Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 A última jornada do cometa Ison https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/12/10/a-ultima-jornada-do-cometa-ison/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/12/10/a-ultima-jornada-do-cometa-ison/#comments Tue, 10 Dec 2013 15:01:23 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=1098 Pois é, primeiro ele estava morto. Depois não estava mais. E no final acabou morrendo de novo. Agora já dá para dizer sem medo de errar: o cometa Ison já era. Observações da Nasa e de astrônomos amadores fracassaram até na tentativa de ver a nuvem de destroços resultante da passagem pelas redondezas do Sol.

Recapitulando rapidamente a saga: descobriram o dito cujo em setembro de 2012, e ele tinha um brilho bem bacana para um cometa tão distante. Calcularam a órbita e determinaram que ele vinha das profundezas do Sistema Solar, uma região conhecida como nuvem de Oort, que consiste num cemitério de destroços deixados pela formação dos planetas, 4,7 bilhões de anos atrás. E o mais bacana: pela rota indicada, ele passaria a apenas 1,2 milhão de km da superfície do Sol no dia 28 de novembro de 2013.

Ninguém sabia se ele poderia sobreviver a tamanha proximidade, enfrentando temperaturas próximas de 3.000 graus. Mas imaginava-se que, pelo menos na aproximação, o aumento de brilho, conforme o gelo que existia nele começasse a evaporar, proporcionaria um grande espetáculo. E se o Ison por um acaso sobrevivesse ao encontro, poderia se tornar visível até à luz do dia, o que o tornaria sem dúvida o “cometa do século”.

O grande dia chegou e o mundo inteiro acompanhou, graças a uma flotilha de satélites que monitora o Sol em tempo real, a aventura do pequeno cometa em seu sobrevoo de raspão por nossa estrela-mãe. O Ison entrou de um lado e sumiu de vista. Um dos satélites, o SDO (Solar Dynamics Observatory) foi até deslocado para observar a passagem no ponto cego das outras espaçonaves, mas nada viu. A Nasa decretou a morte do Ison.

Então, eis que do outro lado surge um cometa. Depois de titubear por algumas horas, Karl Battams, coordenador da campanha de observação da Nasa, afirmou que pelo menos uma parte pequena do núcleo do Ison teria sobrevivido. Isso reacendeu a esperança de que ele pudesse voltar a brilhar.

Mas 48h depois, no dia 30, pouco antes de sair do campo de visão dos satélites solares, ele parecia só uma nuvenzinha difusa, sem sinal de núcleo. O Ison era só uma nuvem de poeira e gás.

Ainda assim, havia esperança de ver alguma coisa. A Nasa continuou bancando a ideia de usar o Telescópio Espacial Hubble para identificar o que teria sobrado do cometa, coroando assim uma série de observações sem precedentes da jornada completa de um cometa desse tipo por nossas imediações no Sistema Solar.

Só que eles não sabem nem para onde apontar. Astrônomos amadores têm buscado o Ison e saído de mãos vazias. Isso implica que, se há algo ainda lá fora, teria de ter magnitude superior a +17 (quanto maior o número, menos brilho ele tem). Tentativas de observá-lo feitas com o a IRTF (Instalação de Telescópio Infravermelho da Nasa) fracassaram. Há quem continue observando, mas não há sinal do cometa. Ele já era.

Restará agora, para os próximos anos, o trabalho duro: os cientistas vão analisar todas as informações colhidas para contar com precisão a saga do Ison. Quando ele teria se fragmentado e começado a derreter? Sobrou algo dele? Qual era sua composição exata? Seu tamanho? É pano para a manga, mas numa arena que fica longe dos olhos do público.

Contudo, o Mensageiro Sideral tem a certeza de que restará a todos na Terra que acompanharam esta aventura uma lembrança nostálgica do episódio. O Ison não foi o cometa do século como desejávamos, mas certamente nos ensinou muito sobre os perigos que um pedregulho de gelo enfrenta em sua jornada para as redondezas do Sol. Quando o verdadeiro cometa do século surgir, estaremos bem mais preparados para apreciar sua beleza!

