“Relíquias” da conquista da Lua

Salvador Nogueira

O professor Vilson Milarch, de Curitiba, tinha apenas 16 anos quando viu as imagens hipnóticas e tremeluzentes em preto e branco transmitidas pela televisão no dia 20 de julho de 1969 — exatos 45 anos atrás. Pela primeira vez, homens caminhavam na superfície da Lua.

Registros feitos no Brasil da conquista lunar, dentre eles a finada revista "Fatos e Fotos".
Registros feitos no Brasil da conquista lunar, dentre eles a finada revista “Fatos e Fotos”.

Desde então, ele se tornou um modesto colecionador de “relíquias” da conquista lunar — revistas, reportagens e propagandas relatando todos os passos do feito e até um disco de vinil com gravações da Apollo 11!

A convite do Mensageiro Sideral, Milarch compartilha agora suas impressões, junto com imagens de algumas de suas peças — que incluem até um cartão preferencial para a aquisição de futuras passagens em voos lunares!

OUTRAS DO MENSAGEIRO SIDERAL:
Nasa divulga vídeo completo da primeira caminhada do homem na Lua
Famosos promovem campanha para celebrar 45 anos da conquista lunar
Cinco provas da ida do homem à Lua
Mais cinco provas da ida do homem à Lua

“Na época, mais de 90 mil pessoas fizeram sua reserva. Eu, nos meus 16 anos, não quis ficar de fora”, conta o professor. Infelizmente, a empresa aérea americana que oferecia as vantagens — a outrora gloriosa Pan Am — não existe mais. Ou seja, nada de voos lunares para Milarch. “Ficou a carteirinha como relíquia”, brinca.

A Pan Am já fez voos comerciais à Lua, mas só no filme "2001"!
A Pan Am já fez voos comerciais à Lua, mas só no filme “2001”!

Apollo 11 – 45 anos da pioneira viagem tripulada à Lua

Por Vilson Milarch

Estes 45 anos da viagem de Neil, Mike e Buzz na Apollo 11 constituem quase meio século do momento mais marcante da história da humanidade, que merece ser bem lembrado e comemorado.

Na época –- julho de 1969 –- tinha 16 anos e vivia todos os momentos da conquista da Lua com o mesmo entusiasmo de quem torce pela Seleção Brasileira numa Copa do Mundo. Só que naquela época inusitada, a bola da vez era a Lua. Aliás, tudo girava em torno do nosso satélite natural. As revistas publicavam edições especiais inteiramente dedicadas ao acontecimento.

As revistas "Veja" e "Manchete" reportam o sucesso da missão em suas capas.
As revistas “Veja” e “Manchete” reportam o sucesso da missão em suas capas.

Além disso, as propagandas também se rendiam ao tema, a exemplo das imagens que selecionei para ilustrar este relato.

“Máquina de ir à lua”, dizia uma delas, enaltecendo que “A elevada técnica eletrônica […], garante perfeição de recepção e sintonia mesmo das mais distantes transmissões espaciais”!

Propaganda da empresa Telefunken usa a Apollo para vender TV.
Propaganda da empresa Telefunken usa a Apollo para vender TV.

E esta outra então: “Thanks, Neil. Obrigado por tudo que você fez para ajudar a testar o televisor Apollo 23”.

Publicidade da General Electric tenta associar sua imagem às espaçonaves Apollo.
Publicidade da General Electric tenta associar sua imagem às espaçonaves Apollo.

Tais propagandas ilustram também a tecnologia da época e a atuação de empresas, a exemplo da General Eletric e da IBM, entre milhares de outras, que muito contribuíram para o sucesso do Programa Apollo.

Hoje, apesar de toda a evolução tecnológica, a empreitada da conquista da Lua se depara com dificuldades que não existiam antes, como alterações políticas e a diminuição dos recursos financeiros necessários para o gigantismo do empreendimento.

Reportagem principal da revista "Veja" sobre a alunissagem da Apollo 11, em 20 de julho de 1969.
Reportagem principal da revista “Veja” sobre a alunissagem da Apollo 11, em 20 de julho de 1969.

O que não impede de mantermos o sonho, enaltecendo o arrojo dos 12 pioneiros que lá pisaram e, ao mesmo tempo, acompanharmos com entusiasmo os novos projetos que começam a surgir no setor espacial de diferentes países.

Acompanhe o Mensageiro Sideral no Facebook

Comentários

  1. Engraçado como o pneu de borracha do jipe não estoura num ambiente sem armosfera né. Deve ser alguma tecnologia desenvolvida pela NASA!

  2. O importante é que a hegemonia pretendida americana foi alcançada: tornaram-se os policiais do mundo, mandam e desmandam na ONU, seus produtos estão por toda parte, sua música de 3 notas alegrando a juventude antenada, a ciência precisando do aval das revistas das universidades americanas, o dólar comprando tudo e os russos continuam sendo os bandidos do mundo. E o Brasil? Na mesma mer… de sempre, idolatrando e esperando a benção.

  3. Vilson, eu tenho uma “inveja boa” de você, que foi testemunha ocular da História (“alô alô repórter Esso!”). Obrigado por compartilhar esse tesouro coma minha geração que só nasceu depois da conquista da Lua!

    1. Grato por suas palavras. O avanço espacial nos anos 60 foi muito rápido e não encontrou paralelo nas décadas seguintes, infelizmente.

  4. Vilson, eu tenho uma certa “inveja boa” de você, que foi testemunha ocular da história (“alô alô Reporter Esso!”). Eu sempre perguntava ao meu pai como tinha sido, se ele viu na TV ao vivo, etc… (nasci em 1971).

