Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Nasa lança novo satélite para buscar exoplanetas habitáveis mais próximos https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/04/16/nasa-lanca-hoje-novo-satelite-para-buscar-exoplanetas-habitaveis-mais-proximos/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/04/16/nasa-lanca-hoje-novo-satelite-para-buscar-exoplanetas-habitaveis-mais-proximos/#respond Mon, 16 Apr 2018 06:07:23 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/TESSLavaPlanet31_print-320x213.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7576 (ATUALIZAÇÃO, 17h10: Lançamento foi adiado. Nova tentativa provavelmente na quarta-feira (18), às 19h51.)

A próxima etapa na caça aos exoplanetas começa nesta segunda-feira (16), com o lançamento do satélite Tess. Ele deve vasculhar nada menos que 200 mil estrelas próximas em busca de mundos de porte comparável ao da Terra — uma larga amostra distribuída por 85% da abóbada celeste.

Proposto por um grupo do MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ele fará algo que seus predecessores não fizeram: deve se concentrar em estrelas mais próximas do Sistema Solar. O objetivo agora é encontrar mundos suficientemente próximos para permitir que os novos telescópios espaciais e em solo possam estudá-los em detalhe.

É mais uma etapa num longo jogo para decifrar toda a natureza e variedade dos sistemas planetários que existem aí fora. Até 1995, ninguém sabia sequer se existiam mesmo outros mundos ao redor de estrelas similares ao Sol.

Descobrir os primeiros exoplanetas, na década de 90, exigiu observar por longos anos estrelas individuais, até que se pudesse captar com convicção o sutil vaivém desses astros conforme planetas ao seu redor usassem sua gravidade para tirar a estrela para dançar, numa lenta e repetitiva valsa.

Em 2009, veio a primeira grande revolução no campo, quando a Nasa lançou o satélite Kepler, cujo objetivo era fazer um censo dos exoplanetas com base em uma amostra limitada.

O telescópio espacial, criado a um custo de cerca de US$ 600 milhões, passou os quatro anos seguintes olhando fixamente para uma pequena região do céu, entre as constelações de Cisne e Lira.

Nesse período, passou o tempo todo monitorando cerca de 150 mil estrelas, em busca de pequenas reduções de brilho nelas que indicassem a passagem de um planeta circundante, capaz de bloquear parte da luz temporariamente.

Com base no quanto de luz era bloqueado, dava para dizer o tamanho do planeta. E contando o tempo que dois desses trânsitos iguais levavam para acontecer, era possível estimar a órbita do planeta — usando para isso as leis de… Kepler (o original, astrônomo do século 17).

Com isso, a missão encontrou quase 4.000 exoplanetas e demonstrou que planetas rochosos, similares à Terra ou um pouco maiores, são ainda mais comuns no Universo que os gigantes gasosos — o que faz total sentido, visto que exigem menos massa para se formarem.

Alguns desses mundos lembravam muito, ao menos em seus parâmetros mais gerais, a própria Terra.

Contudo, a amostra veio com um grande problema: praticamente todos os exoplanetas do Kepler estão distantes demais para que se possa estudá-los mais a fundo.

O satélite fez um censo espetacular, mas não colheu bons exemplares para a próxima etapa de estudos — em que os astrônomos devem observar a composição atmosférica desses planetas e descobrir se são mesmo habitáveis, quiçá habitados.

Aí é que entra o Tess, sigla inglesa para Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito. Financiado de início pela Google, o projeto do MIT foi abraçado pela Nasa em 2011. A um custo de cerca de US$ 200 milhões (mais o lançamento, que custará outros US$ 87 milhões), ele usará quatro câmeras para observar faxias sucessivas do céu, nos hemisférios Norte e Sul.

A técnica de descoberta é a mesma do Kepler, mas o enfoque é diferente _o Tess terá como foco buscar as estrelas mais brilhantes, a uma distância que varia entre 30 e 300 anos-luz da Terra. Praticamente todos os achados do Kepler estão mais distantes.

A missão inicial terá duração de dois anos, mas pode ser estendida. O satélite será colocado numa órbita especial, jamais usada por uma missão científica, em que ele completa duas voltas ao redor da Terra enquanto a Lua completa uma. Isso confere notável estabilidade e economiza combustível para o andar da missão.

“Esperamos achar pelo menos 50 exoplanetas do porte da Terra em estrelas próximas”, diz George Ricker, pesquisador do MIT e líder da missão. “Esse é nosso critério para declarar sucesso da missão.”

