Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Voos rasantes revelam segredos de Ceres https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/08/06/voos-rasantes-revelam-segredos-de-ceres/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/08/06/voos-rasantes-revelam-segredos-de-ceres/#respond Mon, 06 Aug 2018 05:00:16 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/08/ceres-dawn-occator-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7972 A missão Dawn ao cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter está se aproximando de seu final. A intrépida espaçonave segue operando em órbita de Ceres, que você pode chamar tanto de o maior dos asteroides como de o menor dos planetas anões, e numa trajetória que a coloca periodicamente muito perto da superfície desse pequeno mundo. O combustível, no entanto, está se esgotando.

Lançada em 2007, ela é uma das missões que mais se aproximam do que imaginamos na ficção científica para uma nave espacial. Com um motor iônico capaz de dar a ela um impulso suave, mas constante e duradouro, a Dawn oferece manobrabilidade incomum. Tanto que ela foi até Vesta, o segundo maior asteroide do Sistema Solar, entrou em órbita dele, passou dois anos estudando-o, entre 2011 e 2012, saiu dessa órbita e pegou o caminho até Ceres, onde chegou em 2015 e então se colocou em órbita.

Com isso, a Dawn se tornou a primeira espaçonave a orbitar dois objetos celestes que não fossem a Terra. E poderiam até ter sido três. A Nasa chegou a estudar a possibilidade de levá-la ao asteroide Adeona, antes de decidir que o maior ganho científico seria permanecer em Ceres _onde muitas descobertas importantes foram feitas.

Ceres se revelou um mundo complexo e geologicamente ativo, em que ainda hoje ocorrem eventos de criovulcanismo — a água de seu manto é por vezes ejetada para a superfície, do mesmo jeito que acontece com o magma na Terra.

Uma das formações mais intrigantes do planeta anão parece ter muito a ver com isso. É a cratera Occator, no interior da qual a Dawn pôde ver, de início, um misterioso ponto brilhante que, conforme a sonda se aproximou, se revelou uma grande montanha de sais — provavelmente resultado da ejeção de água salgada para a superfície. A água sublimou, o sal ficou, do mesmo jeito que acontece quando saímos do mar e o corpo seca.

Essa sucessão de imagens ao longo de muitos meses permitiu desnudar a público toda a beleza da ciência — o caminho, passo a passo, que leva do desconhecido ao compreendido –, de um modo que normalmente não acontece. Cientistas não gostam de apresentar “rascunhos”. Mas, diante de uma missão de exploração, não há outro caminho possível.

Neste momento, a Dawn está numa órbita que a cada 27 horas faz com que ela passe a apenas 35 km da superfície do planeta anão — é só 3 vezes a altitude de um avião de passageiros na Terra. E assim ela deve permanecer, mesmo depois que o combustível se acabe, em dois ou três meses, tornando-se uma companheira inerte de Ceres na vastidão do espaço.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Ceres tem criovulcões de água ativos, sugere sonda https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/09/ceres-tem-criovulcoes-de-agua-ativos-sugere-sonda/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/03/09/ceres-tem-criovulcoes-de-agua-ativos-sugere-sonda/#comments Thu, 09 Mar 2017 03:59:26 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/03/occator-centro-180x92.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6082 Os famosos pontos brilhantes de Ceres são geologicamente jovens e, segundo um novo estudo, são evidência firme de que o planeta anão residente no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter até hoje é palco de episódios de criovulcanismo. Em resumo, ele tem vulcões de água.

Os resultados foram apresentados pela equipe do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar, na Alemanha. É lá que trabalham os responsáveis pelo projeto e pela fabricação das câmeras instaladas a bordo da sonda americana Dawn, da Nasa, que segue firme e forte na investigação de Ceres.

Os pontos brilhantes da cratera Occator — visíveis até mesmo em imagens do Telescópio Espacial Hubble, embora com resolução tão baixa que era difícil dizer qualquer coisa a respeito deles — foram o mais intrigante dos traços analisados pela Dawn. Primeiro descobriu-se que eles consistiam em sais depositados principalmente num monte na região central da cratera.

Desde esse ponto especulou-se que eles fossem o resultado da ejeção de água do manto de Ceres, com sua subsequente sublimação. Água salgada vira vapor — produzindo algumas observações intrigantes de vapor d’água feitas pelo satélite Herschel da ESA –, e o que resta são os sais (do mesmo jeito que quando saímos do mar e a água seca, deixando a gente como se fosse um espetinho que acabou de ser esfregado no prato de farofa).

