A saga de um aglomerado de estrelas

Salvador Nogueira
Nova imagem do aglomerado de estrelas Messier 7 obtida pelo ESO
Nova imagem do aglomerado de estrelas Messier 7 obtida pelo ESO

Primeiro, perca alguns segundos ao admirar a foto. Esse pedacinho de céu, visto a olho nu como um ponto difuso de luz na ponta da constelação do Escorpião, é o que os astrônomos chamam de um aglomerado aberto de estrelas. Mas bem poderia ser o “céu de diamantes” por onde Lucy viajou na clássica música dos Beatles, “Lucy in the Sky with Diamonds”.

A nova imagem, obtida pelo telescópio do ESO (Observatório Europeu do Sul) em La Silla, no Chile, revela detalhes desse aglomerado, conhecido como Messier 7. Ele é um exemplo típico do ambiente em que as estrelas como o Sol passam sua infância e adolescência. Elas nascem em grupo, a partir da condensação de uma grande nuvem de gás perturbada pela detonação próxima de uma supernova ou pela colisão com outra massa gasosa. A onda de choque dá início à compressão, e a gravidade faz o resto. Da nebulosa surgem bolas crescentes de gás, que se comprimem até que os átomos em seu interior comecem a fundir uns nos outros — as estrelas se acendem.

No caso do Messier 7, isso aconteceu cerca de 200 milhões de anos atrás, o que faz dele um aglomerado aberto de meia-idade. Muitas das estrelas que originalmente nasceram lá já se afastaram dele, mas outras tantas ainda seguem presas gravitacionalmente, num espaço de 25 anos-luz de diâmetro, bailando juntas numa órbita mais ou menos similar em torno do centro da Via Láctea, a nossa galáxia.

Estima-se que um décimo do total de estrelas seja composto pelas gigantes azuis, os astros mais brilhantes da foto, que se destacam contra um fundo salpicado de estrelinhas mais distantes, a maior parte das quais não faz parte do aglomerado.

As azuis são as maiores e mais furiosas. Elas esgotam rapidamente seu combustível e têm como destino inevitável detonar violentamente como supernovas. As menores terão longa vida e aos poucos se dispersarão do aglomerado, até que não sejam mais identificáveis como parte dele.

Foi o que aconteceu com o nosso Sol, originalmente apenas mais um membro de um aglomerado que hoje não existe mais. Nossa estrela-mãe nasceu 4,7 bilhões de anos atrás, num ambiente não muito diferente do Messier 7 (ainda que com menor incidência de gigantes azuis). Embora tenha surgido em meio a muitos vizinhos, após alguns milhões de anos o Sol se afastou dessa vizinhança densamente povoada, e hoje está numa região pobre em estrelas.

E ainda bem que foi assim. Num aglomerado, estrelas podem passar perto umas das outras e desestabilizar eventuais sistemas planetários que tenham. Se bem que o satélite Kepler, da Nasa, já encontrou dois planetas em aglomerados.

VELHO CONHECIDO

O Messier 7 é estudado há praticamente 19 séculos. A primeira menção dele foi feita pelo astrônomo Cláudio Ptolomeu, em 130 d.C., que identificou-o como uma “nebulosa seguindo o ferrão do Escorpião”. Nessa época, a sabedoria consensual era de que tudo girava em torno da Terra, então apontada como o centro do Universo. Não havia telescópios.

Hoje, aglomerados abertos como esse são úteis para estudar a evolução das estrelas. Como todos os astros ali têm mais ou menos a mesma idade, estão à mesma distância aproximada e foram compostos pela mesma nuvem, é possível compará-los apenas contrastando o seu brilho.

Estima-se que existam hoje na Via Láctea mais de 10 mil aglomerados abertos, nos mais diferentes estágios de evolução — desde os “berçários”, cheios de gás e com estrelas recém-nascidas, até os “colégios”, com estrelas já formadas e outras tantas já detonadas em supernovas, antes da dissipação completa. Desses, mais de 1.100 são conhecidos pelos astrônomos.

É ali, num aglomerado como o Messier 7, a meros 800 anos-luz de distância, que começa a tortuosa jornada de qualquer civilização. Quantas estrelas ali não estão neste momento deixando a região com sua família de planetas, talvez para iniciar o emocionante processo de evolução que leva ao surgimento da vida? E, desses planetas, quantos acabarão abrigando criaturas inteligentes? São perguntas intrigantes que só surgem quando aprendemos qual é o contexto da nossa existência no Universo.

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Comentários

  1. Pra quem tem smartphone ou tablet android, recomendo o aplicativo “SKYMAP” cujo código fonte está disponível e foi doado pelo Google. Isso pode ajudar nas questões levantadas sobre os desenhos das constelações e na visualização mesmo que noturna de objetos celestes.

  2. Aglomerados, constelações – qdo lemos sobre isso, junto com as imagens, somos levados a pensar em agrupamentos de estrelas próximas umas das outras. A visão delas nos induz que estejam num plano único como a superfície de um quadro, daí associá-las entre si. Nada garante q assim seja, é mais certo q estejam em diferentes distâncias do observador (umas bem mais atrás e outras mais à frente), não havendo como determiná-las. Enqto isso, fica valendo o velho hábito, q já vem de uma ancestralidade longínqua.

    1. No caso dos aglomerados, elas estão sim próximas umas das outras. No caso das constelações, não.

      1. Esse comentário me lembrou um questionamento antigo: sabemos que algumas estrelas que hoje vemos já podem ter se extinguido há muito tempo. O que vemos é apenas a luz emanada por elas (um tipo de imagem).

        Logo, essa luz passa pelo planeta terra e segue… para onde? Haveria um limite para a luz alcançar e então se diluir no espaço, e deixando de ser vista?

        Ou o feixe de luz prossegue indefinidamente, na sua grande velocidade, sem perder energia e sem nunca tem um fim?

        Mal comparando: uma lâmpada acesa emite luz enquanto ligada à tomada. Quando se desliga a energia (morte da estrela) a luz deixa de ser irradiada, pois perdeu sua fonte. Logo, quem estivesse perto da lâmpada veria o brilho se apagar logo. Quem estivesse a uma distância considerável, ainda veria esse brilho. Assim seria com as estrelas?

  3. A palavra de código “Lucy” foi escolhido tanto em referência ao mini- sol Lúcifer (2061, a Odisseia 3) e um artigo na revista Nature (ano???) hipotetizar que os núcleos de Urano e Netuno eram, na verdade, diamantes do tamanho da Terra (formados pela compressão de carbono ) , com a hipótese de fazer uma extensão lógica a Júpiter, que teria diamantes gigantes girando em sua órbita. Lucy In The Sky With Diamonds.

    1. Victor, nem com a maior boa vontade do mundo dá para acreditar que o autor da letra deva ter pensado tão “cientificamente” assim.

