativa pode ser feita no dia 25.

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Teste de míssil antissatélite russo gera nuvem de lixo espacial perigoso https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/teste-de-missil-antissatelite-russo-gera-nuvem-de-lixo-espacial-perigoso/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/21/teste-de-missil-antissatelite-russo-gera-nuvem-de-lixo-espacial-perigoso/#respond Sun, 21 Nov 2021 15:00:08 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/cosmos-1408-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10177 Fogo no parquinho. A Rússia decidiu na última segunda-feira (15) que era um bom dia para testar um míssil antissatélite e explodir um de seus próprios artefatos espaciais. Funcionou. Agora, em vez de termos um grande pedaço de lixo espacial numa órbita bem definida, temos mais de 1.500 pequenos detritos, além de centenas de milhares não rastreáveis, voando por órbitas ligeiramente diferentes. A maioria vai desaparecer em um ano, reentrando na atmosfera terrestre. Alguns poderão ficar lá por mais de uma década. E todos oferecem algum perigo a outros satélites na mesma região do espaço.

A “vítima” foi um satélite listado internacionalmente como Cosmos 1408, já desativado há muito tempo, tendo sido lançado à órbita pela antiga União Soviética nos idos de 1982. Até aí, zero perdas. Mas teve “barata voa” na Estação Espacial Internacional. Ao detectar a nuvem de detritos gerada pelo teste, os centros de controle em Houston e Moscou pediram aos astronautas e cosmonautas que se alojassem preventivamente em suas cápsulas. A ideia era deixá-los prontos para uma evacuação rápida caso o complexo orbital fosse atingido por algum detrito capaz de causar despressurização ou outros danos sérios.

A primeira passagem foi tranquila. Nada aconteceu. A segunda também, e aí os tripulantes já foram liberados para voltar à estação, mas mantendo as comportas entre os módulos fechadas para reduzir riscos. A cada uma hora e meia, mais ou menos, o complexo orbital voltava a fazer aproximação da nuvem de lixo, bem ao sabor do filme “Gravidade”. Felizmente não houve uma reação em cadeia como a vista no longa-metragem.

O problema é que o risco existia. O Departamento de Estado americano classificou o teste russo como uma atitude irresponsável. O Ministério da Defesa russo disse que os detritos mantiveram quilômetros de distância da estação e não ofereceram perigo. Mas o episódio nos lembra de como estamos lidando com um ambiente frágil. Um pedaço de lixo em órbita é algo que permanece lá por muito tempo, como um projétil viajando a 27 mil km/h. Mesmo sendo pequeno, pode causar grandes danos.

E o maior temor é o de que uma nuvem de detritos atinja outros satélites, cada um gerando suas próprias nuvens, desencadeando uma sequência de eventos que terminaria com a Terra envolva por uma camada perigosíssima de lixo espacial. Isso teria o potencial para eliminar a viabilidade de manter satélites operacionais. Esqueça telescópios espaciais, telecomunicações, GPS, meteorologia… Prejuízo incalculável.

Não tem bonzinho na história. Semana passada foi a Rússia. Mas em anos recentes vimos testes similares sendo realizados por EUA, Índia e China. A prosseguirmos nessa escalada, um dia as coisas ainda vão acabar mal. As nações espaciais deveriam estar concentradas em mitigar, e não potencializar, os perigos do lixo espacial. Antes que só nos reste lamentar.

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Nasa adia retorno tripulado à superfície da Lua para “não antes de 2025” https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/14/nasa-adia-retorno-tripulado-a-superficie-da-lua-para-nao-antes-de-2025/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/14/nasa-adia-retorno-tripulado-a-superficie-da-lua-para-nao-antes-de-2025/#respond Sun, 14 Nov 2021 15:00:17 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/04/starship-moon-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10174 Esqueça a volta à Lua em 2024. Na semana passada, a chefia da Nasa apresentou atualizações ao cronograma de retorno lunar tripulado. A agência agora diz que o primeiro envio de astronautas à superfície não acontecerá antes de 2025. E não se surpreenda se essa data escapar para 2026 ou mesmo 2028.

