Perseidas ‘brigam’ com a superlua

Salvador Nogueira

Nem bem já nos desapegamos da “superlua” e temos novo espetáculo celeste: as perseidas, uma das mais famosas chuvas de meteoros anuais, atingem seu pico na próxima madrugada (terça para quarta-feira).

Um meteoro das perseidas fotografado sobre o VLT, instalação astronômica nos andes chilenos
Um meteoro das perseidas fotografado sobre o VLT, instalação astronômica nos andes chilenos

A má notícia para este ano é que o brilho da Lua promete atrapalhar a visualização das famosas estrelas cadentes. Ainda assim, há a expectativa de que os meteoros mais brilhantes sejam bem visíveis.

O nome da chuva é derivado da constelação de Perseu, de onde parecem emanar os meteoros. Eles são produzidos pela entrada na atmosfera terrestre de pequenos detritos do cometa Swift-Tuttle, astro que passa pelas redondezas do Sol a cada 133 anos. Quando nosso planeta cruza a órbita do cometa, em intervalos de 12 meses, encontra a nuvem de detritos deixada por ele.

A chuva é mais visível no hemisfério Norte, onde a constelação de Perseu aparece mais alta no céu. No nosso lado do equador também é possível vê-la, mas quanto mais para cima no mapa, melhor. Ou seja, as regiões Norte e Nordeste têm melhores condições do que as do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Mas ninguém deve se desanimar, não. Com um pouco de paciência, todo mundo pode colecionar seu avistamento de estrelas cadentes.

“Como para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, o radiante — ponto do céu de onde os meteoros parecem vir — estará praticamente no horizonte norte, essas regiões deverão ver apenas os brilhantes meteoros rasantes, que entram em ângulo muito raso com a atmosfera terrestre”, afirma Gabriel Hickel, astrônomo da Universidade Federal de Itajubá (MG). “Esses meteoros são mais raros, mas mais duradouros e brilhantes.”

A expectativa dos astrônomos é uma taxa de 34 a 60 meteoros por hora no Norte e no Nordeste. No Sudeste e no Centro-Oeste, as aparições são mais modestas — entre 6 e 10 meteoros por hora. E no Sul, não se pode esperar mais que 4 a 7 meteoros por hora.

COMO OBSERVAR
“Para ver uma chuva de meteoros, você só precisa dos seus olhos, uma cadeira de praia e motivação”, explica Hickel. “Não há região específica do céu a olhar. O ideal é procurar um lugar escuro, longe da poluição luminosa das grandes cidades, com o horizonte livre, e deitar-se em uma cadeira de praia, de modo a ver o máximo do céu possível.”

Quanto ao melhor horário para observar, há duas possibilidades. O astrônomo Cássio Leandro Barbosa, da Universidade do Vale do Paraíba, em São José dos Campos, sugere que uma primeira tentativa pode ser feita entre o anoitecer e o nascer da Lua, que acontece por volta das 19h. “Ela estará 85% iluminada, então vale a pena tentar fugir dela”, diz Barbosa.

Depois que nasce a Lua, tudo fica mais difícil, e uma nova tentativa só vale a pena após as 3h, quando Perseu já aponta no horizonte Norte. “Na alta madrugada a Lua estará no lado oposto ao do radiante e deve deixar as coisas menos ruins.”

Seja qual for o horário, Hickel destaca a importância da paciência na observação. “Não espere um show pirotécnico. Observe por pelo menos uma hora para ter chance de ver um número razoável de meteoros.”

E se, por acaso, o tempo não ajudar, você pode tentar observar até o dia 14 — ainda haverá alguns perseidas “retardatários” até lá.