      A letra foi fruto de uma “viagem” de alguém no ácido, mesmo, embora não se possa atribuí-la com certeza a essa ou aquela pessoa (pelo menos, até onde vai meu limitado conhecimento).

      A letra da famosa música é psicodélica demais para ser “científica”.

  4. “Quantas estrelas ali não estão neste momento deixando a região com sua família de planetas, talvez para iniciar o emocionante processo de evolução que leva ao surgimento da vida? “. Quanta Poesia… Infelizmente uma bobagem que fará os nossos futuros descendentes gargalharem.
    Já vi uma astrônoma sincera dizer que a aberração mais bizarra já descoberta no Universo está bem perto de nós: É o planeta Terra e seus Sistemas tão complexos que em nada se parece com a esterilidade que se espalha pelo universo conhecido.
    E tem que creia que a Dona Evolução e seu amante, Sr Acaso, andam facilmente espalhando essa maravilha que temos o privilégio de observar em nosso planeta ( um verdadeiro Jardim, como diz aquele Livro que tantos aqui execram).
    Antigamente achavam que a coisa surgia tão espontaneamente que os 1os ETs eram os Lunáticos (não havia), depois os Marcianos (não havia).
    Agora nosso Salvador em seu excelente blog descreve poeticamente o surgimento dos Messierianos.
    É muito engraçado.

    1. Muito engraçado é você querer ter credibilidade rechaçando coisas comprovadas como a evolução. Não é o melhor o jeito de convencer outros de suas posições. 😉

      1. Comprovado, cientificamente falando, é aquilo que pode ser repetido. Em que laboratório você pode repetir o processo evolucionário?
        Agora o seu gancho de misturar Astronomia com Evolução corrobora o que eu penso: A quantidade de variáveis necessárias para fechar a equação que justificaria a tal “evolução” extrapola a Biologia e vai desde a presença do campo magnético da terra, sua posição relativa em relação ao Sol, a presença de Júpiter que com sua massa termina sendo um escudo gravitacional nos protegendo da maior parte das possíveis colisões danosas com corpos celestes.
        Ou seja, são condições favoráveis demais para creditar ao acaso.
        Salvador, adoro seu Blog, astronomia… Quando comprei meu primeiro telescópio você não tinha nem nascido. Mas nesse tempo todo, minha experiências de vida, só achei motivos para crer mais em Deus.
        Não condeno ninguém por não crer em Deus, pois é inerente a um Deus, que Ele represente algo muito Superior à nossa percepção mental.
        Agora a Teoria da Evolução é ridícula, grosseira. Algo que foi abraçado e incentivado pelo Império Britânico para justificar sua opressão sobre os povos que eles dominavam (os menos aptos).
        Num futuro breve, tenho certeza, a ciência vai aparecer com uma 3ª via e todos vão achar graça da “Evolução”, como hoje achamos da afirmação que a Terra se apoia no casco de uma grande tartaruga, mas isso é o que a ciência afirmava na época em que Gênesis foi escrito.
        “Toda Ciência Passará” 1ª Cor 13

        1. Você já reparou que o vírus da gripe muda todo ano? Aí está o processo evolucionário, repetido anualmente para o seu deleite.

        2. Domingos, vou dar um “pitaco” nos comentários.

          Entendo sua fé em um Deus criador e organizador de tudo. É mais fácil de digerir e aceitar, do que um universo caótico e sempre em mudança. E com isso, não estou negando a existência de um poder criador. Crer não exige quase nada em termos de raciocínio; já a ciência, exige e muito.

          Apenas não penso que ele seja a resposta para tudo: foi Deus quem fez, quem quis, quem proveu.

          A evolução existe e pode ser comprovada facilmente. Basta pegar membros de uma mesma espécie e colocá-los em ambientes diferentes, ao longo do tempo, que surgiram características que favoreceram determinados indivíduos. Esses procriarão e passarão as características favoráveis a sobrevivência naquele determinado nicho ecológico aos descendentes.

          E o que favorável em determinado ambiente, pode não o ser em outro. Logo, depois de algumas gerações, a mesma espécie terá indivíduos bem distintos, que guardarão cada vez menos traços em comum.

          Claro, foi um exemplo bem simplista, mas creio que passa a idéia.

          A maior evidência contra o criacionismo, é que o Criador deveria, ao menos em termos, cuidar da “cria”. Então, como explicar as extinções em massa que já ocorreram? Ou as catástrofes mais recentes, que ceifam várias formas de vida?

          1. Em tempo: ““Toda Ciência Passará” 1ª Cor 13”.

            Curioso é que há quem acredite que a ciência surgiu justamente pela incapacidade da crença religiosa (que surgiu antes) explicar as coisas. A ciência deve sua existência, em parte, ao obscurantismo religioso, e sua incapacidade de se adaptar aos tempos novos.

  5. Salvador, citando: “A gravidade atua também sobre energia. Luz é desviada de seu curso pela gravidade, e não tem massa”. Não tinha lugar para o “responder”.

    Mas, salvo engano, a luz tem aquele lance de “dualidade”, ora se comportando como onda; ora como partícula. E se a considerarmos partícula (se não me engano, seria o quanta), então ela terá uma massa, ainda que desprezível, certo?

    A dificultade de transportar o modelo para o espaço 3D (ou quatro, considerando o que o Miguel escreveu acima, e inlcuindo a variável tempo) é imaginar algo com massa “flutuando” no “nada” que seria o espaço interestelar. As únicas coisas que poderiam manter esse equilíbrio seriam as forças elementares (ai incluída a gravidade). Por isso, pensar em campos eletromagnéticos fica mais fácil do que pensar em “tecido”. Seria, grosso modo, como o átomo que compõe as coisas: embora predominando o vazio, não podemos “atravessá-lo”, pois as forças eletromagnéticas não permitem.

    Será que estou no caminho certo?

    1. Mgsmo como partícula, a luz não tem massa. Por isso viaja à velocidade da luz. Só coisas sem massa podem viajar a essa velocidade.

    2. Não se esqueça da Matéria Escura… ela também interage Gravitacionalmente, constituem em torno de 23% da matéria do Universo e não apresenta (até onde se sabe) em sua estrutura, as outras Forças Fundamentais…

    3. A teoria da natureza ondulatória da luz consegue explicar vários fenômenos luminosos como reflexão, refração, interferência, espalhamento e polarização, mas não consegue explicar outros fenômenos como por exemplo o efeito fotoelétrico. Einstein conseguiu explicar esse fenômeno fazendo uma suposição notável, que a luz é quantizada, ela percorre o espaço concentrada em pacotes de energia (quantum, unidade de energia), chamados fótons. Aí as contas fecharam.

      O fóton é a menor porção da energia, não tem massa e vale:

      E=h.f onde f é a frequência e h a constante de Planck.

      Daí para a frente a ciência passou a aceitar dualidade da luz: onda e matéria.

