Astronomia: Marte e a saga dos mundos habitáveis
A Terra pode até parecer hoje um planeta top no Universo, mas Marte já foi a cara dela no passado.
SER OU NÃO SER
Uma olhadinha por aí leva a pensar que estamos no único planeta de fato hospitaleiro a orbitar o Sol. Mas uma volta no tempo nos faria mudar de ideia. A escala da vida humana é pequena demais para que nos apercebamos de que planetas em geral não são habitáveis — eles estão habitáveis.
BOLA DE NEVE
A Terra, por exemplo, já teve seus maus dias. Retroceda 650 milhões de anos. Há evidências de que o planeta praticamente todo se congelou por essa época. Uma imensa bola de neve, mais parecida com as luas geladas de Júpiter do que com nosso mundo atual. E a vida se limitava a microrganismos.
A GRAMA DO VIZINHO
O desértico Marte, por sua vez, parecia um oásis para a vida 4 bilhões de anos atrás. Cientistas da Nasa conseguiram, por meio de observações telescópicas, investigar o ritmo com que o planeta vermelho perde sua água para o espaço. Assim, puderam estimar quanto dela já existiu por lá no passado.
OUTRO PLANETA ÁGUA
Marte provavelmente já teve um oceano respeitável, com profundidade superior a um quilômetro, em seu hemisfério Norte. Ele começou com atmosfera densa e temperaturas amenas, mas, com o passar do tempo, graças ao seu porte menor, foi perdendo tudo isso.
SINAIS DO PASSADO
Hoje, temos apenas as cicatrizes que os fluxos líquidos deixaram sobre sua superfície. É um deserto seco. Água, ainda há de monte — mas só como gelo, no subsolo e nas calotas polares.
E VIDA?
Com um passado tão hospitaleiro, Marte pode ter abrigado vida? Possivelmente. Mas até agora não há evidências conclusivas. De toda forma, o que sabemos pelo exemplo terrestre é que, uma vez que a vida aparece, é difícil exterminá-la. Nem quando nosso planeta congelou ela sumiu. Talvez, portanto, ainda existam umas bactérias marcianas por lá para nos contar sua dramática história evolutiva.
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
Toda vez que leio sobre o passado habitável de Marte, sinto uma tristeza profunda, um oásis para a vida se tornou um inóspito planetinha vermelho. O mesmo digo de Vênus que teve um passado também promissor. Imagino que aventurar teríamos hoje se Marte e Vênus continuassem habitáveis, já teríamos apressado a colonização destes mundos. Ou na pior das hipóteses teríamos sido colonizados por marcianos ou venusianos, mas não deixo de pensar o quão maravilho seria esse intercambio interplanetário, desde que não resultassem em guerras entre mundos.
Oi, Salvador, adoro tudo isso! A especulação dá asas à imaginação! Gostaria de saber uma coisa, na semana passada, dava pra ver 2 planetas perto da lua cerscente, quais eram?
Um abração, Mara.
Vênus e Júpiter. Eles estão se aproximando e devem ficar bem pertinho um do outro amanhã! 🙂
Há algumas mentes “sábias” caro Salvador, que por idiossincrasia religiosa, vive em pleno século XV: a Terra plana, o Sol e o restante do Universo “girando” em torno dela e nós, claro, produtos únicos. O resto é só um “cenário” onde nada de importante acontece. Essa visão “sábia”, que rejeita qualquer visão copernicana, congelada no ideal que lhe convém, parece mais com a de uma bactéria, que se sente a razão de ser do grãozinho de areia que habita, sem perceber que ele faz parte de uma imensa praia. É lamentável como algumas mentes são tolhidas por esse princípios retrógrados. Quanto a Star Trek, a “mente brilhante” demonstra um conhecimento abissal sobre o que foi e o que representou para a sociedade americana dos anos sessenta sua exibição, tratando de temas tabus. Além de ampliar a visão dos telespectadores com tais temas, revolucionou a ficção-científica, que como já disse, alguns preferem ignorar devido a algum problema de cognição que faz seu “mundinho” ser bem limitado. Tenho certeza que passará pelo tempo sem qualquer relevância.
Muito interessante o fato dos planetas, estarem habitáveis, e não serem habitáveis. Seria algo como um princípio temporal “copernicano”. Não haveria uma época “privilegiada” para abrigar a vida. Há épocas e fases favoráveis à vida no Cosmos, inclusive dentro do mesmo sistema planetário. Além da Terra já ter tido seus dias ruins, também não sabemos sobre suas condições de habitabilidade futuras.
Sabemos que em 1 bilhão de anos vai ficar tipo Vênus. Bem ruim. 😛
Li na Scientific American Brasil (desculpe não ser mais específico do que isso, mas não consegui encontrar a referência) um artigo sugerindo que esse prazo pode ser bem menor, cerca de 300 milhões de anos. Segundo o estudo, o Sol estaria cerca de 10% mais quente até lá, inviabilizando o atual modal da bioesfera.
