Brasil campeão… em Tau Ceti!

Salvador Nogueira

Bem, amigos do Mensageiro! Neste exato momento, a grande vitória do Brasil sobre a Alemanha (o jogo dos jogos!) na final da Copa do Mundo de 2002 está sendo transmitida, ao vivo, para Tau Ceti. É isso mesmo. Se houver uma civilização alienígena num planeta ao redor dessa estrela amarela similar ao Sol, ela pode estar agorinha mesmo vendo a conquista do Penta.

As estrelas mais brilhantes num raio de 50 anos-luz do Sol. Potenciais telespectadores?
As estrelas mais brilhantes num raio de 50 anos-luz do Sol. Potenciais telespectadores da Copa do Mundo?

Essa é uma das coisas engraçadas da discussão sobre se devemos ou não transmitir mensagens a nossos possíveis vizinhos cósmicos. Mesmo sem intenção, já estamos fazendo isso consistentemente nas últimas décadas. A Copa do Mundo, por exemplo, já faz uso de telecomunicações via satélite desde 1966. Quando o sinal é transmitido do ponto de origem (o estádio) até um satélite em órbita, que o retransmite para outro ponto da Terra, é óbvio que parte da transmissão “vaza” para o espaço, viajando à velocidade da luz para outras regiões do cosmos.

De certa forma, isso faz com que todas as Copas desde então estejam acontecendo ao mesmo tempo — mas em sistemas estelares diferentes. O mais próximo desses sistemas é composto por um trio de estrelas chamado de Alfa Centauri. Ele está a 4,3 anos-luz de distância, o que significa dizer que em poucos meses seus potenciais habitantes poderão assistir, em todas as suas emoções, à Copa de 2010, na África do Sul.

Já Sírius, a mais brilhante estrela do céu noturno, está a 8,6 anos-luz. Se houver alguém por lá, eles logo verão o Tetra da Itália em solo alemão, na Copa de 2006. Altair, outra estrela maior que o Sol, a exemplo de Sírius, está a 16,7 anos-luz da Terra, e vai curtir o show de Zidane e cia. sobre a Seleção na Copa de 1998. E o sistema quádruplo de Capella, a 42,2 anos-luz, ainda há de ter vívidas lembranças de Pelé, Tostão, Gérson e Rivellino, que conquistaram o Tri em imagens que chegaram por lá dois anos atrás, tendo partido do sistema Sol em 1970.

UMA VIZINHANÇA CHEIA

É improvável que algum desses sistemas tenha habitantes inteligentes. O maior candidato nesse sentido é justamente Tau Ceti, atual palco do Penta. Suspeita-se que existam pelo menos cinco planetas ao redor dessa estrela, um dos quais similar em porte à Terra e numa órbita que o colocaria na zona habitável, onde a água pode ser mantida em estado líquido na superfície (condição tida pelos cientistas como essencial para a existência de vida como a conhecemos).

Isso, contudo, não é o mais importante. O surreal é que estamos falando de cerca de 2.000 estrelas num raio de 50 anos-luz (praticamente o atual limite das nossas comunicações “copísticas”). A maioria desses astros ainda não foi estudada em detalhes pelos cientistas em busca de possíveis planetas, mas podemos fazer um pequeno exercício estatístico baseados num trabalho feito por Erik Petigura, Andrew Howard e Geoff Marcy, que em 2013 usaram dados do telescópio espacial Kepler para calcular a probabilidade de estrelas similares ao Sol terem planetas parecidos com a Terra na zona habitável de suas estrelas. Eles chegaram à conclusão de que 22% delas têm ao menos um mundo rochoso na região adequada para adquirir uma biosfera.

Sabemos por outros estudos que estrelas similares ao Sol (para os íntimos, as que pertencem aos tipos K e G) correspondem a cerca de 20% das estrelas da Via Láctea. Se nossa região da galáxia for típica, das cerca de 2.000 estrelas num raio de 50 anos-luz, cerca de 400 devem ser parecidas com a nossa. Dessas, uma em cada cinco tem um planeta possivelmente adequado à vida. Portanto, são 80 potenciais mundos habitados — e isso descartando estrelas muito menores que o Sol, as anãs vermelhas, que são bem mais numerosas e talvez também possam suportar biosferas. Aí a conta fura o teto.

Ou seja: não é impossível que exista um grande público não-contabilizado nas transmissões da Copa do Mundo. (Fica a dica para a Fifa, caso ela queira vitaminar ainda mais o preço das cotas para patrocinadores, considerando a exposição aos mercados interestelares.)

ISSO É BOM OU RUIM?

Será que essa é a imagem que queremos transmitir aos nossos vizinhos? Ocorreu-me, após ler o livro da Nasa sobre comunicações interestelares, que um vídeo de uma partida de futebol pode ser uma ótima representação da humanidade. Supondo que os alienígenas consigam decodificar a transmissão e compreender que se trata de um vídeo (o que não deve ser tão difícil, considerando a obviedade de serem as imagens sequenciais), um evento esportivo pode revelar muito sobre nós mesmos sem exigir grande esforço verbal.

Uma das críticas a mensagens já disparadas por cientistas para o espaço é que elas pintam um quadro excessivamente róseo da humanidade, como se nós fôssemos criaturas 100% altruístas em busca de conhecimento e contato pacífico com nossos vizinhos no espaço. Quem já passou uma temporada na Terra sabe que somos bem menos bacanas que isso. A miríade de emoções durante um jogo de bola facilmente revelará nossa natureza. Os alienígenas verão que podemos expressar atitudes bem agressivas (um carrinho violent0, uma briga entre os jogadores) e também sermos solidários (quando um jogador levanta o outro). Verão que somos bastante emotivos e testemunharão a estranha catarse que envolve torcida e participantes durante uma partida de futebol. Entenderão que regras são importantes para nós (afinal, o jogo tem um sentido lógico que pode ser deduzido a partir de seu próprio desenrolar) e saberão um bocado sobre nossa anatomia, nossa capacidade física e sobre as condições ambientais gerais de nosso planeta.

Ocorre-me também que um evento esportivo é uma representação universal do ser humano. Temos capitalistas, comunistas, socialistas, anarquistas, liberais, conservadores, radicais, moderados, religiosos, ateus, fanáticos, terroristas, ladrões, assassinos, e por aí vai. Não conheço ninguém que seja, por definição, contra o esporte. Ele exprime algo sobre nós que está acima de nossas preferências ideológicas da vez. Era popular na Grécia Antiga e continua sendo hoje. Parece falar algo bastante elementar a respeito de nós mesmos. Será que alienígenas também praticam esportes? Seria um universal cultural? Não sabemos. O que dá para dizer é que ele representa bem a própria humanidade.

Minha única dúvida diz respeito à representação sexista do esporte. Homens competem com homens, e mulheres com mulheres, e os alienígenas podem se sentir tentados a pensar que praticamos algum tipo de segregação radical dos gêneros — se é que entenderão a dualidade sexual presente em tantas espécies na Terra. Mas desconfio que seja um preço relativamente pequeno a pagar por uma mensagem que seria, de todo modo, bastante informativa para eles e bem representativa de nossa cultura.

Supondo que realmente uma transmissão esportiva seja o melhor meio de iniciar um contato com outra civilização, isso quer dizer que não precisamos fazer nada? Afinal, já estamos emitindo nossos jogos para o espaço há décadas. Bem, não é bem assim. Nossas comunicações via satélites têm baixa potência para atravessar o espaço interestelar, o que significa que alienígenas a fim de captá-las teriam de ter radiotelescópios monstruosos — muito maiores e melhores que os que temos por aqui. Além disso, elas são codificadas para otimizar seu uso na Terra. Não foram projetadas para ser facilmente “lidas” por uma sociedade alienígena que não saiba nada, a priori, sobre nós.

No momento, assistir aos jogos da Copa em Tau Ceti dá um trabalho danado. Mesmo que exista uma civilização tecnológica lá, ela provavelmente tem se limitado à programação local.

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Comentários

  1. Imagine o seguinte….. imagine que em um planeta desses exista uma civilização inteligente, pouca coisa mais atrasada que a nossa. Com suas televisões de tubo e válvulas, eles estão acompanhando as Copas do Mundo e tudo o mais que transmitimos via satélite…. mas são incapazes de nos avisar da sua condição de espectadores!

  2. Se os aliens conseguem assistir o futebol então eles também conseguiram assistir programas como a fazenda ou big brother… taí o motivo de eles não falarem conosco.

