A arbitrária contagem do milésimo planeta
Astrônomos do mundo inteiro estão comemorando o anúncio da descoberta do milésimo planeta fora do Sistema Solar. Com o anúncio de 11 novos planetas, listados ontem, a contagem subiu de 999 para 1.010.
A honraria coube ao projeto SuperWasp, do Reino Unido, que costuma descobrir planetas de grande porte que fazem trânsitos — passam à frente de suas estrelas.
Mas será que eles estão mesmo comemorando?
Jean Schneider, do Observatório de Paris, é um dos que pensam que tudo não passa de oba-oba. Em mensagem distribuída a colegas da missão Corot (satélite europeu caçador de planetas), ele preveniu contra festejos.
“É importante lembrar que uma contagem exata de exoplanetas não faz sentido por diversas razões”, diz.
E ele lista:
– Não há consenso sobre a definição de um exoplaneta (e todos vimos como foi difícil definir quantos planetas afinal havia no nosso Sistema Solar, em 2006).
– Mesmo que houvesse uma definição adotada universalmente e baseada num critério quantitativo (como a massa), para alguns objetos há enorme incerteza de certos parâmetros, que tornam difícil confirmar que se tratam mesmo de planetas.
– A experiência passada mostra que alguns (poucos) objetos declarados como planetas em artigos científicos aceitos para publicação acabam sendo artefatos ou estrelas de baixa massa.
– Alguns objetos, como certos planetas descobertos pelo satélite Kepler, são declarados “planetas confirmados”, mas não foram publicados em artigos. Não significa que não serão publicados mais adiante, mas isso introduz outra incerteza na contagem.
Resumo da ópera: esse é um caso em que, menos importante do que o número em si, o mais relevante é o fato de termos já uma quantidade estatisticamente significativa de planetas que nos permita avaliar o grau de “singularidade” do Sistema Solar no contexto de nossa vizinhança na Via Láctea.
O Mensageiro Sideral, por exemplo, fez uma reportagem para esta Folha sobre o que os números superlativos revelam quando a contagem beirou os 900. Você pode lê-la aqui.
Caraca, vou anotar. rss
E você esta certo Miguel,
Veja como o número ja subiu!
Descobertas mais recentes:
Exoplanetas:
KIC 10255705 b [Lyra]
KIC 11152511 b [Cygnus]
KIC 12454613 [Cygnus]
KIC 5010054 b [Cygnus]
KIC 5094412 b [Lyra]
KIC 5522786 [Lyra]
KIC 5732155 b [Cygnus]
KIC 6372194 b [Cygnus]
KIC 6436029 c [Lyra]
KIC 9662267 b [Cygnus]
KIC 9704149 b [Cygnus]
KOI-351 b (25/10/13)
KOI-351 c (25/10/13)
KOI-351 d (25/10/13)
KOI-351 e (25/10/13)
KOI-351 f (25/10/13)
KOI-351 g (25/10/13)
KOI-351 h (25/10/13)
Total geral: 1.028
Os cientistas de Oxford e Cornel descobriram recentemente um sistema, centrado na estrela KIC 11442793, com sete planetas, sendo que os internos são rochosos. É um sistema compacto porque o planeta mais afastado fica numa distância média entre a terra e o sol. Isso mostra que essa lista tende a crescer exponencialmente graças ao desenvolvimento das técnicas atuais. Muitas surpresas virão por aí.
Logicamente este número de 1000 planetas é uma aproximação do número de planetas descobertos até agora. Existem muitos erros e incertezas sobre cada possível planeta descoberto, isto se ele for um planeta mesmo. Os métodos atuais não permitem coisa melhor e temos que conformar com os resultados até os métodos melhorem. Mas mesmo nestes planetas descobertos se pode fazer um levantamento para saber se há vida inteligente ou pelo menos detectável em algum deles. O SETI era a procura da agulha no palheiro, agora o palheiro pode ser reduzido.
200 bilhões de chances e não vamos acertar uma?
Pra mim planetas semelhantes ao nosso é coisa certa, o problema é que estamos engatinhando quando se trada de sistemas interestelares.
