Futebol: mágico ou quântico?
Muita gente se pergunta por que o futebol é um esporte tão fascinante (e, claro, sempre tem quem se pergunta o que faz com que esse monte de gente ache que essa prática tediosa na verdade é fascinante). Então, em ritmo de Copa do Mundo, aqui vai a resposta pessoal e intransferível do Mensageiro Sideral sobre esse grande mistério do desconhecido.
Acho que o futebol é especialmente incrível porque lembra a mecânica quântica.
OK, agora você se perdeu. Mas vamos lá. Começando, lamento dizer, pela mecânica quântica.
Trata-se de uma teoria que explica como o Universo funciona em suas menores escalas — ou seja, em termos de partículas elementares e das forças trocadas entre elas. Para explicar como um elétron se comporta ao redor de um núcleo atômico, muita gente imagina esse cenário microscópico de forma convencional: o elétron giraria ao redor do núcleo como a Terra gira ao redor do Sol. Um átomo, segundo essa visão, seria um sistema solar em miniatura.
De fato, quando os físicos começaram a imaginar como um átomo seria (lá pelo fim do século 19), foi essa a imagem que eles formularam. Mas logo ela se mostrou insatisfatória –nenhum átomo seria estável dessa maneira, e os elétrons, atraídos pelos prótons no interior do núcleo, acabariam sendo arrastados para lá. Ou seja, o modelo tradicional não funcionava.
Uma nova visão começou a ser formulada a partir de 1900, quando o alemão Max Planck criou o conceito do “quantum” — a noção de que a radiação podia ser mais bem compreendida como uma série de pacotes de energia, em vez de uma coisa fluida. Albert Einstein pegou essa idéia e a levou mais adiante, iniciando a “revolução quântica”. Logo, começaram a surgir proposições mais sofisticadas que atribuíam a todas as coisas (vulgo matéria e energia) essa característica quântica.
Isso até chegarmos em 1925, quando o alemão Werner Heisenberg fundou a tal mecânica quântica — que explica o comportamento das partículas segundo esse novo paradigma.
As constatações dele (e de Erwin Schrödinger) foram impressionantes, sobretudo pela falta de bom senso. Segundo Heisenberg, nenhuma partícula existia com certeza num certo lugar ou com uma certa velocidade. Não há um lugar exato em que haja um elétron ao redor de um núcleo. Em vez disso, o elétron pode ser visto como uma onda de probabilidades — ou seja, há locais em que ele tem mais chance de estar, outros que ele tem menos, mas ele não está definitivamente em nenhum desses pontos (ou está em todos, se preferir). A situação só muda quando você o observa: se, num experimento, você tentar detectar um elétron, não há problemas. Só que você nunca conseguirá, com um experimento, descobrir tudo que há para saber sobre uma partícula. Se souber muito bem a posição, saberá muito mal a velocidade. Se souber a velocidade, não terá a posição. E por aí vai. Não é à toa que essa noção ficou conhecida como o Princípio da Incerteza de Heisenberg.
Na prática, o que isso quer dizer? Não, os físicos não ficaram todos malucos. A única coisa que podemos concluir disso é que a realidade quântica funciona com regras diferentes das nossas — lá tudo é probabilidade, e nada é certeza absoluta. Isso, convenhamos, é muito diferente das leis físicas que regem as coisas em escalas maiores. Se uma maçã se desprender de uma árvore, sabemos que ela caíra, por ação da gravidade. Mais: se ainda nos lembrarmos das aulas de física do colégio, saberemos dizer quando exatamente ela caiu, onde, e com que velocidade e aceleração. Todas as informações imagináveis parecem acessíveis, ainda que exijam alguns cálculos.
Há várias interpretações possíveis do que quer dizer essa realidade quântica (há quem fale que não existe nada no mundo, senão informação, e há quem diga que todas as probabilidades na verdade se convertem em realidade, cada uma num universo paralelo diferente), mas a verdade é que ninguém sabe com certeza o que significam esses fenômenos tão estranhos sob a nossa perspectiva “clássica”.
Vamos, portanto, ao que realmente interessa: que diabos isso tem a ver com o futebol?
É minha opinião que o futebol, embora respeite totalmente as regras da física “clássica”, apresenta resultados em formato quântico. Num jogo de basquete ou vôlei, sempre o time que joga melhor vence. Ou seja, trata-se de um jogo mais previsível.