  3. Luis Fernando: a abissal burrice do Salvador é q ele pensa q não é burro. Ele doutora que “vida simples” talvez possa até ter, mas “civilização” como a dele, por exemplo, nunca! Eis porém que todos nós sabemos que até esta parte os filósofos têm apenas sabido interpretar – de maneira, reconheço, sempre variada – o Universo. Quando, na verdade, es komt darauf an es zu verandern. Portanto, Pão e Paz para vc, amigo! Em Tao Ceti, quoi, todos gloriosamente estaremos.

    1. Antonio, burros somos todos! Mas prefiro pensar que podemos construir conhecimento a partir da burrice, de forma metódica. E o método até agora não sugere que possa haver vida inteligente em outros planetas do nosso Sistema Solar.

      1. Realmente voce tem uma paciência fora do considerado normal em responder aos que teimam em crer nas teorias conspiracionistas ou similares. Fatos extraordinários exigem comprovações extraordinárias. Tenho o princípio da descrença, pesquiso e se ouver fatos que corroborem, acredito. Vamos usar as sinapses cerebrais gente…

  4. OFF] Como não sou assinante folha não pude comentar lá na matéria sobre a formação da lua, por isso uso esse espaço para dizer que aquela pesquisa certamente foi bem feita, mas erra ao partir do pressuposto que as rochas analisadas vieram mesmo da lua trazidas por astronautas quando na verdade em sua maioria foram coletadas por Wernher von Braun e sua equipe na Antártida meses antes das alegadas viagens lunares. Retirado os traços da queima na entrada da atmosfera temos perfeitas amostras primitivas da Lua que coincidentemente pelo tempo de permanência na terra podem apresentar isótopos parecidos e com isso confundirem os cientistas de que a Terra é muito mais parecida com a Lua do que realmente pode ser. Vejam as análises da Chang’e 3 em comparação com as amostras da Apollo onde as diferenças de concentração dos elementos é abissal.
    http://english.ihep.cas.cn/prs/ns/201312/t20131230_115114.html
    As amostras da Apollo sempre mostraram predominantes em Dióxido de Silício enquanto as da chang’e 3 em Cálcio e Titânio e em proporções completamente diferentes onde elementos minoritários em uma são majoritários em outras, traços em umas são minoritários em outras e vice-versa e grandes diferenças já tinham sido verificadas pela sonda Smart-1 européia. Resumindo, pesquisa bem feita mas com dados equivocados não leva ao verdadeiro entendimento da formação de nosso Satélite.

    1. Alfredo, você voltou e criativo, hein? Onde está a prova da coleta de meteoritos capitaneada pelo Von Braun? Detalhe: a identificação dos meteoritos lunares só pôde ser feita com base nas amostras da Apollo. Considerando que antes de 1969 ninguém tinha amostras lunares para saber quais meteoritos tinham vindo da Lua (problema que não se aplica a rochas marcianas, uma vez que a atmosfera contida na rocha “entrega” a origem), como Von Braun e seus amigos souberam quais rochas “maquiar”? Fácil falar qualquer coisa. Difícil é provar. Onde estão as provas da sua afirmação extraordinária?

      1. De certo vc esperava achar algum artigo oficial da NASA falando que a viajem do Von Braun foi para coletar meteoritos, mas como isso seria um atestado de culpa acredito que esse artigo não exista.
        O que sabemos é que a viajem aconteceu, num momento da história totalmente fora de contexto se pensarmos da forma oficial, pois essas pessoas deveria estar testando seus foguetes ao invés de estar passeando pela Antártida.
        Já se sabia desde expedições em 1912 que lá era um lugar fácil de se identificar meteoritos pelo enorme contraste que eles tinham com a paisagem gelada, e aí chegamos ao que vc chama de amostras de referência e eu de crime científico. Vc mesmo disse que só a partir de 1969 foi possível comparar os meteoritos com as rochas lunares, ou seja antes disso, QUALQUER meteorito por eles apresentado com a ausência de alguma assinatura atmosférica e com semelhanças aos dados já coletados pelas sondas não tripuladas a lua poderiam ser considerados Rochas Lunares autenticas, e os meteoritos lunares posteriormente encontrados seriam assim caracterizados por guardarem semelhanças com as “amostras da Apollo”.
        Mas isso certamente tem os dias contados a medida que mais e mais expedições como a Chang’e 3 trouxerem esses dados tão divergentes sobre a composição da Lua.

        1. Alfredo, o s dados da Chang’e 3 não são divergentes, são só de lugares diferentes da Lua. Lembre-se que a Chang’e 2 fez um mapeamento orbital dos recursos lunares e mirou a Chang’e 3 para pousar num lugar que fosse mesmo diferente dos anteriormente visitados.
          Agora, se as rochas Apollo são meteoritos lunares, por que haveriam de ser tão diferentes da Chang’e 3? E onde está a PROVA da viagem de Von Braun para colher meteoritos que eu solicitei? Muito fácil vir aqui cagando regra. Quer a prova, independentemente verificável, que seja igual às rochas lunares, independentemente verificadas no mundo inteiro (e que não contêm nenhum sinal de adulteração)!

          1. Bom, as pedras da Apollo tbm seriam de diversos lugares e mesmo assim guardam muitas semelhanças entre si bem diferentes das concentrações nas análises da Chang’e 3, inclusive a Apollo 15 estaria no mesmo mare Imbrium da Chang’e 3.
            Qual prova independente vc quer? Aquela que pesquisadores holandeses tentaram fazer com o presente dado pelos astronautas da Apollo 11 que na verdade era madeira petrificada?

            http://www.telegraph.co.uk/science/space/6105902/Moon-rock-given-to-Holland-by-Neil-Armstrong-and-Buzz-Aldrin-is-fake.html

            E Wernher von Braun e vários diretores da NASA foram na Antártica em 1967, só que infelizmente algum crimes não deixam provas mas outros indícios podem confirmar sem essa necessidade. Aliás, Cadê a Eliza Samúdio?

            http://klabs.org/history/monographs/no_14/figures/fig_15.jpg
            http://klabs.org/history/monographs/no_14/figures/index.htm
            http://history.msfc.nasa.gov/vonbraun/photo/13.html

            “Muito fácil vir aqui cagando regra”
            Realmente desculpe por usar seu blog como latrina, só fiz isso pois não tive espaço lá no lugar certo.

          2. Alfredo, você sabe que eu respeito argumentos. Mas acho engraçado que os conspiracionistas possam falar o que querem, sem provas. Convenhamos, esse papo de “crime sem indícios” é furado. Os assassinos da Eliza Samudio, que eu saiba, foram identificados e presos.

          3. Fui ler seus links. A história da Holanda é interessante, até porque se contrapõe a todos os testes de rochas verdadeiras. Se todas fossem falsas, os cientistas já teriam percebido há tempos. Aliás, faltou você explicar a concordância entre as amostras da Apollo e as amostras soviéticas do programa Luna. Os soviéticos também recolheram meteoritos para fraudar suas amostras?
            Por fim, Von Braun não entendia patavina de rochas lunares. O negócio dele era foguete. Mas bacanas as fotos da expedição antártica.

    1. Prezado amigo Salvador, sobre seu artigo da Folha, são inevitáveis as seguintes perguntas:

      1- Por que o suposto planeta “theia” não alterou a órbita da terra no mega impacto?

      2- Por que a terra também não se esfarelou junto com theia? (ainda que bem menos).

      3- Quem ou qual estudo prova que milhões de pedacinhos de theia simplesmente formaram em pouquíssimo tempo a Lua? Os pedaços deveriam cair na terra ou serem arremessados para órbitas irregulares (com a terra instável). Ou isso é pura CRENÇA, ESPECULAÇÃO, ALEGAÇÃO dos “entendidos” que foi assim??

      4- Por que ainda existem cinturões ou aglomerados de corpos celestes vagando dentro de nosso sistema planetário? Por esse argumento (acreção), não deveriam virar outras “luas”?

      5- Por que a lua criada pós-impacto, é tão necessária pra vida multiforme e complexa na terra? mas na lua mesmo, é inexistente apesar das semelhanças dos elementos nos dois?

      6- Por que não há mais choques planetários em nosso sistema, se um dia houve…?

      1. 1- Tudo depende da inclinação da batida. Como o disco de acreção produz trajetórias concêntricas, podemos imaginar que a pancada aconteceu mais ou menos na direção da eclíptica, o que resultaria numa alteração pequena da órbita. Tendo dito isso, quem disse que não houve alteração da órbita? Não sabemos!

        2- Um bom pedaço da Terra se esfarelou com Teia, e por isso temos uma mistura boa de componentes da Terra e de Teia na Lua.

