Fabricando oxigênio em Marte
O anúncio acaba de ser feito pela Nasa: o próximo jipe robótico a ser enviado a Marte pela agência espacial americana levará um instrumento para produzir oxigênio a partir do gás carbônico da atmosfera daquele planeta. Trata-se de um teste fundamental de tecnologias que serão necessárias para futuras missões tripuladas ao planeta vermelho.
Se você for pensar bem, não é nada que se aproxime de transmutação alquímica. Gás carbônico é CO2; oxigênio é O2. Transformar um no outro exige apenas retirar o carbono do caminho. As plantas fazem isso rotineiramente na Terra, consumindo CO2 e água e emitindo O2, via fotossíntese. Funciona.
A sacada do instrumento da missão Mars 2020 (que, adivinhe só, está marcada para 2020) é realizar esse processo sem o envolvimento de formas de vida, promovendo a produção de oxigênio só por meios químicos. Até havia uma proposta para levar plantas a Marte nessa missão, mas ela acabou não sendo escolhida pela Nasa — talvez com medo de levar a uma contaminação do planeta vermelho com formas biológicas terrestres (uma sábia precaução, não só do ponto de vista ético como também para não atrapalhar a busca por vida alienígena naquele mundo).
O aparato, chamado MOXIE (de Mars Oxygen In-Situ Resource Utilization Experiment), está sendo desenvolvido no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e meio que dá o tom do futuro do programa americano de exploração marciana — a promoção da futura visita de astronautas ao planeta vizinho. Caso seja possível produzir oxigênio diretamente em Marte, fica mais prático promover uma missão dessa natureza. Afinal, além de servir à respiração, ele é um importante componente na queima de combustível para a decolagem no retorno à Terra.
Além do MOXIE, o jipe da missão Mars 2020, que é baseado na carcaça do rover Curiosity, já em Marte, tem outros seis instrumentos:
– Mastcam-Z, um sistema de câmeras panorâmico e estereoscópico (3D) com a capacidade de zoom.
– SuperCam, instrumento que produz imagens, analisa composição química e faz mineralogia. Ele será capaz de buscar compostos orgânicos na poeira do solo marciano.
– PIXL, um espectrômetro de fluorescência de raios X que também poderá determinar a composição elementar da superfície marciana.
– SHERLOC, dispositivo focado na busca por compostos orgânicos, ele é um espectrômetro Raman de laser ultravioleta — o primeiro a ir a Marte.
– MEDA, um conjunto de sensores que medirá temperatura, velocidade e direção do vento, pressão, umidade relativa do ar e tamanho e forma dos grãos de poeira.
– RIMFAX, um sistema de radar penetrante para investigar o subsolo do planeta vermelho.
Esses foram os sete instrumentos, de 58 propostos — um recorde para a agência espacial americana. E a missão, apesar de financiada pela Nasa, é essencialmente internacional, com participação importante de franceses, espanhóis e noruegueses no design dos instrumentos embarcados no jipe. O plano de longo prazo da agência americana é promover viagens tripuladas a Marte no fim da década de 2030. Não há, contudo, planos firmes para isso. Por ora, o trabalho está concentrado numa visita de astronautas a um asteroide que será capturado por uma sonda não-tripulada e colocado em órbita da Lua.
http://meiobit.com/294169/emdrive-shawyer-engine-nasa-comprova-propulsor-anteriormente-impossivel/
Postei o link ontem e o Salvador já fez um post sobre isso hoje:
http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2014/08/04/um-caminho-para-as-estrelas/
🙂
desculpem os q discordarem, mas eu axo q já existe oxigênio em marte por haver agua.com certeza vai ser difícil em algumas partes pela falta de vegetação. acredito tambem q os veteranos nos atrazem informações e q estamos nesse abc de tolos ingênuos enganados por eles.. agradeço a quem puder responder-me positivamente ou negativamente, mas com o mesmo respeito q tenho pelo assunto e por todos.
Junior, a atmosfera marciana é de dióxido de carbono. Há bastante oxigênio atômico nessas moléculas (assim como na ferrugem da superfície), mas não há quantidade apreciável de oxigênio molecular (O2), o gás que respiramos. Abraço!
Pelo texto. . . Eis um partidário do PSDB !
🙂
O que vc acha dessa notícia que tá bombando: http://meiobit.com/…/emdrive-shawyer-engine-nasa…/ tem alguma chance de ser verdade mesmo ?
Duplicado, respondi no outro comentário.
OFF: Viu isso?
http://meiobit.com/294169/emdrive-shawyer-engine-nasa-comprova-propulsor-anteriormente-impossivel/
Vai escrever algo sobre?
I’m on it.
Eita ligeireza!
🙂
OFF: Texto bacana sobre a Voyager 1
Voyager 1: ‘The little spacecraft that could’ http://www.cnn.com/2014/08/01/tech/innovation/voyager-1-little-spacecraft-that-could/
Salvador, boa tarde!
tudo bem?
Primeiramente parabéns pelo blog, sempre trazendo informações importantes!!
teremos um evento importante em São Paulo no final de Agosto. O evento é organizado pela revista UFO. Como não sei se esta sabendo, fica o convite.
http://www.ufo.com.br/ufologiasp/
Grande Abraço!
Valeu, Nelson. Obrigado. Abraço.
Essa missão de “abduzir” um asteroide, levá-lo para a órbita da lua e visitá-lo não me fascina. É interessante como qualquer exploração com humanos mas acho que uma base permanente ou semi-permanente na lua seria uma maneira melhor de gastar o dinheiro. Ou direto para Marte!
Anderson,
Especificamente sobre a MArsOne, se houvesse o real interesse em construir uma base permanente e habitada em Marte, em 10 anos isto seria perfeitamente possível. Mas neste caso com as pessoas indo sem a previsão de volta. Mas acredito ser uma empreitada além das condições do pessoal da MArsOne. O importante é que eles iniciaram a discussão e a movimentação para atingir esta meta. Logisticamente falando, o processo deveria ser iniciado pela construção de uma base na Lua, de onde seria muito mais econômico o lançamento de espaçonaves rumo a Marte. A Lua poderia se tornar uma base de montagem de foguetes e produção de combustível. Ai em 30 ou 40 anos teríamos a estrutura para iniciar a colonização progressiva do sistema solar. Toda a tecnologia já existe. Mas os custos são exorbitantes.