  6. TETSUO, somos vizinhos. Moro em Betim, virado tambem para o oeste.tenho um telescópio de 150mm comprado no
    armazém do telescópio ( pesquise na rede) não ė muito
    Caro,não. Eu uso o meu em Igarapė, Aqui pertoonde eu tenho uma chácara . se você quiser dar uma espiadinha,
    Está às ordens.
    Qbraço

    1. Evaldo Flamarion desculpe-me pela demora em retornar e obrigado pela oferta para dar uma espiadinha.

  7. Salvador, como tantos, eu também dou uma espiadinha diariamente para ver as novidades brilhantemente comentadas.

    Sou aquele astrônomo primitivo que todas as noites procura por alguns minutos “algo novo” ou inusitado, mas vivendo em um apartamento no centro de BH com visão apenas para oeste, depende muito de minha (in)disciplina para acordar e observar.

    Fico sonhando com os olhos abertos (de japonês) para o dia em que conseguirei montar um pequeno telescópio usando um “baita” tubo de PVC, um espelho com um bom “coating”, prisma e ocular. “Armado” do telescópio irei perturbar uns parentes de minha mulher que vivem na roça no centro-oeste de MG e tentar contemplar um céu sem interferências da luz da cidade.

    Todas as fotos do espaço exercem em grande fascínio, mas a melhor “como arte” ainda é a Cabeça de Cavalo fotografada pelo Hubble no início de seu programa.

    Falando (ou delirando) sobre o Big Bang, como seria o volume que continha tudo (energia, massa ou partículas)? Se tinha volume, ocupava espaço num espaço; o quê e como seria este espaço primordial? Entendo que a ciência deve estar a alguns segundos para compreender o T tendendo a 0 do Big Bang e espero estar vivo para ler sobre isto. Será que o grande colisor nos permitirá tal aventura?

    1. Acho que essa questão terá de ser resolvida na teoria, Tetsuo. Nenhum colisor vai chegar perto do t=0.

  8. Salvador,

    Está de parabéns por mais um excelente post. E o nível dos comentários da galera está muito bom também!
    Fiquei com uma dúvida no texto: “Nossa estrela-mãe nasceu 4,7 bilhões de anos atrás, num ambiente não muito diferente do Messier 7 (ainda que com menor incidência de gigantes azuis).”
    De onde veio a conclusão de que havia menor incidência de gigantes azuis no aglomerado em que o Sol nasceu?

    1. Conversei com um amigo astrônomo antes de escrever, e ele falou que tem muita gigante azul para o Sol ter nascido num lugar como Messier 7. Muito pipoco de supernova para o nosso gosto, no primeiro bilhão de anos do Sol. Ele até poderia ter nascido num lugar com Messier 7, mas deveria sair de perto rapidamente.

      1. Entendi. É mais uma inferência indireta, algo como “não estaríamos aqui se o Sol tivesse nascido num aglomerado com muitas gigantes azuis”, certo?

  9. Lendo a matéria, lá no sexto e sétimo parágrafos, sobre a região que estamos na Galáxia, mais calma e afastada de outras estrelas, fiquei imaginando (viajei! rsrs), daqui uns bilhões de anos, como vai se sair nosso “pranetinha”:

    1 Bilhão de anos: +- uns 10 asteróides como o de Chicxulub irão ter se chocado com a Terra!

    1,15 bilhões de anos: Sol mais quente! atividade 15% mais intensa, temperatura média de 1600ºC!

    2,5 bilhões de anos, Choque com a Galáxia de Andrômeda! (Lactômera) provavelmente vai reconfigurar todo o Sistema Solar, e se o nosso planeta sobreviver e ainda se manter orbitando o Sol…

    4,5 ou 5 Bilhões de anos, o Sol vira Gigante Vermelha e cresce centenas de vezes os seu tamanho… engolindo a Terra no processo. (isso se ela tiver mantido a órbita em torno do Sol), depois adiós Sistema Solar, o Sol explode, fica uma Anã branca e um monte de escombros orbitando…

    É, se tiver outros carinhas morando em Planetas que orbitem Estrelas Gigantes Azuis… e essas Estrelas já tiverem uma certa idade (algumas centenas de milhões de anos), esses caras devem estar se chapando até umas horas (de Alien LSD) e cantando um versinho da música “Since I Don’t Have You” do Guns N’ Roses:

    “Yeah, we’re fucked!”

    E se a Estrela toca-se música, seria:

    “Total Destruição” da banda Vulcano

    https://www.youtube.com/watch?v=GvDTuBi_X-4

    ou

    “Ov Fire And The Void” da banda Behemoth

    https://www.youtube.com/watch?v=HRJF57y4n0Y

    rsrsrs

  10. John Doe, surpreende-me que você não esteja a par (como certamente estaria a personagem do seriado) de uma entrevista do Djavan, em que ele explica:
    – No Norte, o açaí tem grande importância na alimentação das famílias. É uma fruta abundante, de considerável valor comercial e bastante nutritiva. Ela é metaforicamente a guardiã desse povo, daí “Açaí, guardiã”.

    – Os sertanejos ficam atentos a qualquer barulho vindo da natureza, para saber qual bicho está emitindo aquele som. É algo que lhes prende a atenção, daí “Zum de besouro, um imã”. (Aliás, “ímã”, pois nestes tempos de Obama é melhor não falar em “imãs”.)

    – Depois de uma noite escura, o sertanejo abre os olhos e se depara com um dia branco, claro. Portanto, “branca é a tez da manhã”.

    1. Cláudio, sobre a entrevista, não sabia. Agora, creio não ser controverso que ordenar todas essas idéias junto com a letra da música é muita licença poética. Tanto é que, se bem entendí, o próprio autor precisou explicar o que quis dizer. Não é algo que se conclui logo de “primeira”.

      Ademais, colocar numa única frase a “guardiã do povo” (açaí), junto com o som de um besouro que atrai a atenção das pessoas; e, de quebra, constatar que depois do negrume da noite vem um dia “branco” (no óbvio sentido de claro, iluminado) é muita boa vontade!

      Mas não estou indo em contrário, não e foi muito oportuna sua explicação. Me surpreende aquilo que não pode ser entendido logo (como aqueles quadros surrealistas, em que cada pessoa enxerga alguma coisa diferente; algumas, não enxergam nada!) E essa supresa se transforma em vontade de entender e conhecer a “coisa”.

      Quer saber? Vou colocar a música do grande músico para tocar, que deu saudade” 😀

      Abraços.