(Obrigado ao leitor Marcelo Falcão que montou o vídeo acima com imagens do satélite Soho.)

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Depois da morte, a ressurreição do Ison! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/29/depois-da-morte-a-ressurreicao-do-ison/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/29/depois-da-morte-a-ressurreicao-do-ison/#comments Fri, 29 Nov 2013 02:56:01 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=1033 Sabe aqueles filmes de super-herói que, depois da trama resolvida e mais dez minutos de créditos, têm aquela cena final que coloca tudo de ponta-cabeça? Pois bem, meus amigos, a saga do cometa Ison ainda não acabou.

Depois que todo mundo viu o cometa reduzir paulatinamente de brilho e sumir por trás do Sol, parecia que o destino estava selado. Redução rápida de magnitude significava fragmentação, e um cometa aos pedaços não resistiria aos 2.700 graus Celsius que envolvem passar a 1,2 milhão de km de uma estrela. A essa temperatura, aos pedaços, todo o gelo derreteria. Até mesmo ferro vaporizaria.

Mas então uma pequena trilha, aparentemente de detritos, começou a emergir nas imagens, na trajetória que pertenceria ao Ison. E aí, uma surpresa adicional: o brilho começou a aumentar. O suspense durou até 00h49, quando Karl Battams, um dos coordenadores da campanha de observação organizada pela Nasa, anunciou pelo twitter: “Certo, estamos cravando, e você ouviu primeiro aqui: acreditamos que uma pequena parte do núcleo do Ison SOBREVIVEU ao periélio.

Imagem obtida pelo satélite Soho sugere que parte do Ison sobreviveu ao periélio

Então aí está, o gancho para a continuação da mais emocionante observação cometária de que se tem notícia.

Karl Battams diz que já observou mais de 2.000 cometas que passam raspando pelo Sol, e este não se compara a nenhum deles. Pode não ser o espetáculo visual que todos esperavam, mas em termos de ciência estamos diante de uma grande novidade. Que outras surpresas o Ison nos reserva, além de uma ressurreição?

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O fim do Ison e o início da aventura humana https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/28/o-fim-do-ison-e-o-inicio-da-aventura-humana/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/28/o-fim-do-ison-e-o-inicio-da-aventura-humana/#comments Thu, 28 Nov 2013 20:57:21 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=1021 O cometa Ison passou pelo Sol e, ao que tudo indica, não sobreviveu. Todo mundo já sabia que isso podia acontecer, mas também é impossível não se sentir um pouco frustrado. Por suas propriedades intrínsecas (diâmetro estimado) e orbitais (primeira passagem por dentro do sistema, trajetória que o levaria bem perto do astro-rei), esperava-se que o objeto pudesse vir a se tornar um espetáculo no céu noturno (quiçá diurno). Ele chegou a ser proclamado “cometa do século”, mesmo tendo se passado apenas 13 anos do século 21.

Ilustração do cometa Ison feita por crianças de South Bend, divulgada pela Nasa

O fato de que o Ison não viveu para contar essa história, após passar a meros 1,2 milhão de km da superfície solar, desanima mesmo, admito. Mas só se pensarmos que o grande fenômeno era realmente o Ison. Daqui, do seu cantinho no terceiro planeta ao redor do Sol, o Mensageiro Sideral viu outra coisa: muitas pessoas acompanhando freneticamente imagens vindas do espaço em rápida sucessão e torcendo para que um velho pedregulho de gelo e rocha sobrevivesse a um fervente encontro com nossa estrela-mãe. Agora, essas mesmas pessoas estão chateadas por ele não ter resistido, como fosse um herói caído. Um minuto de silêncio pela “morte” do Ison.

