Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Nasa contrata três carretos para a Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/06/03/nasa-contrata-tres-carretos-para-a-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/06/03/nasa-contrata-tres-carretos-para-a-lua/#respond Mon, 03 Jun 2019 05:10:58 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/astrobotic-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8895 A Nasa anunciou na última sexta-feira (31) a contratação de três empresas para fazerem carretos até a Lua, entre 2020 e 2021. É a primeira vez que companhias são chamadas a fornecer um serviço de transporte de carga lunar, num prelúdio para o futuro envio de astronautas ao satélite natural da Terra.

Os contratos somam US$ 253,5 milhões e envolvem empresas que já estavam desenvolvendo módulos de pouso não tripulados para exploração da Lua. Juntas, elas devem levar até 23 cargas úteis à Lua, em três voos.

O primeiro deles deve acontecer em setembro de 2020, promovido pela OrbitBeyond. O veículo de pouso Z-01 deve pousar no Mare Imbrium, impulsionado até a Lua pelo lançador Falcon 9, da SpaceX. Pelo serviço, que envolverá até quatro experimentos, a Nasa pagará US$ 97 milhões.

Em julho de 2021, devem voar os outros dois módulos de pouso: o Peregrine, da Astrobotic, de Pittsburgh, fará uma missão para a Nasa por US$ 79,5 milhões, transportando até 14 experimentos à região de Lacus Mortis, uma grande cratera lunar; e o Nova-C, da Intuitive Machines, de Houston, que sairá do chão por US$ 77 milhões, com até 4 cargas úteis, rumo a Oceanus Procellarum ou a Mare Serenitatis.

É provável que ambos voem também num Falcon 9 da SpaceX, embora apenas a Intuitive Machines tenha confirmado isso; a Astrobotic diz que deve definir seu lançador em breve.

Oito companhias estavam disputando os primeiros contratos, mas o fato de apenas três terem sido escolhidas não deve desanimá-las. O plano da agência espacial americana é que essa seja apenas a primeira leva, mantendo um ritmo de dois carretos anuais em 2021 e 2022 e subindo para três ou quatro até 2024 — mesmo ano em que, se não chover (e a previsão de tempo é de chuva, já vou avisando), a Nasa pretende enviar os primeiros astronautas à superfície lunar.

É uma amostra boa de como as startups espaciais estão mudando o cenário de possibilidades para a exploração interplanetária. Sem elas, seria muito difícil a Nasa realizar uma missão de pouso lunar por US$ 250 milhões, que dirá três. Quer ver? A agência estava até 2018 desenvolvendo uma missão chamada Resource Prospector, que custaria sozinha esse preço e que já estava se encaminhando para um estouro orçamentário.

O cancelamento, por sinal, gerou protestos da comunidade científica. Mas o plano agora ficou melhor: os instrumentos que iam voar com a missão original poderão ser levados pelos módulos de pouso comerciais, gerando uma demanda inicial para a indústria e abrindo caminho para muitas outras missões. Não custa lembrar que os EUA não realizam um pouso suave na superfície lunar desde a Apollo 17, tripulada, em dezembro de 1972.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Dono da Amazon apresenta planos para conquista da Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/05/13/dono-da-amazon-apresenta-planos-para-conquista-da-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/05/13/dono-da-amazon-apresenta-planos-para-conquista-da-lua/#respond Mon, 13 May 2019 05:00:34 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/blueorigin-bluemoon-lander-reveal-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8871 Na última quinta-feira (9), num evento fechado em Washington, Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, apresentou seus grandes planos para o futuro da humanidade. E eles vão começar com um retorno à Lua — desta vez para ficar.

De concreto, o dono da Amazon e da companhia espacial Blue Origin apresentou um módulo lunar em que estão trabalhando, chamado Blue Moon. Em sua versão inicial, ele é capaz de pousar suavemente na superfície lunar até 3,6 toneladas de carga e experimentos científicos. O módulo poderá ser lançado pelo primeiro foguete de alta capacidade da Blue Origin, o New Glenn, que deve fazer seu primeiro voo em 2021.

