Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Júpiter tem raios iguais aos da Terra https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/06/11/jupiter-tem-relampagos-iguais-aos-da-terra/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/06/11/jupiter-tem-relampagos-iguais-aos-da-terra/#respond Mon, 11 Jun 2018 05:00:53 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/jupiter-lightning-320x213.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7820 Novos dados colhidos pela sonda Juno mostram que os relâmpagos na atmosfera de Júpiter são surpreendentemente parecidos com os da Terra.

A primeira vez que raios foram vistos no maior planeta do Sistema Solar foi por ocasião da visita da espaçonave Voyager 1, em 1979, quase 40 anos atrás. Ela encontrou duas evidências fortes dos relâmpagos.

A mais óbvia foram fotografias do lado escuro do planeta. Com uma exposição de mais de 3 minutos, elas registraram vários clarões na atmosfera que eram consistentes com raios.

Já a mais interessante foi a detecção de rápidos pulsos de rádio, na frequência dos quilohertz, emitidos quando a brutal corrente elétrica de um relâmpago flui pela atmosfera. Acontece cá, acontece lá. Mas esperava-se detectar esses pulsos também em frequências mais altas (megahertz ou gigahertz), o que não aconteceu. Ficou a impressão de que talvez os raios de Júpiter fossem diferentes dos nossos.

Agora, a Juno coloca tudo em seu devido lugar. Com equipamentos mais sensíveis, e voando mais perto do gigante gasoso que qualquer outra sonda já voou, ele detectou um número dez vezes maior de eventos, e nas frequências esperadas. Ou seja, os relâmpagos jovianos são bem parecidos com os terrestres, no fim das contas.

Os dados da Juno sugerem que Júpiter apresenta cerca de quatro raios por segundo, em média. Na Terra, o número é cinco.

O que varia entre os dois planetas é a localização desses raios. Enquanto na Terra os relâmpagos são bem mais comuns na faixa tropical, em Júpiter eles se concentram todos nas latitudes mais altas, próximas aos polos.

De acordo com os modelos, isso acontece porque Júpiter tem mais convecção — processo de circulação de massas de ar por conta de diferenças de temperatura — nos polos do que no equador.

Os resultados foram publicados em dois artigos correlatos nas revistas Nature e Nature Astronomy, que vieram acompanhados de uma boa notícia para a equipe a sonda: a Nasa estendeu sua missão inicial até julho de 2021.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Dia terrestre só tinha 18 horas há 1,4 bilhão de anos https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/06/05/um-dia-na-vida-da-terra-ha-14-bilhao-de-anos-so-tinha-18-horas-e-40-minutos/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/06/05/um-dia-na-vida-da-terra-ha-14-bilhao-de-anos-so-tinha-18-horas-e-40-minutos/#respond Tue, 05 Jun 2018 09:00:56 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/61_earth_moon_galileo-320x213.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7773 Se você hoje em dia não tem tempo para nada, saiba que a sua sorte é não ter nascido 1,4 bilhão de anos atrás. Naquela época, o dia na Terra durava apenas pouco mais de 18 horas.

Este é um dos resultados obtidos por um novo estudo que faz uma impressionante combinação de geologia com astronomia para desvendar os segredos do passado remoto do Sistema Solar. Stephen Meyers, da Universidade de Wisconsin-Madison, e Alberto Malinverno, da Universidade Columbia, ambas nos EUA, publicaram seus resultados na PNAS, a revista da Academia Nacional de Ciências americana.

Sabe-se há bastante tempo que a Lua está gradualmente se afastando da Terra e que, ao mesmo tempo, a gravidade exercida por nosso satélite natural vem freando gradualmente a velocidade de rotação do planeta — os dias vêm ficando um tantico de nada mais longos com o passar dos tempos, e por isso de vez em quando o pessoal adiciona um segundo a mais no último dia do ano, para reajustar tudo.

Também sabemos que certos padrões orbitais repetitivos envolvendo os mundos mais internos do Sistema Solar influenciam a órbita e o eixo de rotação terrestres, com isso alterando o clima — são os chamados ciclos de Milankovitch, que podem explicar mudanças ambientais ocorridas em escalas que vão de milhares e centenas de milhares de anos.

(Para mudanças climáticas como as que estão acontecendo agora, medida em décadas ou menos, só mesmo uma grande catástrofe ambiental, como a alteração radical do nível de radiação solar, o impacto de um asteroide, supervulcanismo ou a ação de uma espécie inteligente viciada em petróleo.)

É possível explicar por modelos astronômicos a periodicidade do ciclos de Milankovitch, assim como encontrar evidências geológicas deles ao estudar amostras de formações rochosas cuja idade se conhece. Contudo, existe um limite para o quanto essas duas estratégias podem mergulhar nas brumas do passado. Mesmo um sistema planetário “ordeiro” como o nosso deve sofrer variações que vão além do previsível em escalas de tempo que ultrapassam os 50 milhões de anos. E nem sempre se pode datar com precisão amostras de rocha ou encontrar parâmetros seguros ligados às condições ambientais do nosso planeta na época em que elas foram formadas.