Restava datar o processo. Foi o avanço de agora. Os cientistas têm um método razoavelmente seguro de datar terrenos de corpos sem atmosfera apreciável por imagens remotas, que se resume em basicamente contar crateras.

Faz sentido: supondo que o ritmo de pancadas é mais ou menos igual ao longo do tempo, terrenos com mais crateras são mais antigos, e terrenos com menos crateras são mais novos. Modelos de impactos e observações ajudam a fechar a conta, atribuindo a idades específicas a diferentes contagens de crateras.

Com base nisso, eles puderam estimar que a cratera Occator, um buraco de respeitáveis 92 km de diâmetro, tem cerca de 34 milhões de anos. Mas a região interna — o monte de sais no centro da cratera — é bem mais novo, cerca de 4 milhões de anos.

Em termos geológicos, 4 milhões de anos é o que os cientistas costumam chamar de “hoje”. Para eles, é evidência suficiente de que Ceres tem atividade criovulcânica atualmente. O quadro, a propósito, se encaixa perfeitamente com outros sinais, como a enorme montanha Ahuna Mons, que também parece ter origem criovulcânica.

“A idade e a aparência do material cercando o domo brilhante indicam que a Cerealia Facula [nome oficial dado para a região altamente reflexiva de Occator] foi formada por um processo eruptivo, recorrente, que também atirou material para regiões mais externas do buraco central”, diz em nota Andreas Nathues, líder da equipe da câmera.

Imagem em perspectiva feita pela sonda Dawn da cratera Occator, em Ceres (Crédito: Nasa)

PRECISAMOS FALAR SOBRE CRIOVULCANISMO
Como o nome sugere, é um processo de erupção, a exemplo dos vulcões que temos na Terra. Só que esse aí ocorre em corpos muito mais frios que nosso planeta, em que a água faz o papel que aqui é do magma — nome bonito para rocha derretida.

Nas regiões mais frias do Sistema Solar, água se comporta como rocha — dura feito pedra. Mas sabemos que há processos internos nos mundos gelados — seja por energia geotérmica, seja por força de maré — que permitem que as camadas internas de água se mantenham ao menos parcialmente em estado líquido — casos típicos são Europa e Ganimedes, em torno de Júpiter, e Encélado e Titã, em torno de Saturno.

A pressão lá dentro é enorme e, se fissuras surgirem ligando a superfície ao interior, a água vai explodir para fora, como uma erupção vulcânica. Criovulcânica.

Com a descoberta, Ceres tornou-se o corpo celeste mais próximo do Sol a exibir traços de criovulcanismo. E o fato de ser recente é uma ótima justificativa para a contínua exploração pela Dawn. Quem sabe não pegamos uma erupção ao vivo no futuro próximo?

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Crateras polares de Ceres estão cheias d’água https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/12/16/crateras-polares-de-ceres-estao-cheias-dagua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/12/16/crateras-polares-de-ceres-estao-cheias-dagua/#comments Fri, 16 Dec 2016 08:00:56 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/12/ceres-agua-180x114.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5724 Bem, não chegaria a ser chocante que um astro batizado em homenagem à deusa da agricultura e da fertilidade esteja cheio d’água em sua superfície — exceto pelo fato de que o astro em questão, o planeta anão Ceres, reside no meio do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter e não tem uma atmosfera apreciável. Dois estudos independentes, baseados nos resultados da sonda Dawn e recém-publicados, indicam que este é mesmo o caso — há grandes quantidades de gelo de água por lá, já nas camadas mais superficiais do solo.

A julgar pela baixa densidade do pequeno objeto, que tem apenas 900 km de diâmetro, já se esperava que um espesso manto em seu interior fosse feito de gelo de água. Mas os resultados obtidos pelo detector de nêutrons e raios gama da Dawn mostram que há expressiva quantidade de água já no primeiro metro de profundidade — provavelmente misturado a silicatos numa proporção média de 10% de gelo para 90% de rocha.

A concentração do hidrogênio é maior nas regiões polares, onde o percentual de gelo pode chegar a 30% (regiões em azul na imagem acima). O resultado foi divulgado nesta quinta-feira (15) durante a reunião da União Geofísica Americana, e publicado no periódico “Science”.

Mas, como diriam as velhas propagandas das facas Ginsu, não é só isso! A Dawn também fez um mapeamento cuidadoso das crateras de Ceres, em busca de regiões de escuridão eterna — pontos em que a luz do Sol nunca alcança.

