Astronomia: Módulo inflável testa tecnologia para viagens a Marte
Módulo espacial inflável recém-lançado testa tecnologia para futuras viagens a Marte.
MARTE NA CABEÇA
A Nasa não sabe falar de outra coisa: está com aquela ideia fixa de enviar astronautas a Marte na década de 2030. É verdade que o falatório tem muito mais a ver com angariar apoio público (e verbas) do que com os progressos tecnológicos exigidos. Apesar disso, de vez em quando, acontece algo bem importante. É o caso do que vai rolar nesta semana.
INFLÁVEL
Na última sexta-feira, um cargueiro privado americano Dragon foi lançado ao espaço rumo à Estação Espacial Internacional. Além de levar suprimentos, a espaçonave carrega consigo o primeiro módulo inflável a ser instalado no complexo orbital.
HOTELARIA ESPACIAL
Ele se chama Beam, sigla para Módulo Expansível de Atividade da Bigelow, e foi construído pela empresa do magnata de hotelaria de Las Vegas, Robert Bigelow. Até o fim desta semana, ele deve ser acoplado e inflado, iniciando um período de dois anos de testes.
A FRONTEIRA FINAL
Por que o Beam é importante e o que tem a ver com Marte? Uma jornada interplanetária até o planeta vermelho leva pelo menos uns seis meses, e não tem como manter os astronautas numa boa numa cápsula apertada por todo esse tempo. Eles vão precisar de espaço para esticar as pernas, como o que existe dentro da Estação Espacial Internacional.
TAMANHO É DOCUMENTO
Os módulos espaciais tradicionais são estruturas metálicas rígidas, grandes e pesadas. Quanto maior e mais pesado, mais difícil é lançá-lo ao espaço. Ele precisa caber no foguete! Agora, se o módulo puder ser inflável, ele fica bem mais leve e pode viajar “dobrado”, expandindo-se somente depois que já estiver no espaço.
DURO NA QUEDA
O Beam é revestido por camadas de kevlar — mesmo material usado em coletes à prova de balas — e sua integridade contra microimpactos e radiação espacial será colocada à prova. Caso ele se saia bem no teste, é muito provável que os módulos de habitação usados para a ida a Marte sejam também infláveis.
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
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Pessoal, segue a última atualização dos projetos a médio prazo das empresas envolvidas:
http://www.spacedaily.com/reports/Living_in_a_bubble_inflatable_modules_could_be_the_future_of_space_habitats_999.html
Essa questão do material ser fino, na verdade, estava lendo essa semana um físico explicando que o tipo de radiação que vão enfrentar é diferente da radiação aqui, tipo da radiografia, onde se precisa de uma proteção grossa feito o chumbo, no caso da radiação solar a proteção deve ser fina, no caso, é bem possível que o klevar ou ele associado a outro material fino, já sirva de proteção.
Li isso no livro “De primatas a astronautas”, só não lembro a página.
Salvador, você já leu sobre o revolucionário projeto de viagem interestelar apoiado por Stephen Hawking? Naves estelares do tamanho de chips eletrônicos, viajando a 20% da velocidade da luz, chegando no sistema estelar mais próximo em 30 anos. É uma notícia avassaladora e extremamente prazerosa para quem gosta de astronomia, pelo menos, penso assim. O que você acha a respeito de tudo isso? Abraços!
Kennedy, acabei de blogar. A coisa está muito em cima do projeto do Philip Lubin, sobre o qual falei algumas semanas atrás. Dê uma olhada. Fiz até videozinho! Ajuda a espalhar, porque a chamada no UOL já foi para a BBC hoje. rs
Muito legal a matéria, Salvador! E engenhoso! Mas, o kevlar se comporta bem contra os temíveis raios cósmicos? Se não, o que seria necessário para amenizar este efeito? Existe, mesmo, alguma possibilidade? Ou seria módulos com vários compartimentos por dentro, organizados de tal modo e prenchidos com algum material que poderia amenizar os efeitos dos raios cósmicos?
Têm várias camadas de diversas composições, não é só kevlar. A ideia é dar proteção contra radiação sim. Mas as medidas serão feitas agora!
E micro-compartimentos em grande número, que seriam infláveis também, envolvendo o habitat, com algum gás nobre pesado, ajudaria a atenuar os raios cósmicos a um nível aceitável, além de outros metais?
Boa pergunta. Acho que gás em geral não é bom pra rebater isso. O ideal seria líquido.
