Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Nasa contrata três carretos para a Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/06/03/nasa-contrata-tres-carretos-para-a-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/06/03/nasa-contrata-tres-carretos-para-a-lua/#respond Mon, 03 Jun 2019 05:10:58 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/astrobotic-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8895 A Nasa anunciou na última sexta-feira (31) a contratação de três empresas para fazerem carretos até a Lua, entre 2020 e 2021. É a primeira vez que companhias são chamadas a fornecer um serviço de transporte de carga lunar, num prelúdio para o futuro envio de astronautas ao satélite natural da Terra.

Os contratos somam US$ 253,5 milhões e envolvem empresas que já estavam desenvolvendo módulos de pouso não tripulados para exploração da Lua. Juntas, elas devem levar até 23 cargas úteis à Lua, em três voos.

O primeiro deles deve acontecer em setembro de 2020, promovido pela OrbitBeyond. O veículo de pouso Z-01 deve pousar no Mare Imbrium, impulsionado até a Lua pelo lançador Falcon 9, da SpaceX. Pelo serviço, que envolverá até quatro experimentos, a Nasa pagará US$ 97 milhões.

Em julho de 2021, devem voar os outros dois módulos de pouso: o Peregrine, da Astrobotic, de Pittsburgh, fará uma missão para a Nasa por US$ 79,5 milhões, transportando até 14 experimentos à região de Lacus Mortis, uma grande cratera lunar; e o Nova-C, da Intuitive Machines, de Houston, que sairá do chão por US$ 77 milhões, com até 4 cargas úteis, rumo a Oceanus Procellarum ou a Mare Serenitatis.

É provável que ambos voem também num Falcon 9 da SpaceX, embora apenas a Intuitive Machines tenha confirmado isso; a Astrobotic diz que deve definir seu lançador em breve.

Oito companhias estavam disputando os primeiros contratos, mas o fato de apenas três terem sido escolhidas não deve desanimá-las. O plano da agência espacial americana é que essa seja apenas a primeira leva, mantendo um ritmo de dois carretos anuais em 2021 e 2022 e subindo para três ou quatro até 2024 — mesmo ano em que, se não chover (e a previsão de tempo é de chuva, já vou avisando), a Nasa pretende enviar os primeiros astronautas à superfície lunar.

É uma amostra boa de como as startups espaciais estão mudando o cenário de possibilidades para a exploração interplanetária. Sem elas, seria muito difícil a Nasa realizar uma missão de pouso lunar por US$ 250 milhões, que dirá três. Quer ver? A agência estava até 2018 desenvolvendo uma missão chamada Resource Prospector, que custaria sozinha esse preço e que já estava se encaminhando para um estouro orçamentário.

O cancelamento, por sinal, gerou protestos da comunidade científica. Mas o plano agora ficou melhor: os instrumentos que iam voar com a missão original poderão ser levados pelos módulos de pouso comerciais, gerando uma demanda inicial para a indústria e abrindo caminho para muitas outras missões. Não custa lembrar que os EUA não realizam um pouso suave na superfície lunar desde a Apollo 17, tripulada, em dezembro de 1972.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Dono da Amazon apresenta planos para conquista da Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/05/13/dono-da-amazon-apresenta-planos-para-conquista-da-lua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/05/13/dono-da-amazon-apresenta-planos-para-conquista-da-lua/#respond Mon, 13 May 2019 05:00:34 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/blueorigin-bluemoon-lander-reveal-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8871 Na última quinta-feira (9), num evento fechado em Washington, Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, apresentou seus grandes planos para o futuro da humanidade. E eles vão começar com um retorno à Lua — desta vez para ficar.

De concreto, o dono da Amazon e da companhia espacial Blue Origin apresentou um módulo lunar em que estão trabalhando, chamado Blue Moon. Em sua versão inicial, ele é capaz de pousar suavemente na superfície lunar até 3,6 toneladas de carga e experimentos científicos. O módulo poderá ser lançado pelo primeiro foguete de alta capacidade da Blue Origin, o New Glenn, que deve fazer seu primeiro voo em 2021.

Bezos destacou que a tecnologia do módulo poderia ser adaptada para a construção de uma versão tripulada, capaz de dar suporte aos planos recém-anunciados pela administração Trump de levar astronautas ao solo lunar em 2024.

A estratégia de Bezos para o retorno à Lua é bastante conservadora e se alinha com o que a Nasa fez nos anos 60 com o programa Apollo e quer voltar a fazer com sua cápsula Orion. Ela faz um forte contraste com outro gigante dessa nova era espacial, Elon Musk, que sugere a construção de uma espaçonave de grande porte totalmente reutilizável capaz de pouso na Lua. Aliás, “sugere” não. A SpaceX de Musk está de fato construindo um protótipo da nave, chamada Starship, neste momento no Texas.