Antropomorfizar objetos — ou seja, tratar estruturas inanimadas como se fossem pessoas — é algo que o ser humano intrinsecamente faz. Nossa mente parece estar programada para interpretar tudo ao nosso redor como se fosse vivo. Até aí, nada de novo. O que acho incrível é que vivemos numa era em que podemos “torcer” por astros celestes, em escala global. Pessoas de todos os continentes estavam ligadas a computadores, celulares e tablets para acompanhar o periélio do Ison — o destino de um pedaço de gelo e pedra vulgar que calhou de passar perto do Sol. Isso mostra uma comunhão entre o celeste e o terrestre que eu nunca havia visto antes. Será que esse é um dos sintomas de que estamos nos transformando numa civilização transplanetária?

Uma das razões pelas quais eu escrevo sobre espaço e astronomia é porque acredito que sim; pouco a pouco, o Sistema Solar está se tornando o quintal da humanidade, e o Universo lá fora começa a nos convidar seriamente para passear.

Aqui na Terra, ainda estamos divididos, cheios de conflitos e problemas, mas o fato de que usamos espaçonaves e cooperação internacional para acompanhar, globalmente, um evento que transcende nossas (em última análise pequenas) diferenças é motivo para nos enchermos de esperança.

O “cometa do século” terá de ficar para a próxima, mas o Ison, com todas as supresas que ele nos reservou ao longo de sua jornada, será estudado por anos a fio, graças ao esforço concentrado de monitoramento da trajetória do objeto em sua viagem por nossas vizinhanças. E deixará a animadora sensação de que, se o cosmos é mesmo recheado de belezas e surpresas, já existe pelo menos uma forma de vida capaz de apreciá-las e reverenciá-las adequadamente.

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A jornada do Ison pelo Sol em tempo real https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/28/a-jornada-do-ison-pelo-sol-em-tempo-real/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/28/a-jornada-do-ison-pelo-sol-em-tempo-real/#comments Thu, 28 Nov 2013 12:58:53 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=1007 Hoje é o grande dia para o cometa Ison. (Se você caiu de para-quedas nessa história, sugiro dar uma passadinha antes aqui, onde o Mensageiro Sideral dá o resumo da ópera do possível “cometa do século”) Às 16h25, ele fará sua máxima aproximação do Sol. E graças ao satélite Soho, parceria da Nasa e da ESA, podemos ver a coisa se desenrolar em tempo real.

O Ison deve passar por trás da estrela (escondida por um coronógrafo, ao centro, para não ofuscar o resto da imagem), fazer uma curva e sair para o lado superior direito da imagem — isso se sobreviver à passagem.

Dê um reload periódico aqui para ver a quantas anda. A magnitude (medida de brilho) dele já está estimada em -2 (quanto menor, melhor) pelos astrônomos e deve continuar subindo, caso ele não se desintegre.

Atualização (12h46): o cometa parece estar reduzindo de brilho. Acho que não vai aguentar o tranco.

Atualização 2 (15h31): A Nasa está postando imagens do satélite SDO também em tempo real aqui. Eles estão até reapontando a nave para pegar melhor o Ison durante sua passagem pelo periélio. Mas a redução de brilho continua. Não vai bem.

Atualização 3 (17h15): Enquanto o Ison fazia sua brava travessia do periélio, eu fiz uma igualmente heroica travessia da cidade de São Paulo. De volta ao QG, ouço que a Nasa está desconfiada de que o cometa foi pro saco. Está rolando um Google Hangout da Nasa, que você pode acompanhar aqui. Aguardemos dados conclusivos, mas não parece bom.

Atualização 4 (18h57): Parece que já foi mesmo. O Ison deveria ter aparecido nas imagens do satélite SDO, mas não deu as caras. Deve ter se vaporizado antes de dar a volta no Sol. Em mais uma hora, os cientistas devem confirmar a destruição do cometa, mas o Mensageiro Sideral já fez sua reflexão sobre o causo, que você pode ler aqui.

Atualização 5 (22h34): Alguma coisa que restou do Ison saiu do outro lado do Sol e deu uma ligeira aumentada de brilho. Os cientistas da Nasa que coordenam a campanha de observação do cometa estão intrigados. Será…?