É, o líquido seria mais apropriado, sim. Parece que a configuração ideal seria a nave principal, mais o módulo inflável e um outro módulo para armazenamento e isolamento – 3 lançamentos, pelo menos. Ficariam ligadas à nave principal por uma coluna de metal extensível, o qual, por sua vez, na extremidade teria dois braços, um oposto ao outro, cada um segurando os módulos restantes, e com esse conjunto duplo podendo girar em torno da coluna ligada á nave, criando uma pequena gravidade simulada, porém benéfica, ao estilo da nave Leonov, do conto 2010 A Odisseia Espacial II, de Arthur C. Clarke? A energia necessária para iniciar a rotação seria pequena e seria útil até mesmo em órbita marciana. E pdoeria ter uma rede de satélites pequenos para reportar a condição e intensidade dos raios cósmicos – talvez proporcionando o tempo necessário para se refugiarem na nave principal caso haja uma emissão mais forte. Que acha? Acho que coma tecnologia atual, é viável.
Salvador, parabéns, deixou a galera sem ter o
que falar, com exceções de alguns super heróis e de filmes, ninguém sabe nada de nada.
N/A
Eu ficaria meio apreensivo sabendo que a única coisa que me separa do vácuo externo é a parede de uma estrutura inflável.
Este negócio é seguro mesmo? Ou a ideia é que, em caso de acidentes, possamos resolver rápido o problema com silver tape, igual o Math Damon fez no Perdido em Marte? 😀
A Bigelow já lançou satélites que permaneceram inflados por longos períodos, numa demonstração não-tripulada da viabilidade. Agora, não tente, como o Matt Damon, produzir explosões dentro do habitat. 😛
Bom dia Salvador.
Empolgante sim, tudo que diz respeito a engenharia de levar o homem a outro planeta…melhor que ficar se focando na história passada do universo que particularmente não me interessa…focar no futuro é muito bom. A humanidade explorando coisas palpáveis em lugares jamais explorados pessoalmente. Tanta coisa nova para descobrir! Muito legal!
A passado é o motivo de termos um futuro,
milhares de sondas espaciais, lançadas até hoje foram usadas para descobrir o passado do sistema solar, ao estudarmos vénus descobrimos que no passado ele era diferente, que no momento sofre de um forte efeito estufa, e uns dos principais gases presentes no planeta e principal responsável pelo efeito em vénus, era muito utilizado na produção de desodorantes, e outros produtos aqui na Terra.
Ácido sulfúrico ou dióxido de carbono? Provavelmente, os venusianos, desconhecendo o efeito estufa fizeram uso exagerado de desodorantes.
Na Terra, alguns …, chegaram a probabilidade de que os gases dos ruminantes afetam o efeito estufa.
Douglas, vc está fazendo algumas confusões aqui. Vamos lá:
(1) o gás CO2, principal componente da atmosfera de vênus e responsável pelo seu efeito estufa, não entra na composição de desodorantes (acho que vc quis dizer sprays, não é mesmo?)
(2) o gás CFC, antigamente presente em embalagens de spray e em fluido de refrigeradores, não causa efeito estufa, apesar de apresentar um comportamento igualmente danoso de ser catalizador para a decomposição do ozônio em oxigênio quando atinge a ozonosfera. Isto nos tira a proteção natural do planeta contra raios UV mais energéticos.
(3) ah, e ia esquecendo: o efeito estufa de vênus não foi PROVOCADO por venusianos que desconheciam o perigo de se usar desodorantes… Vênus, por sinal, é bem parecido com a terra em composição e tamanho, podendo de certa forma serem considerados “planetas gêmeos”. Pode até já ter possuído grandes oceanos como os nossos. O problema foi o fato de ele estar mais próximo do sol do que nós, o que deve ter interferido num equilíbrio frágil e iniciado uma reação de cadeia de acumulação de CO2 na atmosfera. Provavelmente se a nossa Terra tivessse surgido numa órbita parecida com a de vênus ela teria o mesmo destino, e não estaríamos aqui discutindo sobre isto… :-S
esta certo,
porem foi estudando vénus, que descobrimos isso, não que seja a causa,
se eu tive-se tempo pesquisava e detalhava mais a historia, tá ai o link
https://www.passeidireto.com/arquivo/5793858/carl-sagan—um-palido-ponto-azul/42
esta no livro pálido ponto a azul, escrito por um cara que ninguém por aqui deve conhecer.