A expectativa é que esses mundos poderão então ser esquadrinhados por equipamentos como o Telescópio Espacial James Webb (a ser lançado em 2020) e novos observatórios em solo, como o GMT e o E-ELT (ambos em construção), em busca de assinaturas de luz que indiquem a composição de suas atmosferas.

Hoje, há poucos candidatos já descobertos que viabilizem esse tipo de estudo, e o favorito no momento é o sistema Trappist-1, a 40 anos-luz de distância.

“A estimativa é encontrar vários sistemas parecidos”, diz Claudio Melo, astrônomo brasileiro no ESO (Observatório Europeu do Sul). “Acho que ainda estaremos vivos quando detectarmos a primeira atmosfera parecida com a nossa.”

O lançamento do TESS, com um foguete Falcon 9, acontece nesta segunda às 19h32 (de Brasília), e o Mensageiro Sideral transmite ao vivo.

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Nasa adia lançamento do Telescópio Espacial James Webb para 2020 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/03/28/nasa-adia-lancamento-do-telescopio-espacial-james-webb-para-2020/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/03/28/nasa-adia-lancamento-do-telescopio-espacial-james-webb-para-2020/#respond Wed, 28 Mar 2018 04:10:19 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2015/04/jwst-artist-180x180.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7519 Más notícias para os fãs do Telescópio Espacial James Webb, vendido pela Nasa há anos como o sucessor do Hubble nos corações e mentes do mundo todo. A agência espacial americana anunciou nesta terça-feira (28) que terá de mais uma vez adiar o lançamento em um ano — agora a expectativa é de que ele esteja pronto para ir ao espaço em maio de 2020.

Originalmente programado para voar neste ano, o projeto já havia sofrido um adiamento em 2017. A rigor, todas as peças do telescópio já estão construídas. Mas um painel de revisão estabelecido pela Nasa sugere que é preciso mais tempo para testar a integração e o comportamento de todos os elementos em conjunto, a fim de garantir a operação bem-sucedida do telescópio espacial depois que ele for lançado.

Para aumentar a chance de sucesso, a agência espacial americana criará um painel de revisão independente para verificar todas as etapas do trabalho e contrastar suas descobertas e recomendações com as feitas pelo painel da própria Nasa.

Com o atraso, já se espera que o telescópio espacial vá ultrapassar seu teto de custos estabelecido pelo Congresso americano — US$ 8 bilhões. Caso isso venha mesmo a acontecer, a Nasa terá de notificar o Legislativo, que então decidirá como proceder. O natural, depois de US$ 8 bilhões investidos, é gastar o que faltar para completar o projeto. Mas muita gente não vai ficar feliz.

Entretanto, todo cuidado é pouco em se tratando de James Webb. A Nasa — ou qualquer outra agência espacial — jamais lançou um telescópio tão complexo. Ele tem um espelho principal segmentado com diâmetro de 6,5 metros. São 18 espelhos menores que vão dobrados ao espaço e precisam se abrir corretamente no espaço. Compare com o Hubble, que tem um único espelho de 2,4 metros.

A complexidade do projeto explica os atrasos e os estouros orçamentários, assim como o cuidado da Nasa. “Considerando o investimento que a Nasa e nossos parceiros internacionais fizeram, queremos proceder sistematicamente com esses últimos testes, com o tempo adicional necessário, para estarmos prontos para um lançamento em maio de 2020”, disse, em nota, Thomas Zurbuchen, diretor de ciência da agência americana.

O James Webb é um projeto que tem como parceiros Nasa, ESA (Agência Espacial Europeia) e CSA (Agência Espacial Canadense). Seus principais objetivos são estudar as profundezas do cosmos, observando mais longe do que o Hubble foi capaz de ver, e investigar a atmosfera de planetas extrassolares, em busca de sinais de habitabilidade e vida.

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Astronomia: O que vem aí em 2018! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/01/01/astronomia-o-que-vem-ai-em-2018/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/01/01/astronomia-o-que-vem-ai-em-2018/#comments Mon, 01 Jan 2018 04:00:49 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/04/spacex-falconheavy-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7243 De possível voo lunar tripulado até o fim do ano à busca por vida em Marte, 2018 promete.

CARRO NO ESPAÇO
Janeiro começa quente, com o primeiro voo do foguete Falcon Heavy. No lançamento de teste, a empresa SpaceX deve colocar um carro da Tesla no espaço. E, seja qual for o resultado, ele deve pavimentar o caminho para voos tripulados ao redor da Lua, algo que não ocorre desde 1972. A SpaceX chegou a prometer o primeiro deles para o fim de 2018. A data é ambiciosa, mas o objetivo nunca foi tão factível.