Isso porque os astrônomos já sabiam — e isso é consistente com as observações — que, embora gelo de água possa subsistir nas primeiras camadas de solo, misturado a rochas, ele seria instável na superfície. Como Ceres não tem atmosfera apreciável, não existe pressão suficiente para manter a água em estado líquido. Com o bater do Sol, o gelo passa direto a vapor e lá se vai a água. Exceto, é claro, em crateras onde a luz nunca bate!

O mapeamento, publicado por outro grupo e num artigo em separado na novíssima publicação “Nature Astronomy”, revelou cerca de 600 crateras polares onde o fundo nunca é atingido pelos raios solares. Dessas, dez revelaram traços brilhantes no fundo, que contêm a assinatura clara de gelo de água.

DE ONDE VEM
A essa altura, os cientistas já estão acostumados a encontrar gelo de água em todo buraco onde a luz solar não chega nos corpos celestes desprovidos de atmosfera. Já a detectamos em crateras na Lua e até mesmo no planeta Mercúrio, o mais próximo do Sol!

Com a descoberta em Ceres, fica claro que esse fenômeno é mais a regra do que a exceção. No caso da Lua e de Mercúrio, essa água provavelmente chega lá por meio de asteroides e cometas ricos nesse composto volátil. Os bólidos celestes impactam contra suas superfícies, parte desse material se espalha pelos arredores e uma fração dele acaba caindo dentro das crateras da eterna escuridão, onde fica aprisionado para sempre sem evaporar.

Esse mecanismo certamente deve ter operado em Ceres, mas lá há um fator adicional: sabemos que há grandes quantidades de gelo de água nativo no manto do planeta anão. Tanto impactos como criovulcanismo podem ter ejetado esse material para fora no passado. (Os famosos pontos brilhantes de Ceres, no interior da cratera Occator, são produto de sais que originalmente estavam misturados a água. Ela deve ter sido expelida do subsolo por algum processo geológico e, na superfície, evaporou, deixando para trás apenas os sais — do mesmo modo que, quando saímos do mar e a água seca no corpo, ficamos cheios de sal.)

Esses processos ativos ocasionais são consistentes com observações feitas antes da chegada da sonda Dawn a Ceres. Entre 2012 e 2013, o Observatório Espacial Herschel, da ESA (Agência Espacial Europeia), detectou emissões de vapor d’água no planeta anão. Se essas emissões se cristalizam no espaço e caem de volta em Ceres, uma parte delas pode se realojar nas crateras-armadilhas.

POTENCIAL PARA EXPLORAÇÃO
Como o Mensageiro Sideral já destacou em outras ocasiões, encontrar esses depósitos de gelo de água facilmente acessíveis é um prato cheio para ambições futuras de exploração.

A água, sabemos, é um composto indispensável para o surgimento de vida como é conhecida aqui na Terra. Na forma de gelo, não serve de grande coisa para isso — eu não esperaria encontrar bactérias em Ceres. Por outro lado, ela pode servir de suporte a criaturas vivas inteligentes que um dia resolvam visitar aquelas bandas. Ou seja, nós.

A descoberta desses depósitos no planeta anão podem tornar, no futuro, Ceres um importante entreposto avançado que serviria de “portal de acesso” para o Sistema Solar exterior. Mas essa é uma especulação para o futuro distante. Para começar, seria uma boa tentarmos usar a água de crateras para manter uma base lunar. Se conseguirmos na Lua, não será difícil fazer igual em Ceres.

Enquanto esse futuro fantástico não chega, claro, a missão Dawn continua! A sonda iniciou uma fase estendida em julho e está atualmente numa órbita elíptica, a mais de 7.200 km de Ceres. Que outras descobertas ela poderá fazer? Não saia daí. O mais legal da exploração espacial é que nunca sabemos exatamente o que virá a seguir.

Uma das crateras de Ceres que serve como reservatório de água; a luz solar nunca bate no fundo. (Crédito: Nasa)
Uma das crateras de Ceres que serve como reservatório de água; a luz solar nunca bate no fundo. (Crédito: Nasa)

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Os pontos brilhantes de Ceres como você nunca viu https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/03/23/os-pontos-brilhantes-de-ceres-como-voce-nunca-viu/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/03/23/os-pontos-brilhantes-de-ceres-como-voce-nunca-viu/#comments Wed, 23 Mar 2016 09:00:20 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/03/ceres-occator-4-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=4697 Após meses e meses de uma espera excruciante, a Nasa acaba de divulgar as melhores imagens que teremos dos famosos pontos brilhantes de Ceres. Ei-los em toda a sua glória.