A dificuldade natural de marcar gols, por alguma razão, torna o esporte bretão diferente. A previsibilidade de uma partida de futebol é limitadíssima: mesmo depois de assistirmos ao primeiro tempo inteiro, podemos apenas falar de probabilidades –tal time é favorito, tal time está chegando mais–, mas nunca dizer com certeza quem vai vencer. (A não ser que o jogo termine 4 a 0 no primeiro tempo, e mesmo assim convém ficar com o pé atrás.)
É essa mágica “quântica” o que dá sabor ao futebol, permitindo que, vez por outra, David derrote Golias. É o que motiva os torcedores de Japão, Austrália e Croácia, e apavora (ainda que pouco) os brasileiros.
A despeito de todos os craques (Dani Alves, David Luiz, Neymar e Fred que me perdoem), o Brasil ainda corre o risco de perder. Tomara que não. Mas a natureza do jogo não me incomoda. Ao contrário, me anima: qual é o valor de uma vitória se não há o perigo da derrota?
Boa Copa para todos.
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Texto originalmente publicado em 2006 aqui e adaptado muito suavemente para 2014. A magia do futebol ainda é a mesma.
Caro Salvador….
“Na mosca!”
Para comprovar sua teoria ‘quantico-futebolistica’ ou ‘fute-quantica’, sei lá, ficaram de fora:
-a Costa Rica, acho que no seu ponto de vista, a menos probabilística e
-a fratura do Neymar…
Abraços
PARABÉNS, Salvador!
Acho que você consulta os astros, literalmente.
Nunca foram tão atuais seus artigos sobre o futebol, tanto o atual como o anterior (de 2006 – linkado).
No centro da mosca.
Valeu! 🙂
Excelente artigo! muito intrigante essa abordagem de que o olhar muda o comportamento de onda para partícula. Ao deixarmos de olhar uma partícula ela voltaria a se comportar como onda? neste caso um experimento feito por um cego não mudaria o estado de ambos?
Futebol é tão mágico quanto o beisebol. Todo mundo sabe que a influência cultural de pai para filho, passada de séculos e séculos, é o que qualquer esporte ou mesmo um tourada ridícula (aos nossos olhos) é o que explica essa ilusão coletiva de torcida e apego a algo cultural sem pé nem cabeça (mesmo que use o pé e a cabeça, como no caso de futebol). Quem, por sorte, teve pais indiferentes, consegue se afastar dessa idolatria e vê o absurdo que são esses dias. Uma passagem para Marte seria uma boa opção.
Caro Salvador Nogueira. Talvez você possa me ajudar em uma dúvida. Como os fótons se comportam como partículas e ondas, um único fóton, como onda, pode estar em 2 lugares ao mesmo tempo? Explico: Imagine uma esfera oca onde um fóton é gerado no centro. Este fóton ilumina toda a parte interna da esfera ou apenas reage com um elétron específico de um átomo que a compõe? Se for o primeiro caso, o fóton teria que estar em todos os lugares (reagindo com todos os elétrons) do interior da esfera ao mesmo tempo, portanto, o tempo para ele seria nulo. Talvez eu esteja errado, mas ninguém me respondeu adequadamente a esta questão até o momento. Agradeço de antemão.
Um fóton pode estar em vários lugares ao mesmo tempo se seu experimento explorar suas propriedades ondulatórias (interferência, por exemplo).
Neste caso, para o “fóton” o tempo inexiste, correto? O elétron tem certas particularidades semelhantes (à exceção da “carga”) ao fóton. A “nuvem” de elétrons ao redor do núcleo atômico também parece existir em “todos os lugares” ao mesmo tempo (dentro de sua respectiva camada). Se a matéria se comporta de maneira semelhante à luz, seria correto afirmar que o tempo “de fato” não existe?
Correto, para o fóton, o tempo inexiste. Mas porque ele viaja na velocidade da luz, não porque ele pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Em tese, é mais fácil você dizer que a posição do fóton (ou do elétron) não existe, até que seja determinada.