Atualização final (01h14): Cientistas da Nasa dizem que parte do núcleo do Ison sobreviveu ao periélio! A saga continua!

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Cometa Ison se aproxima do Sol; veja vídeo https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/27/cometa-ison-se-aproxima-do-sol-veja-video/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/27/cometa-ison-se-aproxima-do-sol-veja-video/#comments Wed, 27 Nov 2013 08:57:43 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=993
Imagem da sonda Stereo mostra o Ison (cometa maior), o Encke (cometa menor), Mercúrio e a Terra

É chegado o momento da verdade. Às 16h25 de amanhã, o cometa Ison passará a 1,2 milhão de km da superfície do Sol. Será que ele sobreviverá a esse encontro fervente com o astro-rei? Os cientistas não sabem o que vai acontecer, mas seguem monitorando a situação minuto a minuto, graças à incansável ação de diversas espaçonaves distribuídas pelo Sistema Solar.

Veja, por exemplo, o espetacular vídeo montado por Emily Lakdawalla, da Planetary Society, juntando imagens colhidas por uma das espaçonaves gêmeas Stereo, da Nasa.

Ambas as sondas estão na mesma órbita que a Terra ao redor do Sol, uma avançando à frente de nosso planeta, e a outra atrás. Uma das coisas curiosas disso é que ela consegue registrar nosso mundo nessas imagens, além do planeta Mercúrio. No caso, a imagem é da Stereo-A, que orbita à frente do globo terrestre. O Sol está do lado direito da imagem, e um outro pontinho em movimento no vídeo é o cometa Encke, que também está de passagem por essas redondezas.

Por falar em Mercúrio, a sonda Messenger está em órbita dele e também fotografou o Ison conforme ele ultrapassou a órbita do mais interno dos planetas. Veja só.

Câmera da sonda Messenger registrou o Ison no dia 20 de novembro

O destino do cometa ainda está em aberto. No dia 23, o astrônomo colombiano Ignacio Ferrín, da Universidade de Antioquia, se encantava com o fato de que o Ison não havia se desintegrado como ele originalmente esperava. Em compensação, ontem, ele reuniu evidências preliminares de que o núcleo do objeto pudesse ter se rompido. Nada é definitivo, e as próximas horas podem ser decisivas.

Dada a proximidade com o Sol, o Ison está invisível para observadores em terra. Somente pelo monitoramento feito por espaçonaves saberemos se ele sobreviverá à passagem pelo Sol para se tornar o esperado “cometa do século”.

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A melhor imagem do cometa Ison https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/18/a-melhor-imagem-do-cometa-ison/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/18/a-melhor-imagem-do-cometa-ison/#comments Mon, 18 Nov 2013 12:57:44 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=913 E aí, conseguiu ver o cometa Ison no final de semana? O Mensageiro Sideral não foi agraciado com um horizonte leste sem nuvens em São Paulo e ficou a ver navios. Mas o mesmo não pode ser dito do astrônomo amador britânico Damian Peach.

O cometa Ison fotografado por Damian Peach em 15 de novembro

Curtiu? Essa foi a imagem que ele obteve do Ison na última sexta-feira, 15 de novembro, depois que o cometa passou por um súbito aumento de atividade e de brilho. A cor esverdeada deu lugar ao azul, e diversos focos ativos podem ser observados (resultando nessa cauda múltipla). “Difícil acreditar que este é o mesmo cometa da minha imagem de 10 de novembro”, disse Peach. Veja a imagem a que ele se refere.

O mesmo cometa, fotografado por Peach com o mesmo equipamento, cinco dias antes

A nova foto é tão bonita que está sendo celebrada por Ignacio Ferrín, da Universidade de Antioquia, na Colômbia, como possivelmente a melhor. (Ferrín anda comendo seu chapéu com molho pardo, uma vez que suas previsões de destruição precoce do cometa não se concretizaram até agora. O site dele tinha até uma contagem regressiva para a desintegração do objeto, que no momento está zerada…)

Depois do aumento de brilho, o cometa passou a ser visível a olho nu (no momento, magnitude +5,3), mas no limite da capacidade humana. Isso significa que o céu precisa estar bem limpo e você precisa de visão perfeita para percebê-lo. Ainda é recomendável procurá-lo com o auxílio de binóculos.