O segredo do sucesso no trabalho de Meyers e Malinverno foi combinar as duas estratégias num único modelo integrado de análise estatística, com isso reduzindo significativamente as incertezas.

Para o estudo, os pesquisadores se concentraram em amostras da Formação Xiamaling, na China, que sabidamente têm 1,4 bilhão de anos, e da Cadeia Walvis, no Atlântico Sul, com idade de 55 milhões de anos — esta última só um cadinho fora do que modelos puramente astronômicos podem prever com segurança.

Jogando os dados todos em seu modelo estatístico, eles obtiveram, como seria de se esperar, parâmetros muito próximos dos atuais para a mais recente das medidas. Um dia há 55 milhões de anos durava aproximadamente 23 horas e 48 minutos. Hoje, uma rotação completa da Terra dura 23 horas e 56 minutos (o chamado dia sideral, medido com relação às estrelas distantes; se medirmos com relação ao Sol, levando em conta a translação do planeta, chegamos às familiares 24 horas). De forma correspondente, a Lua estava mais perto, a uma distância média de 383,1 mil km. Hoje, a distância média é de 384,4 mil km.

Quando o assunto é a Formação Xiamaling, de 1,4 bilhão de anos, a mudança é bem mais radical. De acordo com os pesquisadores, a Lua estava a 340,8 mil km nessa época, e o dia terrestre era de modestas 18 horas e 40 minutos.

Além de reduzir enormemente as incertezas (tanto na idade das amostras como de parâmetros astronômicos, como a posição da Lua), o modelo ajuda a desvendar o passado dinâmico do Sistema Solar. Afinal, os ciclos de Milankovitch, que podem ser determinados no passado geológico com mais precisão graças a essa redução das barras de erro das medidas, estão associados às interações gravitacionais dos cinco planetas mais internos (de Mercúrio a Júpiter).

O estudo também corrobora a noção de que a taxa de dissipação da velocidade da rotação terrestre vem crescendo com o passar do tempo. Modelos que usam a taxa atual para projetar épocas passadas indicam que a Lua estaria a meros 270 mil km da Terra há 1,4 bilhão de anos. A nova estimativa a coloca bem mais distante, a 340 mil km, o que está corrobora certos modelos dinâmicos da interação Terra-Lua.

E o mais legal disso tudo é que se trata apenas de um aperitivo, com duas únicas formações rochosas. “A aplicação dessa metodologia a registros sedimentares que se estendem por toda a história da Terra facilitarão a calibração da escala de tempo geológico, circunscreverão a história do sistema Terra-Lua no passado distante e são promissoras na reconstrução da evolução das frequências orbitais fundamentais do Sistema Solar ao longo de bilhões de anos”, escrevem os autores.

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Projeto sai em busca de 100 gêmeos da Terra https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/09/05/projeto-sai-em-busca-de-100-gemeos-da-terra/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/09/05/projeto-sai-em-busca-de-100-gemeos-da-terra/#comments Tue, 05 Sep 2017 12:10:50 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2015/12/p1535ay-crop-180x135.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6843 Um audacioso projeto de busca de exoplanetas prestes a ser iniciado nos Estados Unidos tem por meta a descoberta de nada menos que cem mundos gêmeos da Terra em nossa vizinhança galáctica. A iniciativa foi apresentada nesta terça-feira (5) por Debra Fischer, da Universidade Yale, em palestra realizada durante a 41a Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira, em São Paulo.

A essa altura, já conhecemos um punhado de planetas rochosos e de porte similar ao da Terra fora do Sistema Solar, mas praticamente todos eles giram ao redor de estrelas de menor porte, como as anãs vermelhas, ou estão a muitas centenas de anos-luz da Terra, como é o caso da maioria dos mundos descobertos pelo satélite Kepler, o grande caçador de planetas da Nasa. Foi o suficiente para provar que planetas similares em massa e diâmetro são abundantes no Universo, mas ainda não temos uma amostragem boa o suficiente de mundos desse tipo ao redor de estrelas próximas e que sejam mais parecidas com o Sol.

O Projeto das Cem Terras, como é chamado, pretende fechar essa lacuna. Para realizá-lo, Fischer e seu colega Colby Jurgenson estão desenvolvendo um novo instrumento, chamado Expres. Trata-se de um acrônimo simpático para Espectrógrafo de Precisão Extrema, um equipamento que já está sendo construído e deve ser instalado no Telescópio Discovery Channel do Observatório Lowell, no Arizona, com seus 4,3 metros de abertura. O início das operações está marcado para novembro deste ano.