DE VOLTA AO JOGO
Este também deve ser o ano em que os EUA voltam a ter a capacidade de mandar astronautas ao espaço, o que já não têm desde a aposentadoria dos ônibus espaciais, em 2011. Neste ano devem ocorrer os primeiros testes das cápsulas tripuladas Dragon V2 (SpaceX), em abril, e Starliner (Boeing), em agosto.

DA TERRA À LUA
Enquanto isso, na China, a ambição segue em alta. Os chineses planejam lançar em 2018 o primeiro módulo de sua estação orbital e, até o fim do ano, devem se tornar os primeiros no mundo a enviar um jipe robótico ao lado afastado da Lua, com a missão Chang’E-4.

MARTE ATACA
O ano promete para os fissurados por Marte. A Nasa quer lançar, em maio, e pousar, em novembro, um robô sismólogo por lá, o InSight. Fora isso, é em 2018 que o orbitador europeu Gas Trace Orbiter passará a colher dados científicos — é a Europa iniciando a busca por evidências de vida no planeta vermelho.

REINO DOS ASTEROIDES
No espaço profundo, teremos dois encontros empolgantes para os fãs do estudo de asteroides: a japonesa Hayabusa-2 chegará ao Ryugu, em julho, e a americana Osiris-Rex, ao Bennu, em agosto. Ambas devem colher amostras para trazer de volta à Terra.

GRANDES VOOS
Por fim, teremos vários lançamentos científicos importantes. Entre março e junho, a Nasa deve lançar seu próximo satélite caçador de exoplanetas, o Tess. Depois de junho, um experimento educacional brasileiro deve ir à Estação Espacial Internacional. Entre julho e agosto, deve partir a sonda Parker, que vai roçar a alta atmosfera do Sol. E em outubro os europeus lançarão sua primeira sonda a Mercúrio, a BepiColombo.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Projeto Garatéa-ISS levará experimento brasileiro à Estação Espacial Internacional em 2018 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/07/23/projeto-garatea-iss-levara-experimento-brasileiro-a-estacao-espacial-internacional-em-2018/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/07/23/projeto-garatea-iss-levara-experimento-brasileiro-a-estacao-espacial-internacional-em-2018/#comments Sun, 23 Jul 2017 23:36:59 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/07/space_station_over_earth-180x119.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6652 Pela primeira vez em mais de uma década, o Brasil voltará a enviar um experimento à Estação Espacial Internacional para ser realizado por um astronauta. A iniciativa é da Missão Garatéa, o mesmo consórcio espacial que está planejando a primeira missão lunar brasileira, com lançamento marcado para 2021.

Batizado Garatéa-ISS, o projeto fará parte da 12a edição do Student Spaceflight Experiments Program (SSEP), ação anual do governo americano em conjunto com a Nasa (agência espacial americana) para engajar a comunidade estudantil em experimentos educacionais realizados no espaço.

“É a primeira vez que uma comunidade fora da América do Norte teve aprovação no programa e estamos muito animados com a oportunidade”, diz Lucas Fonseca, diretor da iniciativa no Brasil.

A oportunidade foi aberta por meio da Câmara de Comércio Brasil-Flórida, que ajudou na busca de um projeto de impacto que pudesse alinhar interesses brasileiros e americanos. A intersecção encontrada foi com a Kennedy Space Center International Academy (KSCIA)

“Penso que a maior importância de uma colaboração desse porte é a oportunidade de inspirar a futura geração que eventualmente atuará em alguma área do programa espacial”, diz Jefferson Michaelis, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Flórida. “Para o Brasil, abre-se uma oportunidade gigantesca, uma chance de reviver a aliança com a ISS e ao mesmo tempo possibilidade a jovens brasileiros e a educadores a inserção na área de espaço. Para os EUA, uma oportunidade de conhecer o lado do Brasil, talentoso, criativo e inovador, o que possibilitará a criação de novas oportunidades entre as duas nações.”

O experimento brasileiro deve ir à estação espacial em 2018 e contará com a participação de 450 crianças do sétimo ano (13 anos), tanto do ensino público como do ensino privado. Desde 2006, quando a Missão Centenário levou à Estação Espacial Internacional o primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes, estudantes brasileiros não têm uma oportunidade como essa.

COLABORAÇÃO

O projeto não tem financiamento público e, a exemplo da missão lunar Garatéa-L, busca apoio da iniciativa privada para sua realização. “Este primeiro ano estamos tratando como um piloto”, explica Fonseca. “Para o ano que vem, estamos costurando uma parceria com a Olimpíada Brasileira de Astronomia e temos a meta ambiciosa de expandir o programa para atingir 1 milhão de crianças. Para tanto, precisamos nos provar neste primeiro voo.”