Paulo, a lua talvez seria mais econômico se já houvesse uma estrutura dessas que você citou em funcionamento. Se tivermos que construir isso na lua para só depois irmos a Marte então demoraremos mais de 50 anos para chegar lá.
Teria que confirmar os dados mas o delta-v necessário para ir direto da superfície da Terra à superfície de Marte é menor do que ir da Terra à lua e depois da lua a Marte e portanto não teria vantagem significativa em usar a lua como base.
Se estamos falando de uma viagem só de ida onde alguns doidos resolvam ficar eternamente por lá, OK. Mas não acredito que eticamente seja válido. Se for possível trazer a tripulação de volta, acredito que o caminho seja a viagem a partir da Terra, lógico. Mas se vamos iniciar um processo contínuo de colonização, acredito sim numa base lunar.
Não acho anti-ético. Seria se eles fossem contra a própria vontade e/ou sem saber dos riscos que correriam.
Durante a colonização das Américas muitas pessoas deixaram suas terras natais e embarcaram em direção a um mundo longínquo e desconhecido para nunca mais voltar. Meus avós maternos, por exemplo, vieram de Portugal para o Brasil e só voltaram para visitar 40 anos depois.
E no caso de Marte o destino nem será tão desconhecido assim. Sabemos muito mais sobre o que há lá do que os colonos das Américas sabiam o que havia por aqui.
Acho que é diferente você sair da Europa e voltar 40 anos depois. Quando seus avós vieram sabiam que a volta era possível. No caso de Marte, nesta proposta da MArsOne o bilhete é só de ida. OK. Eles podem ir agora e serem resgatados em 30 anos. Mas você iniciar o processo sabendo de ante mão que não tem volta acho complicado. Esta mudança de atitude nos programas espaciais já é detectável. Hoje é anti ético você enviar animais ao espaço sem prever o resgate dos mesmos em segurança. A NASA, por exemplo, hoje não concordaria em mandar astronautas a Marte só numa missão de ida, sem os procedimentos de retorno estarem definidos. E não estou dizendo dos riscos da viagem. Estes vão sempre existir.
Sou entusiasta com a hipótese de que Marte já foi bem parecido com a Terra e ainda abriga formas menos complexas de vidas. De acordo com cientistas o planeta vermelho foi atingido há cerca de 65 milhões de anos por um imenso asteroide que culminou em uma mudança repentina devido a forte onda de choque. Datação que coincide com a extinção dos dinossauros aqui na terra. Lá foi encontrada uma cratera de 700km de extensão, pense no impacto.
Salvador, fiquei com um questionamento na cabeça. Produzir um gás que é rarefeito na atmosfera marciana também não estará “contaminando” um possível bioma do planeta? Mandar algumas poucas plantas causaria um efeito tão maior?
Uma coisa é matar uns bugs. Outra é introduzir novas formas de vida.
Acho que deveriam largar mão deste planeta já que não querem destruir as formas de vida bacteriais de lá.
Vai pras luas de jupter e saturno de uma vez.
Enrolação 1 milhão de missões pra marte.
Bom já sabem fazer isso, agora vai, parte pra outra…
Coloniza a lua… igual os Chineses…
Seria mais barato e mais útil.
Transformar gas carbonico pode ser feito aqui na terra, ou até na lua. Precisa enviar uma missão pra Marte pra fazer isso?
CO2 é igual em todo lugar…
Ficam medindo a velocidade do vento de lá, como se já não tivessem feito ahhh ta….
Desculpe pelos meus comentários um tanto indignados.
Indignados e sem sentido, diga-se de passagem.
Pq sem sentido?
Pq gastar dinheiro com marte, se outras viajens mais promissoras podem ser feitas?
Fazer um experimento com CO2 em outro ambiente, somente pq está em outro ambiente é que não faz sentido.
Mesmo que haja diferença de Íons, este tipo de situação pode ser simulada na terra.
Muito mais inteligente seria fazer uma base lunar, onde atraria muita mídia par ao programa espacial.
Se desejam realmente, eu vejo que agora é hora de mandarem homens à marte; senão é dinheiro gasto de forma erronea.
Isto cheira muito a politicagem dentro da agência, do que decisão lógica.
Talvez seja a falta de recursos financieros.
Salvador,
Comentando a parte de seu Livro “Extraterrestres” que trata sobre civilizações pós biológicas, baseadas em máquinas, acho otimista a visão de alguns entrevistados seus que preveem para 2029 o surgimento de máquinas pensantes. Máquinas especialistas, que dão respostas baseadas em um mega banco de dados já existem. O que acredito ser bem mais difícil é fazer a máquina ter um “insight”. Nós, seres biológicos, temos uma vantagem. Somos 7 bilhões de seres diferentes por conta do processo de evolução. Cada cérebro é diferente do outro e portanto somos todos diferentes, com resultados inesperados. Já as máquinas serão todas iguais, baseadas nos mesmos chips, tendendo a repetir mas mesmas situações. Não criaremos Einsteins mas sim “mentes máquinas” repetidas. Outra diferença é justamente o insight. Ele pode ser até em função da percepção de algo novo baseado na análise de dados já conhecidos. Equivaleria a pessoas com grande capacidade de memória e alta competência para filtrar as informações relevantes. Muitas destas pessoas são muito inteligentes mas sem capacidade de insights. Esta diferença acredito que não chega até 2029. Algumas ferramentas atuais, como a internet, já aumentaram em muito nossa capacidade intelectual. Hoje realizamos uma tarefa 10x mais rápido do que a 15 anos atrás, em função do conhecimento depositado na internet. Já aceleramos em muito o processo evolutivo do conhecimento.
Mas “A Revolução do Robôs ” é algo que já se configura como real e demandará considerações éticas a respeito.
Muito bacanas suas observações. Também sou cético quanto aos prazos, mas não ao conceito.
Eu na verdade torço para que o ser humano continue a ter seu valor. O dia em que este valor for transferido para a máquina ai estaremos em sérios apuros.
aquele filme “Missão Marte” de uns 15 anos atrás, meio que indiretamente abordou este assunto, certo? ou não?
Pessoal, não é o campo magnético que mantem a atmosfera, e sim a força gravitassional. O papel de proteção do campo magnético está no fato de não deixar passar as partículas provenientes do sol e os raios cósmicos. A formação da aurora boreal e austral nos polos é prova disso. O magma circulante no interior do nosso planeta é o responsável pela criação desse “santo campo magnético” tornando o nosso planeta tão especial.
