Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Entre a chuva de meteoros geminídeos e a caça a um cometa a olho nu https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/12/12/entre-os-geminideos-e-a-caca-ao-cometa/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/12/12/entre-os-geminideos-e-a-caca-ao-cometa/#respond Wed, 12 Dec 2018 20:49:15 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2013/12/geminidsKPNO_harvey-150x150.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8449 A virada desta quinta (13) para sexta-feira marca o auge da tradicional — e bonita — chuva de meteoros geminídeos (ou geminidas), o último grande evento do tipo neste ano. Mas não é só isso: há no céu um cometa que pode estar prestes a se tornar visível a olho nu!

O 46P/Wirtanen atingiu nesta quarta o periélio, ou seja, o ponto mais próximo do Sol em sua órbita, e fará sua máxima aproximação da Terra no dia 16 (domingo), quando espera-se que atinja 3,8 magnitudes (bem dentro do limite da acuidade visual humana para céus limpos e com baixa poluição luminosa). Ele passará os próximos dias atravessando a constelação de Touro, que nasce no horizonte leste logo após o anoitecer.

Cometa 46P/Wirtanen registrado na terça-feira (11) pelo Observatório SONEAR, em Oliveira (MG); os traços finos são marcados por satélites geoestacionários. (Crédito: SONEAR)

A proximidade do cometa com nosso planeta será digna de nota: no domingo, ele estará a meros 11,5 milhões de km, o equivalente a cerca de 30 vezes a distância Terra-Lua. Segundo astrônomos da University of Maryland, nos EUA, essa será a 10ª maior aproximação de um cometa com a Terra nos tempos modernos.

No geral, trata-se de um astro pouco conhecido, mas por pouco não se tornou famoso. De início, a missão Rosetta planejava visitá-lo. Mas quando houve atrasos com o lançamento, a ESA (European Space Agency) decidiu trocar o alvo para o hoje conhecidíssimo 67P/Churyumov-Gerasimenko.

O mais garantido para procurar o cometa nos próximos dias é usar um binóculo ou um telescópio, mas quem sabe no dia 16 ele não confirma as predições e se torna visível até a olho nu?

Em seguida, prepare-se para a segunda atração da noite. Pois, logo depois de Touro, no desfile do zodíaco pelo céu, por volta das 22h, surge a constelação de Gêmeos. E é lá que está localizado o radiante dos geminídeos, ou seja, o ponto de onde parecem emanar os meteoros.

Essas estrelas cadentes surgem quando a Terra atravessa a órbita do asteroide Faetonte – um objeto um tanto quanto estranho, que se assemelha mais a um asteroide, mas há quem desconfie que é um cometa velho que já gastou todo seu gelo, restando apenas o material rochoso. Ou, para usar o astronomiquês, um “núcleo cometário extinto”.

Seja o que for o Faetonte, fato é que ele passa perto do Sol, se esfarela e deixa um monte de pequenos detritos ao longo de sua órbita. Quando a Terra passa pelo caminho dele, os detritos deixados adentram a atmosfera do nosso planeta, produzindo os geminídeos. E bota estrela cadente nisso: segundo as estimativas, podem chegar a cerca de 120 por hora, nas melhores condições de observação.

Não por acaso, é uma das mais espetaculares chuvas de meteoros anuais conhecidas. Neste ano, a Lua está se encaminhando para seu quarto crescente, de forma que seu brilho pode ofuscar algumas estrelas menos brilhantes. Mas nada que realmente deva desanimar.

E para ver a chuva não é preciso olhar necessariamente na direção da constelação de Gêmeos; as estrelas cadentes devem riscar o céu em toda a abóbada celeste, remetendo à constelação de Gêmeos apenas por sua trajetória.

A dica clássica para acompanhar esse fenômeno é encontrar um lugar tranquilo, longe das luzes da cidade, em que se possa olhar para o céu confortavelmente. Aí é só esperar pelo menos uma hora, para contar um bom número de estrelas cadentes. Instrumentos ópticos não são úteis para esse tipo de observação. Ela requer apenas paciência e modulação adequada das expectativas — não aguarde um show pirotécnico.

Bora lá ver o céu?

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Nasa está em dúvida entre colher amostra de cometa e mandar drone a lua de Saturno https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/21/nasa-esta-em-duvida-entre-colher-amostra-de-cometa-e-mandar-drone-a-lua-de-saturno/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/21/nasa-esta-em-duvida-entre-colher-amostra-de-cometa-e-mandar-drone-a-lua-de-saturno/#comments Thu, 21 Dec 2017 04:27:14 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/caesar-dragonfly-180x77.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7215 E você que achava que uma dúvida cruel era casar ou comprar uma bicicleta. A Nasa anunciou nesta quarta-feira (20) os dois projetos finalistas na disputa por uma única vaga no topo de um foguete num lançamento em meados da próxima década. Um deles ambiciona fazer o primeiro retorno de amostras do núcleo de um cometa, e o outro quer colocar um drone para voar pelos céus de Titã, a maior das luas de Saturno. Qual deles é o seu favorito?

