Chuva de meteoros na Lua hoje!

Salvador Nogueira

O hemisfério Norte está ligadão hoje à noite para o que pode ser uma espetacular (e nova) chuva de meteoros. Nós aqui no Patropi não teremos grande chance de observar diretamente, mas um grupo de astrônomos amadores brasileiros se recusa a desistir. Eles vão tentar ver a colisão dos meteoroides na Lua!

Vai chover pedra de cometa no solo lunar hoje à noite!
Vai chover pedra de cometa no solo lunar hoje à noite!

É a tal história: pau que bate em Chico, bate em Francisco. Se a Terra atravessa uma região de poeira cósmica no espaço, é grande a chance de a Lua, nossa eterna companheira, também fazer a mesma coisa.

No caso em questão, nosso planeta e seu satélite natural atravessarão, na madrugada de hoje para amanhã, a trajetória do cometa 209P/Linear, descoberto em 2004. Ao fazerem isso, partículas que tenham sido deixadas pelo astro quando ele passou por aqui entrarão em alta velocidade na atmosfera terrestre, produzindo as famosas estrelas cadentes. (Quem acompanha o Mensageiro Sideral teve a chance de testemunhar um fenômeno desses no começo do mês, ocasionado por poeira deixada pelo cometa Halley em sua última passagem.)

Os meteoros devem partir de uma região na constelação de Camelopardis, o que é bem frustrante para nós no hemisfério Sul. Essa área do céu fica bem pertinho do polo Norte celeste, o que implica dizer que é invisível daqui das nossas bandas austrais.

Não se dando por vencidos, dois astrônomos amadores ligados à Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) vão tentar observar o fenômeno. Em vez de buscar as estrelas cadentes na atmosfera terrestre, eles vão olhar para a Lua. A intrépida tentativa será feita por Cristóvão Jacques, um dos responsáveis pela descoberta do primeiro e do segundo cometas 100% nacionais, em Minas Gerais, e Marcelo Domingues, no Distrito Federal.

Eles apontarão câmeras sensíveis para o disco lunar, na esperança de detectar flashes resultantes do impacto de partículas com nosso satélite natural. A fase minguante é propícia para essa estratégia de observação, pois boa parte do disco lunar estará às sombras, facilitando a identificação de colisões.

Imagem da Nasa registra impacto lunar ocorrido em 17 de março de 2013
Imagem da Nasa registra impacto lunar ocorrido em 17 de março de 2013

Ninguém sabe quais exatamente são os tamanhos dos pedaços do 209P/Linear que estão por aí, mas a ausência de atmosfera na Lua amplifica o potencial de detecção produzido por uma colisão. Segundo o pessoal da Bramon, uma pedrinha de 5 quilos pode abrir uma cratera de quase 10 metros na superfície lunar. Aqui na Terra, se uma pedra do mesmo tamanho adentra a atmosfera, ela tende a queimar por inteiro, sem causar estragos.

“Os resultados de eventuais capturas estarão à disposição da comunidade científica brasileira e constituirão o início de um novo campo de pesquisas em astronomia no nosso país”, afirmam Carlos Bella e Gabriel Gonçalves, membros da Bramon.

Registro de estrela cadente feira por estação da Bramon no Distrito Federal
Registro de estrela cadente feito em janeiro por estação da Bramon no Distrito Federal

Tanto em seu trabalho usual como nessa ocasião especial, a equipe da Bramon tem trabalhado duro para monitorar o ambiente espacial na região da órbita da Terra. Trata-se de uma iniciativa importante para a caracterização de quantos pedregulhos espaciais costumam adentrar a atmosfera do nosso planeta e, talvez mais importante, de qual é o nível de risco para nossa infraestrutura em órbita — satélites, naves e estações espaciais. Isso sem falar no que costumo chamar de “cool factor”: contar estrelas cadentes é sempre muito legal!

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Comentários

  1. bom dia a todos eu sei ,que os comentario dos colega sao bei refinado e lapidada porei eu nao tive muito esdudo descupa se eu deixar eros de portugues obrigada, eu ja estou analisando a muitos dias imagem do satelite apolo 11 , eu me deparei com uma imagem emtrigante de uma suposta cradera que eu encontrei se minha teoria estiver serta e a maior crateara ja encontrada no brazil,eu fis varias pesquizas na enternete arespeito de crateras de meteoritos asteroides e vucois ,esta a qual eu me refiro nao foi mencionada na enternete ou em qualquer meio de comunicasao na midia ,se minha teoria estiver coreta e de um asteroide ,descupe a minha conparasao grodesca todos ja virao as 10 maiores crateras, a maior conparada a esta que eu me-refiro se torna muito pequena ,meus cogegas se voces queirao tirar suas duvidas ou suas propias concluzao entre encontato comigo para nos tirar as duvidas se realmente for uma cradera de um asteroide meus colegas se esta for e a maior ja encontrada no pais ate hoje, eu tenho as imagem do satelite ,para mostrar ou o estado que a tal suposta cratera esta voces mesmo poderao ve-la e tirar suas propia concluzao meus colegas isto nao e brincadeira mas pode ser meu engano obrigado por enquanto assispaulo431@gmail.com fone 88204187

      1. gravidade para segurar e magnetismo para proteger? a densidade de ambos estão relacionados a quantidade de massa e as fusões nuclear? ou vai depender da matéria que o objeto possui e não do tamanho que ele tem? será que um dia a lua ja teve atmosfera?