Mas o pessoal estao se esquecendo do mais importante de tudo a agua sem ela nao existe nenhuma possibilidade de vida pelo menos por aqui e por la nao existe este liquido milagroso.
Existe um monte de gelo a poucos centímetros do solo.
PS: Apesar de eu ficar dando “reply” nos seus comentários, e antes de parecer “chatinho”, parabéns pelo seu blog. O Brasil precisa de gente como você, com grande capacidade de aproximar as pessoas comuns da ciência. Muito didático!
Na realidade, a fotossíntese produz O2 a partir da fotólise da água. Diante disso, não seria errôneo dá-la como exemplo análogo à produção de oxigênio a partir de CO2?
Leo, mudei a redação para refletir isso. Mas não acho a analogia absurda, porque a fotossíntese não funciona sem CO2, e o resultado final é: CO2 para dentro, O2 para fora.
Caro Salvador. Não sou cientista mas simpatizante de assuntos científicos. Gostei muito da matéria jornalística.
Tenho um receio. Capturar um corpo celeste para coloca-lo em órbita da lua, para depois pousar no mesmo com humanos. Não haveria um risco, muito grande, desse objeto desviar e colidir com a terra? Em caso negativo, se ficasse na órbita lunar não poderia acarretar algum transtorno nas marés, ou mesmo afetar a órbita lunar em relação ao planeta?
É um asteroide muito pequeno. Se caísse na Terra, se quebraria na atmosfera sem trazer grande perigo.
Olá Salvador,
Bom saber dessa nova missão, mas uma dúvida, como você mesmo disse, a ideia de se levar plantas, foi descartada pois poderia contaminar o ambiente e bagunçar com a possível vide de Marte, mas o mesmo não poderia acontecer com essa criação de oxigênio?
Pelo que sei, o quantidade de oxigênio na atmosfera de Marte é baixíssima, essa geração extra de oxigênio não pode bagunçar o ambiente? Ou eles consideram que a quantidade gerada será tão ínfima que não vale a pena se preocupar?
Mais uma vez, parabéns pelo Blog !!!
Pequena quantidade, num pequeno local.
Por enquanto !!!
Marte tem oxigênio, só que muito pouco. A produção, por ser muito pouco, não afetará em nada a química da atmosfera marciana.
O objetivo não é esse. É produzir oxigênio, a partir da atmosfera marciana para uso em colônias humanas.
Salvador, esse post me lembrou um programa que eu vi a respeito de um hipotético processo de “terraficação” de Marte, ou seja, através de diversos processos, transformar, ao longo de muitos anos (talvez séculos), Marte na Terra (ou uma quase Terra), com uma atmosfera parecida com a nossa e temperaturas amenas. O que você acha disso? Ficção barata? Grande abraço!
Não acho ficção, não. Falo bastante disso no meu primeiro livro, “Rumo ao infinito”. É bem possível, embora não para já.
O problema é que, diferentemente da Terra, Marte não tem um campo magnético para manter uma atmosfera. Não existe tecnologia hoje em dia para mudar isso.
Mas você pode fabricar uma camada de ozônio.
Sem a proteção do campo magnético, como a camada de ozônio poderia se manter? Certamente, como a atmosfera toda, seria varrida pelas tempestades solares. Acho que procede o questionamento do colega.
Exigiria um mecanismo ativo. E é disso que estamos falando quando discutimos terraformação. Como mecanismos ativos poderiam levar o planeta a um novo estado de equilíbrio.
Não acho que nesse ponto o Salvador esteja certo. Para deslocar o equilíbrio de uma mera fábrica de amônia é necessária uma quantidade considerável de energia. Quanto mais de um planeta inteiro. A terra tem um campo magnético ativo devido à quantidade de metal quente em movimento em seu núcleo. Não sei qual a composição do núcleo marciano, mas provavelmente muito mais estável do que o da Terra, tendo em vista que não há um campo magnético forte por lá. Talvez fosse interessante brincar de alterar o clima de Marte como laboratório para a Terra. Acho que temos questões muito mais sérias na Terra que poderiam eventualmente ser resolvidas a partir de tais experimentos, quando não pensarmos em tornar Marte habitável para toda raça humana. Potencialmente a única aplicação que encontraríamos se achássemos algum microorganismo vivo por lá, seria uma nova leva de antibióticos, quando senão algum “fóssil vivo” que ajude na teoria da evolução da vida no Universo. No entanto, resolver questões como o aquecimento global na Terra, e pensar eventualmente como transformar grandes paisagens áridas em solo fértil e habitável, parecem ser mais importantes para nós. No entanto, são meros pensamentos meus.
Acho improvável que organismos marcianos inspirassem novos antibióticos. A evolução os teria levado para muito longe de nós para imaginar algum tipo de compatibilidade entre moléculas biológicas dos dois planetas. E o apego de vocês ao campo magnético é exagerado. Vênus tem uma atmosfera 90 mais densa que a terrestre, e o campo magnético também não existe por lá.
Grande Salvador, digo isto, tendo tido alguma experiência com nanomanufatura. O ponto não é a compatibilidade biológica, mas o fato de que alguns microorganismos funcionarem como “nanofábricas” de materiais de nosso interesse. Mas enfim, não é o objeto da discussão. O ponto que vim discutir (saudavelmente) contigo é a respeito do papel do campo magnético. O ozônio é uma molécula altamente instável. O campo magnético tem um enorme papel para a fixação da camada de ozônio. Com um grande bombardeio de partículas carregadas (que em parte são repelidas pelo campo magnético), o Ozônio se decompõe em Oxigênio. Inclusive, é esse o grande desafio dessas soluções mirabolantes para tentativas de reverter o afinamento da camada de ozônio.
Fernando, consigo entender microrganismos servindo de fábricas de substâncias de interesse, mas não vejo marcianos fazendo melhor papel que terrestres, no caso de substâncias importantes para organismos terrestres. Sobre o ozônio, sim, ele tende a se desfazer e é esse seu papel protetor — ele leva pancadas de ultravioleta, a molécula é quebrada, mas o UV não passa. A formação do ozônio se dá pelo excesso de O2 na atmosfera. Então, há um processo de destruição e outro de formação. A chave é equilibrar os dois sabendo que Marte não tem campo magnético para dispersar íons solares, que também podem desmanchar moléculas de ozônio. De toda forma, essa história toda é para os geoengenheiros do futuro distante. Por ora, o menos importante para a terraformação de Marte seria o oxigênio. Primeiro seria preciso aumentar a pressão atmosférica e o efeito estufa, tornando água líquida estável na superfície. E para isso provavelmente usaríamos CFCs ou equivalentes, o que já inibiria a formação de qualquer camada de ozônio. Falo bastante desse processo no meu primeiro livro, “Rumo ao infinito”. Abraço!