Bezos destacou que a tecnologia do módulo poderia ser adaptada para a construção de uma versão tripulada, capaz de dar suporte aos planos recém-anunciados pela administração Trump de levar astronautas ao solo lunar em 2024.

A estratégia de Bezos para o retorno à Lua é bastante conservadora e se alinha com o que a Nasa fez nos anos 60 com o programa Apollo e quer voltar a fazer com sua cápsula Orion. Ela faz um forte contraste com outro gigante dessa nova era espacial, Elon Musk, que sugere a construção de uma espaçonave de grande porte totalmente reutilizável capaz de pouso na Lua. Aliás, “sugere” não. A SpaceX de Musk está de fato construindo um protótipo da nave, chamada Starship, neste momento no Texas.

Ambos concordam que a expansão da humanidade pelo Sistema Solar é uma necessidade. Mas há um contraste nas motivações. Enquanto Musk defende que é importante colonizar o planeta Marte e se tornar uma civilização multiplanetária para nos imunizarmos contra qualquer ameaça existencial, Bezos, por outro lado, enfatiza a necessidade de usar os recursos espaciais para manter o ritmo de crescimento da prosperidade humana e proteger a própria Terra de nossas ações deletérias à saúde do planeta.

Versão tripulada do módulo lunar Blue Moon, com um módulo de ascensão para a partida dos astronautas. (Crédito: Blue Origin)

A ideia dele é levar toda a indústria pesada para o espaço e tornar nosso mundo natal um paraíso, além de construir enormes colônias espaciais em estações gigantescas com gravidade artificial por rotação, usando os recursos praticamente ilimitados do Sistema Solar para manter a humanidade na trajetória de crescimento econômico e social que pautou os últimos séculos.

Quem tem razão? Provavelmente os dois, um olhando o copo meio vazio, o outro o copo meio cheio. O importante nisso aí é que temos uma corrida, uma disputa entre modelos, e gente com bastante dinheiro disposta a investir neles. Pode não começar a acontecer a partir de 2024, mas a questão vai deixando de ser “se” e sim “quando”.

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Falha tentativa israelense de realizar pouso privado na Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/11/falha-tentativa-israelense-de-realizar-pouso-privado-na-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/11/falha-tentativa-israelense-de-realizar-pouso-privado-na-lua/#respond Thu, 11 Apr 2019 19:43:58 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/spaceil-lua-ultima-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8802 Terminou em fracasso, nesta quinta-feira (11), a primeira tentativa privada de realizar um pouso na Lua. O módulo Beresheet, da organização israelense SpaceIL, perdeu contato durante o procedimento de descida, a apenas 149 metros da Lua, numa falha durante a aproximação final.

Aparentemente, o motor principal falhou na fase final do pouso e se desligou, deixando o veículo em queda livre. Os engenheiros ainda conseguiram reativá-lo, mas aparentemente foi tarde demais. Ainda não está claro exatamente o que deu errado, mas é certo que a missão não foi bem-sucedida e deve ter se espatifado em solo lunar. A perda de contato aconteceu às 16h25 (de Brasília).

“Primeiro você falha, aí você tenta de novo”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que estava no centro de controle para acompanhar a descida. “Tivemos uma falha na espaçonave, infelizmente não conseguimos pousar com sucesso”, disse Opher Doron, gerente-geral da  Israel Aerospace Industries (IAI), a fabricante do Beresheet. “É uma realização tremenda até aqui.”

De fato, resta à equipe da SpaceIL o entusiasmo de ter tornado seu país o sétimo no mundo a orbitar a Lua com sucesso (depois de Rússia, EUA, China, Índia, Japão e os países congregados na Agência Espacial Europeia) e o quarto a tentar chegar à superfície de forma controlada — ainda que não de forma bem-sucedida.

Também foi a primeira missão privada a orbitar a Lua. Sua última imagem, obtida a 22 km de altitude, mostrava a bandeira israelense, com os dizeres “Small country, big dreams” (“país pequeno, grandes sonhos”).