A iniciativa será iniciada neste ano, em uma parceria da Missão Garatéa com o colégio Dante Alighieri, de São Paulo. A escola ofereceu suas estruturas de salas, laboratório e professores para o planejamento e a realização do experimento. Como contrapartida, seus alunos participarão do projeto, combinados a estudantes oriundos do ensino público.

Além de envolver os alunos num projeto espacial de vanguarda, a iniciativa oferecerá treinamento para professores com cientistas de alto gabarito trabalhando no Brasil e no exterior. “Sem dúvida é uma oportunidade incrível”, diz Amanda Bendia, pesquisadora do Instituto Oceanográfico da USP envolvida com o projeto. “Os alunos terão a experiência não só de passar por todas as etapas que um cientista realiza para o desenvolvimento de sua pesquisa, mas também terão que pensar em experimentos que sejam simples, práticos e viáveis de serem executados na ISS. Será um grande desafio que contará com o apoio de pesquisadores brasileiros especializados em áreas como Astronomia, Biologia, Física e Química, que darão o suporte multidisciplinar necessário para os alunos desenvolverem suas propostas de experimentos.”

“Acho esta iniciativa fantástica, muito importante para os alunos e professores envolvidos”, complementa Ana Carolina Zeri, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. “Estou bem entusiasmada e contente de poder ajudar.”

Fazendo coro a gente muito mais esperta, o Mensageiro Sideral também está muito feliz de poder participar do projeto, como consultor.

Ainda não está definido qual experimento será realizado. Ele será escolhido e projetado entre setembro e dezembro deste ano, para ir ao espaço no primeiro semestre de 2018. A bordo da Estação Espacial Internacional, ele será executado por um astronauta americano e, depois de quatro a seis semanas, será trazido de volta à Terra para análise dos resultados.

Os alunos brasileiros responsáveis pelos experimentos ainda participarão de um congresso de apresentação de resultados no museu nacional de ar e espaço “Smithsonian” em Washington D.C., tendo chance de interagir com estudantes americanos que participarão do mesmo programa. O projeto será assessorado por cientistas ligados a NASA, além de pesquisadores brasileiros da Universidade de São Paulo e do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron.

O objetivo do projeto é ampliar o interesse dos estudantes brasileiros pelas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, essenciais para o desenvolvimento do Brasil, e desenvolver um caminho rápido de amadurecimento de iniciativas espaciais privadas e de capacitação tecnológica para a Garatéa-L, a missão lunar brasileira.

Confira o hotsite do projeto Garatéa-ISS, clicando aqui.

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AO VIVO: SpaceX lança primeiro foguete ‘usado’ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/30/ao-vivo-spacex-lanca-primeiro-foguete-usado/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/30/ao-vivo-spacex-lanca-primeiro-foguete-usado/#comments Thu, 30 Mar 2017 20:09:11 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/falcon9-usado-180x120.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6175 A empresa americana SpaceX pode dar um passo importante rumo ao barateamento do acesso ao espaço nesta quinta-feira (30), ao tentar pela primeira vez relançar um primeiro estágio do foguete Falcon 9. “Usado” (ou “testado em voo”, como prefere dizer a companhia de Elon Musk), ele já realizou uma missão ao espaço no ano passado, impulsionando uma cápsula Dragon que levava suprimentos à Estação Espacial Internacional.

O lançador partirá da histórica plataforma 39A, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, e transportará um satélite da empresa SES até a órbita geoestacionária, a 36 mil km de altitude. Concluída sua segunda missão, o primeiro estágio tentará pousar de volta numa balsa localizada no oceano Atlântico. A janela de lançamento se abre às 19h27 (de Brasília), e o Mensageiro Sideral transmite ao vivo a partir das 19h15.

A expectativa da SpaceX é que o custo dos lançamentos possa, de saída, cair em cerca de 30% com a reutilização dos primeiros estágios. Hoje, um voo do Falcon 9 não sai por menos de US$ 62 milhões. Mas esse preço precisa cair — e muito — se a companhia quiser atingir o objetivo de levar humanos a Marte na próxima década. Enquanto isso não chega, Musk já prometeu que levará dois turistas aos arredores da Lua no ano que vem. Para a missão, será preciso um foguete mais poderoso, o chamado Falcon Heavy. Fortemente baseado no Falcon 9, ele também será reutilizável e tem seu primeiro voo marcado para meados deste ano.