Salvador, será que se, algum dia, conseguir-se levar um corpo como Ceres para a órbita de Marte, transformando-o num satélite, o manto do planeta não voltaria à atividade pela força da gravidade e, quem sabe, voltar a produzir o efeito dínamo, consequentemente criando um campo magnético? Ou isso é viagem? 🙂
Acho que, além de ser viagem, é muito trabalho por nada… Hehehe
Caro Salvador,
Fabricar camada de Ozônio ? Como ? O ozônio é um gás instável. Ele se forma e se decompõe novamente o tempo todo. Na atmosfera só encontramos uma merreca de ozônio, que não dá nem pra chamar de camada, porque se estivesse a 1 atm de pressão, e 0 grau Celsius, teria menos de 0,5mm de espessura, no horário de pico. Isso lá é camada, onde ? Os raios solares dissociam o O2, que ataca novas moléculas de O2 para formarem O3. O que protege a terra da radiação UV-C é o O2. O O3 é apenas um subproduto da proteção. É apenas um sinal de que a proteção está acontecendo. O Ozônio por si mesmo não tem concentração e nem tempo de vida suficiente pra proteger NADA.
Anibal, pelo que entendo (corrija-me se estiver errado), mas o ozônio é produzido por oxigênio, numa reação instável movida por ultravioleta (oxigênio vira ozônio e volta a virar oxigênio). Da forma como acontece na Terra, a quantidade de oxigênio atmosférico é suficiente para que essa reação gere uma camada na alta atmosfera que protege contra radiação ultravioleta (pico de absorção em 250 nm, segundo a Wikipedia). Se você lança CFC na atmosfera, esse equilíbrio é quebrado — CFC quebra o O3, e a camada protetora desaparece mais rápido do que a reação do O2 com UV pode produzi-la. Mas, se você tem uma atmosfera com bastante O2 e raios UV vindos do Sol, vai acabar tendo uma camada de O3 na alta atmosfera (a não ser, claro, que outros compostos, como o CFC a disfaçam). Portanto, ao terraformar Marte e levá-lo a uma atmosfera com boa concentração de O2, o O3 vem de bônus.
Acho curioso você dizer que a camada de ozônio não tem importância e que é apenas sintoma da proteção gerada só pelo O2. Então por que diabos alguém se preocuparia com a ausência dela? Afinal, se é o O2 que protege, e o O2 continua firme e forte na nossa atmosfera, podemos lançar quanto CFC quisermos e destruir a camada de O3, sem risco nenhum para a vida. Você quer me convencer que uma imensa mudança nos processos industriais, induzida pelo Protocolo de Montreal, foi feita à toa? Hmm, improvável.
Salvador, não quero convencê-lo a respeito de nada. Apenas aplico os conceitos de físico-química que aprendi ainda no curso de técnico em química, e posteriormente ampliados na engenharia química. A velocidade de uma reação depende de alguns fatores, como: concentração dos reagentes, temperatura, disponibilidade de energia, presença de catalisadores, etc…
Com isso, o que protege a terra da radiação Ultravioleta de alta energia(UV-C) e a primeira parte da UV-B, é sim o oxigênio molecular, conhecido como O2. O fato de em uma certa altitude da atmosfera você encontre uma “merreca” de O3, significa apenas que naquelas condições de presença de energia(UV), presença de O2, existe formação de O3 ligeiramente mais rápida que a sua reação de destruição.
A menos que você seja capaz de acreditar que 0,3mm de uma camada gasosa seja capaz de bloquear alguma radiação, há de convir que nas camadas abaixo da altitude onde está a concentração máxima de O3, ainda tem muita radiação UV, e que essa radiação continua encontrando pela frente moléculas e mais moléculas de O2, e sendo absorvidas, gerando O atômico altamente reativo, mas que onde exista concentração maior de O2, o tempo de vida do O3 diminui consideravelmente. Não seria muito difícil calcular a capacidade “filtrante” de 0,3mm de Ozônio, ou seja qual seria a probabilidade de raios UV-C atravessarem um merreca dessas. Para mim é muito mais difícil acreditar que 0,3mm de um gás seja capaz de FILTRAR quantidade considerável de radiação. Isso simplesmente não faz sentido pra mim. O protocolo de Montreal, não muda essa realidade física.
Anibal, note que não sou nenhum defensor da camada de ozônio. Comecei dizendo que acho que a colonização de Marte não depende dela e que provavelmente não a teríamos por muito tempo, tendo em vista a necessidade de usar CFCs para aumentar o efeito estufa em Marte. Só acho que os seus dados estão em flagrante contradição com o consenso científico a respeito da camada de ozônio na Terra. Mas talvez você esteja certo e o consenso, errado. Ajudaria você apresentar alguma referência que diga que a camada de ozônio é desimportante na proteção aos raios ultravioleta. Tem algum paper aí que eu possa ler?