O bode expiatório foi o processo recentemente imposto na justiça federal americana pela empresa Blue Origin, de Jeff Bezos, após perder a licitação da escolha do sistema de pouso para o programa lunar. Com três companhias na disputa, a Nasa acabou optando por apenas uma contratação, com a SpaceX, de Elon Musk, baseada em seu veículo Starship.

Altamente inovador, ele poderia transportar até 100 toneladas de cada vez à superfície lunar, algo que mudaria as regras do jogo para a criação de uma futura base. Mas também é uma aposta de alto risco, já que muita coisa nunca feita antes (como reabastecimento em órbita e alta cadência de lançamentos) precisa ser demonstrada antes que ele possa cumprir a missão.

A Blue Origin questionou a escolha na justiça, dizendo que a Nasa poderia ter optado por duas empresas. Ao escolher apenas uma, além de inibir a concorrência, a agência estaria colocando o retorno à Lua em risco. Levou sete meses, mas a Corte Federal validou o processo de escolha da Nasa.

Bezos colocou o rabo entre as pernas, e a agência usou o atraso para justificar a perda da chance de fazer o primeiro pouso tripulado em 2024. Mas vale ressaltar que essa meta sempre soou fantasiosa. Agora virou “não antes de 2025”. Ainda assim, haja otimismo. Tem muita coisa que precisa acontecer antes das próximas pegadas humanas no solo lunar.

A ação começa no ano que vem, com a missão Artemis I. Ela levará pela primeira vez uma cápsula Orion, impulsionada à órbita lunar pelo novo (e caríssimo) superfoguete SLS. Mas sem tripulação. Deve acontecer no primeiro semestre. No momento, o cronograma indica fevereiro.

Depois disso virá a Artemis II, essa sim a primeira tripulada. Repetindo o perfil de voo de sua antecessora, representará o primeiro retorno de astronautas à órbita lunar desde as missões Apollo, encerradas em 1972. A planilha hoje indica que o voo deve ser realizado até maio de 2024. E não dá para subestimar seu valor histórico: ela será a Apollo 8 do século 21.

Em paralelo, a SpaceX precisa amadurecer sua versão lunar do Starship e realizar um pouso não tripulado bem-sucedido na Lua, antes de poder levar os astronautas da missão de solo Artemis III. No momento, esse voo de demonstração não tem data para acontecer, mas a empresa espera realizar o primeiro lançamento orbital do Starship já no começo do ano que vem.

São essas as duas caminhadas paralelas que vão determinar quando veremos humanos saltitando pela Lua novamente. Segue sendo otimista pensar que será em 2025, mas o caminho está traçado, e os percalços, mapeados.

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Astrônomo diz ter encontrado possível candidato a nono planeta no Sistema Solar https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/astronomo-diz-ter-encontrado-possivel-candidato-a-nono-planeta-no-sistema-solar/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/09/astronomo-diz-ter-encontrado-possivel-candidato-a-nono-planeta-no-sistema-solar/#respond Tue, 09 Nov 2021 19:31:04 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/01/p9_kbo_orbits_labeled_1_-180x101.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10168 Escarafunchando dados antigos do satélite de infravermelho Iras, um astrônomo britânico à procura do hipotético Planeta 9 diz ter encontrado um possível candidato. O apelido foi dado a um astro que supostamente existiria além de Netuno, conforme predito por uma dupla de pesquisadores nos EUA em 2016.

A história toda começou quando Michael Brown e Konstantin Batygin, astrônomos do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), apontaram um estranho alinhamento nas órbitas de alguns objetos transnetunianos, pedregulhos residentes nas profundezas do Sistema Solar. De acordo com eles, o alinhamento só poderia ser explicado pela influência gravitacional de um nono planeta, maior que a Terra, instalado numa órbita superlonga e oval.

Desde então, pesquisadores têm procurado pelo tal Planeta 9, sem sucesso. E a estratégia adotada por Michael Rowan-Robinson, do Imperial College de Londres, foi fazer a caçada nos dados do Iras, satélite da Nasa que fez varreduras por boa parte do céu nos anos 1980.