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Escritor brasileiro de 6 anos cria game e ganha concurso de colonização espacial da Nasa https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/29/escritor-brasileiro-de-6-anos-cria-game-e-ganha-concurso-de-colonizacao-espacial-da-nasa/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/29/escritor-brasileiro-de-6-anos-cria-game-e-ganha-concurso-de-colonizacao-espacial-da-nasa/#comments Wed, 29 Mar 2017 05:00:57 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/jpbarrera-swss-180x126.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6147 Em um concurso sobre colonização espacial promovido pela Nasa entre mais de 6.000 estudantes do mundo inteiro, um brasileiro levou o primeiro prêmio na categoria de mérito literário. Detalhe: João Paulo Guerra Barrera, de São Paulo, tem apenas seis anos.

O Nasa Ames Space Settlement Contest é realizado desde 1994 anualmente pelo Centro Ames de Pesquisa, órgão da agência espacial americana sediado na Califórnia. Ele é aberto a inscrições do mundo inteiro, por alunos de até 18 anos, dos ensinos Fundamental e Médio. As participações podem ser individuais ou em grupo, e há diversas categorias separadas por idade, além de um Grande Prêmio e prêmios de mérito artístico e literário — que envolvem todos os participantes.

Barrera, adiantado dois anos na escola (ele agora cursa o terceiro ano do Fundamental), ganhou o primeiro prêmio justamente numa das categorias que combinava competidores de todas as idades. Ele se viu em empate técnico com Nanitha Varma N., da Índia. Ela escreveu um poema chamado “My Quest” (Minha busca). Ele escreveu um jogo de computador, Sonic World Space Settlement, baseado em um livro bilíngue português-inglês que ele mesmo havia escrito no ano passado: No Mundo da Lua e dos Planetas/In the World of the Moon and the Planets. (Clique aqui para jogar.)

“Foi ele quem escreveu o livro, o jogo, e quem fez a programação sozinho”, conta Margarida Barrera, mãe do João Paulo, que, com o livro publicado, já é o escritor brasileiro bilíngue mais jovem de que se tem notícia. Ele completa sete anos neste dia 31. “Eu me senti muito feliz e com vontade de passear no espaço com gravidade zero”, descreveu o jovem vencedor do concurso ao Mensageiro Sideral. E os pais arremataram: “Felicidade extrema em saber que estamos no caminho certo em oferecer para ele uma boa educação e incentivar o gosto pela leitura e pelos desafios, sempre lembrando que a melhor herança que podemos deixar para ele é a firmeza em aspirar triunfos e a capacidade de assimilar insucessos.”

João Paulo Guerra Barrera, 6, na escola de programação Happy Code, em SP. (Crédito: Arquivo pessoal)

No game, um trio de crianças se aventura pelo espaço construindo um foguete a partir de peças recicladas e explora os planetas do Sistema Solar.

MELHOR DESEMPENHO
O Brasil registrou em 2011 suas primeiras participações no concurso anual da Nasa, cujo objetivo é estimular as próximas gerações de cientistas e engenheiros a imaginar o futuro humano no espaço. Mas prêmios mesmo só faturamos pela primeira vez agora, em 2017. Além da grande conquista de Barrera, outros quatro projetos brasileiros foram agraciados.

Uma equipe do Instituto Nossa Senhora da Piedade, no Rio de Janeiro, ganhou o terceiro prêmio voltado para alunos do terceiro ano do Ensino Médio, e tivemos três menções honrosas, uma para Eduardo N., do Colégio Nossa Senhora de Sion, em São Paulo, outra para Isabela Moreira Leite Postelhone de Freitas, da Escola Estadual Prof. Amilcare Mattei, de Marília (SP), e uma terceira para o grupo composto por Ana Beatriz Martins Costa, Ingrid Laíse Magalhães de Oliveira, Kauan Araujo Barbosa e Luisa Stolemberger Rodrigues, alunos do quinto ano da Escola Municipal Antonio Pedro Ribeiro, em Mogi das Cruzes (SP).

O concurso de 2017 foi o mais competitivo de sua história, com cerca de 1.500 trabalhos submetidos. “E o melhor desempenho do Brasil”, comemora Ivan Gláucio Paulino Lima, pesquisador brasileiro da Universities Space Research Association no Ames que fez da divulgação da atividade em escolas brasileiras uma de suas prioridades no ano passado. “Eu fiz 5 mil planfletos, deixei 2 mil na Secretaria Estadual de Educação de São Paulo e distribuí os outros 3 mil nas minhas 42 palestras durante as duas semanas que estive no Brasil no ano passado”, conta Lima.