Salvador, em pesquisa rápida aqui na Internet não encontrei nenhum paper que diga isso. Aliás era de se esperar, não haver paper nesse sentido, sem que tenha havido notícias bombásticas a esse respeito. O atual “consenso” é mais baseado em interferências políticas que em ciência propriamente dita. Primeiro preciso me corrigir da informação dada anteriormente: A quantidade real de ozônio, gira em torno de 3mm, e não 0,3mm como disse antes. Mas a quantidade de ozônio considerada para se dizer que exista um “buraco”, é quando aquela camada cai abaixo de 2,2mm de espessura. No países tropicais, a média é de 3mm, onde a diferença fica sendo apenas 0,8mm. Confiei só na memória na hora de escrever. Sem haver nenhum paper, vou arriscar os meus próprios argumentos: O dito “buraco” na camada de ozônio, ocorreu e ainda ocorre só no pólo sul. Justamente onde ele deveria ser menor, caso sua causa(única ou principal) fosse o Cloro derivado dos CFC’s. O hemisfério norte emitiu e continua emitindo muito mais CFC que o hemisfério sul. Não posso acreditar que o CFC emitido no hemisfério norte faça essa migração para o pólo sul. A taxa de variação de Ozônio acompanha, como era de se esperar a sazonalidade anual da radiação solar, e sua distribuição nas latitudes é compatível com o raciocínio de que onde existe mais radiação UV, existe mais ozônio. Nas proximidades do equador tem menos ozônio que nas latitudes médias. Até um certo limite, o ozônio aumenta com a latitude. Na faixa da atmosfera ideal para formação de ozônio, quanto maior for o trajeto dos raios UV, mais ozônio se forma. Depois de certo ângulo, bem próximo aos pólos o ozônio cai muito, porque a atenuação da radiação fica muito grande por causa do baixo ângulo de incidência. Hoje acabei lendo muito a respeito de transmitância e absorbância de radiação, e pelo que vi, posso resumir em: O Ozônio, mesmo em laboratório, é muito difícil de ser medido, antes de se decompor. Ainda mais na presença de radiação UV. A radiação UV-C, de mais alta energia, e de maior dano à vida é 100% bloqueada pelo O2. A radiação UV-B, é parcialmente bloqueada pelo Ozônio. Não existem dados conclusivos a respeito da transmitância de radiação de uma mistura de gases, pois quando se juntam eles se comportam de maneira diferente de quando estão sozinhos. E no caso do O3 e O2, isso ainda é mais complicado porque não se consegue separá-los nem em laboratório.
Vou pesquisar um pouco mais, caso o assunto seja realmente de seu interesse.
Anibal, se você realmente conseguir essa informação de que a camada de ozônio é desimportante para filtrar raios UV, é do meu total interesse. Abraço!
Salvador,
A entrevista do Físico e Meteorologista Luiz Carlos Molión, conforme pode ser vista na íntegra aqui:
http://www.fendel.com.br/molion-mentiraCFCs.html
Trecho da entrevista:
” Molion: Não é que a camada de ozônio “filtre” a UV, como é dito nos livros. A afirmação correta é a UV é “consumida” na formação de O3. Enquanto houver oxigênio em nossa atmosfera, haverá uma camada de ozônio, variável em concentração. Os catastrofistas afirmam, sem base científica, apenas com modelos de transmissividade, que uma redução de 1% na concentração de O3 provoca um aumento de 2% na UV e isso aumentaria o número de casos de câncer de pele. Esse aumento de UV eventualmente eliminaria a vida na superfície terrestre. “
Anibal, a única fonte é um negacionista da mudança climática? Que medo… 😛
Esse trecho da entrevista dele(famosa quinta equação), seria mentira ?
” A hipótese surgiu na década de 1970 e me intrigava porque as moléculas de CFC são 5 a 7 vezes mais pesadas que o ar e os CFC precisariam ser levados até 40-50km de altitude na estratosfera, onde ocorre a reação de formação do ozônio.E as medições feitas pela NASA com aviões voando na baixa estratosfera não detectaram sequer uma moléculas de O3 nessa região. Como iriam chegar a 50Km de altitude? Em 1987, Mario Molina publicou um conjunto de 6 reações químicas que causavam a destruição do O3 pelo cloro liberado dos CFC. Eu, e outros cientistas estrangeiros, notamos que a quinta equação, que era crucial para a reação do cloro com O3, poderia não ocorrer por que ela iria por um caminho que exige mais energia e existiam outras duas possibilidades com níveis energéticos mais baixos. Como as reações naturais se processam sempre com níveis mais baixos de energia, essa quinta equação pareceu suspeita. Ela não poderia ser feita em laboratório já que é difícil de isolar a contribuição das impurezas. Durante a Conferência das Nações Unidas no Rio, a Eco 92, participei de um painel em que o apresentador era Mario Molina e eu era o debatedor. Depois de sua apresentação, eu mostrei os fatores físicos atmosféricos que impediriam os CFC atingirem 40-50km de altitude, as emissões dos vulcões e questionei a quinta equação . Molina ficou uma fera comigo e disse, dirigindo-se ao público, que me daria nota zero, que eu deveria voltar aos bancos escolares para aprender Química. Depois desse acontecimento, a verba que eu tinha do PNUMA/ONU para realizar experimentos na Amazônia foi cortada e eu passei 5 anos sem ser convidado para reuniões internacionais. Molina, por sua vez, juntamente com seu orientador Sherwood Rowland, viraram Premio Nobel de Química em 1995, devido a sua “grande contribuição científica” nessa área. Só agora, no final de 2007, é que foi publicado um artigo científico, elaborado por pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), NASA, que mostraram experimentalmente que a quinta reação de Molina não ocorre na estratosfera polar e não seria a causa da destruição do O3. Precisei esperar 15 anos para ter a confirmação. Mas, Molina é Premio Nobel de Química, mesmo com a equação errada! Notou a coincidência com o aquecimento global antropogênico, assunto da entrevista anterior, em que Al Gore e o IPCC ganharam o Premio Nobel da Paz em 2007? “
Isso mostra o quanto ele trata as duas coisas como conspirações. Note que o fato de as coisas não acontecerem exatamente como previsto não quer dizer que elas não aconteçam. Afinal, o buraco na camada de ozônio é detectado e estudado com afinco. Eu teria cuidado em usar o. Molion como fonte. Ele é claramente um maverick. Pode até ter alguma razão, mas tem notória dificuldade em convencer especialistas disso.
Aqui temos alguma coisa, mas ainda preciso saber qual foi o desfecho final, e isso costuma ser complicado de encontrar na Internet.
” Chemists poke holes in ozone theory ”
http://www.nature.com/news/2007/070924/full/449382a.html
Anibal, essa é a mesma história do Molion. Repare que são medições do JPL. Como eu disse, elas descartam a explicação padrão para a reação entre CFC e ozônio, mas não que ela não aconteça, e muito menos que o ozônio não tenha papel protetor.
Segundo a própria Nature, a dúvida foi esclarecida:
“Ozone data conflict resolved”
http://www.nature.com/news/2009/090827/full/news.2009.858.html
Mas a própria notícia reconhece que pode não ser a última palavra na dúvida levantada.
Em qualquer questão científica que tenha implicações políticas e financeiras, minha tendência é desconfiar mais das posições do STAFF.
Bem, em ciência, a última palavra nem existe. Mas por ora o staff ainda está com a bola cheia. 😛
Salvador esse é meu último post a respeito do assunto, e já abusando de sua paciência.
