Astronomia: Personalidade estelar

Salvador Nogueira

As estrelas não passam de imensas bolas de gás, mas cada uma tem sua própria personalidade.

Aglomerado NGC 6193 e nebulosa NGC 6188, na constelação do Altar, registrados pelo VLT, no Chile -- a imagem que deu origem ao texto! (Crédito: ESO)
Aglomerado NGC 6193 e nebulosa NGC 6188, na constelação do Altar, registrados pelo VLT, no Chile — a imagem que inspirou o texto. Depois clique nela para vê-la maior. Vale! (Crédito: ESO)

TOM SOBRE TOM
Ao olhar para o incrível colorido das imagens astronômicas, é impossível não imaginar que estrelas tenham personalidade. É, personalidade. Cada uma com seu estilo próprio. Mas como? Não são meramente imensas bolas de gás flutuando no vazio do espaço? De quantos modos diferentes você consegue imaginar uma bola de gás?

É DOCUMENTO, SIM
Bem, no caso das estrelas, o segredo está no tamanho — quanto gás elas conseguiram juntar até se formar, em meio àquelas bonitas nebulosas coloridas que vemos nas fotos do telescópio Hubble, nuvens gasosas difusas que são basicamente os astros do porvir.

“LIVE FAST DIE YOUNG”
Os astros mais brilhantes são estrelas muito grandes, com uma cor entre o azul e o branco. Pelo tamanho, são as mais quentes. Consomem seu combustível num ritmo furioso, explodindo violentamente em poucos milhões de anos. Os James Deans do cosmos.

“EU NASCI HÁ 10 MIL ANOS ATRÁS”
No outro extremo, temos pequenos astros de tom avermelhado, que consomem frugalmente sua matéria-prima nuclear. Brilham, tênues, por 1 trilhão de anos. São os Matusaléns estelares, por assim dizer. (“Toca Raul!”) Mesmo para o mais antigo deles, a história só começou. Afinal, o Universo, tal qual o conhecemos, tem apenas 13,8 bilhões de anos de vida.

NO MEIO DO CAMINHO
Entre essas duas categorias extremas — as estrelas apressadas e as incansáveis –, há astros como o Sol, amarelados e com tempo de vida mediano. O nosso está em sua meia-idade. Já se foram quase 5 bilhões de anos, e ainda temos mais 5 bilhões pela frente antes que se esgote sua capacidade de gerar energia.

SÓ NA BALADA
O Sol é um típico “come-quieto” da comunidade cósmica: não será decerto um dos últimos a deixar a incrível festa do Universo. Mas estará por aqui tempo suficiente para ver os melhores momentos.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Comentários

  1. Salvador, a chance de uma civilização super desenvolvida se desenvolver ao redor de anãs-vermelhas que vivem mais, seria maior? Isso se excluímos uma infinidade de possíveis catastrofes, etc.

    1. Boa pergunta. Não sabemos se há outras limitações em torno de anãs vermelhas. As anãs laranjas parecem ser uma aposta melhor. 😉

  2. Como todo processo no Universo é aleatório, as nebulosas que geram as estrelas “produzem-nas” com todo tipo de características diferentes (“cores”, tamanhos, brilhos, tempos de rotação, sistemas múltiplos, etc.), sendo que estas características variam com o tempo, cada uma com seu próprio tempo de variação, desde poucas horas até bilhões de anos, exceto talvez o número de estrelas ligadas a cada novo sistema. Este é a “personalidade” que o Salvador está dizendo em seu texto, pois como há vários tipos de estrelas formadas em épocas diferentes é possível fazer um paralelo simplificado com as personalidades humanas possíveis, exceto pelas diferenças de cada geração humana.

  3. Salvador,
    Obviamente a Bíblia não é um livro científico, mas me desculpe, tenho que compartilhar:
    Salmos 147:4
    “Ele fixa o número das estrelas, a cada uma dá um nome.”
    Isaias 40:26
    “…Quem criou tudo isso? Foi Aquele que coloca em marcha cada estrela do seu incontável exército celestial, e a todas chama pelo nome.”
    Fique a vontade se publica ou não.