Os próximos dois ou três dias podem ser a última chance de vê-lo com seus próprios olhos. Depois disso, o objeto estará muito próximo do Sol no céu para ser observado. Sua aproximação máxima com a estrela, chamada de periélio, acontece no dia 28 de novembro, e ninguém sabe se ele sobreviverá ao intenso calor e aos poderosos efeitos gravitacionais de passar a pouco mais de 1 milhão de km da estrela.

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Chegou a hora de observar o cometa Ison https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/14/chegou-a-hora-de-observar-o-cometa-ison/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/11/14/chegou-a-hora-de-observar-o-cometa-ison/#comments Thu, 14 Nov 2013 09:16:14 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=898 Depois de meses de expectativa, é chegado o momento de procurar o famoso (e por ora ainda discreto) cometa Ison nos céus brasileiros. Astrônomos amadores ao redor do mundo reportam que seu brilho começou a aumentar, conforme ele ruma na direção do Sol, e o objeto já pode ser visto com o auxílio de binóculos. Você provavelmente não encontrará momento melhor para procurá-lo do que durante este feriado prolongado, sem a pressão de acordar cedo no dia seguinte.

Antes, alguns aperitivos. Confira essa bela imagem capturada pela Nasa em 8 de novembro, com um telescópio de 14 polegadas, no Centro de Voo Espacial Marshall, em Huntsville, Alabama.

Cometa Ison é registrado por telescópio do Centro de Voo Espacial Marshall, da Nasa

Gostou? Mais legal ainda foi a imagem obtida pelo astrônomo amador austríaco Michael Jäger anteontem. Ela já mostra o cometa Ison com duas caudas.

O astrônomo amador Michael Jäger registrou o Ison com duas caudas em 12 de novembro

O padrão de duas caudas é bem comum e é mais um sintoma da aparente boa saúde do astro. Uma delas é composta por poeira, e vai ficando para trás ao longo da órbita do astro. A segunda é produzida pela sublimação de material volátil (principalmente gelo de água). Essa trilha gasosa é projetada na direção oposta ao Sol. Por isso o suave desalinhamento entre as duas.

A tendência é que o brilho continue aumentando durante os próximos dias, mas ele cresce na mesma proporção em que o cometa se aproxima de nossa estrela-mãe (e com isso começa a nascer cada vez mais tarde no céu, quase junto com o Sol). No dia 28 próximo, ele passará raspando a 1,2 milhão de km da superfície solar — menos de um centésimo da distância Terra-Sol. Nesse período, será praticamente impossível tentar vê-lo, e ficará a expectativa dos amantes do céu. O Ison sobreviverá à passagem e sairá do outro lado do Sol? Ou o calor e a tensão gravitacional serão demais para o objeto de 5 km de diâmetro, que será feito em pedaços e nunca mais voltará a ser avistado?

Nada se sabe a esse respeito. O que já dá para saber é que o cometa não deve ser observável do hemisfério Sul após o periélio. Isso porque, do nosso ponto de vista, o cometa irá se pôr antes do Sol e nascerá praticamente junto com o astro-rei. A não ser que as mais otimistas expectativas de brilho do Ison se concretizem, ele será completamente ofuscado pela luz solar e invisível durante o dia.

PARA OBSERVAR NO FERIADO

É preciso pelo menos um bom par de binóculos. Com um telescópio, a imagem pode ser melhor, mas é mais difícil de achar o Ison. A olho nu, não vai rolar. Ele está no momento com brilho de magnitude 8, e é preciso 6 ou menos para vê-lo a olho nu num céu limpo e longe da poluição luminosa (quanto menor a magnitude, mais brilhante é o objeto) .