Iniciada em 2011, a Beresheet nasceu quando a SpaceIL se inscreveu para disputar o Prêmio X Lunar Google, competição que oferecia US$ 20 milhões a quem conseguisse pousar na Lua com um robô, tirar fotos, e deslocar-se até 500 metros pela superfície.

Apesar dos vários concorrentes inscritos, o concurso terminou sem vencedores no ano passado. Mas a SpaceIL não desistiu de voar e continuou a desenvolver seu módulo de pouso, que tem apenas 180 kg (fora o combustível).

Lançado em 21 de fevereiro por um foguete Falcon 9, da empresa americana SpaceX, ele de início foi colocado numa órbita alongada ao redor da Terra. Usando seus próprios propulsores, foi paulatinamente alargando as voltas, até atingir uma trajetória com apogeu de 400 mil km no dia 20 de março. Com isso, em seu afastamento máximo do planeta, cruzaria a órbita da Lua.

Na última quinta (4), a nave se encontrou com o satélite natural e, ativando novamente seus propulsores por seis minutos, ajustou a velocidade para ser capturada pela gravidade lunar, numa órbita com perilúnio (ponto de aproximação máxima da superfície lunar) de 470 km. Ajustes nos dias subsequentes colocaram a Beresheet numa órbita com perilúnio de apenas 15 km — praticamente a mesma altitude de um voo de avião comercial.

A etapa final consistia em realizar uma última queima dos propulsores, durante 20 minutos, até concluir a alunissagem.

O plano era descer no Mar da Serenidade, região no hemisfério Norte lunar, com uma câmera e um medidor de campo magnético, além de uma “cápsula do tempo” com arquivos digitais contendo uma Torá, desenhos de crianças, canções, memórias de um sobrevivente do Holocausto e a bandeira nacional. Os israelenses chegaram muito perto de conseguir.

Foram investidos US$ 100 milhões no projeto, provenientes de doadores privados, e, apesar do fracasso, é improvável que este seja o ponto final da história. O módulo segue sendo aperfeiçoado e novas tentativas devem acontecer no futuro.

A ideia é desenvolver um veículo que possa realizar missões comerciais à Lua. A própria ESA (Agência Espacial Europeia) se mostrou interessada na tecnologia do Beresheet. Mas, claro, antes que isso possa acontecer, os engenheiros terão de descobrir exatamente o que deu errado.

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Israel tenta pouso na Lua nesta quinta https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/08/israel-tenta-pouso-na-lua-nesta-quinta/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/08/israel-tenta-pouso-na-lua-nesta-quinta/#respond Mon, 08 Apr 2019 05:00:10 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/spaceil-lua-beresheet-farside-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8760 Na última quinta-feira (4), a espaçonave israelense Beresheet concluiu com sucesso a manobra que a colocou em órbita da Lua. O sucesso deixa a missão muito próxima de se concretizar como a primeira daquele país — e a primeira no mundo todo a ser promovida pela iniciativa privada — a pousar em nosso satélite natural.

Desenvolvida pela organização não governamental SpaceIL, a Beresheet tinha por objetivo disputar o Prêmio X Lunar Google, competição que terminou sem vencedores no começo do ano passado. O projeto prosseguiu mesmo assim e partiu da Terra em 21 de fevereiro deste ano, embarcado num foguete Falcon 9 da empresa americana SpaceX.

O pequeno módulo de pouso que, descontado o combustível, tem apenas 180 kg custou cerca de US$ 100 milhões, recolhidos por meio de doações. De início, ele foi colocado numa órbita alongada ao redor da Terra e, com seus próprios propulsores, foi paulatinamente ampliando as voltas em torno do planeta, até atingir uma trajetória com apogeu de 400 mil km no dia 20 de março. Com isso, em seu afastamento máximo do planeta, cruzaria a órbita da Lua.

Na quinta, a nave se encontrou com o satélite natural e, ativando seus propulsores por seis minutos, ajustou sua velocidade para ser capturada pela gravidade lunar, numa órbita com perilúnio de 470 km. Perilúnio, você já deve ter desconfiado, é termo que designa o ponto de máxima aproximação com a superfície da Lua.