O que o instrumento faz é medir com alta precisão a “assinatura de luz” das estrelas, o que os cientistas chamam de espectro. Sabe-se que o espectro sofre um deslocamento para trás ou para a frente, conforme a estrela está “indo” ou “vindo” com relação a nós — algo que ela faz ao ser induzida por planetas ao seu redor a realizar um bamboleio gravitacional, conforme eles giram ao redor dela. Medindo o tamanho e a frequência dos bamboleios da estrela, é possível descobrir a massa aproximada e o período orbital dos planetas que estão ao seu redor.

Foi por essa técnica, chamada pelos cientistas de medição de velocidade radial, que os primeiros exoplanetas foram descobertos, na década de 1990. Fischer, por sinal, foi codescobridora do primeiro sistema multiplanetário fora do Sistema Solar, ao redor da estrela Upsilon Andromedae A, em 1999.

Trata-se de uma metodologia consagrada, portanto. Mas o diabo mora nos detalhes. Como a velocidade radial medida é proporcional à atração gravitacional entre a estrela e seus planetas, a técnica é muito mais facilmente aplicada para descobrir planetas com mais massa e com órbitas mais curtas. Por isso os primeiros planetas descobertos com ela foram os chamados Hot Jupiters, mundos gigantes gasosos com períodos orbitais ultracurtos, de apenas um punhado de dias. Esses sistemas produziam velocidades radiais na escala de 70 m/s. (Foi assim com 51 Pegasi b, o primeiro exoplaneta descoberto ao redor de uma estrela similar ao Sol, em 1995.)

Já melhoramos um bocado nossa tecnologia de espectrógrafos desde então, e o estado da arte é o espectrógrafo HARPS, instalado no Observatório de La Silla, do ESO. Ele consegue medir variações de velocidade radial da ordem de 1 m/s. Mas ainda é insuficiente para o propósito de buscar virtuais gêmeos da Terra. O puxão gravitacional que nosso planeta exerce sobre o Sol, a 150 milhões de km de distância, é da ordem de 10 cm/s. Essa é a meta de precisão do Expres.

Para isso, contudo, os cientistas precisam não só do equipamento, mas de um método batuta de processamento de dados, pois a velocidade radial induzida pela presença de planetas pequenos como o nosso é tão discreta que se mistura aos efeitos da turbulenta superfície da estrela. Em suma, é superdifícil separar o sinal do planeta do ruído.

Fischer e seus colegas estão apostando que, com a super-resolução do espectrógrafo, combinada a modelagens cada vez mais precisas do comportamento das estrelas, será possível fazer essa separação e cumprir a meta, ao longo dos próximos anos, de descobrir cem Terras — planetas como o nosso em órbitas similares à do nosso planeta ao redor de estrelas similares ao nosso Sol — em meio às milhares de estrelas mais próximas do Sistema Solar.

Esses serão, sem dúvida, os principais alvos para futuros projetos de busca de vida.

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Astronomia: Trump cancela missão de pouso em Europa, a lua-oceano de Júpiter https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/20/astronomia-trump-cancela-missao-de-pouso-em-europa-a-lua-oceano-de-jupiter/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/20/astronomia-trump-cancela-missao-de-pouso-em-europa-a-lua-oceano-de-jupiter/#comments Mon, 20 Mar 2017 05:00:22 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/europa-lander-180x158.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6122 Em proposta de orçamento da Nasa, Trump corta estudos da Terra e cancela pouso em Europa.

TRUMPSPACE
A Casa Branca divulgou no fim da semana passada sua proposta de orçamento para a Nasa em 2018. E, diante das promessas de cortes violentos de gastos feitas por Donald Trump, até que foi suave: uma redução de apenas 0,8% com relação ao nível de 2017. No total, o topetudo quer dar à Nasa US$ 19,1 bilhões.

DE OUTRO PLANETA
Aí tem aquele pessoal que diz (em voz de mimimi): nossa, para que gastar tanto dinheiro no espaço com tantos problemas aqui na Terra? Então, breaking news! A Terra também é um planeta, e seus problemas podem ser estudados do espaço. Ou melhor, poderiam. Trump acha má ideia gastar dinheiro em nosso próprio planeta.

TERRA O ESCAMBAU
O presidente americano passou a faca no setor de geociências, com um corte de US$ 102 milhões. Três satélites de observação da Terra que estavam sendo planejados foram cancelados, assim como a despesa com instrumentos que já estão no espaço, a bordo do satélite DSCOVR, focado em estudos da mudança climática (aquela conspiração chinesa, manja?).

LUA, MARTE E ISS
Nos planos de exploração espacial, tudo nos eixos. A Nasa seguirá desenvolvendo seu foguetão SLS e a cápsula Orion, para viagens tripuladas à Lua e, futuramente, a Marte. Trump também pretende seguir financiando o plano de transporte comercial à Estação Espacial Internacional. O único corte foi aquela ideia meio maluca de capturar um asteroide e colocá-lo em órbita lunar para ser visitado.