A disputa faz parte do processo seletivo de um programa chamado New Frontiers, que escala as missões de médio porte da agência, com custo ao redor de US$ 1 bilhão. Nessa mesma classe estão grandes hits, como a New Horizons, que foi a Plutão, e a Juno, que explora Júpiter, além da Osiris-Rex, que vai estudar o asteroide Bennu a partir do ano que vem.

Caso você esteja curioso, a Nasa tem três classes de missões não tripuladas. As mais poderosas são as Flagships, que custam um caminhão de dinheiro — vários bilhões de dólares — e são definidas pela própria agência espacial. Nessa categoria entram, por exemplo, a Cassini e o jipe marciano Curiosity.

Na outra ponta, estão as da classe Discovery, que são as mais “baratinhas”, com custo ao redor de meio bilhão de dólares “porcada”.

No planejamento da agência, costuma sair uma Flagship por década, uma New Frontiers a cada cinco ou seis anos, e uma Discovery a cada dois ou três anos. E tanto as New Frontiers quanto as Discovery são selecionadas por meio de competições: cientistas lideram equipes propondo as missões e entram numa batalha para ver quem agrada mais ao comitê de seleção da Nasa.

Sabe como é, o Sistema Solar é um lugar bem grande, há muito a explorar e conhecer, mas o dinheiro disponível é finito. Há de se escolher prioridades. As duas propostas selecionadas agora já são vencedoras, deixando outras dez pelo caminho. Mas só há um foguete esperando por elas na próxima década. A definição de qual vai voar sai em meados de 2019.

Dê uma olhada nas duas e decida por quem torcer.

Concepção artística da missão CAESAR, que deseja colher amostras do cometa 67P e trazer de volta à Terra. (Crédito: Nasa)

A CAESAR O QUE É DE CAESAR
Uma das finalistas quer visitar um velho conhecido — o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Você talvez se recorde dele, depois que a missão europeia Rosetta passou três anos, entre 2014 e 2016, estudando-o. Rolou até o histórico pouso do módulo Philae.

A ideia é pegar de onde a Rosetta terminou, colhendo uma amostra do núcleo do Chury e trazendo-a de volta à Terra para análise. E não deixa de ter apelo retornar a um corpo celeste já tão estudado — teremos a oportunidade de aprender como sua superfície se transforma após mais algumas voltas ao redor do Sol. Se pá, poderemos até tirar um foto do Philae, se ele aguentar o tranco preso ao cometa até lá.

A missão tem por objetivo investigar a rica química orgânica presente nos cometas e ver o quanto eles podem ter contribuído ao semear a Terra com compostos potencialmente precursores da vida, além de água. Daí o nome CAESAR, sigla em inglês para Exploração e Retorno de Amostras de Astrobiologia de Cometa. (A Nasa já colheu amostras da cauda de um cometa, com a sonda Stardust, mas não do núcleo cometário.)

O cientista-chefe da missão é Steve Squyres, que também foi o líder da missão dos jipes marcianos Spirit e Opportunity, e a espaçonave em si é fortemente baseada na Osiris-Rex, que colherá amostras do asteroide Bennu e as trará de volta à Terra. É, portanto, uma aposta bastante segura em termos de chance de sucesso.

Conceito da missão Dragonfly, que deseja explorar o intrigante mundo Titã, a maior das luas de Saturno. (Crédito: Nasa)

UMA LIBÉLULA EM TITÃ
A Dragonfly é uma missão como nenhuma outra na história da exploração espacial. É basicamente um drone para voar pelos céus de Titã, a maior das luas de Saturno, e assim explorar diversas regiões da superfície separadas por centenas de quilômetros.

De fato, se há um lugar no Sistema Solar para onde devíamos mandar um drone, é para Titã. Sua atmosfera é mais densa que a da Terra, o que ajuda a gerar empuxo com rotores, e sua gravidade é bem menor que a da Terra, permitindo voos mais duradouros e com menos consumo de energia.

A Dragonfly, a exemplo da CAESAR, também tem uma pegada em astrobiologia — seu objetivo é estudar a rica química prebiótica e o potencial de habitabilidade na lua saturnina. Sua cientista-chefe é Elizabeth Turtle, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, mesmo “berço” da sonda New Horizons.

