Uma possível lua fora do Sistema Solar

Salvador Nogueira

Pela primeira vez, astrônomos afirmam ter encontrado possíveis sinais de uma lua fora do Sistema Solar. Bacana.

Astrônomos encontram uma lua em torno de um planeta errante. Ou não.
Astrônomos encontram uma lua em torno de um planeta errante. Ou não.

Agora as más notícias. Pode ser simplesmente uma estrela com um planeta, e lua nenhuma. E o pior: nunca saberemos.

O motivo é a técnica envolvida na observação. Ela explora um fenômeno conhecido como “microlente gravitacional”. Isso acontece quando um objeto mais próximo passa à frente de uma estrela mais distante, com relação a nós.

A gravidade do objeto mais próximo curva os raios de luz da estrela distante, como se fosse uma lente. Ao observar os padrões da microlente, os astrônomos tentam adivinhar detalhes do objeto que a produziu — e de possíveis astros muito discretos para serem notados numa observação direta.

No caso em questão, a única coisa que o grupo internacional composto por pesquisadores do Japão, da Nova Zelândia e dos Estados Unidos conseguiu determinar é que dois objetos diferentes produziram a microlente, e um tem 2.000 vezes mais massa do que o outro.

Conhecendo as possibilidades astrofísicas que isso traz, das duas uma: ou temos um planeta errante (ou seja, que vaga pelo espaço sem girar em torno de uma estrela) um pouco maior do que Júpiter com uma lua menor que a Terra, ou temos uma estrela discreta com um planeta cerca de 18 vezes mais massivo que o nosso.

É basicamente a diferença entre uma coisa nunca antes observada e o mais banal dos achados. E nunca saberemos. “Não teremos a chance de observar a exolua candidata novamente”, afirma David Bennett, da Universidade de Notre Dame, nos EUA, autor principal do trabalho, publicado nas páginas do “Astrophysical Journal”.

A CAÇA ÀS LUAS

Muitos astrônomos estão concentrados na busca de satélites naturais em torno de planetas fora do Sistema Solar. Por quê? Porque eles podem muito bem ser ótimos abrigos para a vida.

Imagine um planeta gigante, como Júpiter, só que localizado a uma distância de sua estrela similar à que a Terra guarda do Sol. Como a bola gasosa que é, ele continuaria tão inabitável como de costume. Mas o que dizer de luas que estejam ao seu redor? Não é difícil imaginar múltiplos satélites naturais capazes de abrigar vida!

Temos um viés natural de procurar os alienígenas em planetas como a Terra, mas talvez as luas sejam as maiorais no que diz respeito ao desenvolvimento de biosferas. Por isso os cientistas estão tão ansiosos em saber o quanto o Sistema Solar é típico ou exótico, em termos de suas luas.

Por ora, contudo, teremos de nos contentar somente com esse quase achado, que não diz quase nada sobre esse assunto…

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Comentários

  1. Saudações, Salvador!!

    Seu blog me fascina. Matérias com boas explicações. Cada dia uma novidade. Leio as matérias e fico pensando nas possibilidades infinitas do universo. Gosto de ler os comentários e as várias respostas. As vezes nada haver com a matéria, mas com algumas dicas e até um pouco de humor. Em breve, acredito eu, teremos nossa prova que não estamos sós. Mas infelizmente não será como muitos sonham. Pois o fator TEMPO não permitira contato on-line, e sim constatar que HOUVE vida inteligente em algum lugar no espaço.
    Abraço.

      1. Seria muito triste. Mas, dadas as distâncias envolvidas, forçoso é admitir que, quando descobertas, as civilizações nem mais existem, a exemplo do que acontece com a luz que vemos de estrelas distantes. Podem ter se extinguido antes mesmo de nossa existência.

        O que abre um gancho: a luz, então, se propagaria indefinidamente, pelo espaço, ou haveria um limite, ainda que teórico?

        Por exemplo, a luz de determinada estrela, já extinta, vagou pelo universo, está passando pela Terra e seguindo em frente… até onde, e até quando?

        Será que ela se diluiria a tal ponto de se tornar imperceptível, como as ondas em um lago onde se jogou uma pedra?

  2. Salvador, passei só para te parabenizar mais uma vez pelo blog. Fico imaginando a trabalheira que deve dar ler os artigos para escolher os melhores pra nós. Muito obrigado!