Rowan-Robinson criou um protocolo para reanalisar as imagens em busca de potenciais candidatos que possam ter passado batidos nos estudos originais dos dados. Após reprocessar todo o pacote, ele chegou a um único potencial candidato remanescente. Ele estaria ao redor das coordenadas celestes 319 graus de ascensão reta, 60 graus de declinação (para quem não está familiarizado com a terminologia, esses são análogos celestes de longitude e latitude, respectivamente).

Se o tal candidato não for algum artefato de observação, ele poderia corresponder a um planeta localizado a mais de 200 unidades astronômicas daqui (1 UA é a distância média Terra-Sol, 150 milhões de km).

“Uma órbita de encaixe sugeriria uma distância de 225 UA (mais ou menos 15 UA) e uma massa 3 a 5 vezes a da Terra”, escreveu Rowan-Robinson, em artigo aceito para publicação no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. Ele reconhece que provavelmente o candidato não é um objeto real, mas indica que talvez valha a pena apontar telescópios naquela direção para ver se há de fato algo por lá. “Uma busca em um anel de rádio 2,5 por 4 graus centrados ao redor da posição de 1983 em comprimentos de onda visíveis e do infravermelho próximo pode ser valiosa.”

PROVAVELMENTE NADA
Embora seja o maior entusiasta da busca pelo Planeta 9, Mike Brown é o primeiro apontar que este não é o astro predito por ele e Batygin em 2016. “O candidato estaria em uma órbita totalmente inconsistente com nossas predições e não seria capaz de perturbar gravitacionalmente o Sistema Solar distante dos modos que sugerimos”, diz. “Mas, claro, isso não quer dizer que não possa ser real!”

O pesquisador aproveita a oportunidade para fazer uma distinção entre uma descoberta de oportunidade e uma real predição científica. Ele lembra que Plutão foi descoberto em 1930 por Clyde Tombaugh exatamente do mesmo modo. O astrônomo então procurava o Planeta X, predito por Percival Lowell, mas acabou achando acidentalmente Plutão. Isso não faz de Plutão o predito Planeta X (que, por sinal, não existe).

Da mesma maneira, se o tal candidato agora for real, não será o chamado Planeta 9 de Brown e Batygin. “Se alguém descobrir um planeta além de Netuno inconsistente com nossas predições, nós não o predissemos e se trata de uma descoberta totalmente não relacionada (e incrível)”, explica o pesquisador.

Esse é o rigor que separa uma hipótese científica das afirmações de qualquer maluco que diga “há um planeta lá fora em algum lugar” (e está cheio de gente assim por aí). Por isso, já dá para cravar que Rowan-Robinson, ao procurar o tal Planeta 9, não o encontrou. Mas ainda pode ter encontrado um nono planeta no Sistema Solar — embora as chances joguem contra. A conferir.

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Pesquisadores encontram primeiro candidato a planeta fora da Via Láctea https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/07/pesquisadores-encontram-primeiro-candidato-a-planeta-fora-da-via-lactea/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/11/07/pesquisadores-encontram-primeiro-candidato-a-planeta-fora-da-via-lactea/#respond Sun, 07 Nov 2021 15:00:33 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Extragalactic-Exoplanet-System-Illustration-scaled-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10165 Um grupo internacional de astrônomos detectou aquele que pode ser o primeiro exoplaneta observado fora da nossa galáxia. E, claro, é um esquisitão.

Não porque planetas nascidos fora da Via Láctea devam necessariamente ser estranhos ou inesperados. Longe disso. É hoje consenso que estrelas formam mundos ao seu redor em toda parte. O drama é detectar um exoplaneta tão longe assim, para além dos limites do nosso bairro cósmico.

O tamanho do astro detectado seria similar ao de Saturno, e ele seria morador da galáxia M51, localizada a 23 milhões de anos-luz daqui, próxima no céu à constelação boreal da Ursa Maior. E até aí, vamos combinar, nada estranho. O esquisito é em torno de qual objeto o tal planeta orbitaria. Estamos falando de uma binária de raios X.