“Após seis semanas no espaço, conseguimos superar outra etapa crítica ao entrar na gravidade lunar”, declarou Ido Anteby, líder da SpaceIL. “Ainda temos um longo caminho até o pouso lunar, mas estou convencido de que nossa equipe completará a missão para pousar a primeira espaçonave israelense na Lua, deixando-nos todos orgulhosos.”

Concepção artística do módulo Beresheet, que já está a caminho da Lua. (Crédito: SpaceIL)

A nave já mandou bonitas imagens do lado afastado da Lua (onde, por sinal, segue trabalhando o jipe robótico chinês Yutu-2, da missão Chang’e-4) e deve realizar sua tentativa de pouso na próxima quinta-feira (11), no Mar da Serenidade, localizado no hemisfério norte do lado próximo. O veículo leva câmera e um medidor de campo magnético, além de uma “cápsula do tempo” com arquivos digitais contendo uma Torá, desenhos de crianças, canções israelenses, memórias de um sobrevivente do Holocausto e a bandeira nacional.

Caso tudo dê certo, Israel deve se tornar o quarto país a realizar um pouso lunar, depois de Rússia, Estados Unidos e China. Já há discussões para a comercialização de versões desse módulo de pouso para outros países e instituições, em particular a ESA (Agência Espacial Europeia).

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Atrasos podem levar Nasa a abandonar superfoguete SLS para volta à Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/03/18/atrasos-podem-levar-nasa-a-abandonar-superfoguete-sls/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/03/18/atrasos-podem-levar-nasa-a-abandonar-superfoguete-sls/#respond Mon, 18 Mar 2019 05:00:43 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/sls_block1_aerial-launch-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8722 A Casa Branca apresentou na segunda passada (11) sua proposta de orçamento para a Nasa em 2020. Dá para olhar o copo meio cheio, ou o meio vazio. Pelo meio cheio, são US$ 21 bilhões, um aumento de 6% sobre o que a mesma Casa Branca solicitou para a agência espacial em 2019. Pelo meio vazio, é 2% menor que o valor aprovado ao final pelo Congresso americano para 2019.

Em termos de gastos específicos, tem lá aquelas velhas obsessões de Donald Trump — acabar com missões de estudo do clima, acabar com o setor de educação da Nasa e cancelar o próximo grande telescópio espacial, o WFIRST –, mas é provável que, mais uma vez, isso seja revertido quando o Congresso aprovar a versão final.

O que causou algum estranhamento foi, já no orçamento proposto pela Casa Branca, uma redução forte (17,4%) nos gastos com o SLS, o superfoguete em desenvolvimento pela agência para suas missões tripuladas lunares. Isso veio na esteira de mais um possível adiamento de seu primeiro voo. Originalmente, devia acontecer em 2018. Agora fala-se em junho de 2020 e já há rumores de um novo adiamento. Isso atingiu um nervo.

Na quarta-feira, o administrador da Nasa, James Bridenstine, disse que está em estudo a possibilidade de fazer a primeira missão originalmente destinada ao SLS com lançadores comerciais, para que não se perca a data de junho de 2020. Conhecida como EM-1 (Missão de Exploração 1), ela deve impulsionar uma cápsula Orion (sem tripulação) ao redor da Lua e de volta à Terra, para um teste do veículo antes que astronautas possam fazer a mesma viagem.

Com o SLS, isso poderia ser feito com um único lançamento. Mas, para usar foguetes comerciais, como o Delta IV Heavy ou o Falcon Heavy, seria preciso dois voos. Um levaria a cápsula até a órbita terrestre baixa, e outro transportaria um estágio propulsor a ser acoplado à cápsula para a viagem translunar.

Em princípio, um lançamento é mais seguro e mais barato que dois. Mas só em princípio. O programa do SLS já custou à Nasa US$ 14 bilhões, e estima-se que cada lançamento, uma vez que o veículo esteja pronto e operacional, custará cerca de US$ 1 bilhão.