Trata-se de uma missão que, em termos operacionais, é bem mais complexa e cheia de novidades que sua concorrente. A equipe da Dragonfly vai ter de ralar muito para provar à Nasa, ao longo dos próximos 18 meses, que há uma boa chance de sucesso. Em seu favor há o fato de que uma sonda já conseguiu pousar em Titã, e na primeira tentativa (a europeia Huygens desceu lá em 2005), de forma que o procedimento não é de todo desconhecido.

Embora a CAESAR seja interessantíssima, o Mensageiro Sideral é #teamDragonfly desde criancinha.

AOS PERDEDORES, ALGUMAS BATATAS
Das dez propostas de missão que ficaram para trás, duas ainda ganharam um prêmio de consolação: a Nasa decidiu dar a elas um financiamento de desenvolvimento tecnológico para que elas possam entrar com tudo numa próxima rodada de seleção.

São elas a ELSAH, que queria buscar sinais de vida em Encélado, a pequena e intrigante lua saturnina que tem todos os ingredientes necessários para abrigar uma biosfera, e a VICI, um módulo de pouso para Vênus.

E não custa lembrar que a concorrência estava limitada a seis temas considerados prioritários pela Nasa, baseados em sua pesquisa decenal com a comunidade científica: retorno de amostra de cometa, retorno de amostras do polo sul da Lua, mundos-oceanos, sonda atmosférica de Saturno, visita a asteroides troianos e exploração da superfície de Vênus.

Uma olhada nessa competição ferrenha ajuda a entender a emoção dos pesquisadores quando sua missão finalmente vai ao espaço — não é só aquele momento de triunfo, mas muitos anos de dedicação e vitórias sucessivas para realizar o sonho de preencher mais uma página na empolgante história da exploração do Universo.

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Astronomia: ‘Oumuamua, o vagabundo interestelar https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/11/13/astronomia-oumuamua-o-vagabundo-interestelar/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/11/13/astronomia-oumuamua-o-vagabundo-interestelar/#comments Mon, 13 Nov 2017 04:00:36 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/11/scr00000-180x94.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7074 O que já aprendemos sobre o objeto 1I/’Oumuamua, o primeiro vagabundo interestelar.

DAS ESTRELAS
A descoberta do primeiro objeto interestelar a visitar o nosso Sistema Solar deixou os astrônomos em polvorosa. A União Astronômica Internacional teve de criar uma nova categoria em seus catálogos e pesquisadores estão freneticamente publicando novos resultados do rápido encontro com esse intrigante viajante cósmico.

DE SAÍDA
Ele foi descoberto em 19 de outubro, pelo telescópio Pan-Starrs, quando já estava de saída do Sistema Solar. Sua trajetória e velocidade indicavam que ele havia vindo de algum lugar na constelação de Lira e agora rumava para a constelação de Hércules.

COMETA OU ASTEROIDE
Na descoberta, ele foi catalogado com o nome provisório C/2017 U1. “C” de cometa, pois observações iniciais pareciam sugerir que se tratava de um. Imagens posteriores, contudo, mostraram que ele parecia mais um asteroide, o que levou a uma novo nome provisório, A/2017 U1.

FAZENDO TIPO
Em seguida, os astrônomos notaram que um objeto desses, numa rápida passagem por aqui, jamais teria número suficiente de observações para ganhar nome definitivo, pelos critérios estabelecidos. Decidiu-se então criar uma nova categoria: “I”, de interestelar. E seu primeiro membro é o 1I/’Oumuamua. Na língua nativa do Havaí, significa algo como “o primeiro a ir além”.

VERMELHO E ALONGADO
Bem, e o que conseguimos aprender sobre ele até agora? Não muito. No Observatório de Palomar, foi possível determinar que sua cor é avermelhada. Outro grupo, fazendo observações com o Telescópio Discovery Channel, sugere que seu período de rotação tem pelo menos 5 horas e que sua forma deve ser bastante alongada.

TEM MAIS
O mais interessante, entretanto, é o que essa descoberta prenuncia: a noção de que objetos interestelares devem ser bem comuns. Com os atuais instrumentos de detecção, podemos encontrar um desses vagabundos interestelares a cada cinco anos, e, a partir de 2022, com a chegada do LSST, um novo telescópio de varredura, a tendência é o ritmo de descobertas do tipo aumentar para uma por ano.