Trata-se de uma estrela dupla, em que uma delas já explodiu e se tornou um de dois possíveis cadáveres estelares: um buraco negro ou uma estrela de nêutrons. Por gravidade, esse astro morto está engolindo matéria da sua vizinha ainda viva, e, no processo, gerando um disco de gás e poeira ao seu redor. Ao espiralar na direção do objeto compacto, essa matéria se torna poderosa emissora de raios X.

Os pesquisadores liderados por Rosanne Di Stefano, do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, pensaram que seria bem possível que existissem planetas em torno desses astros, já que foram encontrados na nossa Via Láctea planetas ao redor de estrelas de nêutrons. (Por sinal, os primeiros exoplanetas detectados na história da astronomia, em 1992, orbitavam um desses cadáveres estelares, e não uma estrela em sua fase ativa, como o Sol.)

Seguindo no raciocínio, eles presumiram que alguns desses sistemas estariam de tal modo alinhados que o planeta passaria à frente do astro compacto emissor de raios X, bloqueando temporariamente o fluxo. Um trânsito desses poderia ser detectado como uma “piscada” em raios X, mesmo a distâncias colossais, como as que separam outras galáxias.

Com efeito, ao vasculhar imagens colhidas pelos telescópios espaciais Chandra, da Nasa (agência espacial americana), e XMM Newton, da ESA (sua contraparte europeia), de três galáxias vizinhas, M51, M101 e M104, os pesquisadores encontraram um trânsito desse tipo, que batizaram de M51-ULS-1. Agora, uma análise detalhada do padrão observado, publicada na revista Nature Astronomy, sugere que não há explicação alternativa conhecida para o fenômeno. Com isso, o grupo o apresenta como o primeiro candidato a planeta extragaláctico.

O duro vai ser confirmar que ele está mesmo lá. Pela modelagem dos pesquisadores, levará uns 70 anos até que o M51-ULS-1b faça um novo trânsito, o que seria requerido para cravar que se trata mesmo de um planeta. Por outro lado, o esforço traz uma prova de princípio de que é possível encontrar exoplanetas mesmo em outras galáxias, embora apenas ao redor de astros compactos que sejam poderosos emissores de raios X.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Talvez inócua, conferência do clima representa ascensão da inteligência planetária https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/talvez-inocua-conferencia-do-clima-representa-ascensao-da-inteligencia-planetaria/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/31/talvez-inocua-conferencia-do-clima-representa-ascensao-da-inteligencia-planetaria/#respond Sun, 31 Oct 2021 15:00:42 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/PIA00122_hires-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10163 Começa neste domingo (31), em Glasgow, mais uma conferência do clima da ONU. A ambição é que a COP26 traga mais compromissos dos países para conter as mudanças climáticas. A expectativa, por sua vez, é que os resultados fiquem aquém dos necessários. Mas, dando um passo atrás, talvez ela represente parte de um evento geológico transformador na história da Terra: a ascensão da inteligência planetária.

É um conceito defendido por David Grinspoon, pesquisador da Universidade do Colorado. Nesses tempos de depressão civilizatória, encontrei algum conforto nessa ideia de que o chamado Antropoceno, em vez de uma grande tragédia global, possa ser o início de algo espetacular.

Antropoceno é o nome que se dá à época geológica em que os humanos se tornaram capazes de interferir nos rumos e no destino de seu planeta. Pode soar meio arrogante, mas isso nem sequer é novidade na história da Terra. Grinspoon nos lembra que há antecedentes de criaturas que causaram impacto devastador. Uns 2,5 bilhões de anos atrás, as cianobactérias tomaram conta dos oceanos e encheram a atmosfera de um gás então tóxico para a maior parte das formas de vida: o oxigênio. Extinção em massa e devastação provocada por criaturas vivas, portanto, não é novidade.