Acredito, caro Salvador, que este seja o ponto. Abraçamos a ideia de um Universo “linear” no tempo mas a natureza nos mostra “outra coisa”. Em uma visão mais ampla do experimento que propus, o tempo inexiste de fato. O que “determina a posição” é a “observação” do fenômeno. Se não houver nenhum observador, nada acontece. Se nada acontece, o próprio Big-Bang não existe. A “existência” de algo, neste caso, é atemporal. Não esta restrita ao passado ou ao futuro. Ela é! É como se tudo fosse a mesma coisa “observada” de maneiras diferentes. Não vou entrar em um papo “místico” aqui mesmo porque não tenho nada de místico. Mas as consequências fazem a gente pensar. Em um universo não linear, a morte não existe e todas as consciências são uma só. Tudo é uma coisa só! Existe uma questão mais profunda aqui, mas, como determinar a verdade (se é que podemos chama-la assim)? Parto do princípio que a velocidade da luz deveria ser melhor estudada. Por que este “limite”? Qual a causa do mesmo? Se o Universo se expandiu mais rápido que a luz durante a inflação, o espaço não esta restrito a essa velocidade padrão. Então, acredito que procurar as respostas do porque deste limite nos traria a luz questões fundamentais da física. Obrigado pela conversa e, se tiver alguma crítica a minha observação, fica à vontade. Não sou dono de verdade alguma. Apenas “teorizei” as possíveis implicações além da física para um Universo não linear no tempo. Obrigado e desculpe tomar seu tempo.
Marco.
Caros colegas. Realmente não sei o que dizer sobre suas ideias. Não sou tão sábio. Eu apenas teorizei a possibilidade do tempo, como o sentimos, não existir. É apenas uma especulação, sem dados empíricos. Mas agradeço a atenção do Salvador Nogueira, por me ajudar a entender melhor a situação, e os comentários dos senhores Lúcio T. Fernandes e Siderius Ares. Espero que esta pergunta um dia tenha resposta.
Marco.
Desculpe o interrogatório, caro Salvador…
Caro Marco Hundsdorfer,
Sabia que a cultura maia tinha uma noção sobre o tempo bem diferente da convencional?
Eles não o viam de forma linear, mas sim de forma cíclica; sem início, meio ou fim – o que me identifico muito, pois dessa forma fica conceber a noção de eterno e infinito.
Duas palavras somente compreendidas pela metafísica, porque nenhum experimento será capaz de reproduzir tais condições para ser entendida pela ciência.
Do meu ponto de vista, é inconcebível um início absoluto para o tempo ou que o universo está se expandido. Senão, vejamos:
Se existe um início absoluto para o tempo, nada havia antes dele. Ora, então como que do nada surge o universo?
Se o universo está em expansão, existe uma fronteira a ser transponível. Ora, o que há para além do limite do universo: uma placa escrita “aqui é o limite do universo?
Outra coisa: se há um limite para a velocidade, como pode o universo, em seus primórdios, ter se expandir mais rápido do que a velocidade da luz?
E por essas e outras que para se acreditar na teoria mais aceita no meio científico, não podemos questionar o paradoxo do tempo e do espaço que a sustenta.
Em suma, uma paráfrase de Lavosier sintetiza bem meu ponto de vista sobre essas questões: no Universo, nada se cria, nada se perde; tudo se transforma.
Caro Lúcio T. Fernandes, caro Marco Hundsdorfer, demais Leitores,
Poderia o tempo ser uma consequência do movimento de cada partícula com relação a direção de expansão do Universo?
Imagine que cada partícula do Universo detenha um vetor “movimento” com mais de 3 dimensões, na analogia do balão de ar com pontinhos desenhados em sua superfície, esse vetor representaria a velocidade da inflação do balão com relação ao ponto central do mesmo.
Desta forma todos nós sentimos “algum” tempo porque estão nos movendo numa dimensão superior na direção da expansão do Universo.
Isso não explica o tempo, mas reforça a relaitividade do mesmo, essa velocidade de expansão pode não ser fixa! E sabemos, experimentamos tempos diferentes em velocidades diferentes no nosso Universo tridimensional.
Se a expansão do Universo cessasse o que experimentaríamos? Estaria o Universo em “queda livre” com relação à essa outra dimensão?
Olá, Marco Hundsdorfer, Lúcio T. Fernandes e Siderius Ares.