BÔNUS: Uma cidade marciana em Dubai
Caso você não tenha visto, o Mensageiro Sideral publicou nesta Folha, no domingo, uma reportagem sobre o projeto de US$ 140 milhões dos Emirados Árabes Unidos para construir um protótipo de cidade marciana no deserto de Dubai. Leia clicando aqui.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Astrônomos encontram cometa interestelar https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/10/25/astronomos-encontram-cometa-interestelar/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/10/25/astronomos-encontram-cometa-interestelar/#comments Wed, 25 Oct 2017 16:49:59 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/10/cometa-interestelar-trajetoria-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7021 Em setembro último, um cometa passou raspando pelo Sol. Até aí nada de novo; esses astros fazem isso o tempo todo. Mas este foi especial, pois ele parece ter vindo de outro sistema solar — um viajante interestelar.

Se essa conclusão se confirmar, será a primeira vez que se detecta um cometa interestelar, ou seja, que viajou de um sistema planetário a outro, cruzando o imenso vazio entre as estrelas.

O astro foi descoberto na semana passada pelo projeto Pan-STARRS, um sistema de busca de bólidos celestes próximos à Terra apoiado pela Nasa, a agência espacial americana. De início, parecia só mais um cometa, como tantos outros, sem risco de colisão com nosso planeta.

No entanto, o acompanhamento do objeto indicou que ele estava numa rota hiperbólica, termo técnico para “não estava preso a uma órbita ao redor do Sol”. Mais que isso, sua velocidade de deslocamento era incomum. “Foi medida em 26 km/s, compatível com a de objetos situados no disco galáctico”, diz Cristóvão Jacques, astrônomo do SONEAR, observatório brasileiro de busca por asteroides próximos à Terra. “Por causa dessa velocidade, sabemos que ele não é do Sistema Solar, e sim de fora.”

Os astrônomos sabem que cometas são ejetados do Sistema Solar o tempo todo, então é de fato esperado que eles transitem por aí, entre as estrelas. Mas ninguém tinha visto até agora um exocometa cruzar o Sistema Solar, e esse em particular mostrou uma peculiaridade adicional. “O que é estranho e uma incrível coincidência é como um cometa de fora do Sistema Solar passa tão perto do Sol”, diz Jacques. “Foi quase um sungrazer“, referindo-se a cometas que mergulham tão próximos de nossa estrela que muitas vezes são completamente destruídos e nem saem do outro lado.

O cometa interestelar, C/2017 U1 (Pan-STARRS), segue sendo observado atentamente conforme se afasta depressa do nosso Sistema Solar, para nunca mais voltar. A esperança é que se possa confirmar sua órbita e sua natureza hiperbólica, que indicaria origem extra-solar.

Entre os que estão registrando sua fugidia presença por essas bandas é o astrônomo brasileiro Paulo Holvorcem, que, trabalhando em parceria com o americano Michael Schwartz, registrou o objeto no último dia 21. “Nelas, não se vê atividade cometária”, diz Holvorcem, num elemento que aumenta o mistério. Seria um núcleo de cometa esgotado? Ou sua passagem tão rápida pelo Sol limitou o nível de atividade?

Imagens em negativo do cometa interestelar, feitas do Observatório Tenagra, no Arizona (EUA). (Crédito: Paulo Holvorcem e Michael Schwartz)

Imagens colhidas e tratadas pela Mount Lemmon Survey de início pareceram detectar uma pequena coma (a atmosfera do cometa), compatível com a que se esperaria de um objeto desses, da ordem de meros 100-200 metros de diâmetro. Mas observações posteriores refutaram isso — se for um cometa, está inativo ou extinto.

E as investigações continuam. Na noite desta quarta-feira (25), Joe Masiero, astrônomo do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa), usará o Observatório de Palomar para tentar capturar o espectro — a assinatura de luz — do objeto e assim dizer algo sobre sua composição.  (Ciência em tempo real é assim!)

E eis a maior de todas as perguntas: de onde ele teria vindo? Os astrônomos ainda não sabem com certeza, mas, com o que se pôde calcular até agora, ele deve ter vindo da direção da constelação Lira, muito perto de onde se localiza a estrela Vega, a 25 anos-luz daqui. Contudo, a trajetória até agora não bate exatamente lá. Talvez com a coleta de mais dados e a definição mais precisa da órbita, possamos determinar se esse ilustre visitante veio de lá ou de outro lugar.

Indicação da faixa de onde pode ter vindo o cometa. (Crédito: Daniel Bamberger)

O mais provável, contudo, é que sua origem permaneça para sempre desconhecida. Seria mais uma enorme coincidência (além da passagem próxima do Sol) que ele viesse diretamente de uma estrela próxima, em vez de ter vagado a esmo pela galáxia por bilhões de anos antes de cruzar o nosso caminho.