mais a intenção era essa,
o cara me dizer que o passado do universo não interessa, ele deve amar engenharia então,
não física e astronomia
bom, quanto a isto eu concordo inteiramente com vc. quem diz que o passado do universo não importa não deve ter a mínima curiosidade em descobrir por que tudo funciona e como começou. portanto física, astronomia e cosmologia não devem ser os assuntos preferidos dele…
Essa tecnologia poderia até ser empregada nas manifestações aqui no Brasil, um Pixuleco feito todo de kevlar seria muito útil! Quem sabe assim os petistas não param de furar o bonecão do Lula? 😛
Tá gente, me desculpe pelo viés político, mas não risisti… haha
Salvador,
Para o público nerd (no qual me incluo) você poderia ter dito que:
“O Beam é revestido por camadas de kevlar — mesmo material utilizado pelo Batman em seu uniforme!” Risos. 😛
Hehehe
Salva, talvez um teste muito importante e que não falam muito sobre isso, seria o ser humano passar todo esse tempo (viagem de ida e volta) no espaço? Acho que o maior período foi de 1 ano, do astronauta Scott Kelly, certo? há uns dias atrás, eu li uma entrevista do Marcos Pontes, na qual, ele cita alguns efeitos colaterais que ele sente até hoje, isso pq ele passou apenas 10 dias lá.
Diogo, já teve um cosmonauta que ficou 437 dias no espaço, na época da estação Mir. Os efeitos são bem conhecidos, e a mitigação não é simples. O principal problema no trajeto é a radiação, que os astronautas da ISS não sofrem porque estão dentro do campo magnético da Terra. Ainda assim, mesmo a radiação seria manejável.
Salvador, nosso querido e amado mensageiro.Puxa que idéia genial, se tudo ocorrer muito bem, imagino que a estação espacial Internacional pode se beneficiar tambem e ficar bem mais grandinha?!
Agora viajando na maionese…
como anda o projeto que causou um grande alvoroço no início dos anos 90 do Dr Eugene Podkletnov? Parecia que a idéia ia engrenar.Seria revolucionário.
A história do Podkletnov entra na lista daquelas coisas que não são fraude, mas também não são verdade — como a fusão a frio. Até hoje, ninguém conseguiu replicar os resultados dele.
Poxa! É aquele velho ditado: ” É bom de mais para ser verdade”.
Valeu querido.
Salvador aonde está a ideia da nave giratória (que gera gravidade artificial) do filme, 2001 odisseia no espaço a tripulação ficaria ANOS em uma viagem, sem ter nenhum tipo de problema.
Po
Bem, ela fica bem facilitada pelo sucesso dos módulos infláveis. Seria mais fácil construir uma roda giratória de algum porte em órbita se ela pudesse ser baseada em módulos infláveis.
Correndo o risco de ser chato, mas já sendo, isto não é Gravidade Artificial, e sim Gravidade Simulada por aceleração centrípeta.
Gravidade Artificial soa meio estranho, como se existisse alguma coisa capaz de induzir campos gravitacionais não-naturais numa determinada região. Isto não existe, a força que sentimos nas tais rodas não são criadas por campos gravitacionais nem pseudo-gravitacionais, é apenas consequência do movimento circular.
Na verdade esta ideia do Podkletnov já existe, e se chama “Cavorita”…
OPS, me confundi!!! Isto é só uma história de ficção científica de HGWells… 🙂
Salve Salva….
Quais serão os grandes feitos da Agências Espaciais para esse ano?
O que temos ainda para acontecer?
Falando de cabeça: em julho a Juno chega a Júpiter; a ExoMars chega a Marte em novembro e chineses vão lançar seu novo laboratório tripulado.
Porque não aproveitar um estilingue em Jupitewr e seguir a Europa? Vejo tantos os ciêntistas falando de Europa, mas não exploram a fundo. Porque?
Há planos bem concretos para a exploração de Europa. 😉
Mas Salvador existe algo mais sobre a composição desse habitat ? Porque me parece que como não tem componentes metálicos mais fortes ele ficará muito suscetível à radiação e poderá causar danos altos a quem estiver nele.
Não, segundo os estudos de laboratório. Ele é feito para oferecer proteção similar à dos módulos convencionais em termos de radiação e ser ainda mais resistente contra microimpactos. Mas o teste servirá para verificar isso.
Alem de ajudar na viagem a Marte,estes módulos infláveis também são uma mão na roda para a industria de turismo espacial,pois barateiam bastante a construção de estações espaciais tornando as viáveis para a iniciativa privada.
Me surpreende essa tecnologia inflável não estar sendo testada já, nas estações das regiões polares.