A exclusividade dos humanos é o modo pelo qual estamos devastando o planeta, movido por nossa ocupação desordenada suportada por intervenções tecnológicas, ou seja, pela inteligência. Mas, veja lá, é uma inteligência meia-boca. Até hoje, ela trouxe boas soluções locais, mas que produzem efeitos globais inadvertidos e catastróficos. Converter uma área de floresta para a agricultura ou queimar petróleo para locomoção são boas soluções tecnológicas locais. Mas contratam uma desgraça global, se aplicadas em larga escala –como estamos fazendo.

Grinspoon se pergunta se, do ponto de vista de possíveis civilizações avançadas lá fora, essa nossa sagacidade tecnológica representaria real inteligência. E aí elenca o que seria o próximo estágio: a tal inteligência planetária –a capacidade de usar nosso poderio tecnológico transformador para aliar soluções globais e locais, nos preservando e protegendo, como à biosfera, no longo prazo.

Isso exige forte cooperação internacional, o que, como estamos vendo, não é fácil. Grinspoon não tem ilusões quanto ao horizonte imediato. Para ele, as mudanças climáticas já são realidade e ainda cobrarão enorme sofrimento, além de levar gerações futuras a se perguntarem como fomos tão letárgicos, com décadas de sobreaviso. Mas, em eventos como a COP, vemos que a mudança de atitude, embora lenta, está “em andamento”. O século 21 não será batatinha, mas haverá um século 22, e nele talvez a inteligência já tenha se instalado na Terra como um fenômeno planetário –e possivelmente a força mais benigna que o mundo já conheceu. Apesar dos nossos passos em falso, ainda há esperança para a humanidade.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Grupo encontra sistema que reflete futuro do Sistema Solar após a morte do Sol https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/24/grupo-encontra-sistema-que-reflete-futuro-do-sistema-solar-apos-a-morte-do-sol/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/24/grupo-encontra-sistema-que-reflete-futuro-do-sistema-solar-apos-a-morte-do-sol/#respond Sun, 24 Oct 2021 15:00:52 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/joviano-anabranca-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10158 Usando um telescópio no Havaí, um grupo internacional de astrônomos encontrou um planeta similar a Júpiter que é um sobrevivente da morte de sua estrela mãe, compondo um retrato similar ao que tende a ser o destino do Sistema Solar em mais uns 6 bilhões de anos.

Tudo começou com o registro de um evento de microlente gravitacional, em 2 de agosto de 2010. Trata-se de um efeito que surge quando um objeto com massa, ainda que discreto, transita à frente de outro mais distante e luminoso. A gravidade então distorce os raios de luz que vêm do fundo, como uma lente. Ao analisarem o padrão, os pesquisadores podem estimar o objeto que causou o efeito. No caso em questão, dois objetos: uma estrela com massa um pouco menor que a do Sol acompanhada por um planeta do porte de Júpiter.

Após o registro do evento, catalogado como MOA-2010-BLG-477Lb, o grupo liderado por Joshua Blackman, da Universidade da Tasmânia, na Austrália, fez observações subsequentes no Observatório Keck, em 2015, 2016 e 2018. O objetivo: encontrar a estrela responsável pela microlente. O planeta, muito menos brilhante, não seria visível. Mas a estrela sim –se fosse um astro ativo, como o Sol.

As imagens colhidas no infravermelho próximo de início indicaram uma possível candidata, mas com o passar do tempo ela mostrou ter movimento inconsistente com o visto na microlente. Em suma, não era ela. Nem havia qualquer outra possível candidata. Aí o grupo aplicou o clássico raciocínio sherlockiano, segundo o qual quando se elimina tudo que é impossível, o que quer que reste, por improvável que seja, tem de ser a verdade.

Já que não era possível que fosse uma estrela viva e ativa (inconsistente com as imagens), nem um cadáver de estrela de alta massa, como uma estrela de nêutrons ou um buraco negro (inconsistente com as imagens e a microlente), restou apenas uma alternativa: era uma anã branca, com um planeta joviano ao seu redor.

É o destino final do Sol: quando seu combustível nuclear se esgotar, ele inchará como uma gigante vermelha, depois perderá suas camadas superiores e tudo que restará é um núcleo em processo de resfriamento. Quando o Sistema Solar passar por essa fase, será um barata-voa danado nas regiões mais internas. Mercúrio, Vênus e possivelmente a Terra serão engolidos pela fase gigante vermelha do Sol. Porém, simulações sugerem que Júpiter, em sua órbita mais afastada, tem boa chance de resistir ao cataclismo. Só que um sistema análogo com sobreviventes nunca havia sido observado. Até agora.