        1. Provavelmente a Lua teve uma atmosfera primitiva, mas que desapareceu rapidamente.

  2. Salvador, gostaria de sugerir um assunto (procurei algo parecido, mas não encontrei): o futuro da exploração espacial em um futuro proximo. Quais as reais possibilidades de um voo trupulado (ou não) a Marte ou outro destino como Europa, nas próximas décadas, seja por americanos, europeus, chineses, bolivianos, etc.

  3. Tomara que consigam. Equipamento eles tem. O mais interessante é que o espelho do telescópio montador em Minas foi feito no Brasil. Se o tempo estiver aberto eles devem conseguir.

  4. Você pode me dizer qual lente seria necessário usar em uma câmera fotográfica (uma Canon EOS 60D, por exemplo), para aumentar a possibilidade de registrar uma colisão na Lua?

    1. A dificuldade está em apontar a câmera e manter ela acompanhando o movimento aparente da Lua no céu. As colisões deverão ser esporádicas provocando um pequeno clarão sobre a Lua. Se você conseguir uma imagem abrangendo o disco lunar e puder filmar por algumas horas, ainda assim terá que acompanhar o movimento Lunar com precisão.

  5. Bom dia, Salvador!

    Sempre que se fala do ponto de origem das estrelas cadentes, me vem uma pergunta. Talvez não tenha nada a ver com este assunto.
    Mas qual a direção que a Terra segue, em sua órbita pelo sol ? Por exemplo, às 12:00, sol à pino, estamos girando para Oeste, mas viajando em que sentido? Também pra Oeste?

    abs,

    1. Posso estar errado (sempre me atrapalho com essas coisas de orientação espacial), mas o movimento da Terra é na direção inversa do movimento aparente do Sol. Portanto, se o Sol se põe a oeste, a Terra está rotacionando para leste. Ao meio dia, com o Sol a pino, tenho a impressão de que a trajetória de translação também aponta para o leste, mas acho estranho falar “leste e oeste” quando o referencial não é a própria Terra…

      1. Aliás, pode-se repetir a célebre cena de Titanic, só que com a espaçonave Terra!
        Deite-se no chão, abra os braços sobre a linha do Equador às 6 da manhã!

        Lugar ideal também para fazer aquela experiência de união cósmica, percebendo o movimento da Terra deitado no chão e olhando para o céu.

    2. Caros Mamuru e Salvador Nogueira:

      De facto a Terra roda para Este (logo vemos o Sol rodar para oeste).

      Mas a Terra desloca-se para Oeste ao meio-dia e para Este à meia-noite.

      Isto porque a sua velocidade de translação (29.78 km/s) é muito maior que a velocidade de rotação no equador (0.46 km/s) – que é a maior possível à superfície da Terra.

      Mas em mais pormenor:

      Quem está ao meio-dia no equador desloca-se para Oeste a 29.78 – 0.46 = 29.36 km/s.

      Quem está à meia-noite no equador desloca-se para Este a 29.78 + 0.46 = 30.24 km/s.

      Quem está nos pólos (nos lugares em que não existe Este nem Oeste) desloca-se na mesma direção sempre a 29.78 km/s.

      Notem que Oeste ao meio-dia e Este à meia-noite são a mesma direção e sentido.

      (Um esquema ajudaria, sem dúvida!)

      (Desconsiderando pequenas variações de velocidade, como as que ocorrem entre o afélio e periélio)

      1. Obrigado pelas respostas!

        Errei feio quando falei que giramos para Oeste! Se fosse prova, tirava zero e meio!
        Agora vejam como é a gente comentar sem ao menos tentar raciocinar, né?
        Peguemos uma bola e a rolemos em linha reta, por uma superfície plana… se ficarmos atrás da bola e vermos ela se afastando, o nosso lado esquerdo será o Norte, enquanto nossa direita será o Sul. A superfície será o lado virado para o sol (Dia), enquanto a parte superior será o lado Noite. Tudo isso em relação à bola (Terra).
        O resto fica fácil imaginar!

        abs,

    1. Vi. E acho profundamente desonesta a forma como estão tratando este livro (que baixei e estou lendo). É só um livro sobre SETI. Doug Vakoch é pesquisador do Instituto SETI e a tônica do livro é contar a história do projeto SETI na Nasa (que, como você deve saber, não gasta um tostão com SETI desde 1993) e especular sobre as dificuldades de decodificação de mensagens alienígenas, assim como de formulação de mensagens para eles, comparando com a decifração de textos antigos como Linear B e hieroglifos maias. Tratar a obra como “Nasa se prepara para falar com ETs” só ajuda a espalhar lendas urbanas de conspiração. Ridículo. Mas o livro é bacana. Estou lendo e gostando. Recomendo.

