O adeus à lua-esponja de Saturno

Salvador Nogueira

A sonda americana Cassini realizou no último domingo (31) seu último sobrevoo da lua saturnina Hipérion, a maior delas com formato irregular. Último mesmo, no sentido de “adieu, até nunca mais”.

Imagem obtida pela sonda Cassini de Hipérion, durante o sobrevoo de 31 de maio (Crédito: Nasa)
Imagem obtida pela sonda Cassini de Hipérion, durante o sobrevoo de 31 de maio (Crédito: Nasa)

A espaçonave concluirá sua missão de forma apoteótica em 2017, quando o veículo cruzará diversas vezes o plano dos famosos anéis de Saturno, e até lá não haverá outra oportunidade para uma visita à famosa lua-esponja, estudada em detalhes pela sonda desde seu primeiro sobrevoo daquele objeto, em 2005.

Eu não me canso de olhar para Hipérion. É uma lua bem esquisita, não é? Além do formato de batata, ela lembra mesmo uma esponja, e a aparência não está muito longe da realidade. Apesar do tamanho avantajado (360 km em sua maior extensão), ela tem relativamente pouca massa, o que faz os cientistas suporem que ela é cheia de vazios por dentro — mais ou menos como uma esponja, que é toda furadinha. A densidade de Hipérion é metade da da água, o que significa dizer que, se você pudesse colocá-la numa banheira gigante, ela flutuaria — como uma esponja.

(Outra coisa curiosa é que Saturno faria companhia a ela nessa banheirona, pois sua densidade de gigante gasoso também é inferior à da água.)

No dia 31, a sonda passou a 34 mil km de Hipérion — menos que a distância usual que os satélites de telecomunicações guardam da Terra. Ainda assim, é um bocado. Em seu sobrevoo mais próximo, a sonda havia chegado a estar a apenas 505 km da superfície. Ainda faltam quase três anos até o fim da missão, mas já sinto saudades da Cassini.

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Comentários

  1. Para todos aqueles que perguntam se não é melhor usar o dinheiro da ciência para acabar com a fome no mundo, eu pergunto: não é melhor utilizar todo o dinheiro gasto com mansões, carrões de luxo, roupas de grife e iates para acabar com a fome no mundo? Ou é só o dinheiro da ciência que você quer que seja utilizado para esse fim? Ficaram sem respostas? Cheque mate né!!! Agora eu quero ver um engraçadinho desses ainda ter coragem de aparecer por aqui!!!!

  2. Deixando meu registro pra caso alguém da Folha ler: esse paywall num blog nunca vai me convencer a assinar um jornal!
    Continuo burlando essa prática horrorosa…

    😛

    1. Sinceramente fico muito feliz quando alguém diz que vai assinar o jornal só para ler o blog. Isso porque, com a crise da mídia, não é só o meu blog que está em jogo. É a própria profissão jornalística e o acesso à informação isenta que estão em jogo. Dê uma passadinha no UOL agora para ver um anúncio nas fotos rotativos se fingindo de conteúdo. É esse tipo de baixeza a que estaremos submetidos — no mínimo — se tivermos de sustentar a imprensa com publicidade de internet. Ao comprar o jornal, você está ajudando o veículo a se sustentar sem precisar de anúncios, de governo… e isso significa mais isenção. Agora, concordo que a prática é horrorosa porque ela é hostil. Que tal fazer um esquema em que o jornal deixa você ler o que quiser, mas vai apenas contando — e comunicando — o número de textos que você já leu no mês? De repente, é uma forma mais amistosa de mostrar o quanto o trabalho daquele veículo é importante na vida do leitor, preparando assim o terreno para convencê-lo a de fato contribuir com o jornal.

      1. Salvador, concordo com tudo que disse mas… infelizmente eu não tenho muito incentivo pra assinar o Jornal, pois a impressão que dá é que vem caindo a qualidade com tempo mesmo sem anúncios (vide demissões em massa de jornalistas bons), salvo as exceções que ainda me interessam na Folha, como o seu blog. Não tá fácil pra nenhum lado mesmo.

        Mas a sugestão do contador de acesso cairia muito bem! Eu me sentiria mais incentivado a assinar, quem sabe!

        Alô, Folha??

      2. Por que não fazem um assinatura por tipo de conteúdo?

        Exemplo: Ciência: assinatura no valor R$X,XX . (Acesso ao blog do Mensageiro Sideral).

        Será que consegue baratear o custo e focar no tipo de público?

        Salvador, pede para eles minerarem os dados e pensar em algo útil. Da forma que está é horrível porque cria uma expectativa enorme e de repente você bate de frente com a parede.

        1. Alias, eu tenho assinatura do UOL, mas quando expira a sessão e eu não me toquei, eu me frustro, literalmente, de dar com a porta na cara.

          Imagina quem não tem assinatura da Folha/UOL. Fica sem ler.

          Quem trabalha dessa forma é o Valor Econômico, mas eles deixam você ler uma parte do conteúdo. Se quiser ler mais, você precisa ser assinante. Nesse caso é menos frustrante.

      3. Eu particularmente só mantenho a assinatura por causa de alguns poucos conteúdos. Um deles é o seu blog.

      4. Salvador, também não concordo com os métodos utilizados, mas acabei cedendo a fazer uma assinatura do UOL para poder continuar lendo o Mensageiro Sideral. Parabéns pelos textos, valeu a pena a assinatura.

        1. Luciano, fico honrado! Espero poder recompensá-lo à altura do investimento! 🙂

  3. É uma pena que tudo neste universo tem a sua finitude. Mas, devemos considerar que a Cassini cumpriu seu dever à altura. E nos trouxe não só imagens que ficarão para sempre disponíveis para a humanidade, como avançou nossos conhecimentos sobre o rei dos anéis: Saturno. Em poucos anos, fez avançar o conhecimento mais do que do período que Galileu usou pela primeira vez seu parco telescópio até o século XX. Não é pouco coisa. Um abraço, Salvador.

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