Não quero cortar o barato de ninguem, mas esse tipo de discurssão só é frutífera se houver alguem treinado na disciplina para clarear os conceitos. Senão, toda a discussão (apesar de bem intencionada) se tonar apenas um conjunto de hipóteses, contradições e afirmações provinda quase sempre de interpretações imprecisas e achismos que muitas vezes são “pura viagem”. Todas as dúvidas que li de vocês provêem de um mal entendimento da física por detrás, e não de erros ou contradições das teorias físicas. Portanto, não caiam na armadilha da ingenuidade de achar que leigos conseguem achar erros em teória arduamente construidas e testadas pelas mentes mais brilhantes que passaram pela Terra. Isso é o mesmo que achar que uma pessoa sem treinamento algum consegue fazer um transplante de coração melhor do que um cirurgião cardíaco altamente capacitado, hehe.
Tentarei, agora, clarear algumas dessas dúvidas. Um fóton (ou um elétron, ou um neutrôn, ou qualquer objeto microscópico sujeito as Leis da Mec. Quântica) exibe um comportamento que ora se assemelha ao de uma partícla e ora se assemelha a de uma onda, nunca os dois comportamentos ao mesmo tempo. Ao contrário de uma partícula, uma onda NÃO tem uma posição bem-definida. Elas simplesmente se propaga por todo o espaço. Por isso, é errado dizer que o fóton “está em dois lugares ao mesmo tempo”. Este pensamento errado ainda é fruto de tentar imaginar o fóton como uma partícula, mesmo quando ele está se comportando como onda.
É impreciso e diria até incorreto dizer que “o tempo não existe para o fóton”. Para isso, você teria que passar para o referencial do fóton e ver como ele “observa” o mundo. Só que a relatividade especial proíbe você passar de um referencial inercial qualquer para um referencial inercial que se move com velocidade ‘C’ (da luz) em relação à você. E esse é exatamente o caso do referencial do fóton! Isso é puramente uma consequência da geometria do espaço-tempo não ser mais euclidiana, simples assim. Outro ponto a esclarecer é que a relatividade especial versa sobre a cinemática e dinâmica de corpos imersos no espaço-tempo e não sobre a cinemática e a dinâmica do próprio espaço-tempo. Por isso, não há nenhum problema com o espaço-tempo se expandindo a velocidades maiores que a da luz.
Voltando a Mec. Quântica, é corretissímo dizer que a observação determina a posição do elétron. Mais precisamente, antes da medição de sua posição o eletrón se encontra em uma ‘superposição quântica’ de todos os estados de posição permitidos a ele (ele portanto não tem uma posição bem-definida, e é por isso que nesse momento ele exibe o comportamento de uma onda!), o ato da medição em si pertuba essa superposição (na verdade a destroi) e faz com que o eletrón “assuma” (colapse em, é o termo técnico) um dos estado de posição que compunha a superposição e que é condizente com o valor da medição de fato obtido. Veja que isso NÃO significa que “nada acontece antes da medição”, muito menos que não existia eletrón antes! Pelo contrário, o elétron existia antes da medição da posição e também evoluia dinamicamente no tempo! Por isso, o pensamento do Marco não faz sentido.
Finalmente, o que é o tempo. Tempo é apenas um número que você precisa ter, além de outros 3, para localizar um evento no espaço-tempo, nada mais misterioso que isso. Percebemos sua natureza como diferente da natureza dos outros 3 números (que são as coordenadas espaciais) pelo fato de existir uma direção preferencial, chamada seta do tempo. Isto significa que não podemos vagar livremente no eixo temporal como podemos fazer no espacial, apenas em frente e adiante. É assim que surgem a noção de passado e futuro. O princípio físico por detrás disto é o da 2ª lei da termodinâmica, mais conhecido como o de aumento de entropia.
Espero ter ajudado a desmistificar alguns ponto da discussão.
Um abraço.
Guilherme,
Vou tomar o direito da réplica.
O objetivo do blog, Salvador me corrija se estiver errado, é promover a discussão de temas associados à Astronomia, um espaço de liberdade de expressão e livre pensamento, não há compromisso, pelo menos da minha parte, com a refutação do conhecimento catedrático.
Lembro você que os inventores da lâmpada, do avião e também vale citar, o homem mais rico do mundo, não têm graduação! Os três são contados entre as mentes mais brilhantes da Terra!