O melhor horário para observá-lo é por volta das 5h30 da manhã, pouco antes de o Sol nascer. Olhe na direção leste, para a constelação de Virgem. O cometa Ison estará bem próximo à estrela Porrima (Gamma Virginis). Confira o mapa do céu na região em que o Ison pode ser encontrado (feito tendo como referência a cidade de São Paulo, dia 15, 5h30).

“As próximas noites podem ser as melhores para os observadores no Sul e Sudeste do Brasil, já que o tempo está bom e a Lua ainda não está cheia”, afirma Gustavo Rojas, astrônomo da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). “Estar em um local escuro é essencial”, complementa.

O Mensageiro Sideral tem acompanhado de perto a saga do Ison, desde que ele foi clamado como potencial cometa do século até as controvérsias entre os astrônomos, que ora diziam que ele estava condenado a sumir, ora afirmavam que tudo estava caminhando conforme o esperado. Em breve, os capítulos finais desta emocionante novela celeste.

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Cometa Ison vai muito bem, obrigado https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/10/18/cometa-ison-vai-muito-bem-obrigado/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/10/18/cometa-ison-vai-muito-bem-obrigado/#comments Fri, 18 Oct 2013 11:34:22 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=774
Imagem do Hubble obtida em 9 de outubro mostra boa saúde do Ison

A Nasa acabou de divulgar uma nova imagem do Ison — potencial cometa do século — que revela a boa saúde do astro até o momento. Em desabalada carreira rumo às redondezas do Sol, temia-se que o objeto fosse se desintegrar antes mesmo de atingir o periélio, mas a foto revela que o núcleo do cometa segue intacto.

Temos nos alternado entre boas e más notícias sobre o Ison nos últimos tempos, enquanto os astrônomos tentam adivinhar o futuro do objeto. Contudo, o que há de certo até agora é que ele não está tão brilhante quanto sugeriam as mais otimistas previsões, feitas depois que ele foi descoberto, no ano passado.

Um estudo feito por Jian-Yang Li, do Instituto de Ciência Planetária, nos Estados Unidos, ajuda a explicar o baixo brilho. Usando o mesmo Hubble, sua equipe conseguir determinar o eixo de rotação do cometa e concluiu que ele está rumando para o Sol com um dos polos apontados para ele. Na prática, isso significa que metade do objeto fica “escondido” dos raios solares, o que explicaria a baixa atividade até o momento.

Se eles estiverem certos, o cometa deve adquirir um brilho bem maior na última semana antes de atingir o periélio — aproximação máxima do Sol –, quando o outro hemisfério for exposto aos raios solares, conforme ele faz o contorno ao redor de nossa estrela.

O astro deve passar raspando a 1,1 milhão de km da superfície do Sol no dia 28 de novembro, e aí sabe-se lá se o núcleo resistirá ao calor e ao poder gravitacional da estrela. No Brasil, a melhor época para tentar observá-lo será na madrugada, antes do nascente, nas duas últimas semanas de novembro. Após o periélio, se sobreviver, o cometa será visível somente no hemisfério Norte.

Por ora, a nova imagem do Hubble revela apenas sua boa saúde. A coma esverdeada é um bom sinal, assim como a cauda avermelhada — ambos registros claros de material volátil sendo despertado pelos raios solares conforme o cometa adentra as regiões internas do sistema.

Se sobreviver ao periélio, o Ison fará sua aproximação máxima da Terra em 26 de dezembro, a 64 milhões de km de nós (sem oferecer perigo, portanto).

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O cometa subiu no telhado? https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/10/07/o-cometa-subiu-no-telhado/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/10/07/o-cometa-subiu-no-telhado/#comments Mon, 07 Oct 2013 10:51:49 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=652 As últimas notícias do cometa Ison são as piores possíveis. Segundo o astrônomo colombiano Ignacio Ferrín, o astro mostra todos os sinais de uma desintegração iminente. Caso isso aconteça mesmo, diga adeus ao espetáculo.

