Visite Marte em realidade virtual

Salvador Nogueira

Você sonha em ser astronauta, visitar outros mundos? Em breve, todos nós poderemos conhecer os ambientes inóspitos que imperam nos planetas e luas do nosso Sistema Solar — tudo isso, virtualmente. A Nasa, agência espacial americana, e a Microsoft, gigante da informática, se emparceiraram para desenvolver um sistema que permitirá que cientistas explorem Marte num ambiente de realidade virtual, construído com base nas informações transmitidas à Terra pelas sondas enviadas ao planeta vermelho.

Cientistas explorarão Marte virtualmente com software desenvolvido pela Nasa e pela Microsoft (Crédito: Nasa)
Cientistas explorarão Marte virtualmente com software desenvolvido pela Nasa e pela Microsoft (Crédito: Nasa)

A parceria, anunciada anteontem pela Nasa, tem por objetivo explorar um novo dispositivo recém-apresentado pela companhia fundada por Bill Gates, o HoloLens. São basicamente óculos com computador embutido, capazes de projetar objetos holográficos interativos para seu usuário (e uma tentativa de copiar o conceito do Google Glass, que até agora não emplacou).

Com base nesse dispositivo, a Microsoft fechou um acordo com a Nasa para desenvolver um software chamado OnSight. Ele projetará um ambiente de realidade virtual holográfico da região onde se localiza o jipe Curiosity, o mais recente dos rovers enviados a Marte. A ideia é que os cientistas façam uso do equipamento para poder visualizar a região onde está a sonda como se eles mesmos estivessem lá.

“O OnSight dá aos nossos cientistas a habilidade de andar por aí e explorar Marte diretamente de seus escritórios”, disse em nota Dave Lavery, executivo do programa do Curiosity no quartel-general da Nasa, em Washington. “Ele muda fundamentalmente nossa percepção de Marte, e de como entendemos o ambiente marciano que cerca o jipe.”

Os primeiros testes do OnSight como ferramenta de pesquisa serão feitos ainda este ano, como suporte as operações do jipe Curiosity. Se tudo correr bem, o sistema deve se tornar parte integrante do planejamento da missão do próximo rover americano, marcado para 2020.

Outra coisa que com certeza deve acontecer, embora nada sobre isso tenha sido dito, é a aplicação ser adaptada para uso por “turistas”, por assim dizer. Gente que não quer estudar Marte, mas apenas ter uma experiência de como é estar de pé sobre uma árida e gélida planície marciana.

Num texto no ano passado, o Mensageiro Sideral mencionou um projeto de “cápsula do tempo” criado pela própria Nasa que encorajava as pessoas a fazer sua previsão para o mundo e o futuro da exploração espacial em 2023, quando a sonda Osiris-Rex voltará à Terra depois de colher amostras de um asteroide. Minha previsão?

“Em 2023, qualquer pessoa poderá explorar outros planetas aqui mesmo, na Terra, em ambientes de realidade virtual.”

Pelo visto, quando chegarmos lá, isso já vai ser notícia velha…

NA TV: E por falar em viagens virtuais, neste sábado (24), na GloboNews, o Mensageiro Sideral faz uma visita à era dos dinossauros, em busca de sobreviventes. Será que alguma dessas majestosas criaturas sobreviveu à terrível extinção, 65 milhões de anos atrás? Não perca, neste sábado, a partir das 22h, no Jornal das Dez da GloboNews!

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Comentários

  1. Salvador,

    Uma dúvida: se as imagens de realidade virtual serão criadas à partir de informações obtidas pelo Rover, qual novidade os cientistas pretendem encontram em dados que já haviam sido coletados?

    1. Cristiano, se você recria o ambiente em realidade virtual, facilita para os cientistas planejarem a missão como se fossem geólogos no próprio local. Existe uma diferença entre ver uma imagem na tela e se sentir lá, podendo olhar para o horizonte e reconhecer rochas com potencial para futura investigação. É mais uma ferramenta de apoio para planejar os próximos passos de cada missão robótica.

  2. Sobre sua abordagem na TV hoje, há registros arqueológicos indicando que humanos e dinossauros foram contemporâneos, pinturas antigas retratam o convívio. Será que alguns sobreviveram as terríveis condições do planeta, por anos castigado pelo bloqueio da luz solar e a dificuldade de fotossíntese, após o impacto? Eu sempre achei os dinossauros fascinantes e alienígenas.