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Objeto duplo no cinturão de asteroides é dublê de cometa, sugere Hubble https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/09/21/objeto-duplo-no-cinturao-de-asteroides-e-duble-de-cometa-sugere-hubble/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/09/21/objeto-duplo-no-cinturao-de-asteroides-e-duble-de-cometa-sugere-hubble/#comments Thu, 21 Sep 2017 05:49:27 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/09/IMG_0396-96x180.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6892 No começo acharam que era apenas mais um asteroide no cinturão entre Marte e Júpiter. Uma olhada mais atenta em 2011 revelou que o objeto parecia uma manchinha difusa, um sinal de que talvez se tratasse de um cometa. Mas nada havia preparado os cientistas para a descoberta que eles fariam em setembro de 2016, conforme o tal 288P se colocasse na posição mais favorável para observação. Eis que o poderoso Telescópio Espacial Hubble revelou que o objeto era na verdade… algo que não sabemos que nome dar. Talvez o melhor que possamos fazer no momento é chamá-lo de “asteroide-binário-que-se-comporta-como-cometa”.

De cara, a descoberta feita por um grupo alemão de astrônomos confirmou algo há muito suspeitado: a natureza não está nem aí para os rótulos que damos aos astros. Pode estar muito clara na cabeça dos cientistas a diferença básica entre um asteroide — que é preponderantemente feito de rocha e se formou nas regiões mais internas do Sistema Solar — e um cometa — que tem alto teor de gelos e origem na zona mais remota do sistema planetário. Mas isso não quer dizer que a natureza não possa embaralhar as cartas de vez em quando, como fez com o 288P.

As imagens do Hubble revelaram que ele é composto por dois bólidos com massa mais ou menos igual, girando ao redor de um centro de gravidade comum, a cerca de 100 km um do outro.

Asteroides duplos são relativamente comuns, então a novidade não é essa. O estranho desse objeto é a combinação de tamanho similar entre os dois componentes, separação relativamente grande entre eles, órbita bastante achatada e a atividade cometária que ele apresenta.

Essa combinação estranha de elementos de asteroide e cometa justificou a publicação da descoberta na revista “Nature”, em artigo que tem como primeira autora Jessica Agarwal, do Instituto Max Planck, na Alemanha.

O trabalho de detetive dos astrônomos, que acompanham o 288P desde 2011 (data de seu último periélio), revelou que ele faz parte de uma família de objetos no cinturão que resultou da fragmentação de um objeto maior, com cerca de 10 km de diâmetro, aproximadamente 7,5 milhões de anos atrás. E deve ter começado como um único objeto.

A quebra do astro parental pode deixado em seus “filhotes” partes de gelo que o compunham expostas ao Sol. Ao sublimarem, esses compostos voláteis podem levar à aceleração da rotação do objeto a ponto de dividi-lo em dois. É isso que provavelmente aconteceu ao 288P, uns 5.000 anos atrás, dando a ele sua configuração atual, binária.

O objeto, além de estranho, é de grande interesse dos cientistas, pois, com todas as suas características híbridas, ele pode ajudar bastante a entender a formação do cinturão de asteroides e o papel que cometas teriam nele. É o tipo de coisa que, por sua vez, pode ajudar a elucidar de onde veio a água da Terra. Mas, acima de tudo, é mais uma daquelas demonstrações contundentes da incrível variedade de astros que temos lá fora, a despeito de nossas classificações padronizadas.

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Astronomia: O sinal ‘Wow!’ decifrado? https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/06/12/astronomia-o-sinal-wow-decifrado/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/06/12/astronomia-o-sinal-wow-decifrado/#comments Mon, 12 Jun 2017 05:00:37 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/06/Wow_signal-180x102.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=6473 Após 40 anos de mistério, cientista americano reabre caso e decifra origem do sinal ‘Wow!’

NA ESCUTA
Em 15 de agosto de 1977, o sinal mais intrigante da história da busca por inteligência extraterrestre foi detectado pelo radiotelescópio da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA. Proveniente de uma região indistinta da constelação de Sagitário, ele tinha todas as marcas de uma potencial transmissão alienígena.

WOW!
O sinal era centrado na faixa de 1,42 GHz, a frequência de emissão da transição do hidrogênio, tida como uma sintonia preferencial para comunicações interestelares. A detecção durou 72 segundos _o tempo em que a antena ficou apontada para o mesmo ponto do céu_ e depois sumiu. Ao ver o registro, o radioastrônomo Jerry Ehman marcou à margem do papel: “Wow!”.

MISTÉRIO
O sinal não se enquadrava em qualquer explicação conhecida e, por 40 anos, permaneceu sem repetição, um genuíno mistério. Houve até quem achasse que era mesmo uma transmissão artificial extraterrestre.