EUROPA SIM, MAS SEM POUSO
O setor de missões interplanetárias se saiu bem, e o orçamento prevê recursos para o desenvolvimento de uma missão orbitadora destinada a Europa, a lua-oceano de Júpiter, assim como o próximo jipe marciano, com lançamento marcado para 2020. Trump só não designou grana para o desenvolvimento de um módulo de pouso europano, algo que só estava andando até agora por pressões do Congresso — que, aliás, ainda terá o poder de restituir esse e outros projetos, conforme discutir e emendar a proposta orçamentária do presidente.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Terra já teve atmosfera como a de Titã, diz estudo https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/14/terra-ja-teve-atmosfera-como-a-de-tita-diz-estudo/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/14/terra-ja-teve-atmosfera-como-a-de-tita-diz-estudo/#comments Tue, 14 Mar 2017 04:00:34 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/titan-1-180x180.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6099 Antes do oxigênio, havia o metano. Essa é, em essência, a mensagem de um novo trabalho realizado por cientistas americanos e britânicos, publicado online nesta segunda-feira (13) no periódico da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

O estudo, que envolveu análises de amostras de rocha da bacia da Gricualândia Ocidental, na África do Sul, e modelos teóricos da atmosfera terrestre antiga, sugere que a Terra já teve, há bilhões de anos e ao menos por curtos períodos de tempo, uma atmosfera similar à de Titã, a maior das luas de Saturno, com uma densa névoa de hidrocarbonetos.

A hipótese, se confirmada, ajudará a explicar de que maneira a atmosfera terrestre deu um salto expressivo e rápido na quantidade de oxigênio há 2,4 bilhões de anos, no chamado Grande Evento de Oxigenação.

O trabalho, que tem como primeiro autor Gareth Izon, da Universidade de St. Andrews, na Escócia, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, se concentrou em investigar o padrão de distribuição de átomos de enxofre e de carbono orgânico ao longo de camadas sucessivas de rocha que remontam a até cerca de 2,8 bilhões de anos atrás.

Com base nessa análise, combinada a modelos atmosféricos, ficou claro que pelo menos um evento em que a atmosfera foi tomada por névoa de hidrocarbonetos aconteceu antes que o ar ganhasse quantidades apreciáveis de oxigênio.

A exemplo do que acontece em Titã, a névoa surge pela separação dos átomos nas moléculas de metano — o mais simples dos hidrocarbonetos — quando expostas à radiação ultravioleta solar. Experimentos em laboratório mostram como esse processo se dá. Mas existe uma diferença entre isso acontecer num recipiente fechado e na atmosfera.

No ar, sobretudo nas camadas mais altas, a destruição das moléculas também leva a grandes fugas de hidrogênio, o átomo mais leve que existe, para o espaço. O metano, CH4, é quebrado e o H escapa facilmente da gravidade do planeta, deixando apenas o carbono para trás.

Em Titã, esse processo é muito mais suave por conta da distância ao Sol, que resulta em nível de radiação menor e em energia contida nas moléculas e nos átomos, idem. Mas na Terra, sugerem os cientistas, essa perda de hidrogênio seria bastante relevante — e serviria como gatilho para o aumento posterior de oxigênio na atmosfera.

“Altos níveis de metano significavam que mais hidrogênio, o principal gás impedindo o aumento do oxigênio, podia escapar para o espaço, abrindo caminho para a oxigenação global”, disse Aubrey Zerkle, pesquisador da Universidade de St. Andrews e co-autor do estudo.

BIOLOGIA MOLDA O PLANETA
O curioso é que tanto o metano atmosférico quanto o posterior oxigênio atmosférico são produtos da vida na Terra. O primeiro é produzido pelos metanógenos — vida microbiana capaz de gerar o gás como subproduto de seu metabolismo — e o segundo pelas cianobactérias — vida microbiana capaz de fazer fotossíntese e converter CO2 em O2. (Em Titã, é importante ressaltar, o metano é muito provavelmente produto de reações não biológicas.)

A dinâmica entre esses dois tipos de criaturas, em conjunto com o ambiente na Terra, acabou determinando a composição da atmosfera — antes e depois do Grande Evento de Oxigenação. E a composição da atmosfera, por sua vez, tem grande papel em influenciar que tipos de formas de vida terão mais chance de proliferar. Basta dizer que os organismos multicelulares todos não estariam aqui não tivesse ocorrido esse processo de oxigenação da atmosfera.

Quanto à duração da fase enevoada da Terra, o atual trabalho é o primeiro a calcular quanto tempo um episódio desses pode ter durado — e é um tempo surpreendentemente rápido (pela escala geológica, claro). De acordo com os pesquisadores, a formação da névoa aconteceu num período de cerca de 300 mil anos e durou por pelo menos 1 milhão de anos, até se dissipar pela destruição do excesso de metano atmosférico.

Os pesquisadores não descartam a ocorrência de mais de um evento como esse ao longo do Arqueano — a segunda grande era da Terra, que ocorreu entre 3,8 bilhões de anos e 2,5 bilhões de anos. Com efeito, há evidências de trabalhos anteriores que indicam uma importante presença de metano na atmosfera durante o período, e os cientistas acreditam que alguns momentos de pico — levando à produção de névoas de hidrocarbonetos — estariam associados a episódios de maior disponibilidade de nutrientes — carbono orgânico e sulfatos — na antiga biosfera terrestre.