    1. Claro que publico. E aproveito para realçar que o número de estrelas não é fixo — estrelas nascem e morrem. Se estivéssemos uns quatro séculos atrás, só de dizer isso eu corria o risco de ir parar na fogueira. Mas é a verdade.

      1. Salvador,

        Poderíamos dizer que o nascer/morte de uma estrela é um fenômeno da natureza? (Há bilhões de outros exemplos)

        Sendo assim, o que a religião explica por Deus, eu explico que é a natureza.

        1. Com certeza o nascer e a morte de uma estrela são fenômenos naturais. E por naturais pressupõe-se “não-artificiais”, ou seja, produzidos pela natureza sem nenhum tipo de intervenção intencional. Deus, portanto, não teria muito o que fazer aí.

  4. Prezado Salvador, na Matéria de Capa deste domingo foi apresentado um trabalho em que um físico, – ou seria astrofísico? – bem não importa; em que foi proposto que o incremento do infravermelho em 50 galáxias é uma prova da atividade extraterrestre.
    Pode-nos dar uma palavrinha sobre o assunto?

  5. Ola Salvador,voltei 😀

    Contemplar e aprender mais sobre estes aparentes pontinhos brilhantes que chamamos de estrelas é realmente fascinante.Obrigado por sempre compartilhar conosco o seu conhecimento.Você possui algum telescópio?Eu tenho um pequeno refletor de 130mm e estou usando uma tecnica diferente da fotografia para visualizar as estrelas e nebulosas que é o astrovideo,que é ver ao vivo na tela do computador, imagens próxima desta da fotografia do ESO.Se quiser,lhe passo as dicas pelo facebook.E mudando de assunto ansioso para conjunção de Vênus e Júpiter?Vai ser show em!Abrçs.

  6. Este blog está parecendo uma previsão do tempo sideral – uma pasmaceira. O post anterior também era de uma mesmice cafona. Quando voltaremos a ter discussões sobre temas realmente interessantes?

    1. JR, a mesmice cafona do post anterior ganhou 3.000 recomendações no Facebook, então acho que nem todo mundo concorda contigo… 😉
      Mas, claro, você pode — e deve — ser proativo! Tem sugestão de temas “realmente interessantes”?

    1. Constelações são apenas agrupamentos aparentes de estrelas, cada objeto tem uma distância diferente. 😉

  7. Salvador, acompanho seu blog há tempos e gosto muito do tema por causa do seu blog e tenho uma pergunta de quem é leigo no assunto. O universo é colorido assim ou as fotos tiradas passam por um tratamento ? (digo isso quando a foto é real e não uma “imagem ilustrativa”). Obrigado.

    1. As cores nem sempre são as que perceberíamos com nossos olhos, mas o Universo de fato é colorido. 😉

    2. Complementando a resposta do Salvador, existem cores que não detectamos com nossos olhos, como o infravermelho (nossa pele sente, é só por o braço no sol e você a percebe), ultravioleta, raios-X, raios Gama, e outras na frequência de micro-ondas e ondas de rádio etc.

      O que os especialistas fazem é construir detectores dessas “cores” e transferí-las para a faixa de luz visível em imagens.

      Normalmente eles informam o tipo de raios de luz captado para formar a imagem.

      Mesmo na faixa de luz visível a nossos olhos (do vermelho ao violeta), o universo é bem colorido!

    1. O gás é concentrado pela gravidade, e a pressão e a temperatura ficam tão quentes no interior que os átomos de hidrogênio começam a grudar uns nos outros, formando hélio. É essa reação de fusão nuclear que faz as estrelas brilharem.

  8. Salvador, você me ajudou a tirar uma dúvida que sempre tive e não encontrava resposta. Então quer dizer que todos aqueles pontinhos brilhantes que vemos no céu são bolas de gás? Pequenos sóis? Então estamos cercados de sóis por todos os lados?