RECONSTITUIÇÃO
No ano passado, Antonio Paris, um ex-analista do Departamento de Defesa dos EUA, decidiu reabrir o caso, voltando à “cena do crime”. Lá, ele descobriu algo muito suspeito: dois cometas, 266P/Christensen e 335P/Gibbs, estavam perto de onde partiu o misterioso sinal em 15 de agosto de 1977.

CONECTADO À NUVEM
Na época, ninguém poderia saber disso; os dois cometas só foram descobertos em 2006 e 2008. Mas o que os convertia em suspeitos é o fato de que esses astros costumam ser envolvidos por grandes nuvens de hidrogênio. Não seria inconcebível que pudessem gerar um sinal de rádio como o que foi observado há 40 anos.

CONFIRMAÇÃO
A hipótese de Paris era boa. Mas seria preciso testá-la. E foi isso que ele fez em janeiro último, quando o 266P/Christensen passou novamente pela mesma região do céu do sinal “Wow!”. Lá estava a emissão de 1,42 GHz. Observações de outros três cometas selecionados aleatoriamente mostraram que esse padrão de emissão é comum. Ou seja, nada de alienígenas. Em 1977, tudo não passou de um sedutor canto de sereia de um cometa, em sua viagem ao redor do Sol.

BÔNUS: MAS NÃO TÃO DEPRESSA
Astrônomos estão questionando o resultado de Antonio Paris; dizem eles que a posição dos cometas não era a alegada por ele e que o sinal detectado, ainda que verdadeiro, não seria similar ao “Wow!”. Por fim, questionam a publicação de seu artigo científico num periódico obscuro, da Academia de Ciências de Washington. Tudo isso deixa a solução do mistério ainda sub judice.

BÔNUS 2: CONVERSA COM BIAL
A quem interessar possa, o Mensageiro Sideral será um dos entrevistados do “Conversa com Bial”, na Globo, nesta segunda-feira (12), após o “Jornal da Globo”.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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AO VIVO: Pouso da Rosetta no cometa https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/09/30/ao-vivo-pouso-da-rosetta-no-cometa/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/09/30/ao-vivo-pouso-da-rosetta-no-cometa/#comments Fri, 30 Sep 2016 08:00:55 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/rosetta-descida-thumb-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5389 A missão europeia Rosetta, que nos últimos dois anos revolucionou a nossa compreensão dos cometas e da formação do Sistema Solar, está caminhando para o seu final. O controle da missão em Darmstadt, na Alemanha, já comandou a sonda a descer suavemente sobre a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Acompanhe ao vivo, a partir das 7h, a transmissão do Mensageiro Sideral, com imagens da Agência Espacial Europeia e comentários do engenheiro aeroespacial Lucas Fonseca, que participou do projeto, e do astrônomo Cássio Leandro Barbosa.

A manobra final, que colocou a sonda em queda livre na direção do núcleo do cometa, foi realizada às 17h48 de quinta-feira (29), pelo horário de Brasília — uma queima do propulsor de 208 segundos, concluída com sucesso.

Será uma descida frenética, de uma altitude de 19 km até zero, com a Rosetta tirando fotos, colhendo medidas e transmitindo os resultados em tempo real, durante toda a descida. Uma vez que ela toque o chão, o contato com a Terra será interrompido e a missão estará terminada.

A sonda já começou a enviar imagens de sua descida, a primeira delas a uma altitude de 16 km. Com elas, foi possível estimar com precisão maior o momento exato esperado do pouso: 7h38, com margem de erro de mais ou menos dois minutos. Mas lembre-se: o cometa Churyumov-Gerasimenko, a essa altura, está a 40 minutos-luz de distância da Terra, o que significa que o sinal confirmando o fim da missão só deve chegar a nós por volta de 8h18.

A superfície do cometa vista pela câmera OSIRIS, da Rosetta, durante a descida, a 16 km de altitude. (Crédito: ESA)
A superfície do cometa vista pela câmera OSIRIS, da Rosetta, durante a descida, a 16 km de altitude. (Crédito: ESA)

A trajetória de descida a levará ao contato com o solo do cometa na região batizada pelos cientistas de Ma’at.

O maior interesse nessa área, localizada no lobo menor do cometa, são imensos buracos em sua superfície, com diâmetros que chegam a ultrapassar uma centena de metros. Idealmente, a sonda não descerá dentro de um deles (embora seja impossível descartar, uma vez que há incertezas no local exato de descida), mas conseguirá tirar fotos de alta resolução de suas paredes laterais.

Os buracos têm dois atrativos científicos principais: primeiro, estudar a relação que eles têm com a atividade que ocorre no interior do cometa. E, segundo, mas talvez mais interessante, investigar a estranha textura granulada de suas pareces internas, visível até mesmo em imagens orbitais. Nessas paredes estão inscritos, de forma bastante literal, os blocos formadores do próprio cometa e, por consequência, do Sistema Solar.