OLHO NOS EXOPLANETAS
A importância de compreender a atmosfera da Terra no passado torna-se maior conforme passamos a investigar a composição do ar de exoplanetas lá fora, como os do recém-anunciado sistema Trappist-1. É comum mencionarmos a ambição de detectar uma atmosfera rica em oxigênio, como a nossa atual, indicativa da presença de vida.

Contudo, é igualmente possível que encontremos atmosferas em outras circunstâncias, e não necessariamente indicativas de um planeta morto. Pelo contrário, elas podem meramente representar etapas diferentes da vida, como as que o nosso próprio planeta já vivenciou. Saber como as coisas aconteceram por aqui é fundamental se quisermos interpretar corretamente as histórias que as atmosferas exoplanetárias tentarão nos contar nos próximos anos.

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Mundo não acaba amanhã, informam astrônomos https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/02/15/mundo-nao-acaba-amanha-informam-astronomos/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/02/15/mundo-nao-acaba-amanha-informam-astronomos/#comments Wed, 15 Feb 2017 05:13:49 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2014/09/asteroid-earth-150x150.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5960 O Mensageiro Sideral acaba de receber um comunicado inusitado da Sociedade Astronômica Brasileira.

A SAB — por meio da Comissão de Ensino e Divulgação (COMED) — informa que não há fundamento científico para a notícia sobre o fim do mundo em 16 de fevereiro devido à colisão do asteroide 2016 WF9 com a Terra.

O asteroide, ou talvez um cometa escuro e sem cauda, que foi descoberto em 27 de novembro de 2016, com diâmetro estimado entre 0,5 e 1,0 km, completa uma volta em torno do Sol a cada 1.780 dias ou 4,8 anos e passará em seu ponto mais próximos à Terra no dia 25 de fevereiro, a cerca de 51 milhões de km, o que equivale a um terço da distância entre a Terra e o Sol.

Para informações atualizadas a cada segundo e a imagem interativa da projeção da órbita do asteroide em 3D:

https://theskylive.com/2016wf9-tracker

A notícia aí não é, claro, que o asteroide não vai bater. Isso todo mundo que não curte sites de notícias falsas já sabia. A surpresa é ver uma sociedade científica, numa nota assinada pelos astrônomos Paulo Henrique Azevedo Sobreira, da UFG, e Thiago Signorini Gonçalves, da UFRJ, se sentindo na obrigação de rebater um boato grosseiro — um sintoma terrível do momento que vivemos. O tal do mundo “pós-verdade”, nu e cru.

Você já há de ter reparado que boatos hoje em dia são uma ferramenta poderosíssima. Não que não o fossem no passado, mas seu alcance então era bastante limitado. Quando uma bobagem dessas chegava à redação de um jornal sério como a Folha, a atitude era: “é bobagem, não publicamos nada e o assunto está encerrado”. Acaba ali o ciclo de propagação. Da mesma maneira, acadêmicos até recentemente não sentiam a menor necessidade de derrubar boatos grosseiros. O que eles tinham a ganhar discutindo com malucos que acham que o homem nunca foi à Lua, que a Terra é plana, que a evolução “é só uma teoria”? Debater essas coisas só trazia mais atenção para os conspiraciotários.

O cenário está mudando, contudo. A internet criou uma combinação explosiva: a batalha cada vez mais ferrenha por cliques e a democratização da comunicação andam agora de mãos dadas para criar o paraíso da boataria e das teorias da conspiração. Não por acaso, agora, vira e mexe surge um anúncio profético (e tão falso quanto uma nota de três reais com a imagem do Eduardo Cunha representando uma espécie nativa brasileira ameaçada de extinção) do fim do mundo.

Ia ser em 1999, depois em 2000, depois em 2012, e agora praticamente todo ano alguém diz que o mundo está prestes a acabar. Invariavelmente a culpa recai sobre os asteroides e uma terrível conspiração (sempre com a Nasa no meio, coitada) para esconder que um ou outro bólido espacial está a caminho da Terra. Depois que passa a data, todo mundo esquece, e pronto. O conto do vigário recomeça do zero no próximo boato.

Essas lorotas só podem prosperar de forma tão intensa no estranho ambiente social-digital que temos hoje: um mundo em que praticamente todos têm a tecnologia necessária para disseminar informação de forma massificada e praticamente ninguém tem a mais vaga compreensão do que a ciência nos diz sobre as circunstâncias da nossa existência, para não dizer nada de uma dose modesta de ceticismo saudável.

É dose ver um vídeo do pastor (e, lamento dizer, deputado) Marco Feliciano dizendo a seus fieis que não foi um asteroide que matou os dinossauros, mas uma estrela que caiu na Terra.