O lançamento de um Delta IV Heavy sai por US$ 350 milhões, e ele já realizou um voo de teste com a cápsula Orion em 2014. Já o Falcon Heavy, da SpaceX, voa por US$ 100 milhões. Ou seja, mesmo com o uso de múltiplos voos e acoplagem em órbita, a missão pode acabar saindo mais barata. Se esse plano for adiante, pode ser o último prego no caixão do SLS, um foguete que evoca o jeito antigo (e caro) de se fazer as coisas no espaço.

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Nave privada israelense está a caminho para tentar inédito pouso na Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/21/nave-privada-israelense-esta-a-caminho-para-tentar-inedito-pouso-na-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/21/nave-privada-israelense-esta-a-caminho-para-tentar-inedito-pouso-na-lua/#respond Fri, 22 Feb 2019 02:24:59 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Dz-VDfTUYAAdBNs-320x213.jpeg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8660 Seria mais um voo corriqueiro do foguete Falcon 9 para lançar um satélite comercial, não fosse a menor de suas cargas úteis — um pequeno módulo de pouso destinado à Lua, construído pelo grupo israelense SpaceIL. Caso seja bem-sucedido, após uma jornada de cerca de 40 dias até a Lua, Israel se tornará o quarto país a pousar suavemente um artefato em solo lunar. Até hoje, só americanos, russos e chineses realizaram a façanha.

Mais que isso, a SpaceIL deve se tornar a primeira nave privada do mundo a pousar na Lua. Desenvolvido originalmente para competir pelo Prêmio X Lunar Google, o módulo de pouso Beresheet tem apenas 180 kg, e o projeto custou cerca de US$ 100 milhões.

Concepção artística do módulo Beresheet, que já está a caminho da Lua. (Crédito: SpaceIL)

O lançador da empresa americana SpaceX partiu da plataforma 40, em Cabo Canaveral, Flórida, na abertura da janela de lançamento, às 22h45 (de Brasília) desta quinta-feira (21).

O voo entregou com sucesso sua carga principal — o satélite de telecomunicações Nusantara Satu, da Indonésia — numa órbita de transferência geoestacionária. Como cargas secundárias, de “carona”, voaram o Beresheet e um satélite de pequeno porte da Força Aérea americana.

O primeiro estágio do Falcon 9 usado no voo já estava em sua terceira missão. Antes disso, ele ajudou a lançar as missões comerciais Iridium-7 (em julho de 2018) e SAOCOM 1A (em outubro de 2018). O novo pouso foi realizado numa balsa automatizada no oceano Atlântico.

O Beresheet ainda tem um longo caminho pela frente antes de realizar sua histórica tentativa de pouso lunar. Ele foi colocado numa órbita excêntrica (alongada) ao redor da Terra, e nos próximos dias usará sua própria propulsão para elevar sua altitude máxima, até entrar numa órbita com apogeu de 400 mil km, em 20 de março. Essa órbita mais elevada intersectará com a da Lua, e nave e satélite natural farão um encontro, para inserção orbital ao redor da Lua, em 4 de abril. O pouso deve acontecer uma semana depois disso, em 11 de abril, no Mar da Serenidade.

O Mensageiro Sideral deseja boa sorte aos israelenses nesta missão histórica!

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Astronautas trouxeram da Lua um meteorito da Terra, diz estudo https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/04/astronautas-trouxeram-da-lua-um-meteorito-da-terra-diz-estudo/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/04/astronautas-trouxeram-da-lua-um-meteorito-da-terra-diz-estudo/#respond Mon, 04 Feb 2019 16:30:53 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/kring-modifiedversion-of-nasa-rock-photo-illustration-3-story-667623-320x213.png https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8616 Sabe qual é o melhor lugar do mundo para aprender sobre a história da Terra? A Lua. Não por acaso, no fim do mês passado cientistas anunciaram a descoberta da rocha mais antiga do nosso planeta — uma amostra trazida do nosso satélite natural pelos astronautas da Apollo 14, em 1971.