  11. Ângelo e Tatá, uma boa fonte para iniciar neste campo é
    A obra de Marcelo Gleiser, nosso. Cientista carioca que leciona fįsica nos EUA, Poeira de Estrelas ( NÓS ) Ele faLa
    De Big Bang, relatividade, mecânica quântica, formação do sistema solar evolução da vida no universo, etc. Ė um bom Começo. Depois ė só se apaixonar, como o Salvador.
    abraço

  12. Cara.sou fã da sua coluna, assim como sou fã do grande, e saudoso CARL SAGAN: tenho sua coluna salva nos meus favoritos do Firefox e fico sempre aguardando uma novidade. Este observatório no Chile, sempre nos fornece alguma; fico pensando quando inaugurarem o telescópio com lente 42 metros……

    1. Pois é. Com os novos telescópios de 40 metros, vai ser uma farra! Estou tão ansioso quanto você por eles!

    2. Um telescópio é feito com espelhos, não lentes. Mas há uma historinha engraçada neste 42m. Dizem que quando discutiam o tamanho do espelho principal, com a condição que fosse maior que o dos americanos e menor que 100m, a inviável proposta original, um gaiato, de brincadeira, disse 42 (do filme Mochileiros da Galáxia) e colou – talvez os outros não tivessem entendido a piada. Com o tempo se mudou, pelos custos, para 40m.

  13. Muito legal! Achei emocionante e instigante seu último parágrafo. Com certeza, surgindo as condições adequadas, as propriedades dos materiais levarão à formação de moléculas complexas e, tomara, àquelas capazes de se copiar, levando à formação da vida. Não estaremos aqui para ver isso, mas, apesar da vida dos indivíduos e das espécies não serem eternas, a vida é quase eterna e pode surgir em qualquer parte.

  14. Olá Salvador,

    Muito bacana a matéria, ainda mais porque adoro astronomia e Beatles!
    Sou apenas uma curiosa e não tenho conhecimentos profundos sobre a astronomia ou física quântica. Por ignorância minha faço uma pergunta que talvez seja até simplória, mas que muito me intriga: como surge a força gravitacional?

    1. Tata, essa é uma ótima pergunta. Einstein é, por ora, a última palavra no assunto. Ele diz que a gravidade é uma curvatura produzida no espaço e no tempo. Imagine que temos uma cama elástica, e ela é o espaço-tempo. Aí colocamos uma bola de boliche no meio dela. Flexível que é, ela se curva. Se você colocar uma bolinha de pingue-pongue na borda da cama elástica, ela vai correr na direção da bola de boliche, por causa da curvatura provocada na cama elástica. Isso, traduzido para as três dimensões espaciais e o tempo, é a gravidade. Todo conteúdo de matéria-energia produz gravidade. Contudo, talvez exista alguma explicação ainda mais profunda para a força gravitacional, que só será compreendida quando conseguirmos conciliar a teoria de Einstein com a mecânica quântica, que explica o comportamento das partículas. Uma teoria da gravidade quântica a descreveria em outros termos, mas por enquanto a explicação relativista (que foi a que te apresentei acima), clássica, é a melhor que temos. Abraço!

      1. Realmente, Salvador, uma pergunta despretensiosa, mas que dá muito o que pensar. O próprio conceito de “tecido espaço-tempo”, por exemplo: se levado para o exemplo da cama elástica, fica fácil entender, pois o “tecido” (a superfície da cama) está ali e pode ser curvado pelo peso da bola de boliche, que; aliás, só tem peso, e pode fazer isso, porque a gravidade.

        Mas, transportando o exemplo para o espaço, o elástico da cama deixa de existir e a gravidade da Terra, que dava peso à bola de boliche, passa a não mais importar. Então, aí começa a dificuldade (minha também) de entender como a materia pode “curvar” o espaço não físico, e até mesmo o tempo… logo, penso que é preciso entender, primeiramente, como estas três “entidades” interagem entre sí, para surgir a gravidade: espaço, matéria e tempo. Até onde sei, se uma das três for retirada da equação, a gravidade deixaria de existir. Se for engano, ficam minhas desculpas!

        Ademais, pelo que se sabe, a primeira “grandeza” que precisou surgir no universo recém “bigue-bangueado” foi o próprio tempo, que não existia antes da tal singularidade. Por isso acho difícil entender o conceito do “universo cíclico”, pois implicaria numa constante universal que seria o tempo em sí. Ele teria que existir primeiramente, e então os ciclos “morte-renascimento” do universo prosseguiria… mas no “momento zero”, nada existia, nem mesmo tempo.

        Então, mesmo com a ajuda (meio complicada, reconheço) do grande alemão, como colocar, em termos mais práticos, um evento que cria inicialmente uma linha de eventos conhecida como “tempo” e em seguida, vai ordenando e rearranjando a energia, de forma a que ela possa originar matéria que originará o universo atual? Não é fácil, bem sei, mas seria interessante.

        Nu agurado do artigo prometido!

        1. Oi, no programa Mistérios do Universo com Morgan Freeman (Through the Wormhole), passou estes dias um episódio justamente tentando unir as teorias para o “Tempo”, justamente por ser a Força do universo mais difícil de ser compreendida. Tempo é desconcertante para as maiores mentes científicas explicar, imagine para leigos como nós…

        2. Também fico com questões parecidas com as suas, John Doe, pois, tenho dificuldades para entender a interação dessas forças, especialmente no evento do Big Bang. Imagino que o ponto de singularidade exercia uma força incalculável para agregar toda a matéria existente… portanto, para mim sobram as dúvidas mais que respostas…
          Abs!

          1. Dúvidas para todos, Tata. Felizmente, procuramos pelas respostas mais objetivas, não pelas mais fáceis. conhecimento não tem preço, nem ocupa lugar. 🙂

      2. Obrigada pela resposta! Ainda assim, com a profusão de partículas descobertas e novas teorias cada vez mais complexas, derivadas do avanço da Ciência, penso que as teorias de Einstein, como você falou, podem apenas explicar parcialmente as forças do universo, e que haverá ainda muitas descobertas e desdobramentos por vir, por isto a ciência é tão fascinante!
        Abraço! E parabéns pela coluna, que nos aproxima da ciência e astronomia e abre espaço para todos, sejam experts ou apenas curiosos como eu!

      1. Pois é, Miguel, obrigada pelo vídeo! O funcionamento da gravidade dá para entender nessas demonstrações, mas eu questiono sobre o que faz surgir a gravidade, posso estar fazendo questões estúpidas, mas, será que ela já existia em um outro plano e aparece no nosso sob certas condições (teoria do Einstein)? Será que ela é um desdobramento das forças universais (forte/fraca/eletromagnética)? Ou talvez ela tenha sido a maior força existente no momento do Big Bang e agora se fragmentou pelo Universo? Não sou cientista nem estudiosa de astronomia ou física, portanto sei que fica mais difícil entender essas questões, mas apenas fico curiosa de como essa força possa ter surgido, e, nas exemplificações da teoria de Eintein, creio que ela explicam mais como ela funciona. Talvez, com a Mecânica quântica o conhecimento destas forças fundamentais se aprofunde e venha a explicar tais questões.