Há fases. Então, em 500 milhões de anos, a temperatura seria tal que vida macroscópica como a nossa não seria possível. A Terra voltaria à época das bactérias. Em 1 bilhão de anos, temos o ressecamento completo do planeta, à la Vênus, e aí não tem mais jeito nem pra extremófilos, salvo talvez aqueles nas profundezas do solo.
Puxa… Tão pouco tempo 🙁
Sei que milhões de anos é muito tempo, mas 300 – 500 milhões para o fim da vida macroscópica aqui na Terra é triste de pensar, é uma janela muito pequena para uma maravilha tão grande da natureza.
Calma. A gente logo sai daqui e se espalha por outros cantos. 😉
Falando em Marte q fim levou aquela sonda Indiana q está orbitando sua atmosfera? Ainda tá funcionando ? Ela enviou mais fotos ? Por que não houve mais nenhum cometário a respeito ?
Tá funcionando. Não houve mais comentário porque não publicaram resultados científicos ainda.
Você teria alguma previsão de quando será publicado isso ? A agencia espacial Indiana diferente da Nasa não divulga nenhum tipo de calendário para expor os resultado de suas missões cientificas ?
A rigor, nenhuma delas trabalha com calendário. Depende de pesquisadores pegarem os dados, interpretarem, escreverem um artigo, o artigo passar por revisão por pares e finalmente ser publicado numa revista científica. O que a Nasa faz é muitas vezes atropelar esse processo e divulgar coisas diretamente em entrevistas coletivas, antes de publicar os resultados. Mas mesmo a Nasa não faz isso com muita frequência, exceto num momento de hype por algum feito espetacular de alguma missão.
Isso traz-me a memória o velho (1950) mas sempre actual Paradoxo de Fermi . Mas isso leva-nos a alguns aspectos a ter em consideração, e se juntarmos os argumentos do “Juízo Final”, de que civilizações tecnológicas geralmente, ou invariavelmente, destroem a si mesmas antes ou pouco depois de desenvolver tecnologias (então fico a rezar para não encontramos nada), ou, a vida inteligente tende a destruir as outras (aqui é melhor ficarmos quietos)! O que nos custa é sentir infinitamente sós!
Paradoxo de Fermi e teoria do grande filtro. Marte não passou no teste do “grande filtro” . Nós sim, aparentemente, afinal a vida no nosso planetinha azul já sobreviveu a tantos eventos extintivos. O será que o “grande teste” ainda está por vir? A descoberta de vida em Marte, atual ou passada, traria importantes indicativos sobre a própria vida na Terra; ou se ela está na Terra e até quando… E tem gente que ainda questiona a importância de tais pesquisas.
Eu tenho um palpite. Em primeiro lugar, que a origem da vida é externa ao planeta. Talvez até acidental. Em segundo, que os planetas aqui da nossa zona habitável: Marte, Terra, Vênus tenham sido “contaminados” pela vida microscópica, porém só a Terra, por motivos absolutamente aleatórios, “jogo de dados”, conseguiu desenvolver vida tecnológica, e ainda por cima humana. Olhando para o passado, o registro fóssil, a impressão que tenho é que não deveríamos estar aqui no topo da cadeia.
Aliás, por conta disso, também, tenho um outro palpite alternativo. Que o homem é um ser predatório, perigoso, e que faz parte de um experimento levado a cabo num canto isolado da nossa galáxia por uma civilização mais avançada. Talvez tenham perdido o interesse. Não podemos culpá-los!
Ai, ai…que tédio! Novamente essa conversa pra boi dormir. Escuto essa conversa sobre os “microorganismos marcianos” há uns 20 anos. Me recordo claramente quando o ex-presidente Bill Clinton classificou a “descoberta” do rochedo ALH84001 como a “maior de todos os tempos”…A falácia foi posteriormente desmentida de maneira contundente.
Oceanos subterrâneos, temperaturas amenas e outras bobagens sobre Marte serão, em breve, refutadas pelos fatos – para desespero dos incautos adoradores de Star Trek…
Apolinário, às vezes é difícil até mesmo detectar vida inteligente nos comentários… imagine detectar vida bacteriana em outro planeta?
Sem dúvida! Os meus comentários são um oásis de sabedoria em meio à uma profusão de tolices…
Huahuahuahua, boa!
Apolinário, resposta digna de uma mente brilhante e sagacidade acima da média, parabéns.
Huahuahuahua, cada vez mais engraçado! 🙂
Realmente,
Dá pra dar boas risadas com os comentários do Apolinário. Porque só levando na brincadeira mesmo.
Negar o grande esforço realizado por cientistas de várias épocas para incrementar o conhecimento humano apenas por afirmar que tudo isto já está escrito em um livro, é não respeitar nossa índole curiosa. É querer nos manter na idade média.