Vou transcrever aqui um trecho de uma página que só achei em cache no google.
Resumindo, caso você não esteja com paciência de ler tudo, eles estão “explicando” que embora o buraco na Antártida, tenha sido bem pequeno em 2012, a diminuição foi causada por fenômenos atmosféricos e não em decorrência da diminuição de gases que atacam a camada de ozônio.
Em minha opinião, eles estão parecendo com o cientista português da experiência com a aranha. Os registros históricos, nos quais eles se baseiam para garantir que o buraco estava crescendo não foi escrutinado pelos mesmos métodos que o de 2012 está sendo. Logo, eles não podem garantir nada a respeito de uma coisa e nem de outra. Nem que o buraco cresceu em decorrência de CFCs, já que as medições anteriores são todas baseadas em coluna TOTAL. O que, verdade seja dita, OZÔNIO na antártida nunca serviu pra nada, uma vez que a radiação UV jamais atinge a superfície naquelas latitudes. Nem com ozônio ZERO, se isso fosse fisicamente possível, o que não é.
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:YY-yoNABNWkJ:www.nasa.gov/content/goddard/new-results-from-inside-the-ozone-hole+&cd=8&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br , pois não sei o que está acontecendo com a página original:
Ozone Hole Watch: Latest status of Antarctic ozone – NASA
ozonewatch.gsfc.nasa.gov/
Kramarova tackled the 2012 ozone hole, the second-smallest hole since the mid 1980s. To find out what caused the hole’s diminutive area, she turned to data from the NASA-NOAA Suomi National Polar-orbiting Partnership satellite, and gained the first look inside the hole with the satellite’s Ozone Mapper and Profiler Suite’s Limb Profiler. Next, data were converted into a map that shows how the amount of ozone differed with altitude throughout the stratosphere in the center of the hole during the 2012 season, from September through November.
The map revealed that the 2012 ozone hole was more complex than previously thought. Increases of ozone at upper altitudes in early October, carried there by winds, occurred above the ozone destruction in the lower stratosphere.
“Our work shows that the classic metrics based on the total ozone values have limitations – they don’t tell us the whole story,” Kramarova said.
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The classic metrics create the impression that the ozone hole has improved as a result of the Montreal protocol. In reality, meteorology was responsible for the increased ozone and resulting smaller hole, as ozone-depleting substances that year were still elevated. The study has been submitted to the journal of Atmospheric Chemistry and Physics.
Anibal, se o ozônio de nada servir, tanto melhor. A colonização de Marte será ainda mais fácil. 🙂
Parabéns, adorei a reportagem- o homem é do tamanho de seu sonho, por que não sonhar com a possível descoberta dos limites do universo?
Salvador
O que acha do programa MarsOne?
E interessante ver veiculos oficiais nao divulgarem muito o que se passa… seria por acrediar que os objetivos sao irreais?
No meu caso, é. Não acredito na MarsOne. Eles prometem lançar uma sonda em breve. Veremos. 🙂
Salvador, particularmente não coloria todas minhas fichas na MarsOne mas torço muito para que eles tenham sucesso.
Poderia elaborar mais nessa sua opinião? O que você acha inviável? A estratégia de financiamento (Big Brother Marte), a estimativa de custo (~US$ 6 bilhões), a tecnologia disponível, o fato dos candidatos nunca mais voltarem para Terra, outro fator ou todas as alternativas acima?
Tudo. A estratégia (difícil uma empreitada comercial levantar essa grana), o conhecimento técnico (Holanda não tem tradição espacial) e os riscos (bem provável que os caras morram todos). Mas também torço por eles.
Salva, a tecnologia seria comprada de outras empresas como a Bigelow Aerospace (módulos habitáveis infláveis) e a SpaceX (cápsulas e foguetes lançadores). Nada revolucionário precisaria ser desenvolvido pois boa parte da tecnologia já existe. É verdade que quase nada foi testado em Marte!
O que acho mais difícil seria o financiamento nos moldes que a MarsOne está pensando. De fato vender direitos de transmissão, de imagem e patrocínio, como a FIFA faz com a copa do mundo, dá muito dinheiro e um evento como os primeiros humanos em Marte provavelmente chamaria a atenção mundial. Entretanto, sem precedentes, é difícil saber se vai dar certo.
De maneira geral acredito que seja possível, embora improvável.
Mas nenhuma dessas empresas chegou lá ainda. Não é só comprar. Tem de pagar a P&D também. Acho complicado. Vamos ver se eles cumprem a promessa de enviar uma sonda antes… 😛
Oi Salvador,
Você viu o projeto deste designer aqui?
http://ecolouca.wordpress.com/2014/07/31/estudante-cria-folha-artificial-que-fabrica-oxigenio/
Ele sugere exatamente como um dos usos para sua invenção, o revestimento de equipamentos dos astronautas para fabricação do oxigênio 😀
Muito legal!
Salvador necessito de uma informação, quero saber a proporção de oxigênio que será produzido achei que seria apenas para as cabines/módulos caso fosse habitado, porque se for utilizado para queima do combustível como citado terá que ter oxigênio em todo o planeta ou não ? quantos metros cub. este equipamento pode produzir oxigênio?
Maicon, esse é só um protótipo para testar eficiência. Caso funcione bem, versões maiores seriam incorporadas a missões tripuladas. Não encontrei números, mas nesse caso as quantidades são bem pequenas mesmo.
Marcelo, aqui tem uma explicação (destruidora) sobre o assunto:
http://meiobit.com/293881/por-que-a-folha-artificial-nao-seria-necessaria/
Leia e tire suas próprias conclusões…
😉
Huahuahuha, é bem cruel esse texto. Certo, a folha artificial não é obviamente uma panaceia. Mas é uma criação interessante.
Salvador,
Mas seria possível algum microrganismo vivo, e conhecido por nós no nosso planeta, sobreviver em uma viagem tão longa, após as baixas temperaturas no espaço, sem alimento, sem água e oxigênio?
Rapaz, como você acha que a vida se originou na Terra…?
Moacir, a possibilidade deve existir, claro acho que foi isso que o Marcelo quis dizer ele só não respondeu, já que é tão inteligente e óbvio…. que sua teoria ainda ficou com um ponto cego:
Pois se é tão óbvio, assim como o Marcelo escreveu, que a vida na Terra veio da sobrevivência da vida já existe em outro ponto do universo… Então, Marcelo como foi que a vida se originou no ponto de origem (antes de fazer a tal viagem, se é que existiu) para a Terra?