Ambos concordam que a expansão da humanidade pelo Sistema Solar é uma necessidade. Mas há um contraste nas motivações. Enquanto Musk defende que é importante colonizar o planeta Marte e se tornar uma civilização multiplanetária para nos imunizarmos contra qualquer ameaça existencial, Bezos, por outro lado, enfatiza a necessidade de usar os recursos espaciais para manter o ritmo de crescimento da prosperidade humana e proteger a própria Terra de nossas ações deletérias à saúde do planeta.

Versão tripulada do módulo lunar Blue Moon, com um módulo de ascensão para a partida dos astronautas. (Crédito: Blue Origin)

A ideia dele é levar toda a indústria pesada para o espaço e tornar nosso mundo natal um paraíso, além de construir enormes colônias espaciais em estações gigantescas com gravidade artificial por rotação, usando os recursos praticamente ilimitados do Sistema Solar para manter a humanidade na trajetória de crescimento econômico e social que pautou os últimos séculos.

Quem tem razão? Provavelmente os dois, um olhando o copo meio vazio, o outro o copo meio cheio. O importante nisso aí é que temos uma corrida, uma disputa entre modelos, e gente com bastante dinheiro disposta a investir neles. Pode não começar a acontecer a partir de 2024, mas a questão vai deixando de ser “se” e sim “quando”.

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Nasa publica estudo dos gêmeos separados por voo espacial de 1 ano https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/11/nasa-publica-estudo-dos-gemeos-separados-por-voo-espacial-de-1-ano/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/11/nasa-publica-estudo-dos-gemeos-separados-por-voo-espacial-de-1-ano/#respond Thu, 11 Apr 2019 21:45:58 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/gemeos-scott-mark-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8818 Parece aquela clássica narrativa do paradoxo dos gêmeos: um deles parte numa longa viagem pelo espaço enquanto o outro o espera na Terra. Um ano depois, quais as diferenças entre os dois? Em essência, mas sem envolver efeitos da teoria da relatividade, esse foi o experimento realizado pela Nasa ao deixar seu irmão Scott Kelly um ano inteiro na Estação Espacial Internacional (ISS).

Enquanto isso, o gêmeo Mark Kelly, também astronauta da agência espacial americana, ficou em solo, oferecendo uma ótima oportunidade para comparar os efeitos fisiológicos de se estar no espaço versus na Terra, com duas pessoas cujo DNA é idêntico.

E a principal descoberta é: não houve diferenças significativas de saúde entre Scott e Mark. Claro, esse “significativas” esconde uma porção de efeitos menores que foram descritos de forma pormenorizada em um artigo publicado na edição desta semana da revista Science.

Liderado por Francine Garrett-Bakelman, da Escola de Medicina da Universidade da Virgínia, nos EUA, o trabalho detalha todos os procedimentos realizados nesse estudo, que envolveu a estadia de Scott a bordo da ISS entre março de 2015 e março de 2016.

O estudo encontrou várias alterações específicas ligadas ao voo espacial (cujo principal malefício é a sensação de ausência de peso), como redução da massa corpórea, distensão da artéria carótida e alteração da estrutura ocular. De forma pouco inesperada, os cientistas também notaram mudanças na colônia de bactérias que Scott levou ao espaço — sua microbiota intestinal. Mas tudo voltou ao normal quando ele retornou.

O mais intrigante resultado talvez tenha sido no campo das mudanças de natureza biomolecular, como por exemplo uma diferença no processo de metilação do DNA em Scott. Esse processo tem a ver com o sistema que regula a ativação e desativação de genes no organismo.

Os pesquisadores apontam que essa discrepância parece diminuído seis meses depois que Scott voltou à Terra, e seus níveis globais de expressão gênica, de forma geral, voltaram ao normal. Mas em alguns genes, aparentemente ligados ao sistema imunológico, os efeitos persistiram mesmo depois desse tempo.

O mais difícil nos resultados é separar o que é efeito da viagem espacial e o que não é. Essas são pistas importantes para tentar mitigar efeitos de exposição prolongada ao ambiente de microgravidade, conforme a Nasa se prepara para enviar seus astronautas em missões de longa duração à Lua ou a Marte.

Voluntários terão de passar 60 dias numa cama inclinada. (Crédito: DLR)

OS DEITADÕES
O modo ideal de estudar os efeitos do voo espacial em humanos é enviando-os lá, claro. É o que aconteceu no Estudo dos Gêmeos da Nasa. Mas essa não é a solução mais prática e barata. E quem não tem cão caça com gato. Ou melhor, com cama.

A agência espacial americana é uma das financiadoras de um estudo que está à procura de voluntários. Sua tarefa será ficarem deitados por 60 dias seguidos, sem interrupções. Comer, beber, tomar banho, fazer tudo sem se levantarem.

A cama estará ligeiramente inclinada, com o lado da cabeça 6 graus mais baixo, para simular um dos efeitos que a microgravidade tem no corpo humano — os fluidos se redistribuem e se concentram na parte de cima (repare na cara inchada na foto de astronautas em órbita).

Eles terão também de respirar uma atmosfera com 4% de gás carbônico, para simular o ar de uma espaçonave.