Gráfico mostra, ano a ano, número de países e trabalhos envolvidos no concurso anual do Ames (Crédito: Ivan Gláucio Paulino Lima)

Resultado: apesar de o concurso só aceitar trabalhos em inglês, o Brasil ficou em quarto lugar no “quadro de medalhas” entre os países participantes. Foram ao todo 211 premiações. Em primeiro lugar veio a Índia, com 138 delas, incluindo aí o Grande Prêmio. Em segundo lugar, a Romênia, que tem longa tradição de participação no concurso e ficou com 33 prêmios. Os Estados Unidos, país-sede, ficaram com 16. E o Brasil, na quarta posição, com 5. E que ninguém subestime nosso resultado. Ficamos à frente de Japão, China, Canadá e Rússia, países com grande tradição na área espacial.

O desempenho em 2017, quebrado por país. Brasil figura em quarto lugar. (Crédito: Ivan Gláucio Paulino Lima)

“Imagino que as maiores dificuldades para a participação de brasileiros neste concurso eram a falta de divulgação, a ausência de exemplos de sucesso e a restrição do idioma”, diz Lima. “Este ano superamos essas três dificuldades, provamos que temos muito talento e potencial. Espero que nos próximos anos todo esse potencial seja transformado em realidade, e que nossos jovens estejam cada vez mais preparados para um futuro de rápidas transformações.”

O Mensageiro Sideral parabeniza os vencedores e os agradece por lembrar a todos que, a despeito das imensas mazelas do país, jamais nos faltaram aptidão, competência e, sobretudo, a vontade de sonhar com o amanhã.

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Astronomia: O cérebro dos astronautas https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/02/06/astronomia-o-cerebro-dos-astronautas/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/02/06/astronomia-o-cerebro-dos-astronautas/#comments Mon, 06 Feb 2017 04:00:32 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/02/cerebro-astronautas2-180x87.png http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5926 Estudo mostra que o cérebro dos astronautas se transforma quando eles estão no espaço.

PESO DE ESTAR SEM PESO
Levar astronautas a Marte em duas décadas, como defende a Nasa, exigirá que compreendamos em detalhes o que ocorre com o organismo humano quando submetido a longos períodos sem a sensação de gravidade. Depois de mais de 50 anos de voo espacial, já conhecemos bem diversos desses efeitos.

INSUSTENTÁVEL LEVEZA
Sabemos que a ausência de peso faz com que os viajantes cósmicos sofram perda de massa muscular e óssea. Também há relatos de problemas oculares, possivelmente por conta do aumento da pressão no crânio quando ele é exposto a condições de microgravidade.

E O CÉREBRO?
Curiosamente, até hoje, ninguém estudou o que acontece num voo espacial ao mais importante dos órgãos humanos, o cérebro. Eu disse “até hoje”. Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, acaba de fazer a primeira investigação a esse respeito, com resultados intrigantes.

VOOS CURTOS E LONGOS
Os pesquisadores usaram ressonâncias que a Nasa costuma fazer em seus astronautas, antes e depois de voos espaciais. Para a pesquisa, o grupo de Rachael Seidler selecionou os dados de 27 astronautas, dos quais 13 fizeram missões de até duas semanas nos ônibus espaciais e 14 passaram cerca de seis meses na Estação Espacial Internacional.

MENOS MASSA CINZENTA
O estudo mostrou mudanças significativas no cérebro — e elas são mais acentuadas em quem passou mais tempo no espaço. O volume de massa cinzenta se reduz em vastas regiões do cérebro, conforme ele tem de lidar com a redistribuição de líquido por conta da ausência de peso.

MAIS MASSA CINZENTA
Há também áreas cerebrais em que há crescimento de massa cinzenta — as responsáveis por processar os sentidos e coordenar os movimentos. Provavelmente isso é resultado do intenso processo de adaptação a que os astronautas estão sujeitos durante a microgravidade. Algum desses efeitos é preocupante e pode nos impedir de ir a Marte? Não dá para saber até que os entendamos com clareza. Esse foi só o primeiro passo.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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China lança laboratório espacial tripulado https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/09/15/china-lanca-novo-laboratorio-espacial-tripulado/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/09/15/china-lanca-novo-laboratorio-espacial-tripulado/#comments Thu, 15 Sep 2016 14:18:43 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/image-180x106.jpeg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5291 A China acaba de lançar um laboratório espacial que permitirá a seus astronautas que passem até 30 dias em órbita realizando experimentos. O Tiangong-2 (traduzido como “Palácio Celeste”) partiu do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, na região central do país, às 11h04 desta quinta-feira (15), pelo horário de Brasília.

Trata-se de mais um feito importante para o programa espacial chinês. O módulo-laboratório passará por checagens técnicas e ajustes de órbita para ser visitado por uma tripulação de dois yuhangyang (nome que os chineses dão a seus astronautas, conhecidos no Ocidente como taikonautas). A espaçonave Shenzhou-11, que deve levá-los até lá, deve partir em meados de outubro.