Imagem colhida pela câmera OSIRIS a 11,7 km do cometa e recebida às 2h25 (Crédito: ESA)
Imagem colhida pela câmera OSIRIS a 11,7 km do cometa e recebida às 2h25 (Crédito: ESA)

Embora vá ser efetivamente um pouso — com um contato bastante suave sobre o solo do cometa –, a Rosetta foi projetada para ser um orbitador, e sua estrutura não é resistente o suficiente para sobreviver ao procedimento. Ele marcará, com chave de ouro, o fim da missão.

Durante a descida, 4 dos 11 instrumentos não estarão operacionais, a fim de maximizar o desempenho dos demais. No total, os cientistas esperam colher quase 200 MB de novos dados, entre imagens, medições e telemetria.

Ao realizar a manobra, a missão Rosetta protagonizará seu segundo pouso num cometa. O primeiro foi feito pelo módulo Philae, em novembro de 2014. Ele foi levado até o cometa Churyumov-Gerasimenko acoplado à Rosetta, sua nave-mãe, que agora se junta a ele na superfície do astro.

O cometa a 8,9 km, em imagem da OSIRIS recebida às 3h53 (Crédito: ESA)
O cometa a 8,9 km, em imagem da OSIRIS recebida às 3h53 (Crédito: ESA)
Imagem a 5,8 km, recebida às 5h18 (Crédito: ESA)
Imagem a 5,8 km, recebida às 5h18 (Crédito: ESA)

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Tudo pronto para o pouso da Rosetta no cometa! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/09/29/tudo-pronto-para-o-pouso-da-rosetta-no-cometa/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/09/29/tudo-pronto-para-o-pouso-da-rosetta-no-cometa/#comments Thu, 29 Sep 2016 20:05:13 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/Rosetta_impact-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5383 A missão Rosetta, que nos últimos dois anos revolucionou a nossa compreensão dos cometas e da formação do Sistema Solar, está chegando ao fim. Por volta das 5h da manhã desta sexta-feira (30), pelo horário de Brasília, a sonda receberá a última sequência de comandos do controle da missão e iniciará sua descida rumo à superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

O pouso em si está marcado para as 8h20, com margem de erro de 20 minutos para mais ou para menos, e envolverá a tentativa de coletar as imagens de mais alta resolução da região onde ela irá descer, batizada pelos cientistas de Ma’at.

Elipse de 700 m por 500 m onde ocorrerá o pouso da Rosetta nesta sexta-feira (Crédito: ESA)
Elipse de 700 m por 500 m onde ocorrerá o pouso da Rosetta nesta sexta-feira (Crédito: ESA)

O maior interesse nessa área, localizada no lobo menor do cometa, são imensos buracos em sua superfície, com diâmetros que chegam a ultrapassar uma centena de metros. Idealmente, a sonda não descerá dentro de um deles (embora seja impossível descartar, uma vez que há incertezas no local exato de descida), mas conseguirá tirar fotos de alta resolução de suas paredes laterais.

Os buracos têm dois interesses científicos principais: primeiro, estudar a relação que eles têm com a atividade que ocorre no interior do cometa. E, segundo, mas talvez mais interessante, investigar a estranha textura granulada de suas pareces internas, visível até mesmo em imagens orbitais. Nessas paredes estão inscritos, de forma bastante literal, os blocos formadores do próprio cometa e, por consequência, do Sistema Solar.

Será uma descida frenética, de uma altitude de 19 km até zero, com a Rosetta tirando fotos, colhendo medidas e transmitindo os resultados em tempo real, durante toda a descida. Uma vez que ela toque o chão, o contato com a Terra será interrompido e a missão estará terminada.

Embora vá ser efetivamente um pouso — com um contato bastante suave sobre o solo do cometa –, a Rosetta foi projetada para ser um orbitador, e sua estrutura não é resistente o suficiente para sobreviver ao procedimento. Ele marcará, com chave de ouro, o fim da missão.

Houve algum questionamento sobre se esse seria o melhor uso da espaçonave, em vez de uma extensão das operações orbitais, mas a verdade é que, conforme o cometa se afasta mais do Sol em sua órbita elíptica, a Rosetta tem quantidade de energia cada vez menor para permanecer funcionando.

A essa altura, alguns dos intrumentos já têm sido mantidos desligados, por falta de eletricidade. Durante a descida, 4 dos 11 não estarão operacionais, a fim de maximizar o desempenho dos demais. No total, os cientistas esperam colher quase 200 MB de novos dados, entre imagens, medições e telemetria.

