Ao mestre com carinho
O Brasil perdeu ontem seu maior divulgador de astronomia. Morreu, aos 79 anos, no Rio de Janeiro, o astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão.
Difícil definir a importância do trabalho dele, não só como pesquisador mas sobretudo como um cientista que soube como poucos levar a “mensagem das estrelas” ao público. Nos círculos acadêmicos, nem todos o admiravam, mas ninguém jamais negou sua importância como vetor do conhecimento e do pensamento racional para uma população que, ainda hoje, sofre, e muito, com o analfabetismo científico.
Ronaldo Mourão sempre acreditou que podia contribuir para erradicar este mal. Foi o primeiro ganhador do Prêmio José Reis de Divulgação Científica, em 1977, e idealizador e fundador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), em 1984. Como astrônomo, concentrou seus estudos em estrelas duplas e em corpos do Sistema Solar. Na divulgação, militava desde a década de 1950, quando escreveu seus primeiros artigos voltados para o público leigo. Seus escritos decerto inspiraram várias gerações de cientistas, jornalistas de ciência e apaixonados por astronomia. Para mim, Mourão foi um grande mentor, e não tenho vergonha de dizer que busquei em seu estilo algo para incorporar ao meu.
O velho mestre me deu grandes alegrias. Primeiro, ao aceitar o convite para escrever o texto da orelha do meu primeiro livro, “Rumo ao infinito”, publicado em 2005. Depois, ao pedir que eu prefaciasse uma reedição de sua obra “Explicando a Teoria da Relatividade”, publicada também em 2005 por ocasião dos 100 anos do primeiro trabalho de Einstein com a teoria. Mas o episódio mais marcante que tenho dele foi no 9º Encontro Nacional de Astronomia, realizado em Brasília em 2006. Ele era um dos palestrantes, assim como eu. Ao final da minha apresentação, o filho dele veio me abordar. “Meu pai disse que eu tinha de vir aqui ver você falar”, ele afirmou.
É difícil dizer por que isso mexeu tanto comigo, mas mexeu. Pode soar presunçoso, mas eu senti que ali ele simbolicamente passava o bastão. Não para mim pessoalmente, mas para a próxima geração de divulgadores. Tenho tentado fazer jus a essa enorme responsabilidade.
Mourão agora nos deixa, mas sua luz há de brilhar por muitos e muitos anos.
Assim como você, Ronaldo foi meu orientador nos primeiros passos. Frequentei o ON sempre que podia pois morava em Minas, próximo ao Rio. Agora no 17º ENAST em Maceió, AL, 7 a 9 de nov. vou apresentar uma comunicação “Tributo a Ronaldo Rogério de Freitas Mourão” com uma proposta de homenagem endereçada pela plenária a SAB e depois a IAU para aprovação.
“O Livro de Ouro do Universo” foi meu abre-alas na Astronomia e meu livro de cabeceira por vários anos!
O Ronaldo foi o cara que me fez amar a ciência. Seus livros me libertaram do analfabetismo científico!Infelizmente perdemos um grande homem!!!
Mourão, além de astrônomo, acompanhava de perto o desenvolvimento da astronáutica. Valiosas foram as suas obras sobre viagens espaciais e sondas. Agora, ele observará o que acontece na Terra, de um lugar merecidamente privilegiado.
Rogério de Freitas Mourão merece estar na lembrança de todos nós. Meu primeiro contato com astronomia foi por meio de um atlas estelar organizado por ele. Foi paixão por essa ciência à primeira vista.
Caro Salvador, triste notícia para todos nós! Desde moleque, Mourão para mim sempre foi um estímulo ao estudo da Astronomia, e sua figura icônica certamente fará falta! Espero que o bastão continue sendo levado sempre em frente!