        1. Aí você complicou. rsrsrs

          O filme mostra uma analogia em duas dimensões. Até aí dá para dar uma ideia como a gravidade funciona. Agora imagine esse processo em quatro dimensões (x, y, z, t), fica difícil de entender, só interpretando através das conclusões matemáticas.

          As forças gravitacional, forte, fraca, elétrica e magnética são independentes lá longe do Big-Bang. Já as equações de Einstein e a lei de Hubble-Humason nos leva a uma singularidade, sugerindo uma confusão entre delas.

          Do outro lado a teoria das cordas se esforça para provar a dependência entre a gravitação quântica e a gravitação macroscópica (de Newton).

          Se o universo se baseia em leis imutáveis, a ciência já fez um fantástico progresso e está avançando cada vez mais, mas em caso contrário, ela descobrirá onde e quando um pacote de leis deverá ser substituído por outro.

          A ciência não está preocupada em saber quem criou o universo, mas sim como ele funciona.

          1. Miguel, aí está minha dificuldade. Num plano bidimensional, como o da cama elástica usada no exemplo, é simples.

            Mas transportar a coisa para o espaço, tridimensional, aí a coisa fica complicada. Como entender o espaço cósmico como algo “sólido” e “físico” o suficiente para criar a gravidade, que, até onde sei, somente atua sobre matéria…

            Enfim, o jeito é continuar tentando entender…

          2. A gravidade atua também sobre energia. Luz é desviada de seu curso pela gravidade, e não tem massa. 😉

          3. A dificuldade está em tentar compreender somente conceitualmente um determinado fenômeno físico. As conclusões científicas se baseiam em modelos matemáticos dos fenômenos, pois a matemática é o principal instrumento de trabalho dos nossos cientistas teóricos. As interpretações das soluções das equações envolvidas dão uma visão geral de como cada fenômeno funciona. Veja a importância da matemática para a física, sem ela a física ‘enxergaria’ muito pouco.

            A luz (O.E.M) não tem massa e se desloca em linha reta no vácuo, na textura tempo-espaço. A lei de Newton é universal, serve não só para pequenas como também para grandes massas. Só que as grandes massas distorcem a textura tempo-espaço nas suas adjacências. consequentemente, um raio de luz que passar por ali sofrerá um desvio na sua trajetória. A luz não foi atraída pela massa.

            As conclusões acima foram obtidas das soluções das equações matemáticas aplicadas à física.

  15. Boa tarde Salvador.

    Novamente parabéns pelo blog e pelas explicações (pra um cara absurdamente ignorante como eu em matéria de astronomia, cosmologia e afins, eu consigo entender o que você explica).
    Existe algum texto (que provavelmente será longo) que explique a criação do universo, a partir do Big bang, e chegue até nós em linguagem acessível (lembrando da minha limitação de conhecimento técnico)?
    Algo tipo que fale sobre o bang a criação de elementos pesados e depois como eles se dividiram e formaram outros , as supernovas, nebulosas, constelações, planetas e etc…?

    Provavelmente , caso este texto exista, deve ser da grossura da Biblía rs.

    Abraços e parabéns novamente pelo excelente trabalho neste blog

      1. Ja havia lido anteriormente seu big bang e adorei o texto. foi por conta dele que que me veio esta ideia de algo que pudesse me esclarecer sobre nosso universo. ficarei no aguardo. Um abraço e sucesso pra você.

    1. A.valle, sei bem que traduções são perigosas, pois nem sempre expressam realmente aquilo que o autor original quis dizer. Até mesmo na língua pátria de cada um as palavras geram confusões e nem sempre transmitem corretamente as idéias.

      Apenas como ilustração, segue uma das muitas “traduções” da letra, disponíveis na net. Leia, e tire suas conclusões. Abraços.

      Lucy No Céu Com Diamantes
      Imagine-se em barco no rio
      Com árvores de tangerinas e céus de marmelada
      Alguém te chama, você responde bem devagar
      Uma garota com olhos de caleidoscópio
      Flores de papel celofante amarelo e verde
      Elevando-se acima da sua cabeça
      Olhe para a garota com o sol em seus olhos
      E ela se foi

      Lucy no céu com diamantes

      Siga-a até uma ponte perto de uma fonte
      Onde pessoas em cavalos de madeira comem tortas de
      marshmallow
      Todos sorriem quando você deriva por entre as flores
      Que crescem incrivelmente altas
      Boletos de jornal aparecem nas margens
      Esperando para levar você
      Suba nas costas com sua cabeça nas nuvens
      E você partirá

      Lucy no céu com diamantes
      Imagine-se em um trem, numa estação
      Com posters plastificados, olhando gravatas espelhadas
      De repente, alguém está lá na catraca
      A garota com olhos de caleidoscópio

  16. Só um comentário sobre o comentário do Eduardo ( lá em
    Cima…). Eduardo, no meu entender, Deus não tem nada a
    Ver com Big bang. O universo ė matėria. Deus não criou na
    Da de material DIRETAMENTE. Ele criou ( ou cria ) as. Leis
    Eternas e Imutáveis, o resto ė automático o espírito evolui
    Interagindo com a matéria

    1. Uau! Maravilhoso! Espero que o quarto do moleque seja grande, porque no do meu filho não ia caber mais nada… rs

  17. Faltou os nibirutas aparecerem por aqui… Puts! Falei neles… não pode falar neles 3 vezes senão aparecem. huahauhauuha
    E para os irmãozinhos que estão se mordendo e pensando que “Não está na Bíblia então não tem vida fora da terra”, maninhos só um pensamento para refletir: O que está na Bíblia é o que nos importa saber, o que não está lá não quer dizer que não exista, quer dizer que ou não foi descoberto ou não nos importa saber.
    Ah! e antes que fiquem me rotulando como ateu etc etc eu sou evangélico tb.
    Muito boa a matéria. Amo muito o universo como um todo, mas principalmente aquilo que chamamos de céus.

    1. Ricardo, parabéns. E sem ironia, ou demagogia. Um evangélico declarado que não tenta impor a “receita do bolo” aos que pensam diferente dele. As pessoas ainda conseguem ser tolerantes. A humanidade tem jeito!

    2. Muito bem colocado! Não tem avião, carro ou trem na Bíblia. Imaginas algum evangélico dizendo “vou deixar de usar essas coisas que isso não é de Deus não!”?

  18. Salve, Salvador.

    Aglomerado de estrelas, aglomerado de galáxias, superaglomerado de galáxias ( aglomerado de aglomerado de galáxias, a maior estrutura do universo descoberta até então):

    Isso não tem fim…

    1. É a mecânica quântica gerando as sementes das estruturas do Universo e depois deixando a gravidade como zeladora! 🙂

  19. “Primeiro, perca alguns segundos ao admirar a foto.”

    Eu tinha acabado de fazer isto por bons instantes. A foto é realmente hipnótica.