A Tiangong-2 deve ser o último precursor tecnológico antes de o país realizar o antigo sonho da estação espacial própria. O primeiro módulo do futuro complexo orbital deve ser lançado no começo da década de 2020, mais provavelmente em 2022.

“O lançamento da Tiangong-2 irá fornecer uma fundação sólida para a construção e operação de uma estação espacial permanente no futuro”, disse Wu Ping, vice-diretora do escritório de engenharia do programa espacial tripulado chinês, à agência estatal Xinhua.

Concepção artística da Tiangong-2 recebendo a visita da Shenzhou-11 (Crédito: CNSA)
Concepção artística da Tiangong-2 recebendo a visita da Shenzhou-11 (Crédito: CNSA)

HERANÇA
A Tiangong-2 é praticamente uma réplica da Tiangong-1, lançada em 2011, que recebeu duas tripulações entre 2012 e 2013 e agora está desativada (e vai cair de forma descontrolada na Terra na segunda metade de 2017). Enquanto a primeira Tiangong tinha por objetivo testar tecnologias, essa segunda, já aperfeiçoada, será mais focada em permitir o desenvolvimento de experimentos no espaço. Serão mais de 40 deles, em temas tão variados quanto medicina aeroespacial, física e biologia, reparos de equipamentos em órbita, transmissão de dados quânticos, relógios atômicos e estudos solares.

Por isso, ela está sendo celebrada como o primeiro laboratório espacial prático da China. Na parte de testes tecnológicos, ela receberá a primeira nave cargueira chinesa, a Tianzhou-1, em abril de 2017 — outra peça fundamental no quebra-cabeças que envolve manter uma estação espacial de longa duração.

A China se tornou em 2003 o terceiro país a colocar um ser humano em órbita da Terra, depois da União Soviética (1961) e dos Estados Unidos (1962). Conduzindo um programa espacial tripulado arrojado desde então, tem progredido para construir uma estação espacial e, depois, preparar voos tripulados à Lua, o que deve acontecer no final da década de 2020.

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Astronomia: Lixo espacial chinês assusta os EUA https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/08/01/astronomia-lixo-espacial-chines-assusta-os-eua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/08/01/astronomia-lixo-espacial-chines-assusta-os-eua/#comments Mon, 01 Aug 2016 05:00:57 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/08/Ron-Sappington-20160727_223823_1469681880_lg-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5066 Lixo espacial chinês assustou os americanos na última quinta-feira. Qual a chance de um desses nos atingir?

PÁSSARO? AVIÃO? ET?
Na noite da última quinta-feira, um objeto brilhante atravessou lentamente o céu dos Estados Unidos, causando apreensão na população de diversos estados americanos, do Colorado à Califórnia. O que era aquela misteriosa bola de fogo?

CHUVA DE LIXO
Os especialistas não tardaram a resolver o mistério: era o segundo estágio de um foguete Longa Marcha 7, lançado apenas um mês antes. Ou, trocando em miúdos, era um senhor pedaço de lixo espacial chinês. Não exatamente algo que alguém gostaria de ver cair sobre sua cabeça. E o que mais assusta é que esses episódios estão se tornando cada vez mais comuns. Vira e mexe pessoas testemunham algum detrito espacial ganhar a atmosfera.

MEGA-SENA
Qual a probabilidade de um troço desses atingir você em cheio? Aqui vai a boa notícia: menor do que a de ganhar na Mega-Sena. Afinal, a Terra tem três quartos da superfície coberta por água. Só isso já dá uma chance de 75% de que um detrito desgovernado vá cair no mar. Além do quê, mesmo em solo, a maior parte da superfície é desabitada. E poucos objetos têm porte suficiente para resistir ao atrito na reentrada.

PROBLEMA CRESCENTE
Claro, chance pequena não é igual a zero. E a essa altura, quase 60 anos após o lançamento do primeiro satélite artificial, já deu tempo de juntar bastante lixo lá em cima. Aliás, é por lá, em órbita, que o lixo espacial é mais perigoso. A Nasa estima que existam cerca de 500 mil pedaços de lixo em volta da Terra neste momento.