Não faço com isso apologia à desinstrução, só acho uma afronta sua posição de que leigos produzem coisas infrutíferas, ingênuas e por tanto indignas de serem valoradas.
Respeito muito os astrônomos, físicos, engenheiros, PhDs de plantão neste blog, sou nada mais que um nerd, entretanto para longe de mim o título de simplista.
Você não cortou meu barato, espero arduamente que não tenha cortado o dos colegas do blog Marco e Lúcio a quem também endereçou seu post.
Sou humilde em dizer que pouco sei e simplismente fico feliz de poder me expressar e mais ainda de saber que provoquei reflexões.
Considero relevantes e desmistificadores seus parágrafos sobre a dualidade onda-partícula e sobre o tempo. Estimulo-o a sempre aparecer e contribuir!
S.A.
(Segue um à parte:
Tive oportunidade de trabalhar com Senegaleses, Croatas, Taiwaneses, Americanos, Indianos, Judeus, Angolanos, Islamitas, Romenos e Mexicanos, Deus me permitiu essa rica convivência durante minha vida profissional.
Vou lhes contar… o povo com auto-estima mais sofrida, com complexo de inferioridade, com preconceito entre cultos e incultos é o Brasileiro!!!
Cada povo com suas idiosincrasias, boas e ruins, mas infelizmente os brasilieros cultos carregam um asco para com pessoas com baixa instrução, babamos o ovo para qualquer gringo anglo-saxão que baixar por aqui e temos o triste defeito (que os Chineses reverteram um pouco mais de 15 anos) de achar que somos inferiores e incapazes!
Posso afirmar pela convivência relatada, não há nada, NADA, que nos inferiorize.)
*discussão.
Olá, Siderius
Você me entendeu muito mal. Não estou aqui para coibir a expressão de ninguem! Muito pelo contrário, me preocupo com a divulgação e popularização da C&T. Foram espaços como este aqui que me mostraram a beleza e importância da ciência, que culminou com minha decisão de seguir carreira na área científica. Por isso, sempre apoiarei a divulgação científica e tentarei contribuir com ela.
Como eu disse, eu já estive do outro lado. Sei bem como é a empolgação de tentar entender física por meios de livros e textos de divulgação científica. O problema é que a tradução de ideias técnicas para termos coloquiais sempre trazem consigo imprecisões dos mais diversos graus. Isso é algo extremamente importante de se mencionar! Um dos efeitos colaterais causados por isto (principalmente na área da física) é a criação de leitores ingenuos e intelectualmente arrogantes, posturas que são prejudiciais à sua educação científica. O primeiro paragrafo do meu texto foi justamente para alertar sobre esse problema, não para ofender ou coibir ninguem!
Mais uma vez, não se trata se ofender ou desmerecer a expressão de ninguem aqui. Se trata de contribuir para a educação científica de todos que estão lendo.
Que bom que pude contribuir para seu esclarecimento.
Abraços!
Deus não joga dados! Tudo está previsto e determinado, o vencedor do jogo e o campeão da Copa. Não existem segredos para Ele.
“Tal conhecimento é maravilhoso demais
e está além do meu alcance; é tão elevado que não o posso atingir.”
(Salmos 139:6)
“Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos!
(Romanos 11:33)
Então reza hoje à noite e amanhã divulga pra gente.
Mas Apolinário, sendo Deus comprovadamente brasileiro ele não vai dar um jeito?
Se tudo está previsto e determinado qual a utilidade de rezar para algo acontecer? Como já está determinado não tem como mudar e rezando ou não o resultado será o mesmo.
Apolinario. Foi por isso que Einstein não gostava na mecaniza quantia. Isso mostrava que se deus existisse. Ele deveria jogar dados. E no final de sua vida Einstein se rendeu a mecânica quântica de aceitou que deus provavelmente não existe .
OFF: Salva, se liga no vídeo..
http://meiobit.com/289554/via-lactea-em-time-lapse-direto-cazaquistao/
Fodástico demais.
Greatest country in the world! 🙂
Starry, starry night, como diria Van Gogh.
Lindo de chorar!
Acho que tem tudo a ver futebol e física quantica, Salvador!
Basta ver as regras para a marcação do bendito impedimento!!! Quer exemplo melhor?? 😀
Agora, sem brinks: excelente texto, parabéns!
Hehehe, valeu!