O estudo está acontecendo na DLR (agência espacial alemã), e cada voluntário ganhará 16,5 mil euros por sua participação.

Os cientistas querem testar, em dois terços dos participantes, uma centrífuga de braço curto, numa tentativa de combater os efeitos maléficos da microgravidade.

Já é a segunda rodada dos estudos, que começaram em 2017, numa temporada de 30 dias e 11 participantes. Desta vez, serão 24.

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Atrasos podem levar Nasa a abandonar superfoguete SLS para volta à Lua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/03/18/atrasos-podem-levar-nasa-a-abandonar-superfoguete-sls/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/03/18/atrasos-podem-levar-nasa-a-abandonar-superfoguete-sls/#respond Mon, 18 Mar 2019 05:00:43 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/sls_block1_aerial-launch-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8722 A Casa Branca apresentou na segunda passada (11) sua proposta de orçamento para a Nasa em 2020. Dá para olhar o copo meio cheio, ou o meio vazio. Pelo meio cheio, são US$ 21 bilhões, um aumento de 6% sobre o que a mesma Casa Branca solicitou para a agência espacial em 2019. Pelo meio vazio, é 2% menor que o valor aprovado ao final pelo Congresso americano para 2019.

Em termos de gastos específicos, tem lá aquelas velhas obsessões de Donald Trump — acabar com missões de estudo do clima, acabar com o setor de educação da Nasa e cancelar o próximo grande telescópio espacial, o WFIRST –, mas é provável que, mais uma vez, isso seja revertido quando o Congresso aprovar a versão final.

O que causou algum estranhamento foi, já no orçamento proposto pela Casa Branca, uma redução forte (17,4%) nos gastos com o SLS, o superfoguete em desenvolvimento pela agência para suas missões tripuladas lunares. Isso veio na esteira de mais um possível adiamento de seu primeiro voo. Originalmente, devia acontecer em 2018. Agora fala-se em junho de 2020 e já há rumores de um novo adiamento. Isso atingiu um nervo.

Na quarta-feira, o administrador da Nasa, James Bridenstine, disse que está em estudo a possibilidade de fazer a primeira missão originalmente destinada ao SLS com lançadores comerciais, para que não se perca a data de junho de 2020. Conhecida como EM-1 (Missão de Exploração 1), ela deve impulsionar uma cápsula Orion (sem tripulação) ao redor da Lua e de volta à Terra, para um teste do veículo antes que astronautas possam fazer a mesma viagem.

Com o SLS, isso poderia ser feito com um único lançamento. Mas, para usar foguetes comerciais, como o Delta IV Heavy ou o Falcon Heavy, seria preciso dois voos. Um levaria a cápsula até a órbita terrestre baixa, e outro transportaria um estágio propulsor a ser acoplado à cápsula para a viagem translunar.

Em princípio, um lançamento é mais seguro e mais barato que dois. Mas só em princípio. O programa do SLS já custou à Nasa US$ 14 bilhões, e estima-se que cada lançamento, uma vez que o veículo esteja pronto e operacional, custará cerca de US$ 1 bilhão.

O lançamento de um Delta IV Heavy sai por US$ 350 milhões, e ele já realizou um voo de teste com a cápsula Orion em 2014. Já o Falcon Heavy, da SpaceX, voa por US$ 100 milhões. Ou seja, mesmo com o uso de múltiplos voos e acoplagem em órbita, a missão pode acabar saindo mais barata. Se esse plano for adiante, pode ser o último prego no caixão do SLS, um foguete que evoca o jeito antigo (e caro) de se fazer as coisas no espaço.

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Objeto além de Plutão é achatado como panqueca, revela New Horizons https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/18/objeto-alem-de-plutao-e-achatado-como-panqueca-revela-new-horizons/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/18/objeto-alem-de-plutao-e-achatado-como-panqueca-revela-new-horizons/#respond Mon, 18 Feb 2019 05:00:59 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/mu69_only_ca07_linear_0_to_50_extras-320x213.png https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8645 A Terra não é plana, mas Ultima Thule, pelo visto, é. A descoberta surpreendente vem da sonda New Horizons, que fez um sobrevoo deste intrigante objeto nos confins do Sistema Solar em 1o de janeiro, e com suas últimas imagens deixou os cientistas da missão sem saber muito bem o que pensar.

Veja você o que é o poder da mudança de perspectiva. A New Horizons viajou 13 anos, passou por Plutão em 2015 e sobrevoou Ultima Thule (formalmente conhecido como 2014 MU69) a incríveis 50 mil km/h em pleno réveillon.

As imagens obtidas durante a aproximação final batiam exatamente com o esperado com base em estudos feitos em solo: era um objeto duplo — tecnicamente chamado de binário de contato –, formado por duas bolotas coladas uma na outra, no que parecia mais um grande boneco de neve espacial de 31 km de comprimento.