Esse parece ter aberto a porteira, trazendo um retrato triste e sombrio do futuro longínquo de nosso pequeno quintal na vastidão do cosmos. A anã branca deve ter cerca de 53% da massa do Sol, e o planeta aproximadamente 40% mais massa que Júpiter. A descoberta foi divulgada em artigo publicado na revista Nature.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Estudo sugere que Vênus nunca teve oceanos ou condições habitáveis https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/17/estudo-sugere-que-venus-nunca-teve-oceanos-ou-condicoes-habitaveis/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2021/10/17/estudo-sugere-que-venus-nunca-teve-oceanos-ou-condicoes-habitaveis/#respond Sun, 17 Oct 2021 15:00:30 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2013/09/Earth-and-Venus-SOURCE-NASA-via-the-Apollo-program-and-Mariner-10-150x150.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=10156 Um novo estudo publicado na revista Nature e liderado por pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, jogou água na fervura da busca por vida em Vênus. Ele sugere que o nosso vizinho mais próximo sempre foi, desde o nascimento, um inferno quente e inabitável.

Os pesquisadores liderados por Martin Turbet criaram simulações do clima das versões primordiais de Vênus e da Terra, mais de 4 bilhões de anos atrás, quando a superfície dos planetas era de rocha derretida.

Nessa época, ambos os planetas deviam conter vapor d’água apenas na atmosfera, já que o calor impedia a água de condensar e ocupar a superfície. Mas, enquanto a Terra pôde se resfriar, formando chuvas torrenciais que geraram nossos oceanos, lá em Vênus essas condições nunca chegaram. Em vez disso, o efeito estufa descontrolado acabou fazendo com que as moléculas de água fossem quebradas e perdidas para o espaço com o passar do tempo.

Que Vênus já teve muita água no passado é ponto pacífico. Isso porque a análise dos isótopos de hidrogênio (em essência, variantes atômicos que podem ter nenhum, um ou dois nêutrons no núcleo, além de um próton solitário) por lá indica uma presença bem maior de deutério (um nêutron) do que do hidrogênio simples (sem nêutron), comparado à Terra.

O melhor jeito de explicar essa diferença é que, quando as moléculas de água se quebram na atmosfera em razão da luz ultravioleta do Sol, o hidrogênio (mais leve) escapa mais para o espaço que o deutério (mais pesado), criando essa distorção.

A novidade foi a demonstração de como essa água pode nunca ter se estabilizado na superfície. E aí quem sofre são os entusiastas das possibilidades de vida em Vênus. Se o planeta nunca teve condições habitáveis, é improvável que possa ter sido em algum momento palco para o surgimento de micróbios.

Além disso, o estudo explica muito bem por que Terra e Vênus, de início “gêmeos”, evoluíram de forma diferente, levando em conta o que os cientistas chamam de “paradoxo do Sol fraco”. Tem a ver com o fato de que nossa estrela, no passado remoto, era menos brilhante e emitia menos radiação. Isso era difícil de conciliar com o fato de que a Terra sempre se mostrou um planeta com condições amenas, desde muito cedo, em vez de um planeta gélido por conta do Sol menos brilhante.

As simulações mostram que o Sol mais fraco pode ter feito a diferença no sucesso da Terra. Graças a ele, nosso planeta pôde se resfriar a ponto de os oceanos condensarem, algo que nunca teria acontecido em Vênus.

Apesar do bom encaixe com o atual estado do Sistema Solar, vale a ressalva: um modelo é apenas um modelo, e no caso venusiano as incertezas vêm junto com nosso relativo desconhecimento do planeta. Turbet e seus colegas enfatizam que os dados a serem colhidos pelas três missões agora em fase de planejamento (duas americanas, uma europeia) podem ajudar a corroborar ou refutar suas conclusões.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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