    1. Isso, estamos. E cada um desses sóis tem uma coleçãozinha de planetas. Muitos desses sóis vêm aos pares e ainda assim boa parte deles têm planetas. São sóis e planetas para todo lado!

  9. Meu Caro Salvador Nogueira,
    Nem sempre as metáforas são elegantes, às vezes são equivocadas e ridículas. Estrelas não têm pernalidade, melhor seria dizer que elas têm peculiaridades, característeicas singulares, ou outras.
    Mas em geral em leio e aprecio seus textos.

    1. Respeito seu desapreço por essas metáforas em particular. Acho que as imperfeições que elas apresentam são facilmente compensadas pela forma como a psique humana lida com informação. Antropomorfizar ajuda a memorizar. Acredito que muitos gostariam de conhecer a personalidade das estrelas, mas poucos se interessariam pelas características delas. Embora, na prática, estejamos falando da mesma coisa. É só a escolha do melhor jeito de fazer a informação chegar ao leitor e, quem sabe, contagiá-lo com o gosto pela ciência. 😉

    2. Sem dúvida, um exemplo de texto com metáforas elegantes, corretas e requintadas.
      Resumo brilhante de um tema bem complicado.

    3. Então é proibido usar licenças poéticas?? Como pegam no seu pé Salvador kkkkkkkk, como ensinar crianças e pessoas sem formação ou hábito de acompanhar temas científicos ou técnicos? Disparando um monte de equações de Maxwell, da relatividade, de Lagrange??
      .
      De Einstein que ensinou ele mesmo suas teorias com muitas situações lúdicas, do tipo oque alguém veria se montasse um raio de luz, a Richard Feynmann, Nobel de Física e professor de física complexa, que também utiliza bom humor, analogias e tudo mais, divulgação científica é antes de mais nada, estado de espírito, é um convite ao conhecimento e para as pessoas acordarem e verem tantas coisas incríveis que acontecem ao redor, simples assim, deixe as estrelas e outros objetos celestes terem personalidade, fazem parte do dia a dia humano desde o inicio dos tempos, triste é não se encantar com esses objetos que dão beleza ao céu e nos convidam a eterna curiosidade.

  10. Caro Mensageiro.

    Sou um admirador incansável quando o assunto é UNIVERSO, cujas dimensões nos mostra o tão insignificantes que somos, mas que de qualquer forma mexe com nossa imaginação dada as maravilhas existentes acima de nossas cabeças.
    Admiro o seu relevante trabalho e te desejo um forte abraço.

    Francisco.

  11. Ciência – (2015): “Cada estrela tem sua própria personalidade”
    Coríntios 15:41 – (2000 atrás) : “…porque até entre estrela e estrela há diferença de esplendor”.
    CIÊNCIA SEMPRE ATRASADA

    1. Permita-me discordar. Primeiro porque a ciência não descobriu isso em 2015, apenas eu escrevi o texto em 2015. Segundo que você está pegando o título e se esquecendo que ele é só o resumo, e o conhecimento na verdade está nos detalhes. Puxe aí uma citação bíblica que diz que as estrelas vivem tão mais quanto menores são, ou que explodem violentamente quando são grandes demais. Ache essa citação e aí podemos concordar que a ciência meramente corroborou o texto bíblico. Por outro lado, se você não achar, vamos combinar que você terá de admitir que a ciência está, no mínimo, adicionando muita informação que não está disponível na Bíblia. Fechou? 🙂

      1. Salva, deixa pra lá!
        Carl resumiu bem:
        “Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.”

        Abraço e siga em frente! Não desista! hahaha

    2. Quando as pessoas há 5.000 anos atrás olhavam para o céu cheio de estrelas, percebiam q cada uma brilhava com sua própria intensidade, em outras palavras, com seu próprio esplendor. Só isso e nada mais q isso.
      Pessoas há 10.000, 3.000, 2.000, 1.000 viam sempre a mesma coisa.
      Eles não sabiam de forma alguma o que era uma estrela, foram necessários séculos de estudo e dedicação para o homem descobrir o que é de fato uma estrela.
      A Bíblia não antecipou nada desse assunto, além do mais, a Bíblia é um livro q trata da relação de Deus e o homem, e não de ciências naturais… os autores dos livros da Bíblia ficariam horrorizados ao verem seus livros tão mal interpretados por esses tipos de leitores modernos.