OK, a essa altura, as últimas pessoas que esperavam um ET dando tchauzinho já desembarcaram, mas o que resta é uma série de fascinantes mistérios geológicos. Note que há uma série de fraturas e fissuras na região, localizada no interior da cratera Occator. Elas são sinais de atividade geológica relativamente recente em Ceres. Isso não era esperado.

A cratera em si, com seus 92 km de diâmetro, aparenta ser nova. Mas isso em termos geológicos. Os pesquisadores estimam sua idade em cerca de 80 milhões de anos. Ou seja, quando um asteroide trombou com Ceres e escavou esse buraco, os dinossauros ainda reinavam soberanos sobre a face da Terra.

As regiões brancas parecem ser compostas por sais — o que já era a aposta principal dos cientistas –, mas também há evidência de evaporação de gelo de água por ali, formando uma espécie de tênue atmosfera local na cratera.

“A intrincada geometria no interior da cratera sugere atividade geológica no passado recente, mas precisaremos de um mapeamento geológico detalhado dela para testar as hipóteses de sua formação”, disse Ralf Jaumann, pesquisador do DLR (a agência espacial alemão) um dos cientistas da Dawn.

As novas imagens foram colhidas na órbita final da sonda, a apenas 385 km da superfície. É mais próximo do que a altitude média da Estação Espacial Internacional com relação à Terra.

Foi uma longa espera até esse ponto. A Dawn havia entrado em órbita de Ceres em março do ano passado e desde então vem alternando entre observações científicas e ajustes de órbita, descendo cada vez mais com relação à superfície.

Os resultados foram apresentados durante a 47a Conferência de Ciência Lunar e Planetária, evento anual que em 2016 acontece em Woodlands, no Texas. Lá também foram apresentados mapas globais coloridos do planeta anão e os primeiros resultados do instrumento GRaND. Instalado a bordo da Dawn, ele tem por objetivo mapear a presença de gelo de água no primeiro metro do subsolo de Ceres. Análises preliminares sugerem uma presença maior de gelo nas regiões polares, mas ainda é cedo para falar detalhadamente sobre isso.

Medições do instrumento GRaND indicam presença de gelo de água no subsolo de Ceres, principalmente nas regiões polares. (Crédito: Nasa)
Medições do instrumento GRaND indicam presença de gelo de água no subsolo de Ceres, principalmente nas regiões polares. (Crédito: Nasa)

E assim a Dawn vai cumprindo sua missão, de permitir a caracterização detalhada dos dois maiores membros do cinturão de asteroides: primeiro Vesta, e agora o planeta anão Ceres. Eles, por sua vez, nos ajudam a compreender o passado da formação do Sistema Solar e seus planetas.

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Cientistas apresentam conclusões sobre pontos brilhantes de Ceres https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/12/09/cientistas-apresentam-conclusoes-sobre-pontos-brilhantes-de-ceres/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/12/09/cientistas-apresentam-conclusoes-sobre-pontos-brilhantes-de-ceres/#comments Wed, 09 Dec 2015 18:00:56 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=4320 Desde que a sonda Dawn começou a se aproximar de Ceres, o mundo ficou intrigado pela presença de misteriosos pontos brilhantes na superfície do planeta anão. Agora, finalmente, a equipe responsável pela missão emitiu seu parecer sobre a questão, na forma de um artigo científico. E a resposta ao enigma é…

Imagem em perspectiva e em cores exageradas revela o esplendor dos pontos brilhantes de Occator (Crédito: Nasa)
Imagem em perspectiva e em cores exageradas revela o esplendor dos pontos brilhantes de Occator (Crédito: Nasa)

…um pouco complicada, na verdade. Duas coisas, contudo, já podemos dizer com certeza. A primeira é que há detecção de evaporação de água na cratera Occator, onde se localizam os pontos brilhantes mais marcantes. A segunda é que o fenômeno parece não ter nenhuma conexão com alienígenas.

Todo mundo ficou com a impressão inicial de que os pontos poderiam ser luzes, tamanho o brilho que eles emitiam. Mas na verdade é uma questão de contraste. Na sua maior parte, a superfície de Ceres é muito escura. Segundo os pesquisadores, com refletividade similar à de asfalto fresco. Já os pontos brilhantes que salpicam sua superfície vão de tons de concreto até gelo oceânico.

Os pesquisadores se concentraram em duas dessas regiões com pontos claros — a famosa Occator e uma outra cratera mais ao norte, ainda sem nome. Ambas são bem parecidas, crateras com pontos claros em seu interior, mas Occator é um pouco mais brilhante.