Ultima Thule é um residente clássico do chamado cinturão de Kuiper, um agregado de objetos localizados além da órbita de Netuno (dos quais Plutão é o mais notório membro) que remontam à formação do Sistema Solar, 4,5 bilhões de anos, muitos deles praticamente mantidos inalterados, “congelados”, por todo esse tempo.

Os cientistas tinham uma ideia de como esses objetos primitivos se formaram, pouco antes de os próprios planetas nascerem, e foi com alegria que viram lá as duas bolotas coladas — supostos remanescentes de um processo que eles sabiam exatamente como descrever com seus modelos de formação.

E então a New Horizons mandou de volta as imagens que colheu após a passagem pelo objeto, registrando apenas sua silhueta num fino crescente contra um fundo de estrelas. E eis que não são duas bolotas, mas duas panquecas grudadas. E isso nenhum modelo sabe explicar.

“Nós nunca vimos algo assim orbitando o Sol”, declara Alan Stern, cientista-chefe da New Horizons. E a descoberta, que começou com uma imagem relativamente despretensiosa de despedida, obrigará os cientistas a repensarem a base do processo de formação planetária.

Má notícia? Pelo contrário. O desafio da ciência não é “enquadrar” a natureza, e sim “refletir” toda a sua rica variedade. A imaginação humana, longe de ser a última bolacha do pacote, é só um limitado ponto de partida. E Ultima Thule acaba de jogar uma daquelas bolas de curva para o pessoal da New Horizons agarrar.

No fim das contas, entender como Ultima Thule se formou pode acabar explicando outros objetos com formato inesperado, como o recente visitante interestelar superalongado ‘Oumuamua — que muito provavelmente também era um objeto similar aos do cinturão de Kuiper, com a diferença de ter vindo de outro sistema planetário.

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Astronautas trouxeram da Lua um meteorito da Terra, diz estudo https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/04/astronautas-trouxeram-da-lua-um-meteorito-da-terra-diz-estudo/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/02/04/astronautas-trouxeram-da-lua-um-meteorito-da-terra-diz-estudo/#respond Mon, 04 Feb 2019 16:30:53 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/kring-modifiedversion-of-nasa-rock-photo-illustration-3-story-667623-320x213.png https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8616 Sabe qual é o melhor lugar do mundo para aprender sobre a história da Terra? A Lua. Não por acaso, no fim do mês passado cientistas anunciaram a descoberta da rocha mais antiga do nosso planeta — uma amostra trazida do nosso satélite natural pelos astronautas da Apollo 14, em 1971.

A rocha foi colhida por Alan Shepard e Edgar Mitchell na região lunar de Fra Mauro, e estudos iniciais sugeriam que ela seria resultado da ejeção de material após um impacto na superfície — mas todo mundo pensava que fosse um impacto na própria Lua.

O módulo lunar bloqueia parcialmente a luz solar em Fra Mauro, durante a missão Apollo 14. (Crédito: NASA)

Uma análise da mesma amostra com instrumentação moderna, contudo, parece apontar uma origem bem mais interessante. O processo de ejeção deixa na rocha várias indicações de temperatura e pressão que permitem estimar de que profundidade ela foi ejetada. Se tivesse sido um impacto na Lua, ela teria de ter vindo de mais de 160 km de profundidade, inconsistente com qualquer modelo viável de ejeção. Em compensação, se o impacto tivesse sido na Terra, a profundidade estimada seria de bem mais razoáveis 20 km.

Além disso, sinais de oxidação na rocha apontam para condições similares às da Terra, mas jamais observadas na Lua. Ou seja, os cientistas têm boas razões para acreditar que a amostra Apollo 14321 na verdade contém material originário da própria Terra.

Não é uma ideia maluca; Terra e Lua foram companheiras por praticamente toda a história do Sistema Solar, desde a formação da segunda por um enorme impacto, 4,5 bilhões de anos atrás. E, assim como muitos meteoritos que caem em nosso planeta são de origem lunar, é de se supor que também chovem na Lua rochas ejetadas da Terra.

Reconstruindo a história da rocha, os cientistas envolvidos no projeto liderado por David Kring, chegaram à seguinte conclusão: 4 bilhões de anos atrás, um impacto na Terra ejetou a amostra para o espaço, de uma profundidade de 20 km. A rocha acabou caindo na Lua, onde sofreu diversas modificações por outros impactos em solo lunar _um deles a derreteu parcialmente 3,9 bilhões de anos atrás, e a enterrou. E o último evento de impacto a afetá-la ocorreu cerca de 26 milhões de anos atrás, quando o impacto de um asteroide produziu a cratera Cone e trouxe a rocha de volta à superfície lunar, onde os astronautas a colheram há 48 anos.

Agora calcule quantas outros meteoritos terrestres ainda poderão ser encontrados na Lua, remontando a épocas em que o registro geológico foi totalmente apagado na própria Terra? Nosso satélite natural é um museu representativo dos 4,5 bilhões de anos de história do nosso planeta, só esperando para ter vasto seu acervo examinado pelos cientistas.