        3- Tem um estudo de Canup et al. sobre o qual escrevi alguns anos atrás que explica bem isso. Não é crença, nem especulação. E simulação. Modelagem do comportamento dos detritos na órbita da Terra. Sei que o modelo do Canup é um dos favoritos, mas existem outros. Todas as evidências corroboram a hipótese da colisão.

        4- Não, não deveriam. Especula-se que o cinturão de asteroides nunca tenha produzido um planeta por conta da interação gravitacional com Júpiter. Esses asteroides desgarrados podem, por colisão ou interação gravitacional, adquirir posteriormente órbitas excêntricas produzindo as populações de NEOs. De novo, isso não é crença ou especulação. É tudo corroborado por modelos que simulam o comportamento dos planetesimais durante a formação dos planetas.

        5- Não há nenhuma certeza de que a Lua seja necessária para a vida complexa. Especula-se que ela tenha tido um papel importante na estabilização do eixo terrestre, o que criou padrões climáticos com menor variação, facilitando a evolução de formas de vida complexas. Contudo, isso sim é uma ESPECULAÇÃO. Não sabemos se planetas sem lua, mas com boas condições, não poderia produzir vida complexa. Planetas ao redor de anãs vermelhas, por exemplo, seriam tão fortemente travados na rotação pela estrela que não precisariam de lua para manter seu eixo de rotação sempre na mesma posição. Quanto a não ter vida na Lua, ela era menor e bem menos massiva (note que a composição superficial dela é parecida com a da Terra, mas a Terra tem um núcleo denso de ferro que ela não tem), o que a impediu de reter uma atmosfera. Sem atmosfera, não há conservação de calor, produzindo variações brutais de temperatura. Sem atmosfera, não há água em estado líquido na superfície. Sem atmosfera, na zona habitável, sem vida.

        6- Os planetas “limpam” suas órbitas durante sua formação. Então temos muitos impactos no começo, e cada vez menos impactos mais adiante. As órbitas dos planetas já estão praticamente limpas a essa altura, o que explica o baixo índice de colisões. Ainda assim, acontecem. Veja o cometa Shoemaker-Levy 9, que colidiu com Júpiter nos anos 90, ou a comprovada queda de um asteroide de 15 km que matou os dinossauros 65 milhões de anos atrás. Note também que Vênus tem um padrão de rotação muito estranho (lento e retrógrado), o que pode indicar também uma colisão gigante em seu passado (sem, no entanto, resultar numa lua como a nossa). Sinal de que esses impactos gigantes deviam ser bem comuns na época em que a Lua nasceu, 4,4 bilhões de anos atrás. A vida só surgiu depois que tudo se acalmou, por volta de 3,8 bilhões de anos atrás.

        Abraços!

        1. Grato pelas respostas, ainda que as dúvidas continuem ou até aumentaram…

          1- Isso entra na campo puramente especulativo. Podemos supor que a terra invadiu a trajetória de teia ou os dois tinham órbitas instáveis no começo e se chocaram. E teríamos que apostar na pura sorte e acaso descomunal que a órbita resultante da Terra é finamente ideal para geração de vida complexa como temos com ajuda da lua formada.
          Mas por que só a Terra e não outros se o caos era a regra?

          2- Mas todos os elementos químicos que existem na Lua existem também na Terra… se há uma variação de isótopos de algum elemento, isso não seria a assinatura química peculiar de tal planeta/corpo celeste criado isoladamente??

          3- Por que não fazem também uma experiência nos corpos boiando ao redor de Júpiter (TROIANOS) E OUTROS; ou com os anéis de Saturno pra ver se gerariam “Luas”? Por que só valeu pra Terra??

          4- Quanto aos NEOs sem dúvida são errantes e isolados, mas me refiro aos AGLOMERADOS de corpos diversos como as cinturas e anéis. Por que o modelo do simulador só deu certo pros detritos da Lua?

          5- A Lua é essencial pra vida geral. Sem ela, talvez somente umas bactérias no fundo do mar sobrevivessem.
          http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-aconteceria-com-a-terra-se-a-lua-se-afastasse

          6- No caso de Júpiter, ele continua limpando e atraindo muitos pedregulhos, grandes e pequenos. É o nosso super escudo. Sem ele, a Terra seria um queijo suiço e não creio que a vida subsistisse. Pra mim providência divina. Pra vc, pura sorte aleatória, mas OK! as crenças são pessoais.

          Abs, saudações!

          1. Cícero, ainda tem dúvidas? A gente esclarece!

            1- Não é especulativo. Seria especulativo se não fosse corroborado por evidências. As evidências geoquímicas e as simulações são evidências CONCLUSIVAS. Nenhuma outra hipótese explica tudo isso. E nenhum dos dois tinha órbitas estáveis. Ambos tinham órbitas que se encontravam, só isso. E note que não é preciso de um acaso descomunal para a órbita final da Terra, até porque a zona habitável é bem larga. Mesmo que mexêssemos a Terra um cadinho para cá, ou um cadinho para lá, ela ainda estaria dentro dela. Aliás, o Sol era 30% menos brilhante nessa época, o que vale dizer que, se não tivesse uma espessa atmosfera, a Terra nem seria habitável. Sua habitabilidade constante é fruto de circunstâncias locais e orbitais conjuntamente. Curiosamente, como eu disse antes, a presença da Lua pode não ser uma necessidade para a vida complexa. Essa é uma especulação. Mas note que os tardígrados, vida complexa, viveriam muito bem, obrigado, mesmo sem a Lua para estabilizar o eixo de rotação. A suposta necessidade da Lua, isso sim é uma especulação.

            2- Não isoladamente, mas numa região ligeiramente diferente do sistema. Sim, é exatamente isso que a variação de isótopos indica.

            3- Mas fazem! Note como Júpiter e Saturno têm diferentes luas, e suas características denotam sua origem. Os quatro satélites galileanos, por exemplo, parecem ter se formado por acreção, num disco, ao redor do Júpiter nascente. Já os satélites menores foram obviamente planetesimais capturados por atração gravitacional, como as luas de Marte. São circunstâncias diferentes que levam ao surgimento de um anel ou de um satélite. E note que a estabilidade dos anéis de Saturno tem a ver com satélites-pastores que os preservam. Em alguns casos, satélites fornecem também material para reabastecer o anel, como é o caso de Encélado e suas plumas. Precisamos analisar os satélites de acordo com as circunstâncias. Comparar a Terra, um planeta rochoso, com Júpiter e Saturno, planetas gigantes gasosos é forçar a barra. São planetas radicalmente diferentes (talvez até em origem, se levarmos em conta a hipótese de colapso gravitacional para os gigantes, em vez de simples acreção), que geram luas por processos diferentes.

            4- Não, Cícero. Na verdade, simulações que produzem à Lua são um sucesso relativamente recente. As simulações mais comuns e simples produzem exatamente o que se vê em cinturões e anéis. Podemos estimar que a produção de um sistema de “planeta binário”, como Terra-Lua, é um desfecho menos comum que a produção de anéis ou de satélites menores. Mas não absolutamente incomum. Plutão-Caronte lembra muito o sistema Terra-Lua, com esse padrão de lua incomumente grande para seu planeta (no caso, anão).

            5- Não, não é. Isso é especulativo, e há muita discussão a respeito. A Lua é importante na Terra porque a vida terrestre evoluiu com ela, ou seja, está adaptada às suas influências. Mas num planeta sem lua em que evoluiu a vida, os caminhos evolutivos naturalmente serão outros. Se podem desembocar em vida complexa, não sabemos. Mas repito: dizer que a Lua é essencial à vida complexo é ESPECULAÇÃO. Presume que precisamos de certa estabilidade climática propiciada pela Lua, o que não necessariamente é verdade.

            6- Para mim não é pura sorte aleatória não! Os modelos de formação planetária sugerem que os planetas gigantes gasosos nascem nas regiões mais externas do disco, onde a atividade estelar não dissipa tão depressa o gás remanescente de sua formação. É uma consequência natural da formação dos planetas, processo que acontece em torno de TODAS as estrelas. A única restrição, ao que parece, é a quantidade de gás no disco. Por isso anãs vermelhas (estrelas menores, que tiveram menos gás para sua formação) parecem comumente não ter gigantes gasosos. Entre as estrelas K e G, parecidas com o Sol, a surpresa seria NÃO ENCONTRAR planetas como Júpiter. Se há providência divina aí (e concordo com você que crença não se discute), Deus deu conta de moldar o processo geral de formação planetária para isso, concedendo a muitos outros sistemas as mesmas vantagens que temos aqui na Terra. Aí restam duas opções: ou você descarta Deus, ou aceita que Deus produziu um universo em que a vida pode surgir em muitos sistemas planetários diferentes. Aí é com você. 😉

            Abraço!