Boa tarde, Salvador.
Existe tecnologia capaz de separar o oxigênio do carbono da molécula do gás carbônico?
Em caso afirmativo, não seria uma provável aliada no combate ao aquecimento global, visto que esse gás é um dos maiores responsáveis pela intensificação do fenômeno climático?
Confesso total desconhecimento sobre essa tecnologia e absoluta curiosidade em saber mais sobre ela.
Saudações,
Lúcio
O problema é de escala e de matriz energética. A quebra se faz com eletricidade. Eletricidade vem de fontes poluentes. Que adianta você quebrar CO2 se o processo emite mais CO2 ainda?
E outra: em Marte tem muito CO2, então a eficiência seria grande. Na Terra, tem pouco CO2 (partes por milhão, versus 20% de oxigênio!), então a eficiência seria bem menor. Muita eletricidade (emissão de CO2) para pouca quebra.
VLW!
Salvador
Você está certíssimo na relação que fez em reduzir CO² utilizando-se energia através de fontes poluentes. Mas temos fontes “limpas” de energia – hidroelétrica, painéis solares, eólica, etc… Caso criassem usinas de processamento de CO² seria certamente com uma fonte dessas. A tecnologia esta aí. É só fazer.
Mas o problema é a vontade política. Qual país vai investir nessas usinas por um benefício global? Os países industrializados relutam em assinar acordos para redução de emissões, e quando assinam, nem isso cumprem. A maior barreira é o próprio ser humano.
Fiquei com uma dúvida sobre o protótipo da NASA: ele vai tirar o carbono da atmosfera e qual resíduo orgânico sobrará? Glicose? Vai descartar no solo?
Parabéns pelo Blog
Paulo, também não sei detalhes do dispositivo. Aguardemos!
A tecnologia existe…..se chama planta….
Prezado Lúcio, existe uma bactéria Pyrococcus furiosus, que vive dentro de vulcões submarinos. Os pesquisadores da Universidade da Geórgia juntaram a ela 5 genes da Metallosphaera sedula e criaram uma bacteria que se alimenta de CO2. Estão estudando utilizá-la para esse fim.
Existe tecnologia que tira o C02 e transforma em gasolina usando energia solar (concentradores solares), só que é ineficiente. O problema não é produzir Oxigênio, mas capturar o carbono. A planta quando cresce usa o carbono do CO2, mesmo quando a noite ela respira como um animal (O2 -> CO2). Quando queimamos combustível fóssil, estamos reintroduzindo carbono que foi capturado a milhares de anos.
Boa tarde Salvador.
“Por ora, o trabalho está concentrado numa visita de astronautas a um asteroide capturado por uma sonda não-tripulada e colocado em órbita da Lua.”
Nesse trecho você dá a entender que um asteroide já foi capturado e colocado na órbita da Lua.
Eu sábia que a Nasa tinha planos para essa missão, a captura já foi realizada?
Não, ainda não. Ainda será. Mudarei o texto para aclarar isso.
Boa tarde.
Muito obrigado.
Salvador, você já postou algo sobre essa missão do asteróide? Poderia postar, caso não tenha feito ainda? Fiquei curiosíssimo!
http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/08/22/nasa-divulga-missao-para-visitar-asteroide/
Valeu, obrigado!
É completamente desnecessário enviar um homem a Marte, é só empolgação, como foi com a Lua. Será que vamos repetir o erro e gastar trilhões para chegar lá dizer “legal!!” voltar e fingir que nada aconteceu. Tanta gente precisando de comida para sobreviver…
Precisamos estabelecer uma colônia em Marte para garantir a sobrevivência da espécie a longo prazo. Acho importante.
Rodrigo, por melhores que sejam nossos instrumentos científicos, a presença humana é importante para resolver muitas dúvidas. alguém que esteve lá e pode nos contar o que viu, é melhor que muitas câmeras. Assim penso eu. Não se gastou bilhões à toa no Programa Apollo.. O custo da Guerra do Iraque foi mil vezes maior (bilhões de dólares versos trilhões de dólares) e matou muito mais gente.
Salvador.
Para quem quer começar a olhar as estrelas com um telescópio amador, qual seria o mais indicado? Existe muita diferença entre estes de 70mm, 90mm e 114mm?
Olha, eu tenho um de 114 mm e acho que vale a pena. Mas o seu céu precisa ser bom, senão não resolve muito. 😉
Compre um com tripé, ou adaptável a um tripé. Eu tenho um binóculo espetacular, de 50 mm, mas nunca pude realmente aproveitá-lo por falta de um tripé que o mantenha estável…
Salvador,
As tempestades solares não acabariam com qualquer planta ou organismo terrestre que chegarem a Marte, já que não existe proteção para isso no planeta?
A atmosfera promove proteção parcial para plantas. Mas, em tese, seria um grande desafio para elas — e esse era o charme do experimento proposto: em essência, ver se dava pé ou não para elas, e por quanto tempo. Agora, eu não diria o mesmo de “qualquer organismo terrestre”. Muitos são extremamente resistentes à radiação (com o tardígrado, entre os animais, e a Deinococcus radiodurans, entre as bactérias).
Tanto cuidado pra que? Manda logo milhões de sementes de várias espécies e deixa a natureza agir sozinha……seria interessante ver o resultado……
Fabio, e o perigo de sobrepôr vida que exista lá? Primeiro, pode nos atrapalhar na tarefa de encontrar vida marciana original. Segundo, temos o direito de introduzir competição biológica em outro mundo sem ter a certeza de que não há vida lá?
Salvador, a gente já faz isso o tempo todo aqui… Contaminamos o mundo todo e mexemos com a ecologia de todos os continentes… Eu espero, mesmo, que a vida na Terra seja um dia semeada em outros planetas, e de preferência, em outras estrelas! A evolução, depois, dará conta do recado!
Salvador, uma questão básica….
“talvez com medo de levar a uma contaminação do planeta vermelho com formas biológicas terrestres (uma sábia precaução, não só do ponto de vista ético como também para não atrapalhar a busca por vida alienígena naquele mundo”…
Se a intenção é buscar A vida alienígena que existe lá, o fato de “adaptar” o meio ambiente existente com a produção do Oxigênio por si só já não seria uma forma de contaminação e alteração do sistema????