Concepção artística dos detritos espaciais monitorados constantemente pelas agências espaciais para evitar colisões (Crédito: ESA)
Concepção artística dos detritos espaciais monitorados constantemente pelas agências espaciais para evitar colisões (Crédito: ESA)

LIMPEZA
Para evitar futuras colisões no espaço, as agências espaciais trabalham para fazer lançamentos cada vez mais “limpos”, com menor geração de detritos, e criar meios de derrubar os satélites de forma controlada depois que eles esgotam sua vida útil. Além disso, pensa-se em estratégias para tirar o lixo que já está lá. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer para resolver a questão.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Astronauta entra no ‘puxadinho’ inflável da ISS https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/06/07/astronauta-entra-no-puxadinho-inflavel-da-iss/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/06/07/astronauta-entra-no-puxadinho-inflavel-da-iss/#comments Tue, 07 Jun 2016 03:01:29 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/06/jeffwilliams-beam-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=4883 Seguindo o cronograma estabelecido pela Nasa, nesta segunda-feira (6) o módulo inflável BEAM, recém-instalado na Estação Espacial Internacional, foi aberto e recebeu seu primeiro visitante: o astronauta americano Jeff Williams.

É um pequeno — mas importante — passo rumo a futuras missões tripuladas que vão além da órbita terrestre. E a empresa americana Bigelow Aerospace está agora mais perto de estabelecer seu primeiro hotel no espaço.

O “puxadinho” foi levado ao espaço em 8 de abril e inflado no domingo da semana passada. Depois disso, ficou uma semana “de molho”, a fim de que se verificasse que não há nenhum vazamento de atmosfera — questão crítica de segurança. Como tudo correu bem durante sete dias, Williams recebeu o OK do controle da missão para abrir a escotilha e entrar no módulo.

Não se assuste com a máscara que ele usou — é procedimento padrão para a entrada em qualquer cargueiro que se acopla à estação. Mas estava tudo certo com a atmosfera interna (ele colheu uma amostra para verificação), exceto pelo frio que fazia lá dentro — dentro do previsto e do esperado de acordo com as simulações feitas em solo. Nada de condensação nas superfícies internas, o que era boa notícia.

Sensores internos foram inspecionados e dutos de ar instalados. Depois da checagem, Williams — que teve ajuda do cosmonauta Oleg Skripochka — fechou novamente a escotilha.

Na quarta-feira, serão feitos novas visitas ao módulo, mas ele passará a maior parte do tempo fechado, numa missão que durará dois anos e verificará a viabilidade do uso de módulos infláveis no lugar de rígidos para missões espaciais.

As vantagens são óbvias — um módulo inflável é mais leve e ocupa menos espaço “dobrado”, de forma que pode ser transportado no topo de um foguete com mais facilidade e acaba com um volume habitável muito maior no espaço. Resta saber se não há desvantagens — como maior risco de impacto com micrometeoritos ou incidência de radiação perigosa. Segundo os testes e simulações da empresa Bigelow Aerospace, ele deve ser ainda mais resistente que os módulos convencionais. Mas a Nasa nunca foi de aceitar “la garantía soy yo” como argumento, de forma que o teste é fundamental. Para isso, o BEAM passará dois anos conectado à ISS (com seis a sete entradas dos astronautas por ano).

O PRÓXIMO PASSO
Agora que teve esse sucesso, a Bigelow quer convencer a Nasa a dar o próximo passo — após a missão bem-sucedida do BEAM, permitir a instalação de um módulo maior, o B330, na ISS.

“Nosso foco é construir plataformas comerciais em baixa órbita terrestre usando nossa nave B330”, disse a companhia, via Twitter. “Nossa proposta para a Nasa é conectar um B330 à Estação Espacial Internacional para uso comercial e governamental. Chamamos essa espaçonave de ‘XBASE’.”

Em termos de massa, o B330 é do mesmo naipe dos módulos tradicionais rígidos da estação. O módulo Destiny, por exemplo, tem 15 toneladas, e o B330 teria 20 toneladas. Mas aí entram as maravilhas de ser inflável: com área habitável de 330 metros cúbicos, ele teria mais que o triplo de área interna que o Destiny.

Estrutura interna de um B330 -- um módulo ou uma estação espacial completa? (Crédito: Bigelow)
Estrutura interna de um B330 — um módulo ou uma estação espacial completa? (Crédito: Bigelow)

E o interessante é que o B330 foi projetado para funcionar sozinho no espaço, o que poderia ser a base para uma estação privada — possivelmente um misto de laboratório e hotel espacial. (Não custa lembrar que Robert Bigelow fez fortuna com hotéis em Las Vegas antes de se aventurar em exploração espacial.)

Há variações do design do B330 que também permitiriam a construção de uma base lunar — embora a Bigelow diga que não está nos planos no momento seguir com esse empreendimento. O futuro, entretanto, parece brilhante. E é quase certo que a Nasa vá usar módulos infláveis como parte de sua arquitetura para as primeiras missões tripuladas a Marte, marcadas para o final da década de 2030.

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