Não existe tanta limitação de transporte e carga para essas estações como existe para voos espaciais.
acho que no vácuo ou numa atmosfera bem rarefeita é fácil inflar algo a uma pressão interna de 1atm e ao mesmo tempo deixá-la bem rígida. Mas nas regiões polares a pressão externa já é de 1atm. Para deixar a estrutura rígida, precisaríamos pressurizar internamente num valor bem maior que este, e não acho que isto o tornaria muito habitável para permanências mais longas…
Podem até baratear mas o tempo entre um teste e outro mostra que ainda teremos algumas décadas pela frente antes de qualquer solução financeiramente viável.
Não sei se vocês acompanham mas já se foi uma década desde que o 1o teste desse milionário começou a popular a mídia especializada (https://www.newscientist.com/article/dn9533-model-of-inflatable-space-hotel-set-to-launch/), caso não tenha lido nada há época veja como é interessante a imaginação do pessoal … não bastava o Marty Mcfly voando por aí em 2015 esse cidadão já vendia a ideia do hotel pronto em 2012.
Pixuleco ditando tendências… 😛
Salvador, aquele Andy Weir fez um baita trabalho de pesquisa, hein.. No livro, todos os módulos são infláveis, inclusive o “Hab”.
Fez sim. O livro dele é muito bom.
Olá Salvador. Como sempre mandando bem. Uma questão: sabe-se dos efeitos deletérios da radiação espacial no corpo do astronauta. Por que a Nasa não manda vir estudar a aura do corpo de brasileiro, porque com tantos perrengues e tantos malfeitos poderiam verificar como ainda sobrevivemos à todo tipo de “radiação” e aproveitar essa “tecnologia”. Abraços!
Bela foto!
É um feito histórico da SpaceX/Bigelow/NASA e nos deixa muito animados pelo que virá no futuro!
Bom dia, Salva!
Mandar astronautas a Marte é um sonho complicado, mas realizável. Agora, trazê-los de volta é praticamente impossível para a nossa tecnologia atual.
Salvador, existe algum estudo por parte da Nasa ou de qualquer outra agência espacial, que vise uma tecnologia capaz de tal feito? Uma passagem só de ida é muito complicado!
A cada post seu, o Mensageiro Sideral eleva o nível da astronomia e da astrobiologia, principalmente com as interações pertinentes, pois a democracia impera! Estás de parabéns!
Kennedy, não é tão difícil voltar. Tem jeito de fazer combustível a partir da atmosfera de Marte. Se der pra tirar H2O de lá, então, fica facim. O duro é testar toda essa arquitetura num ritmo razoável.
O problema mesmo é que não testamos NADA ainda. O ideal era construírem um habitat desses na lua. Lá seria pior ainda que marte pois não tem nem mesmo uma atmosfera rarefeita. Ou seja o invólucro teria que ser mais resistente.
A atmosfera marciana é muito rarefeita então as tempestades de areia duvido que representem um perigo maior (que foi um ponto no filme abordado de forma ficcional para dar maior dramacidade).
O próprio Salvador já escreveu um post sobre este filme, a respeito do que é cientifico e o que é chute.
Ele disse que as tempestades não são tão fortes assim (a ponto de derrubar o módulo), já que a atmosfera é tão rarefeita. Chute!!!
Não vejo problema nenhum!!!
É só remendar os buracos do módulo inflável com silver tape, igual o Matt Damon faz no filme!! 😀
Salvador,
Atualmente e nas próximas décadas, vai continuar impossível pousar com uma nave que fosse capaz de decolar de Marte. Mesmo considerando que todo o combustível seria produzido a partir da água de lá.
Afinal, o combustível é somente parte do peso da nave. Ela precisará ter os motores e os tanques. Além de uma plataforma para lançamento.
E todo esse peso, antes de decolar de Marte vai ter de pousar, e usar uma enorme quantidade de combustível nesse pouso, porque a atmosfera é uma merreca que não dá para usá-la como freio.
Você tem alguma literatura com um esboço das soluções para esses problemas ?
Imagino que o procedimento será parecido com o pouso lunar e como o filme (e livro) Perdido em Marte: uma nave maior, levando todos, entra em órbita de Marte e uma nave menor, uma Dragon vitaminada, pousa e, missão cumprida, decola. Claro, tamanhos e combustível terão que ser em maior quantidade. Eu entendo que o problema maior é o tempo de viagem de ida e, depois de volta, algo ainda não bem resolvido.