Uma estrela caiu na Terra?! Cuma?!

(Isso, ao fim de uma série de bobagens inacreditáveis disparadas em rápida sucessão em apenas 40 segundos, com o objetivo de desacreditar a educação científica escolar, o que torna tudo ainda mais vergonhoso.)

O escândalo aí não é nem ter paspalhos capazes de falar essas coisas. Normal essa parte. Sempre teve. O real escândalo é ver a quantidade de gente que ouve, lê, replica e dá credibilidade a essas lorotas, como se fossem minimamente sensatas. E nem é por zoeira. Elas acreditam mesmo. Por falta de conhecimento científico básico. Bases alienígenas na Lua, Nibiru, pirâmides marcianas, abduções, desenhos em plantações, deuses astronautas… a lista é infinita.

E a dupla sertaneja Asteroide e Fim de Mundo é sempre um hit. Não sei que fixação é essa que as pessoas parecem ter com o fim do mundo. Desde que ele começou elas estão esperando acabar. Já acabou, Jéssica?

A pergunta legítima nisso tudo é: pode um asteroide um dia levar à extinção de boa parte da vida na Terra, nós inclusos?

Pode. Aconteceu antes, com os dinossauros. (Não, não foi uma estrela, pastor. Sorry.) Pode acontecer de novo. Na verdade, quase certamente vai acontecer de novo. É esse fato, entendido de forma desqualificada, que torna as pessoas suscetíveis a cair em todos os boatos de queda de asteroide iminente — não importando quantas vezes os “profetas” já tenham gritado “Lobo!” antes.

Agora, vamos tentar qualificar isso melhor. Pode acontecer de novo amanhã? Neste ano? Em dez anos? A chance não é zero, mas é extremamente baixa. Um evento do tipo “mata-dinossauro” acontece uma vez a cada 100 milhões de anos em média, então, mesmo sem sequer olhar para o céu (ou para as redes insociáveis), é uma aposta bem segura que não será amanhã, nem em um ano ou em dez.

Indo um cadinho mais adiante com nossas perguntas, chegamos ao cúmulo do absurdo: pode acontecer com um objeto já catalogado e com órbita bem definida, monitorado por astrônomos do mundo todo, como é o caso do 2016 WF9? A resposta é um categórico “não”.

E nem comece com esses papinhos de “Nasa esconde, Nasa mente”. O céu está aí para todo mundo ver. Gente no mundo inteiro faz acompanhamento e descoberta de asteroides. Suas trajetórias são determinadas por observações coletivas reunidas pela União Astronômica Internacional. Qualquer um pode checar a órbita do asteroide 2016 WF9 e saber que ele não vai passar nem perto. Vai passar mais longe que Vênus da Terra! E eu nunca vi nenhum suposto-cientista-russo-inventado-com-nome-gozado dizendo que Vênus ia bater. (Mas fica a ideia para os malucos boateiros de plantão.)

Se por acaso algum dia encontrarmos algum pedregulho gigante lá fora que realmente tenha nosso nome marcado nele, ninguém será capaz de esconder. Porque o meu amigo Cristovão Jacques, do Observatório Sonear, lá no interior de Minas Gerais, vai monitorar o asteroide e vai saber que ele está vindo para cá, doa a quem doer. E muitos como ele também vão saber.

Por isso, se um dia for para valer, ninguém nem vai tentar esconder — seria perda de tempo. A própria Nasa já tem um protocolo de comunicação definido para lidar com um caso assim: se uma pedra de 50 metros ou mais for detectada e tiver uma chance real de colidir com a Terra, a agência espacial americana se compromete a informar imediatamente a ONU. Sem chorumelas, sem segredo. É para isso, aliás, que a Nasa investe em detecção de asteroides — para saber e para comunicar, na esperança de se defender ou mitigar potenciais danos. Qual seria o sentido de esconder? É como achar que alguém vai criar um sistema de alerta de tsunamis e aí esconder da população que uma onda gigante está a caminho.

Um dia, claro, não vai ser boato. Um dia vamos achar um asteroide que vai mesmo colidir com a gente (o que é bem comum) e tem potencial para causar estragos (o que é menos comum), ainda que não tenha muque suficiente para causar a extinção da humanidade (um evento que seria altamente improvável). Mas, quando isso acontecer, você não vai ficar sabendo por sites “alternativos” de notícias que citam fontes fictícias. Se só eles estão dando uma notícia — qualquer notícia –, isso já é razão suficiente para não acreditar nela. E não passar adiante. Tire o dedinho nervoso do botão “Compartilhar”, faixfavoire.

Enquanto isso, a pesquisa espacial com asteroides avança a olhos vistos. Com toda probabilidade, quando o nossa hora da verdade com um bólido espacial perigoso chegar, teremos um bom plano para lidar com a ameaça. Gostem ou não os alimentadores da boataria, do obscurantismo, da ignorância e da cultura anti-científica, a ciência e a cultura científica são a única aposta possível para garantir a sobrevivência da civilização a longo prazo. E nós vamos triunfar.

