A violência de uma supernova

Salvador Nogueira

Quer surfar na onda de choque de uma supernova? Um grupo de cientistas japoneses acaba de calcular que, para pegar essa onda ao redor da supernova W44, é preciso estar pronto para encarar sua aproximação a cerca de 46 mil km/h. Definitivamente não é a marolinha do Lula.

Também pudera. As supernovas estão entre os eventos mais violentos do universo. Apesar do nome bonito, elas são basicamente uma explosão descontrolada que faz uma bomba atômica parecer um foguete de festa junina.

Simulação da onda de choque da supernova W44, feita pela Universidade Keio.

Elas acontecem quando uma estrela maior que o Sol (com pelo menos 8 vezes mais massa) esgota seu combustível. É a fusão nuclear que acontece em seu núcleo que mantém a estrela estável, gerando energia de dentro para fora e contrabalançando a ação da gravidade, que age de fora para dentro. Uma vez que acaba o combustível, a fusão cessa, e a gravidade passa a trabalhar sozinha, comprimindo o astro violentamente.

O efeito rebote leva à expulsão das camadas superiores da estrela em alta velocidade. Neste momento, a emissão de energia ultrapassa 100 milhões de bilhões de vezes à do Sol. Por alguns instantes, uma supernova pode ser mais brilhante que sua galáxia inteira, com centenas de bilhões de estrelas emitindo luz ao mesmo tempo.

Deu pra entender o tamanho do troço, né? Pois é, a turma liderada por Tomo Sashida e Tomoharu Oka, da Universidade Keio, no Japão, fez diversas observações em rádio para medir as propriedades da supernova W44. Localizada a cerca de 10 mil anos-luz da Terra, na direção da constelação da Águia, ela explodiu entre 6.500 e 25.000 anos atrás. Certamente foi vista na época por nossos ancestrais, embora não haja registro arqueológico dela em lugar nenhum.

Como a W44 está perto de uma nuvem de gás próxima, os pesquisadores conseguem detectar o avanço da onda de choque gerada pela supernova e medir sua velocidade. Além da onda principal, viajando a 46 mil km/h, eles viram uma outra nuvem molecular gasosa viajando a 360 mil km/h! Eles confessam não fazer ideia da origem dessa outra nuvem ultrarrápida.

Esses números ajudam a entender a grandiosidade de uma explosão de supernova. Definitivamente não é bom estar por perto de uma detonação dessas. Por outro lado, não podemos reclamar. Não fossem elas, não existiriam os átomos pesados que fazem parte de nós hoje. Você pode nunca ter visto uma supernova, mas tem um monte de átomos em seu corpo que foram originalmente forjados em uma.

Comentários

  1. Salvador, qual seria a distância mínima segura de uma supernova para que a humanidade, na Terra, não fosse afetada pela sua explosão? Digamos de uma supernova com oito massas solares. Adilson

  2. Gostaria de saber se a Ciência já conhece alguma interferência da Energia Escura nos momentos de colapso de uma supernova, ou depois dessa catástrofe estelar. E sobre a matéria escura?
    Ricardo Siqueira

  3. A afirmação de que as supernovas são gases em uma explosão, eu poderia dizer que dentre estes gases poderia se formar vida em seres gelatinosos?

  4. onde esta o ceu que tanta religioes pregam se temos que viajar bilhoes de anos luz .e so encontramos +e+galaxiasnuma infinidade de mundos.

    1. Minha cara amiga não seja uma pessoa visão pequena ao dizer tais palavras.
      Assim vc faz parecer uma pessoa “iguinorante”

    1. Ferro é o elemento mais pesado formado por fusão no centro das estrelas. Obviamente pode ser criado também por supernovas, mas não é a maneira mais comum.

      1. A mais comum são pelas Anãs Brancas em um sistema binario. Quando essas anãs brancas explodem, forjam a maioria do ferro que encontramos. São chamadas de Supernovas do tipo A

    2. O Ferro é o elemento mais pesado que um estrela pode forjar. Elementos mais pesados que o ferro (ouro, prata, etc), são forjamos apenas no monento da explosão da Supernova. Por isso eles são tão raros.

  5. Ao esgotar seu combustível, a estrela entra em colapso e explode.

    “…uma supernova pode ser mais brilhante que sua galáxia inteira, com centenas de bilhões de estrelas emitindo luz ao mesmo tempo.”

    Mas o combustível não havia acabado?

    1. Exato. Duas forças agem sobre uma estrela. A fusão de combustível nuclear no núcleo gera energia de dentro para fora, e a gravidade comprime a estrela de fora para dentro. Por isso ela fica estável, com uma força contrabalançando a outra. Quando acaba o material para fusão, a gravidade trabalha sozinha. Ela faz o núcleo da estrela implodir, e como efeito-rebote dessa implosão (lembre-se da força de ação e reação) ela expele violentamente as camadas exteriores. Supernova!

      1. Sem contar que elas sempre deixam um “cadaver” para tras quando explodem (Estrela de neutron (pulsar), Magnetar ou um buraco negro)

  6. O mais antigo registro arqueológico-astronômico que temos, cuja datação é de 5000 anos atrás, é a plaqueta VA 243 (Museu de Berlim), onde vemos um sistema solar sumério com 12 astros.

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