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Comentários

  1. Não tive sorte desta vez. Ou quase. Às duas da manhã, no famoso deck da piscina e novamente acompanhada de meu fiel canino fiquei bem uma meia hora (tava frio demais!) mas não consegui ver nenhum cometa. Por outro lado o céu estava magnifico e a lua deslumbrante. Valeu principalmente porque um pouco depois que voltei para minhas cobertas quentes, começou a ventar, o tempo fechou e caiu o maior toró! foi sorte ou não foi? rsrsrsr

  2. fugindo do tema, comentando sobre outro assunto, tenho suspeitas de que a matéria escura possa ser formada por partículas de antimatéria que, durante o processo de formação do universo e pelo grande potencial de energia ocorrido, boa parte da antimatéria conseguiu “pular” uma dimensão e evitou a aniquilação com a matéria comum que nos forma.

    mas é uma suspeita por conta do que já andei vendo sobre as teorias que tentam esclarecer algumas lacunas durante o processo de formação das partículas primordiais. Aquela teoria de que um pouquinho de matéria seria formada a mais do que a antimatéria tem sido indigesto, devido ao fato de que em física as coisas caminham pelo equilíbrio, ou seja, eu até concordo em formação de partículas e antipartículas aos pares, quando colidem se anulam, isto é perfeito porque temos o ciclo de energia e matéria, como se observa no vácuo quântico.

    mas num momento em que havia tamanho potencial durante a formação primordial de partículas, o bigbang, seria mais interessante que houvesse a possibilidade de que um grupo de antipartículas fosse tão energética que, ao invés de colidir e se anular com as partículas, voltando ao estado de energia pura, conseguissem um padrão a mais de “vibração” e, assim, estariam em uma dimensão extra capaz de evitar a aniquilação. É algo semelhante ao que acontece no horizonte de eventos em um black hole quando duas partículas virtuais estão próximas de cair no abismo e, uma realmente cai, a outra escapa para nossa dimensão e se torna real.

    juntando as ideias de vários pesquisadores, acabei imaginando essa situação, daí, teríamos um punhado de partículas que poderiam ter ganho mais energia e, de certa forma, conseguiam se tornar “fantasmas” no sentido de que ao invés de colidir ou até se aniquilar, acabaria “atravessando” a matéria comum. Se isso tiver ocorrido, então teríamos um universo de antimatéria bem colado ao nosso, a matéria escura “poderia” ser antimatéria que “caiu” em outra dimensão e por isso temos o efeito gravitacional da matéria escura.

    também entendo a gravidade como um efeito e não uma partícula (gráviton), ao menos é isso que consigo compreender do bóson de higgs, daí que um corpo tem seu efeito gravitacional reduzido pelo quadrado da distância (1/r²).

    1. A ideia de termos multi universos em paralelo que não podem ser detectados mas possam de certa forma interagir entre si é bastante razoável. E que a matéria escura e energia escura possam ser parte desta interação também. Eu também compartilho desta ideia e nosso universo pode ser mesmo os “resíduos” materiais do Big Bang. A ideia de uma dimensão paralela invisível ganha força justamente por se verificar uma interação gravitacional e energética mas não se detectar a causa. Mas a matéria escura teria que causar uma antigravidade para se encaixar no modelo cosmológico.

    2. Olá, Cássio. Moro em Betim ( somos vizinhos ). Você está falando do Bernardo Ridell. Ele foi meu professor na
      UFMG. Não sei se ele ainda tem a fábrica de instrumentos
      óticos . Mas ele tem um site com todas as informações ou
      Entre no site do CEAMIG ( centro de estudos astronômicos
      de MG ) Eu comprei um skywatcher 150mm no Armazém
      do telescópio. É ótimo e não é tão caro entre no site deles. Eles enviam por encomenda rapidinho. Abraço

      1. Isso mesmo Evaldo,

        O prof. Riedel produziu um espelho para mim já tem muitos anos. Mas o curioso é como achei ele. Fui a BH decidido a achar uma loja de astronomia (imagina…) isso nos tempos em que não existia nem computador. Fui uma vez…..fui 2x…..na terceira achei uma loja especializada em itens sobre astronomia numa daquelas galerias em torno da rodoviária. O Prof. Riedel estava lá (não sei se a loja era dele) e se prontificou a produzir o espelho (detalhe….eu era um moleque de 12 anos e ele nem pediu adiantamento 🙂 ). Uns 2 meses depois lele me entregou o espelho. Diga-se de passagem de excelente qualidade. Na época ele estava trabalhando na recuperação do observatório da UFOP em Ouro Preto.