A Quântica é difícil…..muito difícil………entender que o futura muda quando vc simplesmente observa o evento é de deixar qualquer um maluco……..rsssss.
Uma crítica construtiva ao autor. O princípio físico por detrás deste texto é o que chamamos de determinismo. Em termos simples, determinismo é a característica que o modelo físico tem de poder determinar toda a história do sistema (passado e futuro), conhecendo apenas o estado do sistema em um instante qualquer. Tanto a Mecânica Clássica quanto a Mecânica Quântica são teorias determinísticas! A diferença fundamental entre essas duas teorias está no processo de medida de uma grandeza física, e não na evolução temporal do sistema. O processo de medida sim, tem uma natureza intrinsecamente aleatória. Se quiser fazer uma analogia entre modelos físicos e futebol, o caminho certo é modelá-lo como um sistema hipersensível às condições iniciais (a.k.a. caótico) — sistemas que não possuem o determinismo descrito acima. 🙂
Salvador,
Você é mais Newton ou Einstein?
Na minha opinião, o primeiro contribuiu muito mais para o desenvolvimento da física do que o segundo, porque 95% dos fenômenos naturais são descritos pela física clássica, não pela moderna.
Perdoa-me o exemplo, mas seria análogo a importância de saber a probabilidade de se encontrar em qual órbita o elétron se encontra no momento do chute na bola, ao invés de saber qual a força e o ângulo do vetor ideal para naquele momento fazer o gol.
Lúcio, acho os dois igualmente importantes. Ambos esquisitos também. Como personalidade, prefiro Einstein. Como físicos, difícil dar mais valor a um ou a outro. Toda nossa eletrônica está baseada no efeito fotoelétrico, descrito por Einstein.
De fato, a proporção seria inversa no caso do desenvolvimento da tecnologia.
Tudo é muito relativo, né meu caro? – rs
Hehehe, de fato.
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
MASSA
Sou mais Newton, pois para provar as sua teorias teve que revolucionar a matemática criando o cálculo diferencial e integral (Se bem que Leibniz teve sua parte nisso…)!
Bem lembrado, caro Crazyseawolf.
Ao contrário do que pode parecer a alguns, 90% da moderna tecnologia não vem da física clássica, mas da física quântica. Seu celular, seu computador, a transmissão via satélite, a microscopia por tunelamento, novos materiais e mais uma infinidade de coisas só existe porque a Física Quântica surgiu. É, incontestavelmente, de forma disparada em relação a qualquer outra abordagem, a melhor explicação e o melhor modelamento que temos da realidade e do Universo. É, inclusive, mais arrojada que a Relatividade, porque onde elas conflitaram, a Física Quântica mostrou-se a visão correta (vide os famosos experimentos Einstein-Podolski-Rosen, em que se comprovou a instantaneidade do entrelaçamento quântico, coisa não aceita por Einstein porque violava o limite da velocidade da luz). Então, entre Newton e Einstein, fico com Schordinger e Heinsenberg. Obs: os efeitos quânticos não se aplicam apenas ao mundo subatômico. Experiências recentes estão comprovando que eles estão por trás de tudo o que ocorre também no mundo macroscópico.
E é por isso que nunca sabemos se o gato está vivo ou morto e podemos dizer que ele está vivo e morto ao mesmo tempo.
Incrível texto sobre física quântica. Conseguir por futebol nisso é coisa de gênio… ou louco. (ou os dois ao mesmo tempo).
Salvador, muito bacana essa comparação. Acho que ela se estende pra “realidade”, pra relação entre o observador e observado, pra aquilo que se chama pejorativamente de “papo de livro de auto ajuda”. Tem uma abordagem bem interessante que diz que é o observador que cria uma possibilidade única, como pex no paradoxo do gato de Schrodinger, fazendo de nós parte ativa nesse processo. Tem um físico corajoso chamado Amit Goswami que chama de “universo auto consciente”. Visão bem elegante a do indiano…
Excelente texto … gostei muito entendi perfeitamente o contexto que o autor colocou. Aliás, foi matéria deste meu semestre da faculdade de Engenharia Mecatrônica. Parabéns ao autor … muito bom.
Valeu, Cezar!