      1. Pois é, achei mais sensacionalista do que seu título “Achamos uma nova Terra” ou sobre o sol canibal… UHAHUAHUHUA

        Brincadeiras à parte, vou dar uma olhada ae nesse livro. Baixou onde/como?

    2. Quando li o titulo do artigo pela manhã, já fiquei desconfiado.

      Péssimo artigo!

      Como diria um amigo meu: – Mó isquerinhu esse cara.

    3. a comunicação entre mundos é muito difícil de acontecer, no máximo poder-se-ia ter um monte de chuviscos “na tela” e um punhado de sinais que poderiam ser associados a uma transmissão intencional, ou seja, gerenciada por alguém lá fora.

      com tanta interferência de sinais da Terra as dificuldades aumentam, não raro acabam pegando uma onda daqui só para dar trabalho em descobrir que veio do nosso planeta.

      só com o tempo e novas técnicas é que vamos, aos poucos, podendo detectar com maior precisão que permita afirmar que é um contato, mas do tipo “estou ouvindo algo no meio dessa estática” e não um “olá alien, aqui é da Terra”.

      sobre uma questão que sempre volta, se já fomos ou somos visitados, eu acho que é interessante pensar se entre nós e as formigas há tanta vontade nossa de ficar observando suas vidas e dando pitaco. Quando a gente põe o dedo na frente do inseto para mudar sua rota o que conseguimos é irritá-lo ou confundi-lo, de outro lado só é produtivo para nós estudar o inseto em si e seu comportamento, no mais, feito isso, não precisamos ficar voltando lá e bisbilhotando, melhor analisar outras criaturas inferiores.

      é mais ou menos assim para uma criatura mais evoluída do que nós, afinal, para navegar entre as estrelas e chegar com vida aqui e na origem é preciso usar tecnologia absurdamente à frente da nossa, nada menos que buracos de minhoca. Sem isso dominado os aliens ficam como nós, somente ouvindo.

      as teorias conspiratórias, relatos considerados mais contundentes e a questão da visitação devem ser observadas, sim, como uma possibilidade, até mesmo por falta de provas, ou é melhor até considerar como pura fraude. Não é por pessimismo e sim por realismo, se há alien com tecnologia para viajar, devem ser poucos e, do que adiantaria para nós, meras formigas, tentar compreender o dedo metido do alien?

      é como a questão de um arquiteto superior universal criador de tudo, porque acreditamos que somos exclusividade? até parece que se existir uma criatura divina ela vai obedecer a nossa vontade, nem a pau! Se a vida foi criada aqui, por um ser divino, é mais que óbvio que ele iria povoar o máximo de planetas ou não iria povoar planeta algum. Se somos tão bestiais como já sabemos, obviamente uma criatura superior já nos teria descartado por saber que aqui a coisa estragou, não há razão para nos dar ouvidos. Então, por óbvio, a vida lá fora seria mais que comum e existiriam infinitos povos, apenas nossa imbecilidade põe crédito na imaginação de que somos especiais, mas em quê? fazer mal aos outros?

      mas a experiência nos mostra que essa lógica de um ser superior é pura furada, tanto que a vida é possível, mas depende de múltiplos fatores para sua evolução que pode inclusive parar em determinado ponto se houver barreiras. Aqui mesmo na Terra temos bactérias e outros organismos que ainda existem e eram considerados extintos, são fósseis vivos que se mantiveram “parados” no processo evolutivo por haver limitação no ambiente onde se encontravam: um lago isolado, uma caverna etc.

      queria que fosse mais fácil encontrar vida lá fora, mas para isso o alien teria de possuir uma bruta tecnologia para enviar uma mensagem e ainda interesse em abrir o bico. Sem contar que a energia necessária para tal feito deve ser bem elevada, tremendo custo.

  6. Cool factor! Muito legal mesmo!
    Ainda me lembro de quando era criança e via uma “estrela cadente”, e não fazia a menor idéia de que aquilo nada mais era que uma rocha sendo aniquilada pelo atrito com a atmosfera, ficava sempre com aquela visão fantasiosa de uma estrela com uma cauda atravessando o céu, e como estrela entenda-se aquela concepção artística e infantil de um objeto com 5 pontas, como aquelas estrelas que costumam colocar no topo de árvores natalinas.
    Ao mesmo tempo que isso é apenas uma inocência das crianças em acreditar que uma estrela cadente, ou apenas uma estrela, seja algo como um objeto minúsculo amarelo e até com “carinha” -> :), é normal deixar a criança pequena ter essa visão, mas conforme ela vai crescendo deveria ser cada vez mais sendo instruída sobre a realidade e isso poderia ser feito com educação científica nas escolas públicas.

  7. “partículas que tenham sido deixadas pelo astro quando ele passou por aqui entrarão em alta velocidade na atmosfera terrestre, produzindo as famosas estrelas cadentes.”

    Salvador, qual o tamanho dessas “partículas”? Poderiam fazer estragos na Terra, se viessem para cá?

    1. Como a chuva é nova, ainda não se sabe o que esperar. Mas não terão tamanho suficiente para resistir ao contato com a atmosfera.

    1. Virou uma morta-vida. Seguiu funcionando, mas sem conseguir se mexer. 🙁

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