  3. nao entendo porque as arvores estao paradas sempre se a imagem é classificada como ao vivo no Japão.

    1. Olá Heraldo,
      Foi ao vivo sim, deu para notar os aviões passando, e até mexeram no posicionamento da câmera.
      Pena estar nublado. Foi uma noite sem vento, daí os galhos estarem parados.

  4. Vou tentar ver hoje apesar de poluição luminosa daqui do bairro e da Super Lua que de quebra está muito linda !!!

  5. Salvador, gostaria de uma informação sua.
    Sei que está fora do contexto, mas seu blog e seu livro me deixou com vontade de realizar um sonho que tenho desde criança, comprar um teslescópio.
    Porém ouvi falar que para iniciantes, um binóculo é melhor.
    Estou indeciso entre esses dois:
    – Binóculos Celestron Skymaster 15×70
    – Telescópio refrator Skywatcher 90mm AZ3
    Se puder me ajudar, compartilhar alguma informação de qual seria uma compra inical melhor. Muito obrigado.

    1. Daniel, sugiro que comece pelo binóculo mesmo, e depois se curtir, vá para um tele. O binóculo é versátil, mesmo para quem já tem telescópios, ele é útil para ajudar a localizar melhor o que você pretende ver.

      E claro, leia a matéria do Salva.

      😉

    2. Um não substitui o outro. Tem utilidades diferentes. Mas se tiver que estabelecer prioridades comece com os binóculos. Recomendo adquirir coisa um pouquinho melhor do que os modelos que você citou.

    3. Binoculo eh muito bom para familiarização com o céu….
      Tenho um telescópio refrator, e olha…pretendo comprar um refletor com mais mm num futuro próximo, mas…. uso tao pouco meu telescópio que as vezes me pergunto se vale o investimento… =S
      É aquele negocio… no comeco é novidade…usa todos os dias em todas as horas possiveis….com o passar do tempo vai dando lugar a outras prioridades…

  6. Muito bom. Pena que aqui em Curitiba é sempre muito complicado para observações. A previsão para essa noite/madrugada, pra ajudar… é chuva. E quando não é chuva, é porque está 100% encoberto/nublado.

    Mas pode ter certeza que vou acompanhar por algum site.

  7. Emocionante, sensacional, guerra de não sei o quê. Só papinho de bichona.
    Querem ver estrelas? Enfiem um abacaxi no rabo.

    1. O cara acabou de admitir que o método bom pra ver estrelas é enfiar abacaxi no rabo. Cuidado aí pra não exagerar e perder o foco. hauuaua

      Boa sorte, vou ver pelo método tradicional mesmo. hauauauua

    2. E aí, FoFo, quantas estrelas você já viu usando esse método? Eu nunca ouvi falar que enfiar abacaxi no fiofó dá esse efeito, mas como você falou com tanta autoridade eu vou acreditar!

      1. Sei… Agora “A Culpa é das Estrelas”? Hehehe… O cara curte mesmo a fruta, amigo! Hahahah

  8. há estudos sobre a partir de que tamanho/peso a atmosfera da terra não seria capaz de evitar o choque com o solo?

  9. Salvador, uma pergunta e uma curiosidade.

    Já que a Terra atravessa esses detritos de cometas, quer dizer que há alguma chance de impacto? Como ninguém fala nada disso, eu imagino que a resposta seja não, e se eu for chutar uma resposta, diria que é porque a calda do cometa é muito, muito maior do que ele mesmo. Mas qual a resposta certa?