          2. Salvador. Haveria ainda muito ‘pano pra manga’ para os itens. Mas deixa pra lá…

            Quanto a questão:
            “Deus deu conta de moldar o processo geral de formação planetária para isso, concedendo a muitos outros sistemas as mesmas vantagens que temos aqui na Terra. Aí restam duas opções: ou você descarta Deus, ou aceita que Deus produziu um universo em que a vida pode surgir em muitos sistemas planetários diferentes. Aí é com você.”

            Ou Deus poderia também ter feito o universo somente para nós. Devido aos inúmeros fatores (a lista é grande) que comprovam o princípio antrópico fortíssimo em condições finamente ajustadas; por exemplo: não poderia existir vida na terra, se…
            A rotação da terra fosse mais lenta, ou mais rápida
            Estivéssemos 2% mais perto ou mais longe do sol
            A terra sofresse uma mudança de 1% na luz solar
            A terra fosse menor ou maior
            A lua fosse menor ou maior
            Tivéssemos mais de uma lua
            A crosta da terra fosse mais fina ou mais grossa,…etc, etc.

            Como observou certa vez o astrônomo agnóstico Robert Jastrow, “O universo foi muito bem pré-adaptado para o provável aparecimento da humanidade. Pois se houvessse a menor variação na hora do big-bang, alterando as condições, mesmo que pouco, nenhuma vida existiria”.

            Mas também não afirmo categoricamente a inexistência de vida alienígena, simples ou complexa. Isso ninguém sabe, não sabemos de tudo neste mundo de conhecimento limitado. Muita coisa é segredo de Deus cfe. diz sua Palavra em Dt 29:29.
            Mas também aceito e admito a existência de seres espirituais (anjos, demônios) nas regiões celestiais cfe. diz a Palavra.

            Abraço.

  5. apenas para ter uma noção, em valores absolutos, sem uma precisão nas casas decimais (por falta de dados), supondo um planeta com densidade próxima a da Terra, uma Super-Terra poderá ter os seguintes valores para a gravidade:

    -cinco vezes a massa da Terra
    5MT / R= 10800Km / g= 17m/s²

    -três vezes a massa da Terra
    3MT / R= 9150Km / g= 14m/s²

    -duas vezes a massa da Terra
    2MT / R= 8000Km / g= 12m/s²

    MT = massa da Terra
    g = gravidade
    R = raio

    teoricamente, acredito que o máximo ideal para a vida não ultrapasse o valor da gravidade para um planeta 5MT.

    uma Mega Terra que haviam anunciado teria 17MT e R=14500Km, com g= 32m/s²

    1. para comparar, Jupiter tem g= 25m/s², valor menor devido seu raio maior.

      mas a gravidade de Júpiter já dificulta e muito a formação da vida porque achataria a camada atmosférica e aumentaria consideravelmente a pressão atmosférica.

      de certa forma, os valores calculados no chutômetro, porque considerei uma distribuição de densidade semelhante à da Terra, dão uma noção “para mais”.

    1. até parece fake, coisa meio conceito e ao mesmo tempo com jeito de marqueteiro, não vejo lógica em fazer uma estrutura dessas sem testar primeiro um motor funcional.

      desconheço projetos de Campos capaz de dobrar o espaço, os melhores motores de plasma em laboratório não tem potência para elevar uma nave em Terra para entrar em órbita, muito longe disso, no máximo são aceleradores graduais de pequenas frações na velocidade, quando o objeto já está no espaço.

      a dobra é coisa teórica, há desafios de engenharia para por em prática e ainda questões de custo energético: como alimentar eficientemente e por tempo indeterminado tal dispositivo. E ainda, fora isso, como fazer uma navegação segura que não o faça colidir com um objeto ou cair dentro de um Estrela, se a dobra funcionar.

      mas dá pra sonhar, tanto que tentam imitar a estrutura das naves StarTrek dando um ar de realismo.

      eu vejo também como uma brincadeira, porque ninguém descobriu ainda o que devemos dobrar dentro do espaço, ou seja, existe algo que seria detectável para ser manipulado? E como?

      acho que esqueceram de pedir uma ajudinha ao Stephen Hawking.

  6. a dificuldade da comunicação decorre da necessidade de:
    [1] a fonte de transmissão ser muito potente;
    [2] a emissão precisa estar direcionada para a antena receptora;
    [3] não haver interferência durante o percurso do sinal.

    estes são os pontos principais quer permitiriam, em tese, uma fácil comunicação entre mundos. Mas a realidade é outra, não é à toa que conseguimos captar mais os sinais de estrelas de neutros que enganaram por um tempo os pesquisadores ao imaginar que sua periodicidade no sinal fosse uma forma de comunicação inteligente, então, observe que se trata de uma fonte de transmissão muito potente e isto ajudou a sua descoberta com os radiotelescópios. A própria luz das estrelas sempre foi mais fácil de captar devido a tremenda potência desses corpos celestes, mas um planeta que esteja refletindo a luz da estrela já não é uma fonte emissora suficientemente potente para ser captada sem que o receptor seja mais avançado do que os existentes atualmente na Terra.

    então no ponto [1] os aliens precisariam enviar um sinal extremamente forte e isto é muito difícil de uma cultura mais evoluída pensar em fazer por conta do seu conhecimento maior sobre o universo, por exemplo, se houver perigos em se comunicar com civilizações que não sejam pacíficas, afinal, tecnologia não implica em bondade absoluta.

    [2] é um problema técnico no quesito: onde é mesmo que vamos mirar? imagine que tivéssemos um canhão emissor de rádio para usar, mas não sabemos ainda qual planeta tem uma civilização evoluída e com tecnologia para captar o sinal, vamos mirar para quem?

    [3] há muita interferência no espaço: gases, poeira, muita radiação de tudo que é lado e até mesmo planetas e estrela que fiquem por um tempo na frente do sinal vai interferir na comunicação;

    então, eu não vejo algo como uma conversa entre aliens e sim detecção de traços de sinais, apenas. É uma tarefa muito difícil porque, como analisado pelos demais, até agora não captamos algo a ponto de termos certa dúvida da existência de vida lá fora, ao menos evoluída, para nos ouvir. A melhor forma de busca de vida é a detecção desses fracos e corrompidos sinais para o caso de civilizações evoluídas, ao passo que ficaremos por um tempo sem saber da existência de povos em estágios menos evoluídos ou que estejam como nós.

    não sei se somos tão perceptíveis com essas transmissões no espaço, de fato, a existência de planetas tão mais velhos que o nosso sol pode indicar a existência de civilizações muito evoluídas, principalmente em estrelas anãs devido sua maior estabilidade e tempo de vida. Teoricamente, uma civilização capaz de alcançar a viagem interplanetária deveria equivaler a uma tecnologia que nós só vamos possuir em 400 a 500 anos quando os motores a explosão forem substituídos por uma propulsão eletromagnética de altíssima eficiência e com capacidade de torção espacial-temporal. Isso é meio a previsão Star-Trek e que pode estar certa vez que o avanço tecnológica na Terra é muito freado por questões religiosas e pela cultura da exclusão social, quando os mais abastados incentivam a prática de que é preciso manter um grande contingente de pessoas com baixo ou nenhum conhecimento para que existam empregados domésticos e outros escravos de baixo salário para bajular quem domina o poder na Terra.

    as nossas práticas sociais mais favorecem nossa extinção do que a evolução e manutenção da vida, eu imagino quantos Albert Einstein vivem na miséria e sem o menor acesso a uma educação mínima que lhe garanta descobrir a evolução da relatividade, pois, já vi pessoas muito inteligentes vivendo em favelas com escolas ruins e poucas oportunidades de crescimento. Muita gente prefere o status quo e quer que o mundo pare de girar, entretanto, nem Isaac Newton descobriu sozinho a Mecânica Clássica, ele mesmo afirmou isso.

    Detecção de planetas com novos equipamentos e de sinais de comunicação são a melhor forma, por um bom tempo, para afirmarmos a existência de vida inteligente lá fora e isto tem grande impacto, tanto negativo, porque muitos vão querer forçar o Mundo a voltar à Idade Média e a Era das Trevas, quanto positivo onde poucos vão tentar rediscutir nossa sociedade e o risco que corremos ao sermos tão individualistas e egocêntricos por haver quem acredita em milagres.

    1. em tempo, onde se lê:
      “estrela de neutros”

      leia-se

      “estrela de NEUTRONS”

      – são buracos negros fracassados, estrelas mortas de alta energia, além desse tipo, temos os magnetares e as emissões de radiação de buracos negros que estejam absorvendo matéria em grande quantidade e que foram confundidos com buracos brancos ou quasares.