A rocha foi colhida por Alan Shepard e Edgar Mitchell na região lunar de Fra Mauro, e estudos iniciais sugeriam que ela seria resultado da ejeção de material após um impacto na superfície — mas todo mundo pensava que fosse um impacto na própria Lua.

O módulo lunar bloqueia parcialmente a luz solar em Fra Mauro, durante a missão Apollo 14. (Crédito: NASA)

Uma análise da mesma amostra com instrumentação moderna, contudo, parece apontar uma origem bem mais interessante. O processo de ejeção deixa na rocha várias indicações de temperatura e pressão que permitem estimar de que profundidade ela foi ejetada. Se tivesse sido um impacto na Lua, ela teria de ter vindo de mais de 160 km de profundidade, inconsistente com qualquer modelo viável de ejeção. Em compensação, se o impacto tivesse sido na Terra, a profundidade estimada seria de bem mais razoáveis 20 km.

Além disso, sinais de oxidação na rocha apontam para condições similares às da Terra, mas jamais observadas na Lua. Ou seja, os cientistas têm boas razões para acreditar que a amostra Apollo 14321 na verdade contém material originário da própria Terra.

Não é uma ideia maluca; Terra e Lua foram companheiras por praticamente toda a história do Sistema Solar, desde a formação da segunda por um enorme impacto, 4,5 bilhões de anos atrás. E, assim como muitos meteoritos que caem em nosso planeta são de origem lunar, é de se supor que também chovem na Lua rochas ejetadas da Terra.

Reconstruindo a história da rocha, os cientistas envolvidos no projeto liderado por David Kring, chegaram à seguinte conclusão: 4 bilhões de anos atrás, um impacto na Terra ejetou a amostra para o espaço, de uma profundidade de 20 km. A rocha acabou caindo na Lua, onde sofreu diversas modificações por outros impactos em solo lunar _um deles a derreteu parcialmente 3,9 bilhões de anos atrás, e a enterrou. E o último evento de impacto a afetá-la ocorreu cerca de 26 milhões de anos atrás, quando o impacto de um asteroide produziu a cratera Cone e trouxe a rocha de volta à superfície lunar, onde os astronautas a colheram há 48 anos.

Agora calcule quantas outros meteoritos terrestres ainda poderão ser encontrados na Lua, remontando a épocas em que o registro geológico foi totalmente apagado na própria Terra? Nosso satélite natural é um museu representativo dos 4,5 bilhões de anos de história do nosso planeta, só esperando para ter vasto seu acervo examinado pelos cientistas.

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Um dia na vida do lado afastado da Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/01/21/um-dia-na-vida-do-lado-afastado-da-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/01/21/um-dia-na-vida-do-lado-afastado-da-lua/#respond Mon, 21 Jan 2019 04:00:48 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/20190111_y2-from-ce4-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8602 No dia 3 de janeiro, a sonda chinesa Chang’e-4 se tornou a primeira a pousar no lado afastado da Lua, mais especificamente na cratera Von Kármán. No dia 13, o Sol se pôs na região, marcando o início da primeira noite lunar para a missão. Entre um e outro eventos, um pé de algodão nasceu e morreu na Lua.

O mundo todo se encantou com o nascimento da plantinha, e depois lamentou sua morte, muitos sem se dar conta de que era exatamente isso que se esperava desde o início.

As plantinhas, assim como ovos de insetos, estavam depositados num cilindro hermeticamente fechado e enviado à Lua, para que se observasse — durante um dia lunar — como o miniecossistema se desenvolvia, exposto à luminosidade solar. A temperatura interna foi mantida constante ao redor de 25 graus Celsius, e imagens internas revelaram o nascimento do brotinho. Mas os cientistas sabiam que a noite chegaria.

Imagem revela o broto de algodão nascendo na Lua. (Crédito: CNSA)

Com a escuridão, vêm uma queda brusca de temperatura e a inutilidade temporária dos painéis solares. Sem painéis, não há eletricidade, e aí não há forma de manter o invólucro aquecido. As plantinhas, ovos e tudo mais que tinha ali morreram congelados — exatamente como planejado.