    Imagino que você tenha um bom telescópio. Pode falar um pouco mais dele? É custom made ou é algum industrializado mesmo?

    Acho que você já tenha respondido essas perguntas diversas vezes, mas como não sei onde estão suas respostas…

    1. Cassio, não há perigo porque os detritos são pequenos e queimam na atmosfera. Sobre meu telescópio é um industrializado refletor de 114 mm, que para o céu poluído de São Paulo está bom por ora.

      1. Eu não estou falando dos detritos, Salvador, e sim do próprio cometa que deixou os detritos.

        Se os detritos estão na rota de Terra, não estaria o cometa também?

        1. O sincronismo entre as duas órbitas garantem que a Terra e o cometa nunca se encontrem. 😉

      2. oi salvador se vc for conhecedor do assunto, pode me orientar a comprar um telescopio caseiro que dê pra curtir o céu mas com entrada de usb na tv ou computador pois é ruim pra mim ficar com o olho pregado na lente da luneta. hoje vou assistir à noite – a chuva de meteoros aqui em maraba, para, na beira do rio tocantins que fica aqui do meu lado na parte urbana.

        1. Heraldo, certamente há quem possa te ajudar melhor do que eu. Para mandar a imagem para a TV, desconfio que você precisará acoplar uma câmera no telescópio, coisa que eu mesmo ainda não fiz.

      3. e qual o perigo para a estação espacial internacional, caso ela esteja na região onde ocorre a queda?

        1. Até hoje, nunca houve perigo. Ela está preparada para lidar com detritos desse tamanho. Lembre-se de que essa chuva ocorre todos os anos, e a Estação Espacial está ocupada permanentemente desde 2000. 😉

    2. Cássio,

      Para quem tem habilidades manuais (muita!!), construir um telescópio é bem interessante. É possível até polir o próprio espelho. Mas para atingir um bom resultado é necessária muita experiência. Assim mesmo só se chega a uma abertura de cerca de 100mm (diâmetro do espelho). Acima deste diâmetro ai tem de ser fera….. Eu que não tenho esta habilidade, mandei polir o espelho e construí apenas a estrutura. É um passa tempo barato e muito interessante.

      1. Muito legal, Paulo. Bem que eu queria tentar mesmo, mas falta tempo.

        Você é de onde? Aqui em BH eu sei de um construtor de telescópios bem famoso. Acho que é ou era professor da UFMG. O pai de uma amigo meu já até comprou com ele.

        1. Cássio,

          Você deve estar falando do Prof. Bernardo Riedel. Coincidentemente foi ele mesmo que fabricou meu espelho!! Mas faz muito tempo e eu era ainda moleque….A qualidade do espelho era excelente e ainda usava a técnica de depósito de prata (sem verniz de proteção), o que garantia um índice de reflexão excelente, mas deixava a metalização sujeita a oxidação. Mas usei o espelho praticamente todas as noites por pelo menos 4 anos. Depois me mudei ai de Minas e numa destas mudanças o espelho se extraviou….

  10. Não consigo conciliar essas chuvas de meteoros com os finais de semana…..porque aqui em SP não dá pra ver nada!!!!!!!!!! kkkkk

  11. Parece ser uma “guerra das estrelas”, onde a lua batalha com os meteoros, enquanto na terra homens brigam por petróleo, água e gás Deus vem mostrando pelo céu o verdadeiro significado da natureza a vida na quas devemos nos unir para combater os mal das doenças e das guerras

    1. Olá Carlos obrigado por me dar esta bela oportunidade de ver a sua imagem nos céus do Japão. Qual a cidade em que voce está ?
      Estou assistindo aqui de Miami, FL – USA

      1. Olá Gilberto,

        Moro em Hamamatsu, província de Shizuoka.
        É um prazer partilhar, devemos agradecemos ao Salvador por essa oportunidade.
        Ainda temos 4 horas de observação pela frente, aproveite ! Abs.

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