Astronomia: Um planeta tingido

Salvador Nogueira

Estudo conduzido por americanos sugere que o planeta Mercúrio foi ‘tingido’ por cometas.

Mercúrio é este aí: um planeta inóspito que, pela cara, lembra muito a nossa Lua. (Crédito: Nasa)
Mercúrio é este aí: um planeta inóspito que, pela cara, lembra muito a nossa Lua. (Crédito: Nasa)

FAMOSO QUEM?
Ah, o planeta Mercúrio. Todo mundo já ouviu falar nele, mas encontrá-lo no céu não é tão simples. Os vizinhos do horóscopo, claro, já ouviram falar no temeroso “Mercúrio retrógrado”, fenômeno que acontece quando o planeta parece inverter a direção e caminhar para trás no céu.

DE PRIMEIRO MUNDO
Isso ocorre com muita frequência porque Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol, o que quer dizer que você só vai encontrá-lo, quando muito, próximo ao horizonte, ora pouco depois do poente, ou um pouco antes do nascente.

AVE, CÉSAR!
Por estar sempre nessa correria celeste, perseguindo o Sol ou antecipando sua aparição, ele ganhou dos antigos romanos o nome do deus mensageiro da mitologia.

LUA MORENA
De perto, contudo, Mercúrio se parece muito com uma velha conhecida: nossa Lua. Ambos têm similaridades — como o porte e a ausência de atmosfera –, mas o que mais intrigava os cientistas era uma de suas diferenças: Mercúrio é bem mais escuro.

PÓ DE COMETA
O mistério agora parece ter sido resolvido por um grupo da Universidade Brown, nos EUA. Eles sugerem que Mercúrio tenha sido pintado, ao longo de bilhões de anos, por cometas. Não se deixe enganar pela cauda brilhante desses astros: em meio ao vapor claro, esses objetos têm uma superfície bem escura, recoberta por uma capa de compostos orgânicos.

TINTA QUE VEM DO CÉU
Muitos cometas mergulham na direção do Sol, se desmanchando pelo caminho. Mercúrio fica por ali e acaba recebendo parte desse material, que impacta contra a superfície e produz o aspecto escurecido, sem deixar sinais detectáveis do carbono que lhe serve de base. “Do ponto de vista de análise espectral, é como tinta invisível”, diz Peter Schultz, um dos autores do estudo, que reproduziu o fenômeno em laboratório.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Comentários

  1. É, realmente a colaboração do SALVADOR NOGUEIRA para o nosso conhecimento de CIÊNCIA vem ao encontro de nossas necessidades de instrução e de desenvolvimento. Meus cumprimentos pelo Blog, pela Coluna, por teus esforços e tua dedicação.
    >
    Sergio Franskoviak, de Porto Alegre > RS

  2. Boa tarde Salvador!

    Como sempre, nos ensinando. Muito obrigado!

    Mas dessa vez tenho uma ressalva: sobre a forma do texto, dividido em pequenos tópicos. Realmente não gosto de ler algo escrito dessa forma. Talvez tenha feito apenas para sair do cotidiano, mas espero que não se torne hábito.

    Mas olha, é só minha opinião sobre a forma como o texto foi redigido, ok? O conteúdo continua impecável como sempre!

    Parabéns pelo excelente trabalho, um abração!

    1. Renato, essa coluna é um produto para o jornal impresso, adaptado para o blog. Ela sai semanalmente em paralelo com a coluna do horóscopo, e por isso decidimos por fazer uma brincadeira com o texto em bloquinhos. Mas os posts do blog continuarão em texto corrido, claro! Obrigado pelo feedback! Abraço!

  3. Não conclusões, desconhecimento, teorias, mistérios. Não temos certezas nem sobre o nosso mundo. Qual a validade de sabermos a cor do cavalo branco de Napoleão, se nasceu branco, foi pintado, ou de muito carregar farinha de trigo tingiu-se?

    1. Cara, se você não quer saber de nada, se curiosidade pura de nada vale para você, o que você está fazendo aqui?

      1. muito pelo contrário, interesso-me, donde as perguntas. É somente mera curiosidade ou leva a algo?