    Salvador, sem querer ficar rasgando seda, mas você está para esta coluna de astronomia como o Dráuzio varela para as de medicina. Conteúdo sempre interessante abordado de forma totalmente adequada. Eu fico esta enxurrada de documentários em formato reality show na TV, e fico sonhando com a volta dos velhos e bons documentários bem narrados e informativos.

    Espero que a BBC, History ou Discovery Channel descubram você logo e te coloquem pra escrever e narrar algo assim. Parabéns à Folha/UOL pelo espaço bem utilizado aqui.

    Abs

    1. Citando, C3B3v: “Espero que a BBC, History ou Discovery Channel descubram você logo e te coloquem pra escrever e narrar algo assim.”

      Isso, se os atuais “donos” do History, e do Discovery, o “tsaloukos” e o “danem-se” (o “pseudo autor” suíço Erich Anton Paul von Däniken) permitirem, pois suas idéias dominam atualmente esses dois canais, anteriormente tão interessantes e apartidários.

        1. Até porquê suas considerações melhorariam muito a grade de programação (ou seria melhor “repetição”?) dos dois canais.. confira nos “alienígenas do passado”, ou “civilizações extra-terrestres”: as “idéias” deles (alguns fãs diriam que são verdades) permeiam os programas e tentam convencer com as alegações mais absurdas.

          Vale a regra: se não puder ser explicado logicamente num primeiro momento, obrigatoriamente tem que ser alienígena!

      1. Achei que o dono do History fosse o Julio Dalcin Nibiruta, com programas que encontram ET até na marcha dos pinguins….

  20. Um dia, antes de serem extintos (como milhões de espécies já o foram – e ainda estão sendo), os seres humanos irão descobrir sua insignificância neste universo, e deixarão de tentar ‘salvar o planeta’, pensando que podem alterar as leis do universo.

  21. Muito interessante essa publicação. Sou fascinado nesse assunto. Sempre pesquiso sobre o nosso planeta e o universo. Parabéns pela informação. Se possível, gostaria que me enviassem mais sobre o assunto.

    Desde já, agradeço pela atenção.

  22. Bom dia, Salvador!

    Obrigado pelo texto tão bem construído. A Ciência pode ser poética… 🙂

    Uma excelente forma de começar a sexta-feira!

  23. Caro Salvador, na música referida, onde “Lucy viajou na clássica música dos Beatles, “Lucy in the Sky with Diamonds”, o “sky” era bem mais terreno… Atente para as letras em maiúsculas, no nome da canção, e tudo fica claro: o sky era o velho “lsd”, mesmo! E eles “curtiam” muito 😀

    Por outro lado, sempre tentei entender como os antigos conseguiam olhar para o céu noturno, e; naquele amontoado difuso (ou confuso) de estrelas, conseguirem enxergar “imagens” (pareidolia nivel interestelar) que associavam a animais, originando as costelações zodiacais. Devo ser muito ruim nisso…

    Então, três perguntas: como é que eles relacionavam “x” estrelas e “criavam” uma constelação? E atualmente, se eu olhar para o céu noturno, qual ponto de partida para identificar qual constelação está visível? Por último, dado que o universo é dinâmico, desde que foram identificadas, as estrelas componentes, e por consequência, asconstelações provavelmente se moveram de suas posições originais. Então, quem nasceu sob determinado “signo” antigamente, poderia nascer sob outro mais recentemente, ou existe uma “transição” entre elas?

    1. John, os Beatles sempre negaram que fosse LSD. E, a essa altura, nem seria preciso mais. Tenho minhas dúvidas.

      1. Esse é o único blog de Astronomia onde se discute Física, Biologia, Química, Política, Religião, e agora Música e Drogas também rsrsrs…

      2. Se o envolvimento (envolvimento???) deles com as drogas era verdade, ou não, nunca teremos certeza. Fica na conta das lendas urbanas como “Paul is Dead”, e as mensagens subliminares do álbum do Sgt. Peppers. Negar, eles até podiam… convencer, é outra coisa, bem diferente. Envolvimento com “drogas pesadas”, como eram conhecidas, para a época, seria muito reprovável. Se fosse hoje em dia, com os “justin” e as “miley” da vida, poderiam fazer proganda e assumir o uso tranquilamente, sem comoções.

        Mas vc. não comentou as perguntas que fiz… 🙁

        Como os antigos conseguiam reunir essa e aquela estrela, junto com outras, e “enxergar” alguma coisa? E hoje à noite, por exemplo, se eu olhar para o céu, como saber qual a constelação que está visível, sem recorrer ao calendário? E também, dada a dinâmica do cosmo, porquê as constelações “empacaram” no número doze? Não desapareceu, nem surgiu nenhuma outra, ou é para se manter a coincidência com o calendário?

        Agradeço antecipadamente a colaboração de algum dos fiéis leitores que possam esclarecer minhas dúvidas.
        Abraço.

        1. O uso de drogas pelos Beatles, inclusive LSD, é mais que documentado. Paul McCartney já falou abertamente sobre isso. Até por isso desacredito de “Lucy…” ser sigla para “LSD”. Paul poderia ter admitido isso tranquilamente, a essa altura do campeonato.

          Comentei lá atrás suas perguntas. Desculpe a primeira resposta sumária. Estava no iPad… 😛

          1. Entendido. Ah, e sem querer estender o assunto, “Lucy” seria apenas o “L” da sigla do entorpecente, não ela toda. E se analisarmos a frase, que sentido curioso ela tem: Alguém (Lucy), mesmo estando no paraíso (Sky), se sentiria incompleta (ou com falta) dos micropontos (Diamonds). Claro, é uma interpretação bem aberta, que pode nem ser verdadeira. Lí, não sei bem onde, ou quando!

            Mas parece que a licença poética ocorre muito nas letras musicais. Vide o verso da música “Açaí”, do Djavan: “açaí, guardiã / zum de besouro, um imã / branca é a tez da manhã”. Mesmo sendo fã das músicas dele, preciso admitir que sem licença poética, não faz muito – ou nenhum – sentido!

          2. John, note que a letra é de fato psicodélica e foi escrita sob influência de uma viagem de LSD. Assim como várias outras daquele período dos Beatles. Isso não quer dizer que Lucy in the Sky with Diamonds fosse um código literal para LSD. A história “oficial” é que o filho do John, Julian, chegou com um desenho que fez na escola e disse que era a Lucy no céu de diamantes. Se é verdade, nunca saberemos. Mas a essa altura, algum dos Beatles sobreviventes já poderia ter admitido a verdadeira história, se não fosse essa. Lembro que Paul já foi bem aberto sobre o uso de LSD naquela época e que ele não tem pudor de comentar elementos misteriosos da mitologia dos Beatles, como o rumor de que “Paul is dead”, e a história de quem seria o Walrus, que foi feita inclusive de forma deliberada para criar mistério, no filme Magical Mystery Tour.