Entra em cena então a espectroscopia, que analisa a “assinatura” de luz captada dessas regiões para identificar sua composição exata. E aí é que fica um pouco mais complicado. O espectro dos pontos brilhantes parece se encaixar melhor com a presença de sais hidratados — mais especificamente sulfatos de magnésio. Mas não dá para cravar ainda com toda certeza — há outros materiais, menos prováveis, como minerais argilosos pobres em ferro, que também poderiam se encaixar nas observações.

Seja qual for a composição exata desse material, uma coisa é certa: água esteve envolvida em sua formação.

E aí entra a segunda — e mais importante — das observações feitas pela Dawn. Observando Occator sob diversos ângulos e a várias horas do dia, os pesquisadores puderam observar a formação periódica de uma névoa por sobre a cratera. Ela se forma a partir do amanhecer, ganha sua maior intensidade ao “meio-dia” de Ceres (o planeta anão completa uma rotação a cada nove horas) e desaparece no fim do entardecer.

A vista de Occator no horizonte revela a névoa de vapor d'água sobre a cratera (Crédito: Nasa)
A vista de Occator no horizonte revela a névoa de vapor d’água sobre a cratera (Crédito: Nasa)

Essa correlação com a presença da luz solar indica evaporação de material na superfície — muito provavelmente água. A conclusão é corroborada por observações anteriores feitas pelo Observatório Espacial Herschel, da ESA (Agência Espacial Europeia), que detectaram vapor d’água emanando de Ceres da região que corresponde à cratera Occator.

A hipótese também é apoiada por cálculos que mostram que gelo de água seria instável na superfície de Ceres, evaporando com o tempo. Além disso, os modelos da estrutura interna do planeta anão já sugeriam que ele devia ter uma camada significativa de gelo de água sob a superfície.

Por fim, uma análise atenta da cratera Occator sugere que ela é relativamente jovem em termos geológicos — cerca de 78 milhões de anos.

Resumo da ópera. O que os cientistas acham que está acontecendo por lá? Um impacto de asteroide abre um buraco na crosta escura, empoeirada e seca de Ceres, expondo parte da camada de gelo de água salgada que existe sob a superfície. Exposto ao Sol, esse gelo vai gradualmente evaporando, produzindo a névoa observada. E aí, do mesmo jeito que, quando saímos do mar e a água seca, nós ficamos cheios de sal pelo corpo, o gelo evaporado deixa para trás os sais hidratados que, com toda probabilidade, são responsáveis pelos pontos brilhantes em Occator. “É o cenário mais simples”, dizem os pesquisadores liderados por Andreas Nathues, do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar, na Alemanha, no artigo publicado na última edição da “Nature”.

Os pesquisadores acreditam que os outros pontos brilhantes espalhados por Ceres sejam edições mais antigas do fenômeno, por assim dizer, refletindo a existência de uma camada global de gelo de água sob a superfície do planeta anão.

O achado pode frustrar aqueles que esperavam uma descoberta ligada a vida extraterrestre, mas na verdade se trata de uma importante revelação. Que outros objetos você conhece que sofrem com a evaporação constante de gelo por conta da luz solar? É isso aí, os cometas!

Ceres, por sua vez, é membro do clube dos asteroides. Mas com esse comportamento de cometa, ele traz uma revelação importante sobre a formação do Sistema Solar. Em vez de compor duas populações muito distintas, asteroides e cometas seriam parentes próximos, com proporções variadas de gelo e rocha em sua composição.

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Um mergulho em Occator, Ceres https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/09/09/um-mergulho-em-occator-ceres/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/09/09/um-mergulho-em-occator-ceres/#comments Wed, 09 Sep 2015 16:27:25 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=3977 Observe, em toda a sua glória, os pontos brilhantes no interior da cratera Occator, em Ceres. A Nasa acaba de divulgar a imagem registrada pela sonda Dawn a uma distância de 1.470 km da superfície do planeta anão, na terceira órbita científica da missão.

Produto combinado de duas imagens da Dawn, uma de baixa exposição e outra de alta exposição, para revelar os detalhes dos pontos brilhantes em Ceres. (Crédito: Nasa)
Produto combinado de duas imagens da Dawn, uma de baixa exposição e outra de alta exposição, para revelar os detalhes dos pontos brilhantes em Ceres. (Crédito: Nasa)

A essa altura, a resolução é de 140 metros por pixel. O que significa que cada pixel nessa imagem ainda representa objetos absurdamente grandes, mas já podemos dizer o que não são os pontos brilhantes — a essa altura, alienígenas inteligentes que esqueceram as luzes acesas parecem estar descartados.