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Sonda New Horizons revela como é um cometa antes de ser ‘gasto’ pelo Sol https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/01/02/sonda-new-horizons-revela-como-e-um-cometa-antes-de-ser-gasto-pelo-sol/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/01/02/sonda-new-horizons-revela-como-e-um-cometa-antes-de-ser-gasto-pelo-sol/#respond Wed, 02 Jan 2019 20:33:30 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2019/01/ultima-thule-20190102-320x213.png https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8520 As primeiras imagens obtidas durante o sobrevoo de Ultima Thule pela sonda New Horizons revelaram o que pode ser a forma típica de um cometa antes de ser “gasto” pela interação com a luz solar intensa num mergulho ao interior do Sistema Solar.

Os resultados revelaram duas bolotas coladas gentilmente, algo que os astrônomos chamam de um “binário de contato”.

“Como não somos muito criativos com nomes, apelidamos o maior de Ultima e o menor de Thule”, diz Alan Stern, cientista-chefe da missão, durante coletiva realizada nesta quarta-feira (2), no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Laurel, Maryland. (Oficialmente, o objeto tem a designação 2014 MU69.)

A New Horizons continua a transmitir os dados colhidos durante um rápido encontro com esse modesto objeto do chamado cinturão de Kuiper, região além da órbita de Netuno onde estão presentes muitos objetos semelhantes, além de alguns planetas anões, como Plutão (explorado anteriormente pela mesma espaçonave em 2015).

A imagem de maior resolução disponível nesta quarta foi colhida 30 minutos antes da aproximação máxima da sonda, a 28 mil km da superfície do objeto. Nela, cada pixel representa 140 metros. Mas os pesquisadores esperam que as fotos feitas durante a fase mais aguda do rápido sobrevoo, caso o apontamento da câmera tenha sido suficientemente preciso, possam revelar até 35 metros por pixel.

Quem está familiarizado com a exploração do Sistema Solar, ao deitar os olhos sobre Ultima Thule, provavelmente se lembrará de outro objeto: o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, estudado de perto pela sonda europeia Rosetta.

Imagem obtida pela sonda Rosetta no último dia 5 mostra atividade intensa no cometa Churyumov-Gerasimenko. Um cometa, ao se aproximar do Sol, começa a se desmanchar. (Crédito: ESA)

Sabe-se que o Chury um dia foi apenas um objeto do cinturão de Kuiper. Só que ele acabou ejetado de lá por algum encontrão e atirado para dentro do Sistema Solar, onde a radiação solar intensa acabou sublimando seus gelos e erodindo a superfície.

“Toda vez que vemos cometas, eles são formas muito danificadas de objetos do cinturão de Kuiper”, explicou Jeff Moore, líder da equipe de geologia e geofísica da New Horizons.

Ao estudar de perto pela primeira vez um objeto desses em seu estado mais primitivo, é possível compreender como ele se formou, nos primórdios do surgimento do Sistema Solar.

E de fato é isso que as imagens estão revelando. Primeiro, a observação dá suporte à ideia de que o Chury e vários outros núcleos cometários já explorados são mesmo binários de contato, e não objetos que eram inteiriços e que tiveram sua superfície erodida de forma seletiva pela radiação solar.

Além disso, ao encontrar um binário que está praticamente do mesmo jeito desde que se formou, 4,5 bilhões de anos atrás, a New Horizons agora confirmar modelos de formação desses objetos. E o resultado é consistente com o que se esperava para a acreção de planetesimais, os tijolos básicos que dariam mais tarde origem aos planetas.

Combinação de imagem colorida de baixa resolução e imagem preto e branco de alta resolução revelam as cores de Ultima Thule. (Crédito: Nasa)

A primeira imagem colorida revelou também o tom avermelhado de Ultima Thule, além do baixo nível de brilho do objeto, que reflete apenas 6% a 13% da (pouquíssima) luz solar que chega até ele.

Os dados preliminares de composição do solo ainda estão sendo transmitidos pela espaçonave, e uma nova coletiva nesta quinta deve trazer novidades. Até agora, tudo que vimos é menos de 1% do total de dados colhidos pela sonda durante o encontro. O download de tudo, vindo dos cafundós do Sistema Solar, vai levar 20 meses para terminar.

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New Horizons abre 2019 com sobrevoo de objeto mais distante já visitado https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/12/30/new-horizons-abre-2019-com-sobrevoo-de-objeto-mais-distante-ja-visitado/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/12/30/new-horizons-abre-2019-com-sobrevoo-de-objeto-mais-distante-ja-visitado/#respond Sun, 30 Dec 2018 18:00:42 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/12/nh_orex_image_nhonly-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8483 Com as primeiras horas do dia 1º de janeiro, a sonda New Horizons fará o sobrevoo do objeto mais distante a ser visitado por uma espaçonave. Seu nome oficial é obtuso: 2014 MU69. Seu apelido é provisório: Ultima Thule. Mas seu segredos são antigos e remontam à própria formação do Sistema Solar.