Até amanhã!

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Astronomia: ‘Ensaio geral’ da vida complexa na Terra https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/01/23/astronomia-ensaio-geral-da-vida-complexa-na-terra/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/01/23/astronomia-ensaio-geral-da-vida-complexa-na-terra/#comments Mon, 23 Jan 2017 04:00:00 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/100_0527-Schreiber-beach-Gunflint-basal-strom-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5889 Vida complexa na Terra teve ‘ensaio geral’ há mais de 2 bilhões de anos, sugere estudo.

VAI, NÃO VAI
A Terra parece ter passado por um “ensaio geral” para o surgimento de formas de vida complexas, mais de 1 bilhão de anos antes de seres multicelulares tomarem conta do planeta em definitivo. A revelação vem de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Washington, nos EUA.

A MAGIA ESTÁ NO AR
Os cientistas desconfiam que o gatilho para a evolução da complexidade nos organismos, primeiro ganhando núcleo celular e depois se tornando multicelular, é a presença de oxigênio. Ele é sabidamente o motor do metabolismo mais exigente dos seres complexos.

A HISTÓRIA ATÉ AQUI
Gerado pelas cianobactérias, ele deve ter aparecido pela primeira vez uns 3,5 bilhões de anos atrás, mas em quantidade baixa. Aumento para valer só veio há uns 2,3 bilhões de anos, no chamado Grande Evento de Oxigenação. Apesar do nome, essa ocorrência também era até agora vista como insuficiente para promover vida complexa.

OPA, PARECE QUE ROLOU
O novo estudo pinta um quadro diferente. Usando a presença de selênio em sedimentos como referência para estimar os níveis de oxigênio no passado, os pesquisadores indicam que houve uma época, entre 2,3 e 2,1 bilhões de anos atrás, em que as regiões mais rasas dos oceanos tinham oxigênio para alimentar pelo menos os primeiros passos da vida complexa. Depois, esse nível voltaria a cair.

EXPLOSÃO DE COMPLEXIDADE
Um novo aumento, gradual, só retornaria cerca de 1 bilhão de anos atrás, e dali em diante a gente conhece mais ou menos a história: há uns 800 milhões de anos surgem os primeiros animais no registro fóssil e há 540 milhões de anos ocorre uma incrível diversificação das formas de vida, a explosão do Cambriano.

ENSAIO COM CONSEQUÊNCIAS
Será que a vida complexa chegou a aparecer durante o ensaio geral? Não sabemos, mas há indícios — genéticos e fósseis — de que talvez sim. Embora a multicelularidade só tenha engrenado mesmo na Terra no último bilhão de anos, é possível que ela tenha dado seus primeiros e titubeantes passos antes disso.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Astronomia: Estudo da Nasa revela impactos de asteroide na Terra nas últimas três décadas https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/01/16/astronomia-estudo-da-nasa-revela-impactos-de-asteroide-na-terra-nas-ultimas-tres-decadas/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/01/16/astronomia-estudo-da-nasa-revela-impactos-de-asteroide-na-terra-nas-ultimas-tres-decadas/#comments Mon, 16 Jan 2017 04:00:09 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/impactos-1988-2016-180x83.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5850 De 1988 a 2016, 17 asteroides atingiram a Terra com energia comparável a bomba atômica.

SACO DE PANCADAS
Para quem se preocupa com a possibilidade de um asteroide se chocar com a Terra, um slide em particular da apresentação feita na semana passada por Lindley Johnson, oficial de defesa planetária da Nasa, chama a atenção. Ele indicava o número de asteroides detectados atravessando a atmosfera terrestre entre abril de 1988 e dezembro de 2016. Chuta quantos: 698.

NAIPE BOMBA ATÔMICA
São pequenos, mas não tão pequenos; 17 deles explodiram no ar com energia comparável à liberada pela bomba atômica usada sobre Hiroshima em 1945. E o mais perigoso chegou em 15 de fevereiro de 2013, sobre Chelyabinsk, na Rússia. O bólido celeste tinha uns 20 metros e explodiu com energia de 30 bombas de Hiroshima, ferindo 1.500 pessoas.

CATÁSTROFE NATURAL
Não é questão de “se”, portanto. Asteroides batem com a Terra o tempo todo, e alguns podem de fato causar danos. Eles merecem nossa atenção e têm de figurar na lista de catástrofes naturais, como terremotos, maremotos, erupções vulcânicas, furacões etc.

MEGA-SENA DO MAL
Agora, disso não decorre que devemos considerar a destruição da civilização um evento iminente. Os dinossauros deixaram os asteroides com a má fama, mas eventos como a extinção do fim do Cretáceo, há 65 milhões de anos, são extremamente raros.