No momento, a hipótese gira em torno de gelo e sais. Houve detecção de uma tênue atmosfera sobre a cratera, o que indica que há material evaporando daquela região — daí a hipótese de gelo, uma vez que ele seria instável na superfície de Ceres. A radiação solar faria naturalmente com que ele evaporasse, uma vez exposto.

Agora, e nas regiões em que ele já evaporou? Bem, se o gelo estava misturado a sais — o que não chega a ser nada de outro mundo, haja vista a quantidade de sais que temos nos nossos oceanos –, uma vez que ele evapore, restam os grãos de sal em grandes depósitos na superfície, capazes de refletir a luz solar. Mais ou menos como quando você sai do mar, a água evapora e você fica cheio de farelos pelo corpo.

Na Terra, temos formações assim. Um ótimo exemplo é o salar de Uyuni, na Bolívia — a maior planície de sal do mundo, com 10,5 mil quilômetros quadrados. Dê uma olhada nele.

O salar de Uyuni, na Bolívia (Crédito: Anouchka Unel, Wikipedia Commons)
O salar de Uyuni, na Bolívia (Crédito: Anouchka Unel, Wikipedia Commons)
Imagem do salar de Uyuni visto do espaço, pelo satélite Landsat (Crédito: Nasa)
Imagem do salar de Uyuni visto do espaço, pelo satélite Landsat (Crédito: Nasa)

A explicação dos pontos brilhantes parece caminhar nessa direção. Mas ainda não dá para cravar. Além disso, falta explicar o que levou o gelo a ser exposto, para começo de conversa. Modelos da estrutura interna de Ceres sugerem que há muito gelo de água no subsolo, mas o que poderia ter feito ele emergir? Eu ainda acho que pode estar rolando algum tipo de criovulcanismo — em que água faz o papel de lava –, mas teremos de esperar o resto dos resultados chegarem.

Aliás, essa é uma coisa importante a se dizer. Não é só a imagem que ajuda a esclarecer o mistério. A Dawn também está fazendo um monte de medições topográficas e espectroscópicas para determinar a composição da superfície, e isso pode ser o fator determinante para desvendar o mistério.

“Logo, a análise científica irá revelar a natureza química e geológica desse cenário extraterrestre misterioso e hipnótico”, disse, em nota, Marc Rayman, engenheiro-chefe da missão Dawn.

A quarta e última órbita científica levará a Dawn a apenas cerca de 400 km da superfície. Então, ainda podemos esperar imagens ainda mais bonitas e detalhadas da cratera Occator no futuro. Fique de olho!

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Sonda Dawn se aproxima de Ceres, mas o mistério brilhante continua https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/06/10/sonda-dawn-se-aproxima-de-ceres-mas-o-misterio-brilhante-continua/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/06/10/sonda-dawn-se-aproxima-de-ceres-mas-o-misterio-brilhante-continua/#comments Wed, 10 Jun 2015 17:30:26 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=3498 A sonda Dawn já se estabeleceu em sua segunda órbita científica, a cerca de 4,4 mil km de Ceres, e obteve mais imagens dos misteriosos pontos brilhantes na superfície do planeta anão. Mas o mistério continua.

Imagem obtida pela Dawn de Ceres no dia 6 de junho, a 1.440 km de distância
Imagem obtida pela Dawn de Ceres no dia 6 de junho, a 4.400 km de distância (Crédito: Nasa)

“Os pontos brilhantes nessa configuração fazem de Ceres um lugar singular, [diferente] de tudo que já vimos antes no Sistema Solar”, disse Chris Russell, cientista-chefe da missão, em nota divulgada pela Nasa. “A equipe científica está trabalhando para entender sua fonte. Reflexão por gelo é a principal candidata na minha cabeça, mas o grupo continua a considerar hipóteses alternativas, como sais. Com imagens mais próximas da nova órbita e múltiplos ângulos, logo teremos melhores condições para determinar a natureza desse fenômeno enigmático.”

As novas imagens têm resolução de 410 metros por pixel, o que significa que estamos vendo coisas com diversos quilômetros de extensão. Para que se tenha uma ideia, a cratera dentro da qual estão os pontos brilhantes tem 90 km de diâmetro.

A Dawn chegou à nova órbita no dia 2 e deve permanecer nela até o dia 28, mapeando completamente o planeta anão, localizado entre as órbitas de Marte e de Júpiter. A sonda completa uma volta inteira em torno dele a cada três dias terrestres.