    Lembro que uma vez, já na faculdade, eu perguntei pra minha mãe qual a imagem da mídia que ela tinha visto e que mais a tinha marcado, e ela não hesitou: “os astronautas descendo na Lua”…

    1. eu também imagino como foi esse tempo as comemorações as pessoas gritando alias foi o primeiro homem a pisar na Lua! Pena que isso passou tão rapido agora pisar na lua é coisa do passado o, interessante agora é pisar em Marte mais essa data eu não posso perder!!! Tomara que chegue da qui uns 10 anos ou menos!!!

    1. Aurélio para você vou recitar um belíssimo provérbio português de autor desconhecido:

      “Enquanto os cães ladram a caravana passa”

  5. Salvador, eu tenho essa edição da Fatos e Fotos com o disco! Comprei-a quando saiu, lá no longínquo 1969! Guardo-a como uma relíquia! E as imagens, eu tive a felicidade de assistir ao vivo a transmissão da NASA, todos estávamos encantados com o feito. Abraços!

  6. Salvador muito interessante o texto. Ele coloca o magnífico feito em uma perspectiva histórica, o que a meu ver ajuda a “abrir” a mente daquelas pessoas que dizem não acreditar no fato apenas por ouvir falar. Quando a pessoa é inserida na realidade vivida na ocasião a visão muda. Em tempo: meu pai tem até hoje a revista manchete da época, com fotos e diagramas. Verdadeira relíquia!

    1. Muito legal seu comentário. Que bom que gostaram do texto. Fico lisonjeado. Valeu…

  7. Excelente material, Vilson! Obrigado por compartilhar conosco.

    E obrigado também ao Salva por ceder espaço no blog pra postagem do material…

    😉

    1. Eu que agradeço esta oportunidade.
      Tendo mais alguma coisa, envio para este excelente canal do Salva. Abraços.

  8. A revista “Veja” lançou na época uma edição especial intitulada “A conquista da Lua, de Galileu até hoje”. Ainda é possível encontrar alguns exemplares em sebos aqui da capital. O material é de excelente qualidade. Começa com as primeiras observações da Lua com os telescópios rudimentares, descreve os primeiros passos dos pioneiros na construção de foguetes, fala sobre o papel dos mísseis balísticos, sobre o russo Gagarin e, é claro, sobre o projeto Apolo. Sensacional.

  9. Pensando sobre os 45 dessa primeira visita dos homens na Lua e essas revistas e reportagens da época, me surgiu uma dúvida:
    – Qual era a expectativa dos especialistas (jornalistas, cientistas, pesquisadores) sobre os próximos passos do homem no espaço?
    – Segundo essa mesma expectativa, onde estariamos na virada do século e agora quase em 2015?

    Talvez esse assunto dê até uma publicação no seu blog!
    Parabens Salvador!

    1. Interessante sua colocação.
      Se eu conseguir algo, passo para o Salvador.
      Uma coisa é certa. Praticamente nada do que se previa sobre o homem no espaço se concretizou. Se o progresso continuasse com o mesmo impeto dos anos 60/70, certamente o homem já teria pisado em Marte ainda no sec. XX. E viagens comerciais, pelo menos a nossa órbita, seriam uma realidade ao alcance de muitos mortais, como no filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço. E pior. Hoje quem leva astronautas americanos de carona são os Russos… Quem diria?…

      1. Algo que atrapalha mas é plenamente justificável é o aumento das exigências de segurança, principalmente após os acidentes com os ônibus espaciais. Os desenvolvimentos ficam mais morosos e caros. Os Russos, por exemplo, preferem a estabilidade, já alcançada com os foguetes e naves Soyuz, do que partir para novos projetos mais atuais mas que demandariam enormes volumes de recursos. Se nas décadas de 60/70 os projetos eram tocados pelo nacionalismo, hoje são mais técnicos e tocados pela burocracia.

  10. O que é “Telefunken”? É nome banda funk music alemã? Concorrente do Kraftwerk?
    Sem piada, em casa tínhamos uma TV GE desta que aparece no anúncio da revista. Era o maior barato, a gente ligava e a imagem só aparecia depois que as válvulas esquentavam, deixando quem estava impaciente louco.

      1. Putz, nem me lembre daquilo, era um inferno quando apareciam aquelas faixas sempre a energia oscilava ou quando a recepção do sinal da TV era ruim. Eu q

    1. Hehehe, eu lembro disso, da imagem ir aparecendo e entrando em foco aos poucos! Lembro também que nosso “controle remoto” era uma vara de juta que o meu pai cortou e descascou, ela servia pra mudar de canal e ligar e desligar…

    2. Hehehe, eu lembro disso, da imagem aparecendo e entrando em foco aos poucos! E o nosso “controle remoto” era uma vara de juta que o meu pai descascou. Dava pra mudar os canais e ligar/desligar a TV sem levantar do sofá…

  11. Bem lembrado sobre a Pan Am, no filme 2001. Aquele “taxi espacial”, que leva os passageiros a estação tinha o nome de “Orion”. Isso agora fica por conta do visionário Richard Branson, da Virgin Galactic. Quem sabe se ainda chega a nossa vez…

      1. É isso aí, amigão!…
        Se as décadas que se seguiram ao Programa Apolo tivessem o mesmo ímpeto e arrojo das anteriores, estaríamos muito mais longe, com certeza. Mas, com vc disse, o importante e mantermos a esperança.

  12. Boa matéria Salvador, relembrando os feitos passados renovamos os projetos do presente e construímos os do futuro.
    Estas revistas nunca tinha visto, obrigado por compartilhar.

  13. Fantástico
    Espero estar vivo para acompanhar a próxima viagem do homem à Lua e, quem sabe, a Marte também.

Comments are closed.