        1. Sempre começa como mera curiosidade e sempre acaba levando a algo. Veja o laser. Começou como mera curiosidade de laboratório — um dispositivo completamente inútil. E agora não vivemos sem ele.

          1. Não entendi. Uma cor não traz um benefício. Entender porque alguma coisa é de uma determinada cor pode trazer muitos benefícios, dependendo da coisa, da explicação e da cor. 😛

    2. Ok, não temos certeza de nada… Esforçar para que? Não temos certeza se vai existir o amanhã.

  4. Parece que as crateras são bem comuns em nosso sistema, as vegetações e grandes bacias fluviais da terra nos impedem de identificá-las tão facilmente. As civilizações perdidas estão diretamente relacionadas com os eventos dos impactos.

    1. Ralph, eventos cataclísmicos de impactos não são tão frequentes assim e não há evidência de que qualquer civilização tenha sido afetada por eles. Em Mercúrio vemos muitas crateras porque o planeta não tem atmosfera e geologicamente está estável agora. Sem atmosfera, qualquer mínimo asteroide produz crateras, e sem atividade geológica intensa, as crateras não são apagadas por eventos como erupções vulcânicas. A falta de atmosfera também ajuda a preservar as crateras intactas. Veja que Vênus, que é geologicamente ativo e tem uma atmosfera muito densa, quase não tem crateras de impacto.

  5. Opa Salvador!
    Gostaria de saber se tem novidades sobre o lançamento do VLS. Acho empolgante acompanhar as conquistas espaciais, mas teria um gosto melhor se tivéssemos as nossas, como brasileiros, assim como a China que a pouco tempo conseguiu chegar a lua.

    1. Gabriel, o VLS anda de mal a pior. O que ouço é que o lançamento do veículo parcial foi adiado para 2016, e ainda assim não há verba para que ele aconteça. Uma vergonha total.

      1. Sem verbas para comprar equipamentos e montar o foguete, os salários da equipe tornam-se um desperdício. Gente competente de braços cruzados!

        Cadê o Ministro da Ciência e Tecnologia?

      2. Com o encerramento do acordo com a Ucrânia estamos sem programa espacial.

        O VLS é um projeto totalmente obsoleto, principalmente por utilizar combustível 100% sólido, não adequado para inserção precisa em órbita, além de manuseio extremamente perigoso. O lançamento do VLS nos traria uma experiência importante com relação à estrutura do foguete ou a telemetria, mas dificilmente chegaria a uma solução comercial. Temos que parar tudo e começar do zero, focando em motores criogênicos, utilizados por 100% dos programas espaciais de sucesso. Infelizmente a falta de verba vem da falta de resultados durante décadas. Se nosso programa espacial tivesse recebido a mesma atenção dada a Embraer, seguramente estaríamos em condições de competir com os principais centros espaciais do mundo, gerando verba e não apenas consumindo.

  6. Olá, Salvador! Bela reportagem essa e parabéns pela coluna!

    Ouvi dizer uma vez que Mercúrio seria o remanescente do núcleo de um gigante gasoso (daí a alta densidade do planeta) que, ao longo de bilhões de anos, teve sua atmosfera varrida pelos ventos solares. Isso é verdade? Obg!

    1. Provavelmente não, mas ainda há alguns mistérios não resolvidos sobre a formação de Mercúrio.

  7. Sensacional, Salva. Parabéns!!!

    Podia ser diária, né? Com quem precisamos falar na Folha pra que isso aconteça?

    😀 😀 😀

      1. Escrevi ao Painel do Leitor. Não publicaram, o que é natural frente às muitas cartas que recebem, mas estou certo que a Redação a recebeu. 🙂

  8. Parabéns, Salvador, por essa coluna na Folha! E parabéns para a Folha, que apresenta mais informação educativa de qualidade!

    1. Digo o mesmo !!!
      Parabéns e valeu Salvador! (No words).

      Obrigado tb aos colegas que comentam.
      Nos comentários (os bons), crescemos a cada novo ponto de vista e troca de experiência…

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