    2. Egito,

      Mesmo satisfazendo todas as condições colocadas por você, ainda tem o problema da distância, e esta sim é quem impede a comunicação pelos meios convencionais com ondas eletromagnéticas. Uma civilização evoluída não utilizaria estes meios para se comunicar conosco se assim desejasse. No máximo enviariam sinais inteligentes (lá no passado…200 anos atrás) para nos informar que não estamos sozinhos. Mas realmente o contato entre civilizações só ocorrerá com o desenvolvimento de novos meios de comunicação e transporte que superem a velocidade da luz.

      1. a distância também exige maior potência e é um fator inerente e até implícito porque estamos falando de sistemas solares a anos-luz de distância. Mas o que dificulta mesmo é a interferência no meio do caminho que exige mais potência para a informação chegar com o mínimo de degradação.

        para ter uma noção, suponha que uma mensagem “olá, estamos aqui” chegue fraquinha se considerar somente a distância, com isso é preciso ter um detector muito sensível. Mas além da distância temos os obstáculos que degradam ainda mais a mensagem, então, ela chegaria assim

        “ol ,es qui”

        o que isso significa? nada! nem é nossa linguagem comum e vai ser preciso muita capacidade tecnológica para dizer que isso é uma mensagem enviada, ou seja, apesar de não ser uma frase completa, perceberam que é uma mensagem válida e elaborada por seres inteligentes.

        além disso tem o fato de que é preciso repetir a mensagem um certo número de vezes e em uma escala de tempo suficiente que facilite a detecção, se enviarmos uma mensagem única em um só pulso isso vai dificultar a verificação, como ocorreu com o WOW detectado pelo SETI, como foi curto e não se repetiu, furou, mas era uma transmissão dentro dos padrões esperados. Então, não dá para mandar “frases longas”, não espere um discurso como o do Salvador que aí vamos deixar os ETs loucos da vida.

        se há vida nos detectando, no máximo pegam estática que daria par inferir ser uma transmissão mecânica não natural, se forem fodas na tecnologia, aí eles pegam algumas imagens truncadas e sons, por aí vai.

        1. Egito,

          Um sinal digital não perde informação. Se ele chegar lá e puder ser detectado, o algoritmo, se corretamente interpretado pelos ET’s, permite a recuperação integral da informação. O problema todo está na detecção em si. Para isto, a potência de transmissão e/ou a direcionalidade do sinal têm de ser realmente elevadas. Mas teoricamente, uma comunicação via laser (foton com alto grau de direcionamento) não precisa de tanta potência para percorrer, digamos, 50 anos luz. Mas neste caso, teríamos que apontar exatamente para o alvo.

          1. Eu entendo mais por ai:

            O negócio é o alien decodificar a informação:

            Primeiro ele tem que acertar a portadora para poder receber o sinal. Só ai vai ser uma loteria. Se o sinal (sei lá qual é a frequência do satélite) for de 700,32Mhz ele tem que estar sintonizado com esta mesma frequência em um mega telescópio. Se ele estiver na mesma frequência mais em outro canal, já era!

            Depois ele tem que ler a informação: Esta informação está em binário, em octal, em decimal ou hexadecimal ou ainda é analógico, etc). Imagino que muito provavelmente os padrões alien de transmissão sejam outros. Mas até ai, muito provavelmente, se ele tiver um aparelho como o osciloscópio ele vai identificar uma onda quadrada e concluir que é binário (se o sinal enviado realmente for binário)

            Então com os 0s e 1s, ele terá que descobrir o algorítimo da informação, que muito provavelmente, devido ao controle da informação está em camadas. (Primeiro vem um datagrama no protocolo de nível de enlace, depois o protocolo no nível de transporte, depois no nível de aplicação: A sequencia da imagem e do som está fragmentado em uma parte do datagrama). É como se o video estivesse fatiado em pedaços de alguns milissegundos e encaixados no meio de cada datagrama.

            Lembre-se que a informação não é projetada para ser transmitida para outras estrelas. Normalmente existe um padrão de controle em pacotes digitais, algo comum um checksum para saber se o destino recebeu o datagrama do jeito que foi enviado. Portanto, caso não se recebam todos os datagramas, muito provavelmente o pacote se torna inválido e com isso não se pode extrair a informação (o áudio e video propriamente dito). Ai eu pergunto: Supondo que meu pensamento esteja errado e seja tranquilo a decodificação, qual a chance de chegar pelo menos 1 segundo de informação válido a ponto de visualizar 1 segundo de vídeo? Talvez seja possível ler alguns quadros apenas.

            Neste caso, para pegar uma imagem ou talvez um áudio, a transmissão analógica seria melhor (ou não?). Talvez porque usamos a modulação FM, a perda não seria letal, mas mesmo assim, para o alien aprender este tipo de modulação, vai ser osso (lembre-se o padrão FM, AM ou PM são técnicas que o homem inventou para trabalhar com a onda eletromagnética, será que lá do outro lado teve a “sorte” de ser exatamente o mesmo padrão – para quem sabe um pouco de modulação vai entender a minha pergunta)

            Para nós que padronizamos a transmissão, podem haver mentes brilhantes que sejam capaz de trabalhar e conseguir decodificar um sinal com uma certa facilidade, mas para uma civilização, mesmo inteligente, é difícil imaginar que eles utilizam dos mesmos padrões para a transmissão o que torna a beira do impossível, tal qual, nós mesmos, temos muita dificuldade em decodificar linguagens meramente escritas das nossas próprias civilizações mais antigas sem que haja uma “pedra de roseta” para ajudar.

            Esta é a minha opinião…

          2. E eu esqueci de informar ainda o algorítimo de compressão, isso porque áudio e vídeo normalmente são comprimidos e tem regras de compactação.

            Um datagrama faltando, adeus informação…

          3. o problema maior é a interferência, o espaço não é limpo como no vácuo em laboratório, ou do contrário já teríamos ouvido a rádio ET em algum momento nesses últimos 50 anos, nem que fosse por acidente.

            o laser é interessante, a nasa já testou com bom resultado e grande melhoria de transmissão de dados frente ao rádio, mas uma nuvem de poeira já interfere e até pequenas coisas se passam na frente, além da necessidade de visada com o alvo.

            não é à toa que o SETI tentou uma faixa de transmissão mais limpa possível, porém, uma transmissão laser entre satélites ou naves mesmo não vazaria tanto em nossa direção facilmente para captarmos e interpreta-la.

            se o espaço fosse perfeitamente limpo estaríamos vendo a TV alien por aqui e quem sabe algum seriado bom. E nem dá para ser cético e dizer que não há alguma coisa sendo transmitida lá fora, cada nova geração de telescópios (em terra ou no espaço) vem mostrando que há mais planetas do que se imaginava, além do fato da nossa galáxia ser tão grande que se o nosso Sistema Solar, que já é enorme, fosse um CD, a galáxia seria do tamanho de nosso planeta ou até um pouco mais.

    3. José,
      Algumas idéias que tive depois de ler seus comentários.

      Creio que se detectássemos alguma comunicação do espaço exterior iríamos responder com um feixe de laser potente, se a recíproca é verdadeira, seria interessante analisarmos justamente as frequências laser mais conhecidas na direção onde “vazamos” mais sinais para o espaço!

      Sobre novas tecnologias de propulsão, te afirmo tristemente que vivemos numa Idade das Trevas! Enquanto o ciclo econômico dos combustíveis fósseis perdurar, dificilmente teremos iniciativas sérias na prospecção de novas fontes energéticas. É fato, a indústria da fissão nuclear só emplacou por causa da guerra fria, como geradora de plutônio para os arsenais!

      1. jogue uma pedra no lago, veja que as ondas vão se espalhando e ficando fracas! e isso acontece com o laser também, de uma maneira semelhante. E quando temos uma interferência destrutiva, simplesmente uma parte da mensagem some.

        mas temos a questão de como vamos transmitir algo compreensível se é preciso um sistema de decodificação capaz de interpretar os pulsos e transforma-los em som ou imagem. Veja o sinal WOW que o SETI capturou, ele devia ter um sentido, qual era? Ninguém sabe.

        e o avanço da tecnologia tende a construir equipamentos mais econômicos, então, nossas transmissões vazadas são desperdício de energia e que em algum momento pode ser solucionado e isto vai nos silenciar para quem estiver nos ouvindo. Civilizações mais antigas e com maior desenvolvimento podem ser tão mudas quanto mundos sem vida.

        embora eu não seja cético quanto a existência de ETs evoluídos com suas naves interplanetárias, estaríamos falando de criaturas que poderiam enviar sondas rastreadoras que evitem o contato direto, mas, sei lá, com planetas de 10 bilhões de anos por aí aos montes, quem sabe? A única coisa que dá para afirmar, quando analisamos a evolução da vida na Terra, é que existem etapas de aprimoramento do DNA que podem explodir rapidamente em novas criaturas mais complexas e eficientes, dependendo de fatores ambientais favoráveis, como no nosso caso, com a extinção dos dinossauros.