O Mensageiro Sideral transmitirá ao vivo o pouso da Rosetta e a conclusão da missão, a partir das 7h desta sexta-feira, com comentários de Lucas Fonseca, engenheiro brasileiro que participou do projeto, e Cássio Barbosa, astrônomo e blogueiro. Não perca!

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Acharam o Philae! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/09/05/acharam-o-philae/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/09/05/acharam-o-philae/#comments Mon, 05 Sep 2016 16:18:25 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/09/ESA_Rosetta_PhilaeFound_1280-180x113.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=5271 Faltando apenas um mês para o término da missão, a sonda Rosetta finalmente conseguiu localizar e fotografar o módulo Philae, que fez um pouso espetacular no cometa Churyumov-Gerasimenko em 12 de novembro de 2014.

O pequeno robô está inativo e, como já era esperado, ficou preso a uma reentrância no cometa, posicionado de lado, o que limitava muito a quantidade de luz solar que seus painéis podiam receber. Não fosse isso, a missão quase certamente teria durado mais que as pouco mais de 60 horas de bateria que o módulo tinha à disposição para acionar seus instrumentos.

Detalhes do Philae, afixado de lado a um rochedo na superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko (Crédito: ESA)
Detalhes do Philae, afixado de lado a um rochedo na superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko (Crédito: ESA)

“Com apenas um mês restando para a missão Rosetta, estamos tão felizes de ter finalmente fotografado o Philae e vê-lo em detalhes incríveis”, disse Cecilia Turbiana, da equipe da câmera Osiris, instalada no satélite, em nota da ESA (Agência Espacial Europeia). Ela foi a primeira a ver o pequeno robô, do tamanho de um frigobar, nas imagens que chegaram do espaço ontem.

O registro foi feito quando a Rosetta fazia um sobrevoo a apenas 2,7 km da superfície do cometa, o que lhe permitiu registrar imagens com uma resolução de 5 cm/pixel — mais do que suficiente para visualizar o Philae, com cerca de 1 metro.

A missão está em seus estágios finais e deve realizar seu próprio pouso no cometa no dia 30.

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Astronomia: Europeus farão novo pouso em cometa https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/06/06/astronomia-europeus-farao-novo-pouso-em-cometa/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2016/06/06/astronomia-europeus-farao-novo-pouso-em-cometa/#comments Mon, 06 Jun 2016 05:00:53 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/06/rosetta-chury-selfie-180x129.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=4878 Europeus fazem plano para realizar segundo pouso num cometa, desta vez com a sonda Rosetta.

LÁ VAMOS NÓS DE NOVO?
Em novembro de 2014, tivemos o histórico primeiro pouso de uma espaçonave num cometa. O módulo Philae realizou uma descida emocionante até a superfície do Churyumov-Gerasimenko e trabalhou lá por quase três dias, antes de esgotar suas baterias. Agora, chegou a hora de se preparar para um segundo pouso.

AGORA VAI
A Agência Espacial Europeia já está planejando a descida final da sonda Rosetta. Foi ela quem levou de carona o Philae até o cometa Chury. A ideia dos cientistas é conduzir a orbitadora a uma descida suave na região que foi batizada de Agilkia — local onde o Philae originalmente devia se estabelecer. Mas acabou que ele só quicou lá e foi parar em outro canto, bem longe dali.

DEFINIÇÕES
O pessoal da ESA ainda está fazendo testes e resolvendo os últimos detalhes do plano, mas o objetivo é realizar a descida no dia 30 de setembro, encerrando com chave de ouro a missão Rosetta, que foi lançada em 2004 e passou dois anos em órbita do Churyumov-Gerasimenko. Não sabemos se ela sobreviverá ao contato com o solo do cometa. Afinal, ela nunca foi projetada para pousar.

EM ASTEROIDE FOI
O único precedente para a operação foi dado pela sonda americana Near Shoemaker, que orbitou o asteroide Eros por um ano antes de ser conduzida a um pouso suave em sua superfície, em fevereiro de 2001. Surpreendentemente, a orbitadora resistiu à descida e conseguiu colher informações de composição do solo em altíssima resolução. Pode a Rosetta fazer o mesmo?

MISSÃO IMPOSSÍVEL
O pouso de agora é mais ousado, pois cometas têm superfície bem mais ativa que asteroides. Há apenas uma semana, a Rosetta passou por um grande aperto, quando seu rastreador de estrelas (usado para navegação e controle da órbita) foi confundido pela poeira que subia do solo do Chury. Isso, a 5 km da superfície. Imagine como será tentar pousar lá. Ou melhor, nem imagine. Em breve, saberemos.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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