PERIGO MAPEADO
Bólidos capazes de extinguir a humanidade precisam ter 1 km ou mais. A população estimada desses objetos é de cerca de mil, dos quais já descobrimos, até dezembro de 2016, 874. Entre os conhecidos, nenhum oferece ameaça de colisão nos próximos séculos. Ainda restam alguns a ser encontrados, mas tudo indica que nosso fim não está próximo.

A AMEAÇA DOS PEQUENOS
Por outro lado, asteroides menores, mais numerosos, não vão nos extinguir, mas podem causar danos expressivos. É com eles em mente que as agências espaciais têm desenvolvido planos de deflexão e protocolos de mitigação. Com uma pancada do naipe bomba atômica a cada dois anos, uma hora eles vão cair no lugar errado, se não fizermos algo para impedir.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Terráqueos, eis aí vosso planeta! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/01/06/terraqueos-eis-ai-o-teu-planeta/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/01/06/terraqueos-eis-ai-o-teu-planeta/#comments Fri, 06 Jan 2017 19:55:12 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/01/mro-earth-moon-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5819 Já estamos acostumados às incríveis imagens da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, com sua câmera de alta resolução, que revelam os mais incríveis detalhes da superfície marciana. Mas nada nos preparou para isto. Ela acaba de apontar sua poderosa lente para seu planeta natal. Eis aí a Terra e sua Lua.

A imagem acaba de ser divulgada pelo JPL da Nasa e exigiu uma pequena malandragem — combinar exposições diferentes para pegar detalhes tanto da Terra quanto da Lua, uma vez que nosso planeta, com suas nuvens brancas, é bem mais brilhante que nosso satélite natural. Fora isso, é como um astrônomo marciano poderia observar a nossa bela Terra, a mais de 200 milhões de km de distância. De lá, nosso planeta pode ser visto em fases!

E, se você prestar bastante atenção, pode notar os australianos dando tchauzinho para a câmera!

Aproveite a ocasião e a sexta-feira para fazer um tour guiado com o Mensageiro Sideral por eles, em 360 graus!

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Astronomia: O sombrio futuro do Sol https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/12/12/astronomia-o-sombrio-futuro-do-sol/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/12/12/astronomia-o-sombrio-futuro-do-sol/#comments Mon, 12 Dec 2016 04:00:42 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/12/morte-sol-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5703 Pode a Terra sobreviver ao Sol? Cientistas estudam estrela moribunda em busca de respostas.

DISTINTO SENHOR
Com 4,6 bilhões de anos, o Sol é hoje uma estrela de meia-idade, e sabemos que não deve durar para sempre. Um dia, em coisa de 5 bilhões de anos, ele esgotará o combustível nuclear que o mantém brilhando e inchará como uma gigante vermelha, mais de cem vezes maior do que é hoje.

MERGULHO FINAL
Esse será um dia ruim para os planetas mais internos do sistema. Mercúrio, Vênus e possivelmente a Terra serão engolfados pela tênue, mas fervente, atmosfera solar, que por sua vez será gradualmente soprada para longe por poderosos ventos gerados na sôfrega fase final de vida de nossa estrela-mãe.

O QUE RESTA
Ao final, uma bela nebulosa será formada, e no lugar do Sol restará um pequeno e comprimido caroço morto, a se esfriar pelos próximos bilhões de anos — uma anã branca. A pergunta que não quer calar: há algum lugar seguro no Sistema Solar? Algum dos nossos planetas sobreviverá?

NA POPA
Os modelos teóricos dão sua resposta, mas, como dizem os fãs de “Arquivo X”, a verdade está lá fora. O melhor jeito de saber como será o futuro do Sistema Solar é buscar outro sistema planetário que esteja passando por isso agora. Foi o que acabou de fazer um grupo de astrônomos europeus. Eles observaram uma estrela chamada L2 Puppis, uma gigante vermelha localizada a uns 200 anos-luz da Terra, nascida há uns 10 bilhões de anos. No passado, ela já foi uma gêmea do Sol.

Imagem combinada do Alma e do instrumento Sphere, do VLT, revela possível planeta em torno da gigante vermelha L2 Puppis (Crédito: CNRS/U. de Chile/Observatoire de Paris/LESIA/ESO/ALMA)
Imagem combinada do Alma e do instrumento Sphere, do VLT, revela possível planeta em torno da gigante vermelha L2 Puppis (Crédito: CNRS/U. de Chile/Observatoire de Paris/LESIA/ESO/ALMA)

O SOBREVIVENTE
Usando a rede de radiotelescópios Alma, os astrônomos conseguiram enxergar além da imensa nuvem de gás que a essa altura já foi expelida pela estrela. E encontraram um objeto menos brilhante — provavelmente um planeta, que dá uma volta em torno de sua estrela moribunda mais ou menos a cada cinco anos.

PRENÚNCIO DO FUTURO
L2 Puppis nos oferece um bom exemplo do que pode vir a acontecer no Sistema Solar no futuro longínquo. E mostra que planetas que não sejam engolidos pelo Sol em sua fase final de vida terão boa chance de subsistir à morte de sua própria estrela.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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