  3. Os planetas errantes mais seus satélites não possuem luz própria. Como são errantes, supõe-se que eles estejam muito longe da estrela mais próxima, portanto bem apagados. As microlentes gravitacionais nos trazem informações de corpos luminosos. Consequentemente, eu acredito que deve ser mais uma estrela com um de seus planetas.

    Tamos juntos.

  4. No Universo qualquer coisa pode acontecer, uma quantidade absurda de dados são jogados a todo momento, em todos os lugares, de todos os tamanhos, resultando num caos total com alguns graus de ordem dependendo da estabilidade dos sistemas (entendendo-se qualquer sistema físico, das partículas subatômicas até os superaglomerados de galáxias) e ninguém presumiria que poderia existir algum planeta errante no Universo e que este planeta não tivesse alguma lua? Descobrir e localizar definitivamente tal coisa é só uma questão de tempo com a nossa atual tecnologia. Mas para visita-lo já são outros 500 anos ou mais.

    1. Geraldo em “é só uma questão de tempo com a nossa atual tecnologia. Mas para visita-lo já são outros 500 anos ou mais”, caberia alguns comentários como a tecnologia nunca é atual senão não estaríamos trocando mensagens pela internet. Imagine miseráveis 50 anos atrás e no caso do Brasil, uma ligação telefônica entre SP/RJ demandava interferência da telefonista além de horas para que a ligação se completasse. Em relação a “para visita-lo já são outros 500 anos ou mais” eu quero acreditar que não demorará tanto apesar que eu não estarei mais por aqui e como exemplo podemos tomar as naus em 1514, que deveriam demorar cerca de 30 dias (sem calmarias) entre Portugal – Brasil, coisa que podemos fazer em cerca de dez horas. Se olharmos para o 14 Bis em 1906 e um A 380 o tempo transcorrido foi relativamente curto e a evolução foi monumental.

      1. Em relação a descobrir e localizar definitivamente, acredito que em menos de dez anos, já quanto a viajar para lá, ainda não temos tecnologia para fazer isto em tempo hábil e talvez seja muito difícil fazer tal coisa sem antes uma transformação radical e total na raça humana e consequentemente na sociedade. Como eu comecei o comentário, qualquer coisa pode acontecer no Universo e isto se aplica também aos sistemas espécie e sociedade humanas.

      2. Tetsuo, o duro é saber que muito possivelmente não ESTAREMOS por aqui para vivenciar essa época…

        Mas reconforta saber que ela chegará para nossos filhos e netos!

        1. John Doe de fato, nós não estaremos por aqui quando viagens no espaço se tornarem coisas “comuns”, mas eu continuo a ver com otimismo os desenvolvimentos tecnológicos; apenas como exemplo, meus pais quando emigraram para o Brasil dispenderam cerca de 55 dias num vapor japonês comandado por um oficial britânico (por que? não sei) fazendo da rota Kobe, Filipinas, Cabo da Boa Esperança até Santos. Em 1996 eu voltei daquele país num Boeing 747-400 fazendo Tóquio-Los Angeles-Guarulhos em exatos 25 horas quando então fiquei pensando no sofrimento dos meus pais. Os supersônicos como os Concorde ainda retornarão e espero que a mesma viagem não dure mais que seis horas.

          1. Minha “bisa” veio da Itália, nos mesmos moldes! Eram cerca de trinta dias de viagem, e alguns nasciam, outros morriam, nos navios. Tempos duros.

            Mas quem chegou aqui, transmitiu aos descendentes a saga da viagem, o que, creio eu, nos enche de orgulho, pois arriscaram tudo, até mesmo não chegar ao destino.

            E chegaram praticamente sem garantias, ou ajuda definida. Vieram mesmo com “a cara e a coragem”!

  5. Salvador, duas perguntas:
    1) existe algum caso de satélite natural orbitando uma lua?
    2) qual a menor coisa já descoberta que possua um satélite natural?

    Valeu!

  6. Enquanto o homem não for explorar pessoalmente os confins do Sistema Solar, não se terá muita certeza das coisas, exploração espacial humana deve acontecer já, esta demorando demais para se enviar astronautas a Marte e de lá fazer o trampolim para outras luas como Europa e assim para os confins do Universo.

    1. Eu, poderia estar relacionada à “matéria escura”? Quem sabe esta não é a primeira partícula indicadora da existência da tal.

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