Imagem do cometa Ison obtida pelo astrônomo amador Damian Peach no dia 24 de setembro

Segundo o especialista em cometas da Universidade de Antióquia, o até então festejado “cometa do século” subiu no telhado e pode muito bem desaparecer por completo nas próximas semanas, antes mesmo de fazer sua aproximação máxima do Sol, em 28 de novembro.

Não é de hoje que Ferrín tem jogado água na fervura dos fãs do Ison. Em junho, ele já apontava a pouca variação de brilho do cometa para argumentar que o objeto devia ter pouco material volátil e não se tornaria o espetáculo que todos esperavam.

Contudo, nada sugeria algo tão dramático quanto o que ele agora sugere. Ao comparar a curva de luz do cometa (ou seja, a análise do brilho que emana dele), Ferrín constatou que ele tem um padrão incomum. “Quando vi essa assinatura, fui imediatamente à minha base de dados de curvas de luz de cometas e encontrei dois objetos que também apresentavam essa assinatura: o cometa C/1996 Q1 Tabur e o cometa C/2002 O4 Hönig”, afirmou o colombiano em comunicado. “Para minha surpresa, esses dois cometas desapareceram simplesmente desligando ou desintegrando.”

O astrônomo diz que, em algumas semanas, o destino do Ison deva ser selado, e não há hipótese de que ele seja outro que não um triste e discreto fim. Caso sua previsão se concretize, o cometa nem deve chegar a se tornar visível a olho nu, o que será frustrante para quem tem aguardado ansiosamente a passagem desse objeto.

O Mensageiro Sideral se inclui na lista dos chateados, mas segue na torcida para que o Ison — cujo comportamento até agora tem sido sem igual na história da pesquisa cometária — nos surpreenda novamente.

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Cometa Ison, “ao vivo” de Marte https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/10/04/cometa-ison-ao-vivo-de-marte/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/10/04/cometa-ison-ao-vivo-de-marte/#comments Fri, 04 Oct 2013 03:49:09 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=640 O pessoal da Universidade do Arizona responsável pela câmera HiRISE, instalada a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, publicou as primeiras imagens do cometa Ison obtidas da órbita de Marte.

Imagens obtidas pelo Mars Reconnaissance Orbiter mostram o cometa Ison

Não empolgou? Pois é. Nem a eles. “Baseado na análise preliminar dos dados, o cometa parece estar na porção inferior das previsões de brilho para a observação”, afirmaram Alan Delamere e Alfred McEwen, da equipe da HiRISE. “Como resultado, a imagem não é tão atraente visualmente, mas a atividade baixa da coma é melhor para estimar o tamanho do núcleo.”

Essas imagens acima foram obtidas na primeira tentativa de observar o cometa, no dia 29. Outras observações foram feitas nos últimos dois dias, quando o objeto atingiu sua máxima aproximação com o planeta vermelho, passando a 10,5 milhões de quilômetros da superfície (mais ou menos 27 vezes a distância Terra-Lua). Ao consolidá-las, o pessoal estará em boas condições para estimar o porte do objeto. Trata-se de um cálculo importante, pois ajudará a calcular o potencial de sobrevivência do Ison ao passar raspando pelo Sol (a 1,2 milhão de km), em 28 de novembro.

De toda forma, o brilho relativamente baixo é uma má notícia para os que esperam um grande espetáculo para os observadores terrestres lá pelo fim do ano, e ajuda a resfriar os ânimos após observações recentes por astrônomos amadores indicarem que o Ison estava aumentando seu nível de atividade e ficando esverdeado.

Os pesquisadores também tentaram usar o jipe Curiosity para observar o Ison da superfície de Marte, mas as imagens obtidas não permitiram sua detecção.

Provavelmente teremos mais informações quando o apagão da Nasa chegar ao fim, mas por ora resta a expectativa de como o cometa irá se comportar ao adentrar as regiões mais internas do Sistema Solar. Fica a torcida pelo aumento de brilho.

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