Eu fiquei um pouco confuso com essa lista, há uma lista de candidatos a possiveis planetas (por exemplo a do Kepler com mais de 3.000 candidatos), há esta lista de 1.000, que nem todos foram confirmados ainda, certo?
Existe alguma lista com os realmente confirmados, ou ao menos com o nível de incerteza bem baixo que a comunidade cinêntifica aceite, ou a lista principal é essa mesmo de 1.010.
A lista de 1.010 é a mais segura que tem. O que há de inseguro nela é instrínseco ao processo científico mesmo. A lista de candidatos do Kepler, com mais de 3.000, tem valor estatístico, mas sabe-se que há nela um certo percentual (baixo, segundo estimativas, coisa de 3%, se não me engano) de falsos positivos. Então ela só conta para você ter uma ideia do que há lá fora, mas não para falar de sistemas específicos. Para isso, tem que ir na lista dos 1.010.
Ok.
Salvador,
Exoplanetas habitáveis geralmente são menores e mais difícil de perceber, embora concorde com o Caio Giordano, vou dar um exemplo com a estrela Betelgeuse e me avise se eu estiver viajando!
Sabemos que Betelgeuse é uma estrela super gigante vermelha tipo alpha, uma estrela quase 900 vezes o diâmetro do Sol que chegaria até a órbita de Saturno se estivesse no sistema solar.
1- Um planeta como a Terra em sua órbita a uma distancia suficiente para o planeta se encontrar em uma zona habitável, não demoraria milhares de anos para o planeta completar sua órbita e assim confirmar mos sua presença?
2- Sua nebulosa poderia atrapalhar?
3- Sabendo que o Sol é uma estrela de porte médio pra pequena, os sistemas onde encontramos esses planetas com estrelas bem maiores não seriam mais vastos?
Obrigado pela paciência!!! kkkk
O problema dos planetas habitáveis é que eles são pequenos e precisam estar na órbita certa. O único equipamento capaz de descobri-los com uma consistência razoável era o Kepler, que pifou. Há muitos candidatos a planetas habitáveis na lista de alvos descobertos pelo Kepler, mas confirmá-los leva um tempão, porque exige (preferencialmente) acompanhamento de velocidade radial (que ainda não está no mesmo nível para captar esse tipo de planeta na órbita desejada) ou, no mínimo, uma análise estatística robusta contra falso positivos. Por isso são poucos os mundos habitáveis anunciados. Contudo, se você tratar os dados do Kepler como média estatística, já levando em conta uma baixa quantidade de falsos positivos, você vai descobrir que há comprovadamente muitos mundos habitáveis lá fora! 🙂
Rodrigo, Betelgeuse nunca deve ter sido um lugar bom para planetas habitáveis. Estrelas muito maciças queimam seu combustível muito depressa e sofrem alterações muito bruscas. O habitável de hoje é o inabitável de amanhã por lá. Ruim para a evolução da vida.
Valeu!!!
O que está mais distante (do entendimento): exoplanetas ou eletrons?
Nossa, que comparação! Exoplanetas. Elétrons até que já são bem compreendidos (pelo menos matematicamente).
Achei interessante o anuncio de mais de mil planetas extrassolares. Mas parece estar havendo omissão dos institutos de pesquisa em fornecer informações sobre os exoplanetas habitáveis. Digo em razão do longo tempo desde os ultimos anuncios de descobertas/comprovação da existência dos exoplanetas em zonas habitáveis.
Perdão, é que tive uma crise de lucidez!
Somos menos da metade de um átomo que compõe o nada.
O fato de fazermos parte do Universo e podermos contemplá-lo, mesmo que de forma limitada, não nos torna algo com muito significado? Ser pequeno em relação a algo faz com que percamos importância? Não é um tanto trivial e comezinho este tipo de comentário, diante da grandeza do universo?
Universo este cheio de discos muitíssimos maiores do que o nosso disquinho de nada! Dá pena, viu!
Salvador Nogueira, dê-me uma noção do que seja extamente a Via Láctea…
Digo, exatamente…
Um disco com 200 bilhões de estrelas, das quais o Sol é apenas uma.
E um disco bem pequenininho, insignificante perante o enorme universo em expansão.
Aproveitando … O que existe entre uma galáxia e outra?
Um monte de nada… 😛 Baixa densidade de partículas elementares, e só.