Trata-se de um pedregulho remanescente do processo que deu origem aos planetas da família solar, 4,5 bilhões de anos atrás. Mantido afastado do Sol por todo esse tempo, ele é quase como uma amostra congelada do material que originou nosso sistema planetário.

O sobrevoo vem três anos e meio depois da passagem da mesma New Horizons por Plutão, planeta anão que até o momento detinha o recorde de objeto mais distante a ser explorado de perto. Ultima Thule (ou 2014 MU69, como queira), contudo, é bem menor e mais distante, o que torna o sobrevoo ainda mais desafiador.

A aproximação máxima se dará às 3h33 (de Brasília), momento em que a emissária robótica da Terra estará ocupada tirando tantas fotos e medidas quantas forem possíveis, numa passagem furiosa pelo pequeno objeto a 14,4 km/s. Convertendo para medidas mais familiares do dia a dia, são quase 52 mil km/h, ou 170 vezes mais rápido que um carro de Fórmula 1.

A velocidade faz forte contraste com o tamanho do objeto, estimado em cerca de 20 a 30 km. Imagine: a sonda cruzará de uma ponta a outra do MU69 em meros 2 segundos. Claro, como o sobrevoo vai se dar a cerca de 3.500 km da superfície do objeto, seu deslocamento nas câmeras da New Horizons parecerá mais maneiro, da mesma forma que temos a sensação, num avião em cruzeiro, de que o chão está se deslocando devagar abaixo de nós, embora estejamos voando a 1.000 km/h.

Ainda assim, não há tempo a perder para fotografá-lo durante a máxima aproximação, de modo que a New Horizons está programada para executar todas as suas observações automaticamente e só ao final do encontro apontar sua antena principal na direção da longínqua Terra — a 6,6 bilhões de km dali — para nos contar como foi o passeio.

Espera-se que a sonda se volte para a Terra e inicie uma transmissão às 7h20 (de Brasília), apenas com dados de telemetria, indicando os “sinais vitais” da espaçonave. As ondas de rádio, viajando à velocidade da luz, vão levar pouco menos de 6 horas para chegar às antenas da Deep Space Network, da Nasa. Ou seja, por volta das 13h de terça-feira.

A equipe responsável pela missão espera, se tudo correr bem, poder apresentar as primeiras análises científicas do objeto no dia 2, em coletiva marcada para as 17h (de Brasília).

PARADINHA
Apesar de ser mais um marco histórico do programa espacial americano, a Nasa está sofrendo para mantê-lo em evidência, devido à paralisação do governo americano em torno do debate sobre o muro que Donald Trump quer erguer na fronteira entre os EUA e o México.

A agência espacial americana entrou na paralisação e só deve retomar suas atividades normais quando o governo reabrir, no ano que vem. Nesse meio-tempo, as ações de mídia da New Horizons estão sendo feitas pelo APL, o Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, responsável pelo gerenciamento da missão.

É de lá que serão transmitidas as coletivas apresentando os resultados. Na última sexta-feira, houve trapalhada sobre que canal de vídeo transmitiria uma apresentação final do sobrevoo. De início, seria no canal da Nasa, depois passou ao canal do APL, e finalmente voltou ao canal da Nasa — mas apenas na transmissão no próprio site da agência, e não em seus feeds no YouTube.

No trabalho científico do sobrevoo, claro, tudo normal: operações que não podem parar, como o gerenciamento da Estação Espacial Internacional, seguem adiante mesmo durante a paralisação, e o mesmo se pode dizer da recepção dos dados da New Horizons. Afinal de contas, o Sistema Solar não espera ninguém.

MISTÉRIOS DE ULTIMA
Descoberto em 2014 com a ajuda do Telescópio Espacial Hubble, ele é definido mais propriamente como um KBO, sigla inglesa para Objeto do Cinturão de Kuiper. Acredita-se que esse agregado de astros compostos majoritariamente de gelo, localizados além da órbita de Netuno, sejam parte do que sobrou do processo de formação planetária (assim como o cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter).

Como todos os seus colegas da região (salvo Plutão), o MU69 até hoje não passou de um ponto de luz indistinto ao telescópio (por sinal, até mesmo a quatro dias do encontro o objeto continuava sendo um único pixel na câmera telescópica da New Horizons, a Lorri).

Observações em solo ajudaram a determinar sua órbita aproximada (ele completa uma volta ao redor do Sol a cada 296 anos) e campanhas de monitoramento de ocultações estelares (quando o MU69 passava à frente de uma estrela distante) permitiram ter-se uma vaga ideia de seu formato irregular.

Cronometrando a duração da ocultação em diversos pontos da Terra, foi possível revelar que o objeto é provavelmente bem alongado — talvez até um binário de contato, ou seja, um objeto que é resultado da união de dois precursores, como é o caso do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, explorado pela sonda Rosetta.

Estranhamente, durante sua aproximação, a New Horizons não viu oscilações significativas no brilho do astro, que seriam esperadas no caso de uma forma irregular como essa (e ajudariam a determinar sua taxa de rotação). É possível que a sonda esteja se aproximando de MU69 na direção de seu eixo de rotação, mas isso não será sabido até o sobrevoo.