Depois disso, os motores iônicos serão novamente ligados e a espaçonave baixará a altitude para 1.450 km e se estabelecerá nessa nova órbita no começo de agosto. E então teremos imagens com resolução ainda melhor dos misteriosos pontos brilhantes de Ceres.

A exemplo do que disse Chris Russell, o Mensageiro Sideral ainda acha cedo para dar palpites mais profundos, mas a região central parece lembrar um pouco a caldeira de um vulcão. Será que temos criovulcanismo em ação aí?

Também podemos reparar alguns tracejados sobre a superfície que lembram atividade tectônica. Será que há algo ainda em estado líquido sob a superfície de Ceres?

E essa, na real, é a graça de acompanhar essas missões ao vivo — exploração espacial não é feita de perguntas simples e conclusões idem, mas sim de mistérios e surpresas a cada esquina. Fique ligado!

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Os pontos de Ceres, em alta definição! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/05/11/os-pontos-de-ceres-em-alta-definicao/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/05/11/os-pontos-de-ceres-em-alta-definicao/#comments Mon, 11 May 2015 16:42:22 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=3356 A Nasa acaba de divulgar imagens em alta resolução dos pontos brilhantes em Ceres e, adivinhe só, eles são compostos de numerosos pontos menores! É mais uma surpresa na investigação desse mistério intrigante descoberto no planeta anão residente no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.

Imagem obtida pela sonda Dawn de Ceres a 13.600 km de altitude. Cada pixel representa 1,3 km. (Crédito: Nasa)
Imagem obtida pela sonda Dawn de Ceres a 13.600 km de altitude. Cada pixel representa 1,3 km. (Crédito: Nasa)

A coisa vai ficando mais e mais esquisita. “Os cientistas da Dawn podem agora concluir que o intenso brilho desses pontos é causado pela reflexão da luz solar por material altamente reflexivo na superfície, possivelmente gelo”, disse Christopher Russell, cientista-chefe da missão.

Por ora, a avaliação dos pesquisadores coincide com a expectativa do público — enquete realizada pela Nasa sugeria que quase um terço dos internautas apostava em gelo como a explicação mais provável. A única explicação que teve mais votos sugeria uma origem misteriosa, ainda não sugerida. (“Aliens?” :-)) Análises espectroscópicas devem acabar confirmando a composição do material, mas o enigma estará longe de resolvido. Falta explicar como se formaram todas essas manchas separadas — trabalho duro para os cientistas planetários.

Para ver uma animação que mostra a rotação de Ceres, clique aqui.

E podemos esperar imagens com mais resolução com o avançar da missão da Dawn — ela está agora orbitando a 13,6 mil km da superfície de Ceres, mas irá se aproximar mais no futuro para obter imagens com resolução cada vez maior. Ainda tem muita coisa boa pela frente. E gelo exposto, por si só, é algo muito interessante. No mínimo, confirma uma ideia sugerida pelo Mensageiro Sideral antes da chegada da Dawn, de que Ceres seria um ótimo posto avançado para reabastecimento em missões aos planetas exteriores. Água serve não só para o consumo direto por humanos, mas também pode ser convertida em oxigênio (O2) para a respiração e hidrogênio molecular (H2) para combustível.

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A Nasa quer saber: o que você acha que são os pontos brilhantes em Ceres? https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/05/05/a-nasa-quer-saber-o-que-voce-acha-que-sao-os-pontos-brilhantes-em-ceres/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/05/05/a-nasa-quer-saber-o-que-voce-acha-que-sao-os-pontos-brilhantes-em-ceres/#comments Tue, 05 May 2015 08:55:17 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=3334 Faça suas apostas! A Nasa está promovendo uma enquete entre os internautas para saber o que eles imaginam que sejam os misteriosos pontos brilhantes detectados em Ceres, o planeta anão que reside no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.

E aí, o que você acha que é? A Nasa quer saber o que você pensa!
E aí, o que você acha que é? A Nasa quer saber o que você pensa!

Para isso, o JPL (Laboratório de Propulsão a Jato) criou um hotsite, intitulado “What’s the spot on World Ceres?” (“O que é a mancha no mundo Ceres?”). Lá, o usuário pode escolher entre seis opções: vulcão, gêiser, rocha, gelo, depósito de sais e outra coisa.

Todas as seis opções são ainda plausíveis, mas os dados divulgados pela agência espacial americana até agora sugerem gelo ou depósito de sais como as duas alternativas mais prováveis. Contudo, o mistério só será desvendado com mais informações — que já devem estar a caminho.