A influência da produção de oxigênio seria mínima — não é que eles vão alterar drasticamente a composição atmosférica do planeta. Estamos falando de pequenas quantidades.
Prezado Salvador,
Existe previsão de alguma missão norte americana à Lua, nos próximos 10 anos?
Da Nasa, apenas tripuladas (e orbitais), com as cápsulas Orion (2021, se não me engano). Mas há diversos projetos privados de missões lunares não-tripuladas.
Gostaria de saber se já foi definida a região em que este jipe cairá. Alguma chance de ele explorar a região de Cydonia? Amplexos!
Ainda não.
(Querendo dar uma olhada de perto na face de Marte, né? :-P)
Olha que bacana, já tem máquina que cria oxigênio… porque não utilizam tanta tecnologia e inteligência (e dinheiro) para criar mecanismos de limpeza da água e ar do nosso planeta? Por que não matam a fome dos carentes? Essa máquina deve ter saído bem barato.
Ser humano, esquece de cuidar do que tem para pular no terreno vizinho.
E você acha que não se faz isso? A água que chega na sua casa não passa por filtragem? As chaminés das fábricas não estão sendo equipadas com filtros? Seu carro não tem catalisador no escapamento? Só dá ciência, meu amigo! 🙂
Verdade. Mas vejo São Paulo implorando por água. E no céu não se vê estrelas.
Essa é uma realidade. Mas note que o que falta é política, não ciência. Obras hídricas, inspeções rigorosas, leis antipoluição… Não são cientistas que resolvem isso.
uma grande pergunta: por que não fazem essa transformação química aqui na Terra? será que nós não temos CO2 suficiente? equipamentos como esse espalhados pela Terra salvaria nosso planeta ao invés de tentar habitar outros… Só um desabafo, mas muito legal sua reportagem
Houti, já fazemos. Com plantas. E tem gente vendo se consegue melhorar artificialmente a eficiência das plantas para aumentar a captação de CO2.
Salvador
Qual será aproximadamente o tamanho do MOXIE? Só para termos uma ideia de volume e massa: aproximadamente do tamanho de um carro popular?
Abraços
O Mars 2020 será do tamanho do Curiosity. Veja nesta foto o tamanho dele comparado ao de um homem:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ec/PIA15279_3rovers-stand_D2011_1215_D521-crop2-CuriosityRover.jpg
Gostei do último instrumento. Vai que acham um alienzinho entocado lá (estilo filme do Doom hahaha)
http://en.wikipedia.org/wiki/Doom_(film)
Caro Salvador,
Parabens por este blog! É realmente ótimo.
Uma pergunta:
Há alguma informação sobre a reação quimica a ser realizada, tais como os compostos envolvidos e energia necessaria ao processo?
Obrigado!
Eletrólise. É como uma célula a combustível (fuel cell) às avessas. Numa fuel cell, oxidante e combustível são reunidos e produzem eletricidade. Exemplo: hidrogênio + oxigênio = eletricidade + água. O sistema do MOXIE vai funcionar ao contrário. Você começa com CO2, joga uma corrente elétrica e quebra os produtos em C e O2.
Tem um pouco mais sobre ele (em inglês) aqui: http://newsoffice.mit.edu/2014/going-red-planet
Agradeço pela resposta!
Vou olhar o link do MIT.
Obrigado!
Grande Salvador!!!
Só uma correção. O oxigênio produzido pelas plantas durante a fotossíntese vem da água (H2O) e não do gás carbônico (CO2).
Abraços
Emerson, fotossíntese não é CO2 + H2O = C6H12O6 + O2?
Dá para dizer que todo o O2 emitido na reação sai da água, e o do CO2 vai todo pra glicose?
Sim … Vem da água … é uma questão de mínima energia. A energia acumulada é na Glicose (que é um dos nossos alimentos intracelulares). As ligações de hidrogênio com a água são mais fracas e mais fáceis de serem quebradas. 1 mol de H2O, para ser “quebrado”, precisa de 926 Kilo Joules (energia). 1 Mol de CO2 para ser “quebrado”, precisa de 1608 Kilo Joules (energia). Como a natureza não é boba, e opera pela lei do mínimo esforço (mínima energia), faz mais sentido armazenar a energia no Radical do Carbono.
Nunca imaginei que ficaria tão ansioso pra chegar logo 2020! rs
E
Por ora, o trabalho está concentrado numa visita de astronautas a um asteroide capturado por uma sonda não-tripulada e colocado em órbita da Lua.
Kerbals chegaram primeiro!!! hahahaha
Grande Salvador,
Uma dúvida…
As sondas enviadas são 100% livres de contaminação??
Tanto quanto possível. Passam por um processo de esterilização forte. Mas nunca há garantia de 100%. Isso quer dizer que, sim, já podemos ter contaminado Marte com vida terrestre. 😛
Então violamos a primeira diretriz!!
Caro Salvador,
Mudando de assunto, adorei o livro sobre Extraterrestres, mas continuo acreditando que não encontraremos vida inteligente no cosmos. A probabilidade é muito, muito pequena. Não partilho do seu otimismo. Estaremos extintos em poucos milhares de anos!
Roberto, em poucos milhares de anos muita coisa pode acontecer. 😉
Talvez você devesse começar a estudar estatística. Hehehehe. Apesar da probabilidade em termos de frequência ser baixa, a amostragem do universo é um número MUITO grande, o que compensa, no limite, a baixíssima frequência de vida inteligente. Logo, o valor esperado de vida inteligente no universo, é razoável. Para melhor entender o que eu estou falando, imagine um macaco em uma máquina de escrever, teclando aleatoriamente. Se ele tivesse uma vida infinita, certamente escreveria, em algum momento, um poema inteiro de Shakespeare, já que a amostragem de teclas digitadas é infinita. Assim, com uma amostragem tão grande, mas tão grande de corpos celestes, é razoável crer que exista vida inteligente em algum canto do universo. Se este lugar é perto, ou longe, e se consequentemente, faremos contato, são outros 500.
Um número estupidamente grande multiplicado por outro estupidamente pequeno, pode dar resultados imprevisíveis. Eu concordo com você em parte. Só o fato de existirmos já diz que a probabilidade não é zero. Mas os 4 bilhões de anos gastos para nos produzir também é um fator importante. Existe uma probabilidade sim, apesar de ser pequena de sermos os primeiros….