        1. Egito,

          O Laser é uma onda TEM (Transversal Eletro Magnética). Este tipo de onda não é dissipativa e pode percorrer longas distâncias sem perder potência. Quanto melhor a qualidade do laser menos dissipativo ele é. Não vale a regra da perda de potência com o quadrado da distância descrita por Maxwell.

          1. laser é luz concentrada e não pode haver obstáculos à frente, exige visada e sofre divergência com a distância, obviamente a perda de dados é menor.

            eu disse que essa dispersão entre a luz laser e as ondas de um lago são semelhantes, não iguais, como estamos falando de distâncias interplanetárias, o laser não chega um pontinho no destino.

            mas dá para pensar em parte como Somewhere Someone, a decodificação que usamos usa uma série de protocolos, se há uma civilização lá fora transmitindo, o que há de errado que ainda não detectamos?

          2. Egito,

            As ondas no lago e a dispersão laser são conceitos completamente diferentes. Mas é fato que se o laser não for perfeitamente TEM ele sofrerá dispersão e em distâncias astronômicas isto será um problema. E é claro que se passar um planeta na frente ele será interrompido. Mas raios cósmicos, por exemplo, viajam milhões de anos luz e chegam até nós. Então, apesar de ser um problema, a absorção por poeira ou obstáculos acredito que possa ser superada. O grande problema é mirar perfeitamente o laser…..este sim é um grande problema.

      2. Minha opinião besta a respeito de tentar comunicação:

        DEIXA QUIETO. Se captarem nossas transmissões, ok, azar. Senão, não mexe no vespeiro.

        Minha opinião é que a humanidade deveria ter o consenso de trabalhar em buscar novos mundos para tentar perpetuar a nossa espécie em casos de cataclismo global.

        Procurar comunicação com outras espécies inteligentes pode não ser muito inteligente…

  7. Desculpe pela ranzinzice – queria encontrar a perfeita tradução pra “rant”, não sei se vale essa – mas isto me incomoda ao extremo. Se quero encontrar “vida inteligente”, por óbvio devo utilizar algum critério senão a coisa fica por demais esparsa. Mas. Se ser é ser percebido, mas se eu não percebo a existência de planetas a determinada distância, apenas calculo uma probabilidade de existência por conta de um desvio; porque ainda não possuímos sistemas de medição que o permitam. Porque você afirma – categoricamente? – que não há vida inteligente nos outros planetas do Sistema Solar? O que definimos como inteligência, está restrito ao que podemos perceber? Mas e quanto àquilo que não podemos – ainda – perceber? (Mas podemos intuir) ? Desenvolvemos continuamente aparelhos que nos permitem ampliar nossas capacidades, como também presumivelmente nossa fisiologia se modificará, se não acabarmos antes (do que mesmo?). Vai que existe uma força X onipresente, mas (ainda) não detectada, que altere e modifique comportamentos e estruturas, e que possa ser classificada como “vida inteligente”, e esteja bem aqui do nosso lado? Ou por outra: serão os critérios pra se definir “vida inteligente” tão restritos, que seriam uma contradição em termos? Será isto uma viagem tão grande que já cheguei às fronteiras do Universo, audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve? 😀

    1. Gil, entendo seu ponto. Mas temos de usar como guia a única forma de vida inteligente que conhecemos. E sabemos que ela modifica seu planeta a ponto de ser percebida de fora. Nada disso é visível nos outros planetas do Sistema Solar. Além disso, também podemos usar como guia a história da vida na Terra para indicar que nossa biosfera coincide com uma atmosfera fora de equilíbrio químico por conta dos efeitos da vida. Também não encontramos nada parecido em outros planetas. Então, ao menos no que diz respeito a vida como a conhecemos, não há nada parecido com a Terra no Sistema Solar.

      1. Cara, é incrível a dificuldade das pessoas em aceitar a ciência como única resposta para as questões do universo…ficam delirando e emitindo opiniões que beiram a ficção científica! Tenho um pouco de pena de vc Salvador, ter que doutrinar esta turma. Mas, enfim, acho que vc encara como uma missão!

      2. Salvador,

        Admiro sua perspectiva das ciências. E de antemão afirmo que penso exatamente igual a você. Mas se tratando de uma ficção (o seu texto do blog faz alusão a uma ficção) o Gil foi corretamente impelido, lendo o seu texto de vislumbrar hipóteses. Logo ele tem o direito também de sonhar e propor ficções.

        E seguindo a mesma “viagem” do Gil poderia afirmar que, embora concorde piamente a respeito de seres inteligentes partindo da comparação a nós (será que somos “tão” inteligentes assim?), quem nos garante que estamos “tão certos” em dizer que sabemos de cada canto do sistema solar? Exemplo: O que tem debaixo das grossas camadas de gelo de Europa? Novamente viajando: Quem prova que lá embaixo não tenha uma civilização “aquática” totalmente modificada para os seres que vivem lá embaixo?

        Má-lê-má sabemos da nossa lua.

        P.S. Estou me dando o direito de sonhar partindo do principio da ficção proposta no texto do blog. Obvio que isso não é ciência. E tenho fortes convicções que debaixo daquelas geleiras muito possivelmente, algum dia, não vão encontrar nada além de algumas bactérias extremófilas (espero que esteja enganado porque o contrário seria facinante).

  8. Muito interessante seu artigo, Salvador.

    Eu imagino que o futuro das telecomunicações é via entrelaçamento quântico (http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=satelite-comunicacao-quantica&id=010150140512), que é, pelo menos, “10.000 mais rápido” que a luz.

    Quando implementado, os habitantes do sistema Tau Ceti poderão ver a copa ao vivo e em tempo real. 😀

    >> OFF: mais ou menos uma hora após o jogo do Brasil x Croácia, olhei para o céu e vi um ponto se deslocar do sul para o norte (moro em Curitiba) a uma velocidade constante. Até aí, tudo bem, poderia ser um dos muitos satélites.

    Mas o que me chamou a atenção foi que o objeto apagou e reapareceu constantemente, como se estivesse girando em torno de si. Ora, satélites não giram em torno de si… Será que vi algum asteroide???

    Em tempo, é hora de capturar uns asteróides no Kerbal space Program heheh

    1. Daniel, o emaranhamento quântico não se presta a comunicação mais rápida que a luz com outras civilizações, porque você precisa emaranhar as partículas antes de enviar parte delas aonde se quer estabelecer comunicação.

      1. Então pode-se tirar proveito do emaranhamento quântico para futuras missões, tripuladas ou não. Seria possível controlar um robô como os enviados à marte em tempo real, ou mesmo o próprio pouso de uma sonda em Europa!!

        Quanto à Tau Ceti,a solução seria enviar uma sonda com uma partícula emaranhada, viajando na velocidade de dobra. Nada como algumas semanas de atraso (só até a partícula chegar ao destino). Depois seria tudo em tempo real. Bom seria se fosse tão simples como escrever uma ideia (que imagino, já deve ter passado na cabeça de muitos cientistas) 😀

      2. Há controvérsias!

        Recentemente um grupo chines fez um experimento onde criou dois feixes de fotons emaranhados e os lançou em direções opostas até detectores situados a cerca de 16 Km, um do outro. Ai mediram o intervalo de tempo entre alterar a característica de um feixe e perceber a reação no outro. Chegaram a conclusão que o fenômeno ocorreu a pelo menos 10.000 x a velocidade da luz. Mas a conclusão do grupo é que este fenômeno é na verdade instantâneo e o número 10.000 é o limite dos equipamento utilizados. Segundo outros artigos, esta situação não infringe o limite da velocidade da luz porque não se transmite a informação. Ela na verdade já está presente nos dois extremos do experimento. Não se sabe explicar esta “telepatia fotônica” e especula-se que ocorra via outra dimensão do universo que não conseguimos detectar. Partículas emaranhadas podem continuar maranhadas mesmo que estejam a milhões de anos luz. Basta terem nascido juntas e depois separadas com o tempo. Se elas continuarem a existir, devemos ter várias partículas aqui na Terra emaranhadas com partículas em diversos pontos do Universo. Exemplo: dois elétrons de um mesmo átomo de hélio estão emaranhados naturalmente. Se em algum fenômeno no Universo (explosão de uma supernova) estes dois elétrons foram arrancados do átomo e um deles veio parar na Terra e o outro em Alfa Centauro, a linha quântica de comunicação já estaria pronta. “Bastaria” nós capturamos este elétron aqui e começar a chacoalha-lo de forma inteligente e esperar que nossos amigos em Alfa Centauro percebesses a alteração “inteligente” do spin de algum elétron por lá. O que parece é que a física quântica não proíbe este experimento. Mas logicamente é muito difícil realiza-lo.