A sonda Dawn, gerenciada pelo JPL, entrou em órbita de Ceres no último dia 6 de março e andou manobrando suavemente com seus motores iônicos para se posicionar na primeira órbita científica. Pois bem, isso aconteceu no último dia 24 e agora a espaçonave está orbitando o pequeno mundo a uma altitude de 13,5 mil km.

Imagem de Ceres capturada pela Dawn de sua órbita de trabalho, a 13,5 mil km da superfície (Crédito: Nasa)
Imagem de Ceres capturada pela Dawn de sua órbita de trabalho, a 13,5 mil km da superfície (Crédito: Nasa)

Então, agora o trabalho começa para valer, com o mapeamento completo do planeta anão e de sua composição. Quatro novas imagens foram publicadas na internet nos últimos dias, mas nenhuma delas ofereceu uma visão melhor dos misteriosos pontos brilhantes.

Interessante será a correlação das imagens com as assinaturas espectrais da superfície, que darão pistas da composição do misterioso material reflexivo no fundo da cratera.

Até agora, o resultado mais esperado pelos internautas que visitaram o hotsite da Nasa, com 36% dos votos, é justamente o inesperado — uma explicação que nenhum cientista até o momento propôs. (Tomara.) Na segunda posição vem gelo, com 30% dos votos (esse é também o modesto palpite do Mensageiro Sideral). O que você acha que é? Vá até lá e deixe seu voto, pois esse é um enigma que está com os dias contatos. Em breve, saberemos a resposta. Fique ligado!

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A volta dos pontos brilhantes em Ceres https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/04/20/a-volta-dos-pontos-brilhantes-em-ceres/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2015/04/20/a-volta-dos-pontos-brilhantes-em-ceres/#comments Mon, 20 Apr 2015 17:10:46 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=3284 Os misteriosos pontos brilhantes de Ceres voltaram a se tornar visíveis nas imagens mais recentes enviadas pela sonda Dawn, da Nasa. Obtidas a uma distância de cerca de 22 mil quilômetros da superfície entre os dias 14 e 15, elas revelam o momento em que a rotação do planeta anão as expõe à luz solar, aumentando seu brilho. (Clique aqui para ver uma animação da rotação produzida pela agência espacial americana.)

Imagem obtida pela Dawn a 22 mil km da superfície, entre 14 e 15 de abril (Crédito: Nasa)
Imagem obtida pela Dawn a 22 mil km da superfície, entre 14 e 15 de abril (Crédito: Nasa)

Sua composição e natureza, contudo, seguem misteriosas. Os dois objetos cintilantes reunidos numa mesma cratera são os que mais chamam a atenção, mas eles são apenas as maiores estrelas numa constelação de pontos brilhantes que salpicam a superfície de Ceres. Uma análise recente dos dados colhidos pela espaçonave em infravermelho durante a aproximação da espaçonave mostra que eles têm características diferentes do ponto de vista térmico. Um deles é muito mais frio que seus arredores — reforçando a hipótese de uma conexão com gelo — e outros não. (Os dois pontos gêmeos que mais chamam a atenção, designados como “Mancha 5” pela Nasa, entram nessa segunda categoria — o solo ao redor parece estar à mesma temperatura que eles.)

Imagens em cor real, falsa cor e infravermelho. Note como a Mancha 1, acima, é bem mais fria. Já a Mancha 5, embaixo, tem a mesma temperatura do resto do solo. (Crédito: Nasa)
Imagens em cor real, falsa cor e infravermelho. Note como a Mancha 1, acima, é bem mais fria. Já a Mancha 5, embaixo, tem a mesma temperatura do resto do solo. (Crédito: Nasa)

Fala-se em minerais no solo, criovulcanismo (ou seja, vulcões que expelem água) ou gelo exposto em crateras (sabemos, pelos cálculos de densidade, que a composição interna de Ceres deve ser 25% água), mas os cientistas não fecharam com nenhuma hipótese. E ainda podemos ser surpreendidos.

A Nasa também divulgou recentemente um mapa em cores (exageradas) da superfície de Ceres, que revelam a grande variação existente no solo do planeta anão — uma rica história geológica, prestes a ser explorada.

Mapa de Ceres com exagero de cores, feito pela Dawn (Crédito: Nasa)
Mapa de Ceres com exagero de cores, feito pela Dawn (Crédito: Nasa)

Em quatro dias, a Dawn irá se estabelecer em sua órbita científica inicial e, com isso, vai começar o trabalho para valer — o mapeamento sistemático da superfície e o estudo de um objeto que se formou nos primórdios do Sistema Solar e, por pouco, não conseguiu virar mais um planeta rochoso.

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