    2. Pelo que sei, o tempo da humanidade aqui na terra não passa de uma fração de segundo em relação à movimentação dos astros pelo universo. Portanto, a posição das estrelas do nosso ponto de vista sempre foi a mesma..
      Confere, Salvador?

      1. Anne, não exatamente a mesma, mas aproximadamente a mesma. Em 200 mil anos já dá tempo pra uma mudancinha ou outra. Se pegarmos só a história registrada, de uns 5.000 anos para cá, praticamente igual.

    3. Desculpe não ter respondido o resto. Estava no iPad, e lá é um suplício escrever longamente. A elaboração das constelações não é dissimilar de enxergar formas em nuvens. A diferença é que, além de mero entretenimento, ela é útil como referência de localização na esfera celeste. A raiz das constelações clássicas é muito antiga e tem a ver com a tradição oral. Consigo imaginar um agrupamento humano primitivo em volta de uma fogueira, olhando para o céu, enquanto o mais velho do grupo conta histórias desse ou daquele personagem mítico. Uma evidência de que eles não tinham dificuldade alguma para criar constelações é que culturas vastamente separadas — como os gregos antigos e os indígenas sul-americanos — tinham constelações diferentes nas mesmas estrelas.

      Sobre o movimento das estrelas, como estamos falando de no máximo 200 mil anos de cultura humana, alguns astros de fato mudaram ligeiramente de lugar, mas nada que desfigurasse antigas constelações. Note que a configuração “moderna” delas, apresentada pelo gregos, não tem nem 10 mil anos!

      Sobre nascer “sob” um signo antigamente e noutro agora, isso já acontece, e não pelo movimento próprio das estrelas, e sim pela precessão da órbita da Terra. Hoje, um sujeito de Áries nasce sob a constelação de Peixes. E lá se vai a cascata da astrologia…

      Referências para encontrar as constelações no céu: comece pelo Cruzeiro do Sul ou pelo cinturão de Órion (as três marias) que são fáceis de reconhecer. Depois vá mapeando os arredores deles com o auxílio de uma carta celeste. E tenha em mente que os planetas e a Lua sempre estarão numa constelação do zodíaco. São dicas bem elementares para começar, mas para pegar o jeito, só observando e treinando bastante.

      1. Salvador, entendi suas considerações, que já agradeço, mas creio que não me expressei direito.

        O que não entendo é como alguém, olhando para o céu e vendo as estrelas, conseguiu uni-las (como aueles jogos infantis de ligar os pontinhos) e dar a forma desse ou daquele animal. Vale dizer, onde enxergavam um “touro”, não poderia ser o “carneiro” (áries), ou “peixes”?

        E mesmo seguindo pela tradição oral, até ser documentada, essa “constituição das constelações” não foi alterada, e é até hoje reconhecida por quem se dedica ao estudo da astronomia (astrologia, embora precedente, é pura adivinhação. Desculpas prévias aos fãs do horóscopo).

        Então, por exemplo, desde ontem estamos sob a constelação de peixes (20/2 até 20/3 pela fonte que consultei). Logo, como faço para “ver” essa constelação no céu? Como será que chegaram no seu formato e número de estrelas componentes? Onde ela começa e onde acaba?

        Pode até ser que “enxergar” tais constealções demande mais boa vontade (como acreditar que 1/12 da população humana tenha os mesmo eventos no dia) do que observação, mesmo, e que a explicação que procuro tenha se perdido na bruma do tempo. Mas gostaria de conseguir entender como localizar e ver as constelações.

        Se vc. tiver artigos ou post relacionados, favor indicar. Vai me ajudar na busca.

        1. John, existe uma conexão entre a cultura e a figura da constelação. Por que é o caçador Órion, e não o Romário que está lá? Porque o caçador Órion tinha um significado especial e merecia estar entre as estrelas. Não é à toa que temos muitas criaturas mitológicas e animais simbólicos entre as constelações. As histórias míticas e o céu se entrelaçaram, com um poderoso efeito mnemônico que se conserva até os dias de hoje. Mas, como disse, isso só vale porque somos herdeiros diretos da cultura helênica. Os ianomamis enxergam outros bichos no céu.

          Existe um probleminha para ver no céu a constelação do signo atual. Isso porque o signo é (ou era, como eu disse, agora está rolando um delay) determinado pela posição do SOL na constelação. Quando o sujeito nasce em “Peixes”, quer dizer que o Sol está na constelação de Peixes. Ou seja, você não vai vê-la nesta época, salvo talvez durante um eclipse solar total.

          A determinação da quantidade e do formato das estrelas é arbitrária. Note que o Messier 7 está na ponta da constelação de Escorpião, mas não dentro dela. Ele está entre Escorpião e Sagitário.

          Espero ter ajudado.

          1. Para ajudar a discussão – algumas constelações até se parecem com seu nome. Exemplo fácil, o Cruzeiro do Sul. Mas também o Escorpião, em questão, parece mesmo um escorpião com Antares no coração. Os índios brasileiros viam as constelações de outra forma, não formando as figuras mas contornando as figuras. De fato você pode ver o que quiser. No Hemisfério Norte, as constelações vêm dos caldeus e depois modificadas com os gregos, que puseram seus principais heróis no céu. No Hemisfério Sul forma designadas, em geral, pelos navegantes portugueses. Na sua falta de imaginação, deram nones de instrumentos e outras trivialidades (octante, sextante, triângulo, altar etc).
            Só para não resistir a tentação, o nome da famosa australopiteca vem da mesma musica, que tocava na rádio quando a descobriram. A música seria inspirada por um desenho da filha de um dos Beatles, retratando sua amiga e as estrelas como diamantes. Foi o que li há muito tempo…

          2. Beto, é quase isso. É um desenho do filho do John, Julian, que ele descreveu como “Lucy no céu de diamantes”. Não sabia essa da australopiteca! Genial!

        2. Oi John,
          Aproveito a deixa de alguns comentários atrás, onde você abre oportunidade de resposta a outros leitores.
          Deixarei dois singelos centavos nessa seara.

          Acredita-se que o quê moveu o homem pré-histórico a estudar detidamente as constelações foi a necessidade de
          uma previsão acurada das estações do ano. Nos primóridos da agricultura esse acerto, pelos sacerdotes do clã,
          foi um fator decisivo de sobrevivência. Saber os períodos de cheia dos rios, o dia da primeira nevasca do ano,
          eram fatos relevantes para a tribo.
          O esforço foi tão grande que surgiram os monumentos de Stonehenge, a própria pirâmide de Quéops possui detalhes
          arquitetônicos que apontam para a estrela Sírius em determinada data, justamente para marcar a cheia do Nilo.

          Aliado à isso, a fauna e mitologia locais levaram as etnias primitivas a nomear os asterismos, terminologia
          que se dá aos padrões de estrelas, e assim surgiram as constelações. Por exemplo nas tribos amazônicas surgiram
          as constelações do jabuti e do jaguar!

