Robô irá fazer companhia a astronautas

Salvador Nogueira

Ele é o C-3PO da vida real, e já está a caminho de sua primeira aventura espacial. Conheça o Kirobo, um robô-astronauta japonês recém-enviado à Estação Espacial Internacional.

Kirobo faz teste em ambiente de microgravidade antes de ser enviado ao espaço

O pequenino tem uma missão que seria simples demais para um humano, mas é bem complicada para um robô. Sua única tarefa é conversar. Ele irá ao espaço para fazer companhia ao astronauta japonês Koichi Wakata, que tem sua viagem para a estação marcada para novembro.

Com essa função, ele se assemelha muito ao dróide C-3PO, da cinessérie “Star Wars”. O robô dourado interpretado nas telonas pelo ator Anthony Daniels era um dróide de protocolo, ou seja, hábil primordialmente na arte de conversar.

Kirobo é mais modesto que sua contraparte fictícia. Em vez de falar milhões de idiomas diferentes, ele domina apenas o japonês. Por isso, embora tenha sido lançado ao espaço no último sábado a bordo da nave de carga japonesa HTV-4, ele esperará até a chegada de Wakata para iniciar de fato sua missão.

UMA NOVA ESPERANÇA

O nome, Kirobo, é a junção de Kibo (nome do módulo-laboratório nipônico na estação, que significa “esperança”) com robô. Ele tem um irmão, chamado Mirata, que fica em terra. Ambos têm 34 centímetros de altura e foram construídos por cientistas e engenheiros da Universidade de Tóquio.

Os dois são equipados com tecnologia de reconhecimento de voz e de face, que os permite reconhecer quem está falando com eles. Dotados de câmeras em lugar de olhos e um software sofisticado, eles são capazes de identificar emoções e processar a linguagem natural usada por humanos em bate-papos casuais.

A aposta dos japoneses é que robôs possam ser companheiros naturais para astronautas em longas viagens espaciais. Afinal, a solidão e a sensação de isolamento são dois dos grandes desafios a serem enfrentados pelos exploradores nessas jornadas.

A ideia não é novidade para quem curte ficção científica. Basta lembrar o clássico filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, em que apenas dois dos astronautas ficavam acordado durante a viagem até Júpiter, enquanto os demais eram mantidos em animação suspensa. A única companhia que David Bowman e Frank Poole tinham, enquanto realizavam separadamente seus afazeres na espaçonave, era a do computador HAL 9000. (Infelizmente para eles a inteligência artificial fica maluca no meio da viagem e tenta matá-los, risco que os astronautas da Estação Espacial Internacional não devem correr com o Kirobo.)

FUTURO ROBÓTICO

Foguete H-2B decola com o cargueiro HTV-4, que leva suprimentos e o Kirobo à estação espacial

A viagem do robô japonês será o primeiro teste real dessa estratégia para dar apoio psicológico à tripulação. E pode muito bem dar certo. Em junho, o Kirobo já demonstrou suas habilidades durante uma entrevista coletiva. Quando perguntado sobre seu sonho, ele respondeu: “Quero ajudar a criar um mundo em que humanos e robôs podem viver juntos”.

Talvez o futuro retratado rotineiramente pelo escritor Isaac Asimov esteja mais próximo do que imaginamos. Para o astronauta japonês Koichi Wakata, ele decerto já chegou.

É possível acompanhar os desdobramentos da missão, em twitter.com/Kibo_robo.

Comentários

  1. Parabéns Sr. Salvador Nogueira pela iniciativa muito perspicaz de colocar no ar um blog genial como este. Há muito tempo que este vasto universo precisava de algo assim.

  2. Moacir, o Watson de fato cometia muitos erros, mas ainda assim foi melhor que os dois melhores jogadores humanos juntos! E o interessante foi que ele teve de “ler” antes para aprender. Não havia uma base de dados de perguntas e respostas. Ele leu a Wikipedia e conseguiu devolver o conteúdo no formato exigido pelo jogo. Ainda está longe de passar no teste de Turing, mas bem mais perto que o Deep Blue, que bateu o Kasparrov no xadrez…

  3. Oi Salvador! Não acompanhei este Jeopardy, mas pelo que li Watson não apresentou melhorias significativas nos problemas antigos de IA. Ele tinha uma vantagem enorme na busca em memória e no tempo de resposta mas cometia erros bizarros quando era exigido na interpretação de contexto.

  4. Moacir, eu não seria tão cético. Veja por exemplo o computador que venceu os melhores jogadores humanos de Jeopardy!, um game-show que exige domínio da linguagem natural para a formulação das respostas… As coisas estão progredindo, depois de muitos anos empacadas…

  5. Enquanto isso no Brasil , SP e alguns regiões, ainda fazem marcha das vadias, marcha disso daquilo, realmente , podemos ser comparados com homens das cavernas, que ainda se preocupam em caçar e se reproduzir. e em países que já foram praticamente raspados do mapa, já são capazes , de enviarem robôs inteligentes e seres para fora deste insignificante planeta. também governados por seles alienados , que estão mais preocupados em encherem os bolso, e se comportam como verdades homens de Neandertal , e não dão a minima para o que realmente importa “Ciência e tecnologia” , e repito, “Quem detêm a tecnologia detêm o poder”

  6. Seria interessante saber até que ponto evoluiram os softwares de conversação artificial. Quem já brincou com isto sabe a extrema limitação destes algoritmos. Nenhum deles sobreviveria dois minutos num teste de turing bem mais trivial do que aquele de Blade Runner.

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