    1. Ralph, dinossauros e humanos nunca conviveram e, ao contrário do que alguns dizem por aí, não há pinturas rupestres de dinossauros. O que há são lendas sobre dragões, que podem ter sido inspiradas por fósseis de dinossauros encontrados em tempos antigos. Até ajudaria a explicar as variações anatômicas entre dragões e dinossauros, em razão da informação incompleta que fósseis trazem, sobretudo numa época pré-científica.

  3. Salvador, mais que o Google Glass, acredito que a iniciativa da Microsoft é a de fazer concorrência com o assombroso Oculus Rift, tecnologia desenvolvida pelo jovem Palmer Luckey e recentemente comprada pelo Mark Zuckerberg.. ambos são dispositivos de realidade virtual que nos levarão a uma experiência sensorial sem precedentes.. explorar mundos a partir da poltrona de casa será algo corriqueiro dentro de alguns anos, como você muito bem previu 🙂

  4. Caro Salvador,

    Vendo seus post não consigo deixa de me expressar.. temos a mesmo visão de astronomia… belo artigo postado acho que por enquanto devemos nos contentar com essa realidade virtual, pois os nosso conhecimento estão a cerca do real.. eu sou um entusiasta em astros e etc.. mas penso com os pés no chão(na terra) minha opinião sobretudo é que no sistema solar só encontraremos algo que vive em Europa, lua de Júpiter e olhe lá… desde de já digo que seu livro ( extraterrestres) é de primordial leitura para quem se interessa pelo assunto…

    1. Isso é verdade. A luz viaja em diferentes velocidades em diferentes meios. Só no vácuo sua velocidade é de 300 mil km/s.

      1. Então mais uma vez eles não acharam nada de novo, só viram a luz viajando a diferentes velocidades no ar e não conseguiram reduzir efetivamente 🙁

  5. Gene Rodenbery estava certo, já no final da década de 80 em StarTrek New Generation ele “inventou” o HoloDeck, lembra disso ?
    Ele estava 25/30 anos ‘a frente.
    Tudo que foi “profetizado” em Star Trek (velha e nova geração) está acontecendo.
    Só falta o teletransporte e a implementação prática da dobra espacial , que legal !!!
    Ficção científica da melhor qualidade ao contrário de Star Wars. 🙂

    1. Concordo que Jornada nas Estrelas é, entre todas as ficções, a mais plausível e com a mitologia mais bem construída. Tomara que o futuro da humanidade se aproxime daquele mostrado na série: muita energia para possibilitar uma sociedade pós-escassez e de valorização do mérito intelectual.

      1. A ideia do Holodeck é baseada num conto de Ray Bradbury, muito anterior, do livro O Homem Ilustrado. Há até um filme que usa alguns (quatro?) dos contos dele do livro. Já vi na TV com dois nomes em português – um deles é “Uma sombra passou em minha vida”.

  6. Opa Salvador! Achei que você estava de férias 🙂
    O mundo fervilalhando com novas informações sobre o espaço (planetas gigantes escondidos no nosso sistema sola, Via Lactea é um buraco de minhoca??!!! etc) e não vi ainda uma matéria tua… Geralmente é o primeiro a publicar sobre estes assuntos tão intrigantes.. Estamos aguardando!!
    Abraços!

    1. Thiago, você é que deve estar de férias. Eu abri a semana com um planeta que pode revelar possíveis sinais de vida, no meio da semana apresentei as primeiras imagens feitas de perto do planeta anão Ceres e agora falei da parceria entre a Microsoft e a Nasa para explorar Marte. Já essa história de planetas escondidos no Sistema Solar, além de não ser nova, é totalmente inconclusiva (eu apostaria que eles estão errados). Quanto à da Via Láctea como buraco de minhoca, pareceu-me um disparate. A BBC meramente cozinhou o release, que eu havia lido dias atrás. Preciso ler o paper para ver se faz algum sentido. Por ora, não boto uma fé. E talvez você tenha visto também o OVNI supostamente censurado pela Nasa que não passou de um retrato da… Lua! O Mensageiro Sideral está na ativa, mas não é muito fã de cascata… rs

      1. Verdade Salvador, estou de férias mesmo!!! 🙂
        Desculpe não mencionar tuas outras matérias, que óbvio, foram sensacionais como sempre.
        Mas sabe como é o povo brasileiro, gosta de um sensacionalismo barato…
        Ah! sobre a Lua Ovni, eu bem que ia te cobrar também, se não tivesse visto um OFF que outro colega postou 🙂
        Abraços Salvador, sou teu fã!