Um marco? Sim. Pela primeira vez, vimos uma forma de vida terrestre nascer e vicejar sob condições lunares, com sua gravidade menor e maior incidência de radiação. Mas o principal objetivo do experimento, segundo o líder da pesquisa Liu Hanlong, da Universidade Chongquing, era popularizar a ciência. É isso mesmo. Ele não antevia nenhuma grande descoberta no horizonte, exceto encantar a humanidade com a beleza da exploração espacial. Pois é. Doa a quem doer, o plantio do algodãozinho na Lua, em termos científicos, não é muito diferente do experimento do feijãozinho na Estação Espacial Internacional, e o fato de ambos terem percepção pública tão diversa por aqui diz muito sobre como os brasileiros veem a si mesmos.

Os chineses, que não têm nada com isso, estão curtindo cada novo lance da missão Chang’e-4. Agora, tanto o jipe Yutu-2 como o módulo de pouso estão “hibernando”, esperando a volta do Sol, o que deve ocorrer em pouco mais de uma semana.

A CNSA (agência espacial chinesa) divulgou incríveis imagens do pouso da Chang’e-4 e dos primeiros passeios do Yutu-2 pela superfície. Ele chegou a dar um quarto de volta ao redor do módulo de pouso, colhendo dados sobre as rochas e analisando possíveis rotas. Os chineses, por sinal, dizem que o terreno ao redor é bastante acidentado e a vida não será fácil para o Yutu-2. Mas é garantido que eles vão curtir cada minuto dela.

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O que vem aí em 2019 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/12/31/o-que-vem-ai-em-2019/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/12/31/o-que-vem-ai-em-2019/#respond Mon, 31 Dec 2018 04:00:36 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/04/NewHorizonsKBOencounter-180x101.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8498 Aperte os cintos, porque o ano espacial vai começar agitadíssimo! Confira a seguir os eventos mais esperados no Sistema Solar em 2019.

NOVOS HORIZONTES
A emoção começa literalmente nas primeiras horas do dia 1º, quando a sonda New Horizons (aquela mesma que visitou Plutão em 2015) bate seu próprio recorde e realiza o sobrevoo mais distante da história da exploração espacial, ao passar a 3.500 km do objeto 2014 MU69, também conhecido como Ultima Thule — um pedregulho de gelo que sobrou da formação do Sistema Solar há 4,5 bilhões de anos, localizado a mais de 6,6 bilhões de km da Terra. Os primeiros dados pós-encontro chegam por volta das 13h desta terça, e as primeiras análises científicas só no dia seguinte.

O jipe robótico chinês Yutu roda pela Lua; a Chang’e-4 levará um igual, para o lado afastado lunar. (Crédito: CNSA)

ATRÁS DA LUA
Nem bem terminamos com a New Horizons, no dia 3 de janeiro ou arredores deve acontecer o pouso da sonda não tripulada chinesa Chang’e-4 na Lua. Será a segunda alunissagem chinesa, mas igual a esta você nunca viu. Pela primeira vez, uma espaçonave vai pousar no lado afastado da Lua, aquele que não dá para ver daqui. Será também a primeira vez que a China faz algo no espaço que ninguém nunca fez antes — mais uma prova de que eles estão levando a sério esse negócio de exploração espacial. E esta será apenas a primeira de muitas missões lunares esperadas para 2019: indianos e israelenses farão uma tentativa, e é bem possível que os chineses voltem à carga com a Chang’e-5 até o fim do ano.

Astronautas Bob Behnken e Doug Hurley serão os primeiros a voar numa cápsula tripulada da SpaceX, em 2019. (Crédito: Nasa)

EMPRESAS NO ESPAÇO
No começo do ano, possivelmente em janeiro, a empresa SpaceX deve fazer o primeiro voo-teste, ainda sem tripulação, de sua cápsula Dragon para astronautas. A rival Boeing deve lançar a sua, Starliner, em março, e a expectativa de ambas é, antes que este ano acabe, voar com astronautas da Nasa a bordo, encerrando a dependência americana das naves russas Soyuz, iniciada com a aposentadoria dos ônibus espaciais, em 2011.