          A civilização ocidental, por motivos históricos, adotou a terminologia grega de constelações, via de regra as
          constelações equatoriais e boreais seguem a mitologia grega, você encontrará Órion, Cassiopéia,
          Perseu, Pégaso, Andrômeda, todas lendas bem conhecidas.que na Idade Média
          Essa terminologia foi preservada pelos árabes-persas, depois na época das grandes navegações astrônomos prosseguiram
          ao mapear a porção do hemisfério sul (que não é vista pelos gregos) e surgiram as constelações Carina, Vela, Telescopium, Dorado,
          Tucana, com um viéz mais tecnológico e também da fauna das terras recém-descobertas.
          O que guiou esse estudo foi a necessidade precisa de se estabelecer o tempo, e consequentente o cálculo de Latitude
          em alto mar, que por exemplo delimitou a linha imaginária do tratado de Tordesilhas, entre outras coisas.

          Respondendo mais detidamente sua pergunta, talvez a constelação mais notória seja a do Escorpião, que é visivel
          no inverno logo após o anoitecer. É muito legal ver que o asterismo forma direitinho um Escorpião no céu, essa descoberta
          é de arrepiar! E é uma atividade muito bacana de se fazer na volta prá casa “à pé” da festa junina por exemplo, he he!
          Outras constelações são realmente uma questão de muita fé, por exemplo, Serpens, a Serpente, e deixam sem resposta
          sua pergunta, é inimaginável saber como alguém viu uma serpente alí!

          Os ramos que da astronomia que estudam essas questões são a arqueoastronomia e a paleoastronomia.
          Posso indicar duas referências muito boas, embora em inglês:
          – Burnham’s Celestial handbook, em três volumes.
          – Star names, their lore and meaning,
          os dois bem enciclopédicos.

          Espero ter ajudado!

          1. Em resumo… olhar para o céu estrelado e ver figuras mitológicas, animais, heróis e afins… É como olhar para as nuvens e ver animais, rostos, coelhos, ou olhar pra uma parede de rocha e ver o rosto do Hugo Chávez! ..rsrsrs

            É meio que Pareidolia… até Carl Sagan fala disso (O Mundo Assombrado pelos Demônios, 1995).

            E com toda a certeza, foi muito importante para o desenvolvimento das Ciências, da Astronomia, da Navegação… ah pra Religiões, Mitos e Lendas também (nesse caso não houve desenvolvimento. ..).

          2. Saudações, Siderius. Ajudou sim e agradeço.

            É que sempre me intrigou o fato de olhar o céu e nem saber direito por onde começar a identificar uma constelação. tento, mas não chego lá.

            Então, com esse post a vontade de tentar identificar as tais. vamos lá. 🙂

  24. Muito interessante esta matéria Salvador !!! lendo o blog do Reinaldo José Lopes sobre criacionismo e evolução, e agora lendo o final do seu texto das intrigantes perguntas sobre o surgimento da vida, me faço uma pergunta que independente de ser o criacionista ou a evolução é difícil de ser respondida, a pergunta é a seguinte: quem semeou o solo é uma questão até que “fácil”, DEUS ou o BIG BANG, independe, a resposta é um dos dois, correto? Agora a pergunta O QUE, OU QUEM fez o solo receber as sementes (vida) ??? quero dizer antes do BIG BANG ou DEUS, é uma pergunta mais complexa !!! se já teve alguma coisa no blog discorrendo sobre isso por favor passem o link.

      1. Acreditar que toda a matéria e energia existente no Universo veio do nada, ou para ser mais exato, de um ponto chamado singularidade exige uma fé extraordinária, realmente os ateus são os verdadeiros crentes…

        1. Concordo que os ateus também são crentes, a seu modo, mas isso nada tem a ver com a hipótese da singularidade. São equações, a expressar as leis físicas, que sugerem essa possibilidade, não a fé.

        2. Eu acho melhor acreditar nessas singularidades, do que acreditar num Deus que criou o Demônio pra nos infernizar e que prega a morte de quem não crê nele…

  25. Parabens Salvador, matéria muito boa.

    É incrível imaginar onde e em qual estado essas estrelas estarão daqui a alguns milhões, talvez bilhões de anos, é incrível olhar para o universo e ter certeza de tanta coisa, mas ao mesmo incertezas que só serão comprovadas quando gerações distantes no tempo estiverem no poder, tendo como base todas as pesquisas que vêm sendo feita pelos anos…

    1. Dizer que o Universo é um produto da Evolução sem um Projetista, é querer ser enganado por si mesmo.
      O que havia antes da Grande explosão? Certamente nada. E como surgiu por acaso? Porque, a Terra, é o único planeta habitável já conhecido nesses Céus infinito? Porque justamente aqui, temos condições infinita para que a VIDA Humana e animais possam viver. Porque estamos aqui? Quem nos criou? Porque envelhecemos e morremos? Pergunte o Criador e Autor da Bíblia.

      1. Caro Washington, com o devido respeito à sua opinião, a “bíblia” não possui um “autor” definido. É um compêndio de livros que também não foram escritos por seus “autores”, tanto é que os evangelhos são citados como “segundo” fulano ou beltrano.

        Ou seja, nem aos evangelistas, a quem se atribui o que foi escrito, pode-se imputar a autoria.

        Logo, considerando que Deus não resolveu, certo dia, sentar-se e escrever um relato, a “autoria” literal da bíblia não lhe pode ser atribuída. E nem vale dizer que foi por “orientação” Dele, pois mesmo assim alguém teve que pegar no que hoje conhecemos como papel e caneta e escrever relatos que eram passados oralmente de geração em geração, para que não se perdessem.

        E relato passado de pessoa para pessoa perde muito do seu conteúdo original. quem nunca participou daquelas dinâmicas de grupo, onde uma pessoa lê uma frase ao ouvido da outra, que passa a frase para a seguinte e sucessivamente. Ao final de dez pessoas, a última diz em voz alta o que entendeu, e compara-se com a frase escrita. Muitas das vezes, o sentido e o conteúdo mudam totalmente.

        Com a bíblia seria diferente?

    2. Dizer que o Universo foi criado em dias criativos de 24 horas é um absurdo.
      A Bíblia, nunca ensinou essa mentira. No 1ºl livro da Bíblia GENESIS, diz que no Princípio o Deus do céu criou o Céu e a Terra. Notem, que a Bíblia não diz dias 24 horas mais sim, no PRINCÍPÍO. quando? quando não existia nada antes da “grande explosão” Sim a bíblia está em concordância com a ciência. Os céus e a terra tem bilhões de anos. E logicamente teve um Projetista.

      1. Onde é que entra nos planos desse Projetista as crianças que morrem de câncer e os inocentes mortos por bandidos? Ele (o Projetista) gosta disso?

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