        1. Paulo, mas esses dois elétrons precisariam ainda não ter interagido com nenhum outro, caso em que o emaranhamento estaria perdido. Então eu realmente não vejo como estabelecer contato com alienígenas deste modo.

          1. Concordo Salvador,

            Mas são duas questões distintas. Uma é o impedimento físico, ou seja tal técnica não funciona. Outra é o impedimento técnico, ou seja, não é possível (por agora) implementar a tecnologia. Mas, se fisicamente for possível, se existir pelo menos uma partícula por ai emaranhada com alguma aqui na Terra, seria possível iniciar um desenvolvimento para, quem sabe lá no futuro isto permita algum tipo de comunicação. Eles já estão fazendo isto entre satélites e a Terra com feixes de fótons emaranhados. Teoricamente já seria possível estender a técnica para uma comunicação com Marte, por exemplo. A ponte quântica levaria 1 hora para se estabelecer mas depois a comunicação poderia ser instantânea. Se tiver alguma civilização por ai a menos de 50 anos luz, e se a detectarmos, poderíamos lançar o tal feixe emaranhado para lá e depois de 50 anos estaríamos com a comunicação estabelecida.

            Mas pelo que percebo, nem os cientistas sabem ainda o potencial desta técnica e se realmente ela superaria a velocidade da luz na simultaneidade dos eventos emaranhados. Uma desconfiança é que as medições possam estar sendo afetadas pelas distorções espaço temporais, levando a resultados falsos.

          2. Paulo, continuo sendo absolutamente cético dessa forma de comunicação interestelares. Mas você está certo. Temos de manter a mente aberta. 😉

  9. Salvador,

    Na minha opinião, o esporte é um marco na história do desenvolvimento da civilização humana; por isso, uma excelente mensagem para se mandar para o espaço sideral.

    Por quê?

    Foi através do esporte que, pela primeira vez na história da humanidade, foi estabelecido regras para vencer um adversário. Não era mais preciso eliminá-lo (morte) para haver um vencedor.

    Um salve ao grepos por terem inventado o esporte.

  10. Pior Salvador, o sinal para satélites, embora melhor que o ruído geral das transmissões em terra, pouco dirigidas para o espaço e chegando ainda muito mais fraco nas estrelas, o sinal para satélites, dizia, é direcionado. Ou seja, você tem que estar alinhado com o transmissor em terra e o satélite. Duvido um pouco que Tau Cet cumpra esta exigência (embora não impossível). Mas como a Terra gira (e o satélite em órbita geoestacionária acompanha) isso só ocorreria durante um tempo muito pequeno. Não daria para acompanhar senão uma fração minúscula do jogo. Desculpe atrapalhar seu lindo texto…

    1. Não atrapalhou, Beto. Estou absolutamente ciente deste fato. Mas um evento mundial como a Copa decerto teria muitos satélites transmitindo e retransmitindo, o que diminuiria um pouco a intermitência do sinal. E, de toda forma, mesmo nós, terráqueos, enfrentamos queda momentânea de sinal durante as transmissões… 🙂

  11. Salvador tirou uns dias de descanso, isso é bom, mas me explique uma coisa.
    “Se a transmissão já foi interrompida, se os televisores já desligaram desta programação e os satélites não mais reproduzem este evento, como “eles” podem saber de copa, caso “eles” existam”.

  12. Brasil campeão… em Tau Ceti!

    Salvador, bom dia! Sou apenas um entusiasta (um nano na escala) do que são as telecomunicações disponíveis nas agências espaciais na Terra. Sou um “idoso” de pouco mais de 65 anos de idade e cresci na cidade de SP, gostando de ouvir rádio em suas diversas modalidades; acredite, montei ainda criança, o meu primeiro rádio de pedra de galena e pegava a minha bike (bicicleta naqueles tempos) e ia até as proximidades da torre da rádio Bandeirantes, que ficava na Vila das Mercês ao lado do início da Via Anchieta, desta forma, a potência do transmissor impedia que outras estações se misturassem. Em seguida surgiram os primeiros diodos de germânio que me permitiram “miniaturizar” o receptor e instalar um condensador variável melhorando as sintonias, mas ainda cobravam o uso de um par de fones magnéticos americanos da Segunda Guerra, que não sei explicar como os obtive. Bem, para não estender a história em detalhes que tomarão muitas linhas, vi a chegada dos primeiros rádios transistorizados Spica, que um tripulante da antiga VARIG trazia contrabandeado dos EUA e meu pai revendia na nossa loja de materiais elétricos e a minha glória foi quando obtive um Hallicrafters multifaixas e então passei a ser um DX’rs (ouvinte de ondas curtas). Bem nesta época os jornais noticiavam sobre os sinais captados pelo inovador radiotelescópios de Jodrell Bank, onde alguns sinais foram interpretados à época como possíveis sinais de rádio de civilizações inteligentes, mas alguns anos mais tarde descartados com as descobertas dos pulsares que emitem em intervalos relativamente precisos. Através de literaturas disponíveis na época, Popular Electronics, soube que em algumas bandas podiam se ouvir os “sons do espaço” e eu ficava por noites a fio a tentar ouvir algum ET dizer “Gerardooo”, mas tudo que ouvia eram ruídos.

    Após meio século acho questionável que um estudante de eletrônica dos dias atuais conheça o que era um condensador variável ou um potenciômetro para controle de volume de um rádio afinal, hoje tudo é eletrônica digital e aquelas peças devem fazer parte de acervos do museu da eletrônica ou só permeiam nas lembranças dos velhos como eu. Certamente naquelas épocas, falar de “cérebro eletrônico” ou do “raio da morte” (os primeiros laser de rubi) seria taxado no mínimo de Prof. Pardal (hoje nerd) e até muito recentemente, falar sobre circuito integrado era coisa de maluco.

    Os desenvolvimentos tecnológicos que ocorreram nos últimos cem anos não são percebidos porque vivenciamos, bem ou mal, diariamente e como ninguém quer ou precisa saber em detalhes a eletrônica a bordo de um iphone ou tablet, não visualizamos os resultados dos desenvolvimentos.

    Se, em poucas décadas saímos do telégrafo com fios para um clicar de mouses ou do velho telefone com auxílio de telefonista para uma caixinha que nos conecta ao outro lado do mundo, podemos imaginar que, se houver civilizações tecnologicamente mais desenvolvidas nos ouvindo ou vendo nossas imagens, haja muitos equivalentes a Jean-Francois Champollion e estejam desenvolvendo arqueologias para tentarem decifrar nossos sinais como o francês fez com os hieróglifos egípcios.

    1. Tetsuo, é um pensamento incrível. Alienígenas desenvolvendo tecnologias primitivas para tentar captar nossos sinais toscos! 🙂

      1. Bom dia, Salvador!

        Não tenho intenção de polemizar, mas na arqueologia, muitos profissionais da área tentam reconstruir os métodos para entenderem como se cortaram grandes rochas, algumas com precisões notáveis e as transportaram, por exemplos, as construções em Machu Picchu, o suposto templo cristão na Etiópia onde se acredita estar guardada a Arca da Aliança, que foi construído numa rocha abaixo do nível do solo e possui portas e janelas com cortes fantásticos, as rochas instaladas na horizontal em Stonehenge, os Moais da ilha de Páscoa que nos anos 90’s um pessoal da Universidade de Tóquio precisou da ajuda de empresas japonesas fabricantes de guindastes gigantescos para colocarem aquelas que haviam tombado pela ação do tempo e muitos outros sítios arqueológicos. Agora, imagine alienígenas que tem ou tiveram privilégios de detectarem sinais de rádio bem diferentes dos emitidos pelos corpos celestiais provavelmente tentariam, mesmo que à custas de um “downgrade” em seus sistemas para entenderem ou satisfazerem suas curiosidades. Afinal, como escrevi, nos inícios das pesquisas espaciais o radiotelescópio de Jodrell Bank ao receber alguns sinais com pulsos em intervalos precisos, se cogitou que “poderiam” ser sinais de rádios de civilizações desenvolvidas até que se descobriu que tais sinais eram oriundos de algumas supernovas. Ainda, temos os cientistas russos que estão perfurando grandes profundidades na calota de gelo na Antártida para colherem amostras de água de um passado longínquo que possam mostrar composições, formas de vida etc.