Imagem mostra o terreno acidentado na superfície de asteroide Ryugu. Repare na sombra da Hayabusa2. (Crédito: Jaxa)

EXPLORADORAS DE ASTEROIDES
As missões Hayabusa2 (do Japão) e Osiris-Rex (dos EUA) estão a todo vapor. Dessas, a que trará mais ação em 2019 é a japonesa, que deve pousar e colher amostras do asteroide Ryugu ao longo do ano que vem, iniciando a jornada de volta à Terra em novembro ou dezembro. A Osiris-Rex, por sua vez, só colherá suas amostras do asteroide Bennu em 2020.

Sequência de imagens mostra um trânsito de Mercúrio por sobre o disco solar (Crédito: Nasa)

TRÂNSITO DE MERCÚRIO
Em 11 de novembro, uma ocorrência relativamente rara irá ocorrer: o pequenino planeta Mercúrio cruzará à frente do disco solar. É algo que só se pode ver com equipamentos apropriados, mas a América do Sul está no lugar certo na hora certa para ver o fenômeno. Vai valer a pena.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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China lança missão Chang’e-4 para fazer primeiro pouso no lado afastado da Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/12/07/china-lanca-missao-change-4-para-fazer-primeiro-pouso-no-lado-afastado-da-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/12/07/china-lanca-missao-change-4-para-fazer-primeiro-pouso-no-lado-afastado-da-lua/#respond Fri, 07 Dec 2018 19:23:03 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/lancamento-change-4-formal-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8419 A primeira tentativa de pouso no lado afastado na Lua começou nesta sexta-feira (7), com o lançamento da missão chinesa Chang’e-4.

Como de praxe, o governo da China não transmitiu o voo do foguete Longa Marcha-3B ao vivo, mas a decolagem aconteceu às 16h23 (de Brasília, 2h23 do dia 8, hora local), partindo do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, no sul daquele país. Uma rede de astrônomos amadores locais registrou o início da missão, e pouco menos de uma hora depois a imprensa estatal chinesa confirmou que a inserção da nave a caminho da Lua foi bem-sucedida.

Imagem transmitida por rede de astrônomos amadores registra decolagem da missão Chang’e-4, no foguete Longa Marcha-3B. (Crédito: Andrew Jones/Reprodução)

A China não apresentou uma programação exata dos próximos passos da missão, mas a expectativa de observadores ocidentais é de que o pouso só vá se dar no mês de janeiro. Quando isso acontecer, o módulo de pouso levará à cratera Van Kármán um jipe robótico similar ao Yutu, que voou à Lua com a missão Chang’e-3, em 2013, e realizou o primeiro pouso suave na superfície lunar desde 1976, data da última missão soviética robótica Luna.

Caso o pouso seja bem-sucedido, será a primeira vez que uma sonda irá operar no lado afastado lunar — a face que jamais se volta para a Terra. A fim de viabilizar a missão, os chineses lançaram em maio um satélite de telecomunicações chamado Queqiao. Ele orbita uma região além da Lua, em que a gravidade do satélite natural e do nosso planeta se compensam mutuamente. Dali, o satélite tem linha direta com a Terra e também com a superfície lunar no lado afastado, um requisito para a missão.

O glorioso jipe Yutu, que foi à Lua na missão Chang’e-3.

O lançamento histórico marca a robustez do programa lunar chinês, que prosseguirá com missões robóticas de coleta de amostras (Chang’e-5 e 6) e então planeja passar a voos tripulados, em cerca de uma década.

Em solo lunar, a Chang’e-4 deve fazer estudos geológicos, além de conter interessantes experimentos biológicos (uma “minibiosfera lunar”, com sementes de batata e Arabidopsis embarcadas) e de radioastronomia (o lado afastado lunar é o único lugar do Sistema Solar livre da interferência gerada pelas comunicações terrestres).

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