  7. Eu acredito que modernos observatórios pelo mundo vão proporcionar experiências virtuais a partir de relevos “scaniados” por sondas ou robôs. Agora, fantástico mesmo será o dia em o entrelaçamento quântico permitirá que essa exploração seja feita de forma simultânea. Hoje, os cientistas apenas podem analisar dados gravados, pois o tempo que uma imagem leva pra cruzar essas enormes distâncias dificulta uma ação de comando remoto. Dependendo da posição de Marte, um comando só poderia ser executado vinte minutos depois. Quem viver verá.

  8. Pra mim esse será o caso clássico de “Expectativa x Realidade.” Tá com cara de muita propaganda enganosa.

  9. No Google Earth é possível fazer um tour pela Lua, Marte e pelo Céu (vista das estrelas, constelações, galáxias, etc). Não é da mesma forma que a MS propõe com essa nova tecnologia, mas para nós, meros mortais de 2015, já quebra um galhão… 😀

    E no Kerbal Space Program, é possível fazer viagens interplanetárias (não posso perder a oportunidade haha). O Salvador já deu a entender que pretende em um futuro (espero não muito longinquo) testar o jogo/simulador, não é mesmo?? 😀

    1. O Kerbal é, além de engraçadinho, muito realista no seu comportamento físico (é Física realista).

      Infelizmente, eu não tenho mais os reflexos necessários para controlar o voo, devido à idade. Meu filho, de 34 anos, é fã desse jogo.

      Segue um videozinho de 5 minutos simulando o primeiro voo da Orion: https://www.youtube.com/watch?v=vha8iLTC3oY

      Com o Google a gente pode achar muitos vídeos postados por jogadores no Youtube 🙂

  10. Salvador bom dia, Imaginamos que eu faria uma viagem à marte por 5 anos. O dia em marte tem 24 horas 39 minutos aproximadamente, estes 39 minutos faria diferença com relação espaço/tempo quando da volta a terra.

    1. Não. Não haveria diferença em tempo. Imagine um relógio correndo. Ele seria idêntico aqui ou lá por inexistência de fatores físicos que levassem a alterações. A sua percepção é que seria diferente pelos fatores ambientais (luz por exemplo).

    2. Antecipando-me ao Salvador, que pode complementar a resposta, se necessário: Não. O dia em Marte calculado por nós usa nossos sistemas de referência de tempo. O segundo, o minuto, a hora lá é o mesmo do nosso. O dia e o ano de Marte varia apenas porque as velocidades de rotação e translação são diferentes das do nosso planeta.

      A alteração temporal ocorre quando você viaja em altíssimas velocidades. Se a viagem ocorresse próxima da velocidade da luz, quando você voltasse aqui teria transcorrido um período de tempo (em segundos, minutos) diferente do que transcorreu para você.

      Voando a 40 mil km/h (aprox. 11 km/s) existirá uma pequena variação, mas imperceptível para você ou para nós.

  11. E pelo que entendi, com o GG, se você girar a cabeça, a projeção acompanhará o movimento. Já com o Hololens, há a opção de se montar um castelo em cima da mesa da sala, dar um pulo até a cozinha e, ao voltar, lá encontrá-lo em 3D (salvo, digamos). As tecnologias são bem diferentes.

  12. Minha previsão é que em 2023 isso já vai ser brinquedo da Disney… hihihi

    E lá estarei fazendo um tour virtual em Marte!

    1. Que Deus abençoe a todos.

          1. Mas lembre-se que apenas EU sou eu. O resto é tudo clone chinês.

            Galantia tlês mês!

  13. Prezado Salvador,

    Belo artigo! Apenas com o intuito de contribuir um pouquinho com o tema, deixo minha opinião sobre a comparação com o Google Glass. Na verdade li, que o aparente fracasso do GG se deu pelo fato de sua proposta ser a seguinte: fizeram óculos nos quais projetava-se uma interface, contudo basicamente feitos para uso cotidiano! Em trânsito, por exemplo. Daí as críticas negativas ao design! – Ah, já que é para usar por aí, quero alguma coisa discreta – disseram muitos. Já o Hololens, sugere-se, será voltado para um ambiente fechado e social. Um cenário real, e.g., é o de amigos em casa jogando Minecraft, jogo super popular recém comprado pela… sim, Microsoft! Vale mencionar ainda, que o novíssimo Windows 10 é o primeiro sistema operacional, voltado para o consumo de massas, compatível com a tecnologia. Abraços, S. ( http://www.windowsphonedoctor.com )

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