O mesmo se pode dizer da composição do objeto. Sabe-se que é avermelhado (a exemplo de Plutão), mas não muito mais que isso. Só observações detalhadas, que farão o pedregulho passar de 1 pixel a cerca de 1.000 pixels (nas melhores imagens da Lorri) ajudarão a revelar de que é feito.

Os resultados permitirão entender melhor a formação desses objetos primordiais e a relação entre os planetas anões da região, como Plutão, e os objetos menores, como o MU69.

E DEPOIS?
A transmissão de dados dos cafundós do Sistema Solar não é exatamente banda larga. Para enviar tudo que colheu do encontro com o MU69, a New Horizons precisará de 20 meses. Mas mesmo o último bit transmitido pode não significar o fim da missão. Talvez haja ainda outro sobrevoo a ser feito.

“A espaçonave está muito saudável, todos os sistemas vão estar funcionando, e seus reservas estão disponíveis”, diz Alan Stern, cientista-chefe da missão. “Nós estaremos no cinturão de Kuiper até o final da década de 2020 e podemos, se a Nasa aprovar, tentar fazer mais um sobrevoo.”

Este objeto precisa estar mais ou menos no caminho já traçado pela New Horizons em sua saída do Sistema Solar, e a busca por ele deve começar em 2021, segundo Stern, com todos os recursos possíveis.

“Vamos usar os equipamentos maiores e mais capazes disponíveis. Podemos usar o Hubble, podemos usar o Telescópio Espacial James Webb, se ele estiver disponível, e podemos usar a nossa própria câmera, a Lorri. Talvez a espaçonave encontre seu próprio alvo. Ninguém fez isso antes. É quase uma coisa de ficção científica.”

Quem sabe ainda há mais um recorde a ser batido pela New Horizons?

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InSight pousa com sucesso em Marte! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/11/26/insight-pousa-com-sucesso-em-marte/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/11/26/insight-pousa-com-sucesso-em-marte/#respond Mon, 26 Nov 2018 19:56:51 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/insight-primeira-imagem-320x213.png https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8343 A sonda InSight, da Nasa, realizou seu pouso em Marte de forma bem-sucedida nesta segunda-feira (26). A espaçonave fez a entrada pela atmosfera e desceu na região planejada, em Elysium Planitia, próximo ao equador do planeta vermelho. O sinal que confirmou o pouso bem-sucedido chegou ao controle da missão, em Pasadena, na Califórnia, às 17h52min59s (de Brasília).

Poucos minutos depois, surgiu a primeira foto, feita ainda com a tampa protetora da lente da câmera, bastante suja pela poeira levantada durante o pouso. Ela já revela as nuances do local de pouso e, como planejado, o módulo desceu numa região bastante plana, ideal para os experimentos (e mais segura para a descida).

Daí se seguiu, automaticamente, o início das operações em solo, que envolve em primeiro lugar a abertura dos painéis solares, sem os quais se torna impossível recarregar a bateria da sonda. Uma vez isso feito, ao longo de algumas horas, a InSight iniciará um registro fotográfico detalhado de seus arredores e aí cientistas e engenheiros trabalharão juntos para decidir onde, no solo, instalar o sismômetro e a perfuratriz embarcados na sonda — um processo que levará seis meses ao todo.

O custo total do projeto é de US$ 829 milhões e, se tudo correr bem, a InSight deve operar por pelo menos dois anos na superfície de Marte.

Este é o quinto pouso seguido bem-sucedido da Nasa no planeta vermelho. A última falha foi em 1999, com a Mars Polar Lander. Desde então, desceram à superfície os jipes Spirit e Opportunity (2004), a sonda Phoenix (2008) e o jipe Curiosity (2012). A agência espacial americana segue sendo a única organização até hoje a promover missões de solo bem-sucedidas por lá. E, com o sucesso, agora finalmente temos um empate entre missões de pouso marcianas bem-sucedidas e fracassadas (promovidas por todos os países): de 16 tentativas, 8 deram certo.

O gerente de projeto da InSight, Tom Hoffman, aponta para rocha visível na primeira imagem produzida pela sonda no solo de Marte. (Crédito: AP/Al Seib/Los Angeles Times)

“Hoje, pousamos com sucesso em Marte pela oitava vez na história humana”, declarou Jim Bridenstine, administrador da Nasa. “A InSight estudará o interior de Marte e irá nos trazer ciência valiosa conforme nos preparamos para mandar astronautas para a Lua e depois para Marte. Esta realização representa a engenhosidade dos EUA e de nossos parceiros internacionais, e serve como um testamento da dedicação e perseverança de nossa equipe. O melhor para a Nasa ainda está por vir, e virá em breve.”