Mensageiro Sideral, pelo que entendí, mini-eclipses à frente de suas estrelas são responsáveis pela medição do tamanho dos planetas situados fora do sistema solar…”A detecção do transito é feita pela redução do brilho da estrela”…Salvador Nogueira, diz prá mim, não é uma técnica ainda muito primária e pouco confiável de medição???…Parece que estamos muito atrasadinhos ainda…Medimos por comparação…
É o que tem por ora, Sergio…
Nibiru?? Como dizem os americanos: “Enough with that crap!!”…
Salvador, até comentei lá na página do fb… Um post sobre Eta Carinae cairia bem, hein?
Abraço!!
Tá chegando, Pedrão, tá chegando! 🙂
O post sobre Eta Carinae ou o Nibiru ?
🙂
Eta Carinae.
Salvador,
Se estivéssemos em outro sistema tentando achar algum planeta em orbita do sol, Júpiter seria descoberto primeiro? Mesmo não estando tão próximo como os Júpiteres quentes de sua estrela?
Abraxxx…
Rodrigo, pelo método de velocidade radial — que detecta o efeito gravitacional de um planeta sobre sua estrela — sim, embora levasse 12 anos para fechar uma órbita de Júpiter (só com a órbita completa dá para cravar a existência de um exoplaneta). Pelo método do trânsito — que observa astros passando à frente da estrela — não. Nesse caso, com nossa tecnologia atual, os cientistas podiam facilmente descobrir Vênus e Terra antes de enxergar Júpiter.
Obrigado.
Como sabemos seria este o sistema que os cientistas procuram, planetas pequenos como a Terra em zona habitável. Muito chato! Kkkkkk…
Mesmo se acharmos um sistema semelhante ao nosso não teríamos tecnologia para enviarmos uma sonda ir La dar uma espiadinha, e por isso o que me fascina mais são planetas excêntricos totalmente diferentes da Terra, formas de vida diferentes tal como conhecemos seria demais.
Quando a tecnologia nos permitir chegar lá, eu mudo a preferência! Kkkkk
Abraxxx…
Salvador, Esse seria um tema interessante para um próximo texto hein… Como seria difícil achar a Terra estando em outro sistema solar, as probabilidades e tal, com a tecnologia atual e com a possível/especulável tecnologia do futuro.. e a partir daí, pensar/cogitar/supor/devanear/viajar na maionese sobre quais são as chances que consigamos tal feito.
Abraço.
É ideia bacana mesmo! Valeu!
O feito seria achar um planeta habitável como a Terra, capaz de abrigar vida além dos micro-organismos e possivelmente, vida inteligente.
Valeu!
Nibiru está incluso na contagem?? 🙂
Opa! Não, planetas em órbitas imbecilípticas não entram na contagem! Hehehe
Não. Nibiru está incluso na contagem dos “lunáticos”, na categoria “alucinações espaciais”.
Miguel, em “O eclipse que você não vai ver”, 18/10/2013, você comentou/referiu-se PEJORATIVAMENTE aos retardados…peço que modere suas palavras inconsequentes e sua covardia…Os pais dos retardados estão atentos ( e não são nada retardados), cuidado…
Ô bonitão, eu me referi às pessoas inconvenientes que entram para perturbar, e citei de um modo geral, de maneira irônica. Mas a sua agressão pessoal, me chamando de covarde e me ameaçando mostra simplesmente que você é um deles. Bobão!
Larga do meu pé, chulé!
E o Hercólobus tá na lista?
Sou de Nibiru. E daqui do quintal da minha casa já posso ver o planetinha azul de vocês. Até breve…
Cuidado, isso pode ser esquizofrenia. Sério.
Eu não entendo porque arbitrária, a denominação”comunidade científica” serve pra isso, pra que por meio de um consenso se determine algo, mas eu acho essa contagem bruta de planetas irrelevante tendo em vista que é só questão de tempo pra esses números aumentarem, estou mais interessado na contagem dos “habitáveis”.
O que é um “hot Júpiter”?
Hot Jupiter é um planeta gigante gasoso muito próximo da estrela, sem paralelo no Sistema Solar. Vou incluir no texto. Obrigado pelo feedback!