  12. bom dia
    eu me considero evolucionista e por isso tenho certeza que o criador do universo foi o big bang.
    mas tenho uma interrogação quanto ao processo da grande explosão.
    se o b ig bang foi uma explosão somente para frente onde caminha nossos sistemas ou foi no sentido dos 360 graus, onde pode existir outos sistema.
    aguardo resposta
    saudações

    1. Baldiceno, meio confusa sua pergunta. Mas o Big Bang não foi uma explosão convencional. Foi a expansão do próprio espaço. Então, não há um centro identificável. O espaço se expandiu em todas as direções.

      1. Olá Salvador, permita acrescentar: a teoria da explosão primordial – Big Bang – é o resultado de estudos da mecânica quântica profunda que fez lupa para questões bastante únicas intervindo no conhecimento do seu tempo. Vale lembrar que esta “foto” do evento é pictórica não nos cabendo dizer como e quem realmente acendeu o fósforo

        1. Melhor dizer “como e o que acendeu o fósforo”, já que nada existia naquele momento, apenas a singularidade.

    2. “eu me considero evolucionista e por isso tenho certeza que o criador do universo foi o big bang.”

      O que uma coisa tem a ver com a outra mesmo?!?!?

      1. Eu, acho que o que ele quis dizer é que não acredita em deuses. São coisas separadas e ambas contrariam as religiões.

        1. Sim, eu entendi. É que as pessoas normalmente acham que a Teoria da Evolução explica o Big Bang, o que sabemos que não é verdade. Botam tudo num mesmo “panelão”.

          😉

      2. O inteligencia rara, não esqueça que você tem uma foto grudado no s. do Salvador, que mesmo se escondendo nos eus é conhecido,

    1. Constelação do Altar (Ara). Altair, a estrela, fica na constelação da Águia. 😉

  13. Bom dia!

    Uma coisa que eu tento, mas não consigo conceber, é a ideia do tamanho que tem uma nebulosa como a mostrada nesta imagem!
    Lembro-me de um episódio de Jornada, em que a nave Enterprise “contorna” uma nebulosa… ficção à parte, por algum tempo a ideia que alguma nave pudesse se esconder numa nebulosa ficou em minha mente…
    Salvador, vc saberia dizer que tamanho teria a massa de gás e poeira que formou o sistema solar? Ainda existe algum resquício desta nebulosa em nossas vizinhanças?

    abs,

    1. Não existe nenhum resquício. Uma vez que o Sol “acende”, o vento solar dissipa o gás. O que os planetas gasosos conseguiram pegar, pegaram, o que não conseguiram se dispersa pelo espaço…

    2. Sou fã de Jornada nas Estrelas, mas não creio que se veja a maioria das nebulosas de perto.

      Como escreveu uma vez o escritor J.P.Cuenca na Folha: “A neblina é um pouco como a felicidade, só se vê de longe, nunca de dentro”.

    1. Não sei se menos mentirosa, que acho um termo forte para atribuir aos demais, mas provavelmente seja a mais perene. Na semana que vem, esse texto continuará atual. 😉

    1. O Sol é branco, mas é classificado pelos astrônomos como uma anã amarela porque é onde ele se encaixa na distribuição espectral das estrelas. E o tom amarelado que vemos no céu tem a ver com o espalhamento da luz na atmosfera da Terra. No espaço, o Sol é branco.

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