Também viajaram com a InSight duas miniespaçonaves, chamadas de MarCO-A e B. Eles são o que os engenheiros chamam de cubesats, satélites do tamanho de caixas de sapato desenvolvidos a um baixo custo, mas com ambições cada vez maiores. A função dos dois MarCOs foi acompanhar o pouso da InSight e eles conseguiram, retransmitindo os dados colhidos para a Terra. Eles agora seguirão em órbita ao redor do Sol, se afastando de Marte, tendo cumprido a importante tarefa de validar o uso dessas tecnologias miniaturizadas em missões interplanetárias. (A missão privada brasileira Garatéa-L, que voará para a Lua em 2022, também será um cubesat, do mesmo tamanho das MarCOs.)

O pouso da InSight também foi acompanhado diretamente pelas antenas da Deep Space Network, da Nasa, além das orbitadoras Mars Odyssey e Mars Reconnaissance Orbiter, nos arredores de Marte. O MRO, por sinal, clicou uma foto durante a descida. Se o apontamento foi preciso, ele deve ter registrado a cápsula da InSight com o paraquedas aberto, a caminho do chão.

A missão consiste em um módulo de pouso estacionário que colocará diversos instrumentos na superfície de Marte. Um sismômetro medirá “martemotos” — terremotos marcianos — e com isso será capaz de investigar a estrutura interna do planeta vermelho.

Uma perfuratriz fará uma penetração a até 5 metros de profundidade para medir quanto calor ainda flui do interior de Marte para a superfície. Câmeras ajudarão a medir oscilações no eixo de rotação marciano ao longo de sua órbita em torno do Sol.

Por fim, uma estação meteorológica medirá ventos e temperatura na atmosfera marciana no local de pouso.

O objetivo é usar os terremotos como sinais para a realização de uma “radiografia” do planeta, o que permitirá descobrir o que há em seu interior. São dados fundamentais para entender porque o planeta vermelho teve um destino bem diferente da Terra, embora tenha começado muito parecido, e também a estimar a quantidade de calor ainda existente em seu interior, que pode ou não ser capaz de manter ambientes habitáveis para microrganismos no subsolo.

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Pousar em Marte nunca é fácil; hoje tem mais uma tentativa, com a InSight https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/11/26/pousar-em-marte-nunca-e-facil-hoje-tem-mais-uma-tentativa-com-a-insight/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/11/26/pousar-em-marte-nunca-e-facil-hoje-tem-mais-uma-tentativa-com-a-insight/#respond Mon, 26 Nov 2018 04:00:18 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/05/insight-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8332 Teremos o privilégio nesta segunda-feira (26) de testemunhar mais um pouso em Marte. É quando chegará à superfície a sonda InSight, destinada a investigar a estrutura interna do planeta vermelho. Este é um fato tão certo quanto o nascer do Sol, pois é ditado pelas mesmas leis da física. Incerto é se a sonda chegará sã e salva ou se irá se espatifar contra a superfície. Como em todos os pousos marcianos, não há garantia de sucesso — mesmo quando se trata de tecnologia já testada.

A missão (sobre a qual você pode ler mais aqui) usará o mesmo método de descida adotado pela Phoenix, sonda da Nasa que pousou próximo ao polo Norte marciano em 2008. Primeiro abrem-se os paraquedas, depois ejeta-se o escudo térmico e o toque suave na superfície se dá controlado por propulsores. Naquela ocasião, funcionou.

Porém, não custa lembrar também que uma tentativa anterior de usar a mesmíssima técnica fracassou uma década antes, em 1999, com a Mars Polar Lander, sonda destinada às proximidades do polo Sul. Uma investigação sugeriu que os propulsores se desligaram cedo demais, e a nave despencou violentamente no chão.

Esse, por sinal, foi o mesmo destino da última tentativa por qualquer país de pouso em Marte, ocorrida em 2016, com o módulo russo-europeu Schiaparelli. Ele estava destinado a descer em Meridiani Planum, 2 graus ao sul do equador, mas uma falha de software o impediu de executar com sucesso todas as etapas do pouso.

Se você é supersticioso, folgue em saber que a InSight está a caminho do hemisfério Norte, como a imensa maioria das sondas bem-sucedidas a visitar a superfície marciana. Se você não é, saiba que há um bom motivo para privilegiar as regiões boreais; é lá que residem os terrenos mais baixos e menos acidentados do planeta. Tendo mais distância até a descida, há mais atmosfera para que os paraquedas façam seu serviço a contento. O que ajuda, mas também não garante nada. Das 15 tentativas já empreendidas desde 1971 de pousar em Marte, 7 deram certo.

Não estou querendo secar a missão, óbvio. É apenas para ressaltar que pousar em outro planeta, não importa quantas vezes tenha sido feito antes, segue sendo difícil e sempre exige alguma dose de sorte. (Se a sonda calhar de descer sobre um rochedo pontiagudo, mesmo que tudo funcione, pode fracassar.)

Portanto, considere-se um privilegiado por acompanhar mais este emocionante lance da exploração espacial. E torçamos por uma descida bem-sucedida para a InSight. Acompanhe ao vivo neste espaço, a partir das 17h30!

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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