    2. Tetsuo,

      Às vezes me deixo a pensar em duas coisas: a primeira é que em parte tal vez sejamos nós mesmos culpados dessa falta de visualização quando no campo profissional adentramos na “gestão e administração por resultados e eficiencia” nos anos 80 e 90. Penso que com esse enfoque e sem pensar muito acabamos favorecendo que algumas formas de aprendizado ficassem no passado. Um exemplo simples: não ouço mais falar em “etimologia da palavra”.
      A segunda é que não fica claro para mim como se produz a essência do aprendizado na atualidade, apesar de todo nosso vasto conhecimento tecnológico. Na época que entrei na universidade sabia exatamente o que devia estudar e as informações disponíveis estavam bem acotadas nos livros, apostilas… e pouco mais que isso. Hoje me parece que é o modelo do vestibular o que acota aquilo que deve ser estudado. E não apenas tenho incerteza em inúmeras coisas, quanto parece que me falta visão para entender ou sequer perceber outras.
      Abraço,

      Ricardo René Guzmán

      1. Ricardo René Guzmán, muito obrigado pelos seus comentários. Entendo que a matéria de educação tende a ser dinâmica e procura acompanhar a evolução em todos os campos sociais, entretanto, não deixo de concordar com a sua linha de pensamento principalmente em etimologia das palavras numa era onde se ouvem “tá ligado mano”, “cê ke tkr”, “trolar” e outras formas comunicativas usuais pelos jovens; tivemos até aqueles episódios tristes dos exames do ENEM com suas fantásticas “perolas”. Por outro lado, também não podemos descartar na integra o quê você colocou como “gestão e administração por resultados e eficiência nos anos 80 e 90” porque o ensino deveria levar em conta aplicações práticas para a vida do estudante e, não como em minha época onde canto orfeônico, catecismo entravam na grade do ensino fundamental e até na faculdade de engenharia havia o Estudo dos Problemas Brasileiros que ironicamente, nunca sugeriam ou discutiam potenciais ou possíveis soluções.

        Na segunda parte de seu comentário eu diria sem convívio profissional com a educação escolar que, no Brasil, os governos e membros dos escalões inferiores são vítimas ou coniventes com escritores e das indústrias gráficas que precisam “forçar” a renovação no consumo dos materiais, entretanto, não vejo nas crianças que são obrigadas a carregarem pesadas mochilas ou valises com rodízios, inteligências superiores se comparadas com a minha fase equivalente. Ainda recentemente li uma curiosa pesquisa onde neurocientistas afirmavam que manuscrever um texto melhorava o potencial de inteligência ou de raciocínio se comparados aos que digitam num computador, talvez porque no manuscrito não há como fazer CtrC+CtrV, práticas comuns até nos meios profissionais e, ainda que se produzam cópias no processo manuscrito há a necessidade de leitura e digamos, interpretação. Vítimas dos conceitos de politicamente e ecologicamente corretos, se submetem apenas para ficarem “in” em detrimento do ensino com valor. Chegamos ao absurdo do Acordo Ortográfico dos Países de Língua Portuguesa, onde, pelo Brasil, foi assinado exatamente por um presidente analfabeto e a Terra Mater da língua ainda não segue tal acordo.

    3. Meu avô deveria ser seu amigo… Rs… Brincadeira. Ele fazia estas mesmas coisas… Eu admiro muito você por isso. Eu cresci junto com ele e estudei eletrônica inspirado nele.

      Como você, ele vivia montando rádios, na época das válvulas. Ele tinha (e eu a guardo como relíquia) a coleção dos fascículos da edição Antenna dos anos 40 e 50.

      Por causa disso, pelo menos eu sei o que é um condensador variável (um capacitor que altera sua reatância capacitiva, para que seja possível alterar o valor RC e fazer a modulação desejada.)

      Volta e meia eu pego um esquema (com muito cuidado pois as folhas já estão bem frágeis) e tento interpretar. Viajando, tento imaginar como seria no lugar colocar FETs e transistores. No que tange modulação, pelo menos, não muda muito, é mais a amplificação. Então vale como estudo de como, naquela época, para cada receptor era feito tudo na “unha” (se tratando que um CI hoje já faz tudinho para você, Ficar enrolando ferrite e regulando trimmers e cap variados é um ato heróico).

      Abraços e tudo de bom para você!!!

  13. Vamos analisar (para sinais de TV):
    – Temos um cinturão de satélites geoestacionários para comunicações,
    – A maioria das antenas transmissoras em Terra estão na faixa de 30ºS e 50ºN.
    – Teremos o sinal de uma “mesma estação” vazando para o espaço, iluminando um círculo definido de Declinação num ciclo diário.

    Conclusões:
    – Uma determinada estrela que faça parte deste círculo “pegará” alguns minutos diários da programação de determinada estação terrestre.
    – Estrelas do hemisfério norte captarão sinais de transmissoras do hemisfério sul terrestre e vice-versa.
    – Para estações transmissoras equatoriais e tropicais haverá interferência solar considerável.

    Dá para calcular, Tau Ceti tem uma declinação aproximada de -16º, portanto ela terá chances de captar alguns minutos diários das programações de estações terrestres localizadas na latitude de 20ºN, consultando o mapa mundi, canais da Ìndia, Caribe, Norte da África, Península Arábica e Indeonésia!
    Se tiverem um rádio-telescópio poderoso o suficiente, certamente conseguirão decodificar o sinal da “Net” hehe! Uma coisa significa a outra.

    (O mesmo vale para rádio-telescópios terrestres, é grande a chance de ter o mesmo padrão de recepção vindo de fora!)

    S.A.

    1. Pelas suas contas já dá para pegar a Al-Jazeera para ver os pronunciamentos do Osama Bin Laden. Será que alguns vão pensar que ele era o líder deste planeta?


  14. Salvador,

    Nessa matéria, você realmente “viajou”. Mas foi um belo exercício para os neurônios.

    Abr.

  15. Salvatore! Bacana a questão de tempo x espaço. Quanto aoobservação do jogo em si, poderia servir para quebrar a monotonia da ordem estabelecida de equilíbrio dos corpos celestes. Bilhões de anos girando ao redor dos mesmos astros? Alguem poderia dar um chute em algumas galaxias para bagunçar o jogo? Melhor não dar ideia pra jerico…

  16. Salvador, belo texto, pra variar.
    como já comente/ provoquei em seus artigos anteriores, qual a importancia pratica para nós terrestres saber se existe ou não vida a 50 , 100 anos luz daqui? não seria mais (talvez) produtivo direcionar esforços em nossa vizinhança “tangivel”. quem sabe os marcianos, “jupiterinos”, saturnianos, não estão lá só esperando nós “perguntarmos” ei voces estão ai???

    1. Luiz Fernando, é certo que não há vida inteligente nos outros planetas do Sistema Solar. Talvez vida simples, mas não outra civilização.

    2. Eu acho que muitos de nós (eu mesmo porque também vivo nesta época) estamos muito limitados a concepção física, que erroneamente, no final do séc. XIX, pensava-se que o conhecimento está no limite.

      Eu penso que a teoria que unir a física quântica das demais físicas, fará com que haja uma concepção totalmente distinta do que achamos como “verdade absoluta” a exemplo do ceticismo das distâncias interestelares.

      Por exemplo: A propriedade da física quântica que comprovadamente observa que ao ligar duas partículas, ambas reagem de forma sincronizada, mesmo a distancias extremamente grandes. Sem muita dificuldade de entendimento, transmitir uma informação até intergaláctica instantaneamente seria tranquilamente possível (isso mesmo: “Basta” sincronizar as duas partículas e tudo que você fizer em uma, a outra vai agir igual – e digo entre aspas porque atualmente não existe tal tecnologia)

      E ai vai a minha discordância a quem pensa que trabalhar com algo interestelar é “perda de tempo”: Para que seja feito tal coisa, tudo que precisa é pesquisa, muita pesquisa e vontade de fazer. Se não se tem vontade de fazer, nunca vai ser pesquisado, e se não for pesquisado, nunca dominaremos a tecnologia.

      E se nunca dominarmos a tecnologia, seremos limitados. A propósito, graças a Deus, isso não é natural do ser humano: Ele sempre quer superar seus limites.

      Abraços!

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