Dã, o burraldo aqui esqueceu de publicar o link para o Quantum Soccer! Lá vai:
http://gregegan.customer.netspace.net.au/BORDER/Soccer/Soccer.html
Cíclico! Em 2006 a copa foi na Alemanha, lembra? E q tem isso a ver com a reedição do texto? Tudo. Lá a analise era racional e agora é passional…
Caro Salvador, ótimo texto, como sempre! Permita-me contribuir com esta oportuna discussão com este link, que permite que o internauta jogue online uma partida de — adivinhe — Quantum Soccer!
🙂
Salvador, eu não quero desmerecer o seu artigo, longe disso. Mas este lance de comparar situações dos dia-a-dia à mecânica quântica é muito manjando e já foi usado à exaustão em livros de auto-ajuda. A falha da abordagem está um pouco escondida. Estas situações, futebol inclusive, que nada tem de quânticas, são apenas fenômenos estatísticos pela sua natureza. Mas comparar o futebol à mecânica quântica é mais charmoso do que dizer que o resultado de uma partida depende de tantos fatores ao acaso que tem de ser tratado estatisticamente, o que qualquer sabe e ENTENDE.
Zé, respeito sua opinião. Mas note que deixei claro que o futebol obedece à física clássica. Ele apenas é contraintuitivo como a mecânica quântica. Não meramente estatístico, mas imprevisível.
Salvador, eu também respeito a sua e, mais, entendo o seu artigo. Mas entendo apenas como poético e não como científico. Primeiro (e principal objeção): nem tudo que é estatístico é quântico. Segundo: o que é estatístico é, necessariamente, imprevisível.
Não há fenômenos previsíveis estudados estatisticamente. Para estes temos fórmulas determinísticas. Mas mesmo os fenômenos que seguem rigorosamente a física clássica (caso do futebol), mas que dependam de uma multiplicidade de fatores sobre os quais não temos controle ou conhecimento, são, do ponto de vista prático, imprevisíveis. E candidatos à abordagem estatística.
Zé, a ideia do artigo era explicar mecânica quântica para quem gosta de futebol, e não explicar futebol para quem gosta de mecânica quântica. 😉
Muito meritório o seu objetivo, Salvador, mas não posso dizer o mesmo do resultado. O futebol NADA tem de quântico, e o seu artigo sugere o oposto.
O artigo abaixo aborda a questão que eu levanto:
http://www2.unesp.br/revista/?p=6699
Não quero comparar o seu artigo aos livros citados: as motivações são diferentes. Mas, infelizmente, a falha conceitual é a mesma.
Zé, eu DIGO no texto que o futebol NÃO É quântico. Eu também sou um crítico feroz do uso distorcido da mecânica quântica para outros fins, ainda mais quando misturada ao misticismo. Mas deixo claro no texto que estou fazendo uma analogia, não aplicando uma teoria quântica a uma situação clássica.
“É minha opinião que o futebol, embora respeite totalmente as regras da física “clássica”, apresenta resultados em formato quântico.”
Aí está. O futebol é clássico, mas o resultado é probabilístico, como a mecânica quântica.
Muito quântica esse debate de vocês: duas posições opostas conseguem parecer igualmente certas! 😉
Ok, Salvador, eu estou satisfeito com as suas respostas e o debate. Continuarei a ler os seus artigos … rs …
Obrigado por enriquecer o debate e a reflexão! 🙂
Eu, que conheço muito pouco de mecânica quântica adorei o artigo e achei esclarecedor e não vejo problema em misturar poesia e ciência, porque, ademais, a ciência não é absolutamente poética?
Mas o futebol é quântico! As partidas só podem acabar com número exato de gols! Não existem resultados como 1,2453 a 0.317.
Huahuahua, é verdade! Gols são quantizados nesse sentido! 🙂
Tudo certo, desde que não ganhe a Itália que seria penta nem a Argentina. Teríamos que aguentar o Maradona pelo resto da vida.
Sou Argentina desde criancinha…
Lúcifer,
O Papa é argentino….mas o chefe dele, seu desafeto, é brasileiro.
Salvador, só faltou trocar Japão e Austrália por México e Camarões, mas é isso ai mesmo!
Acredito que essa incerteza estatística, no esporte, tem a ver com o tamanho do espaço amostral (nesse caso, número de gols ou pontos necessários para vencer) quanto maior, mais chances de corresponder com a “verdade”, ou seja, quem é melhor, ganhar. Abraço!