Apolinário, você é um matemático, impossível não ler esse texto do Salvador e não perceber que é, realmente, factível a hipótese de ter havido vida em Marte há centenas de milhões de anos e não compreender que a vida na Terra está sujeita às mudanças ambientais por causas cosmológicas (mudanças no Sol) e, portanto, é efêmera em termos da eternidade…
Essas conclusões se baseiam em fatos científicos, nada mais, nada menos.
Pense um pouco, abra a sua mente!
Hipóteses ou fatos científicos? É melhor decidir-se.
A hipótese de vida em outros planetas é baseada em fatos científicos observados na Terra.
A vida extraterrestre deixará de ser hipótese no momento em que for de fato observada, se for observada, é claro.
Satisfeito?
Radoico,
Não perca seu tempo. A primeira atitude de quem não tem argumentos é tentar desacreditar o interlocutor, tirando o foco do assunto em debate. Foi exatamente o que o amigo fez. Tentar mudar a mente desta turma é totalmente improdutivo. Infelizmente temos muitas pessoas assim aqui no Brasil e isto é parte da causa de nossa estagnação tecnológica.
Fatos científicos observados na Terra dizem respeito somente a ela, que é única.
oswaldo, o universo tem as mesmas leis da Física e os mesmops materiais, não diga bobagens só para provocar.
Ai, ai…que tédio! Novamente essa conversa pra boi dormir. Escuto essa conversa sobre os “deuses” terrenos há uns 30 anos. Tão cheios de sabedoria, baseados na fé, fé essa que não ajudou em nada o mundo, não criou vacinas, remédios, não melhorou nossa expectativa de vida, não levou o homem à Lua, muito menos explicou o que só ela, a fé, é capaz de fazer: envolver o homem em um manto de medo, burrice e primitivismo.
Oceanos subterrâneos, temperaturas amenas e outras MARAVILHAS sobre Marte JÁ SÃO PROVADAS pelos fatos – para desespero dos incautos adoradores de SERES MITOLÓGICOS, como deuses e demais subterfúgios para os que morrem de medo de sair da caverna.
“..Ai, ai…que tédio! Novamente essa conversa pra boi dormir. Escuto essa conversa sobre os “deuses” terrenos há uns 30 anos. Tão cheios de sabedoria, baseados na fé, fé essa que não ajudou em nada o mundo, não criou vacinas, remédios, não melhorou nossa expectativa de vida, não levou o homem à Lua…”
Sabia que a igreja patrocinou as primeiras experiências científicas, sendo os clérigos os primeiros cientistas? E que as grandes navegações, além de financiamento da igreja, contava com tecnologia oriunda do islã?
“… muito menos explicou o que só ela, a fé, é capaz de fazer: envolver o homem em um manto de medo, burrice e primitivismo…”
Sério que você acha que só a fé é que provoca medo, burrice e primitivos? Seu comentário prova que pelo menos o segundo item não é exclusividade da fé. Um homem com uma arma na mão provoca medo, e isso não tem nada a ver com a crença em poder divino. Burrice é provocada pela fé? Já viu a lavagem cerebral que fazem alguns partidos políticos, inclusive naqueles que se dizem ateus? Se a explicação “É assim porque Deus quis provoca burrice”, a “É assim porque foi provado pela ciência” pode produzir o mesmo tipo de desinformação. E devia estudar história, para saber que alguns grupos escolhem não evoluir, não por qualquer influência divida, mas por acreditarem que serão melhores assim.
Você foi tentar rebater um comentário impróprio, pedante e produziu o mesmo tipo de ignorância, mas de sinal trocado. Isso prova que o monopólio da inteligência reivindicado geralmente pelos ateus não é tão abrangente assim.
Cuidado com as generalizações, e tente estudar um pouco mais antes de repetir os chavões que você vê por aí. Você está sendo um crente, mas trocando de divindade e inexplicavelmente se achando superior aos primeiros. Estranho…
As religiões vivem disso: de vender ilusões sobre uma pós-vida e de aterrorizar a quem não lhes obedecer com castigos “eternos”…
Caro palmeireinse, obrigado pela resposta, primeiramente parabéns pela vitória de ontem. Meu time também ganhou, por acaso.
Eu acredito nos fatos, não em contos-de-fada.
Acredito nas provas, e até hoje religião alguma nunca provou nada.
Sim, eu sabia tudo disso, aliás, a ciência criada nos países hoje islâmicos é anterior à Maomé. Nem vou tocar no assunto religião-patrocinadora do ódio. Vide Estado Islâmico, Cruzadas, etc.
Sim, utilizei chavões, não os desconsidere, inclusive os que vc utilizou, pois são termos e definições que marcam tua (nossa) mente e o utilizamos por acreditarmos nas verdades contidas nos mesmos.
Quando um filho meu estiver doente, não vou rezar, por que sei que não adiantará nada. Prefiro usar o que a ciência me deixou à disposição.
Ah, e não sou ateu. Apenas ninguém me provou nada do que as religiões pregam. Já a ciência…
Quem quiser viver de fé, que viva.
– “Oceanos subterrâneos”: ninguém falou que existe em Marte (vc q inventou ou leu nesses sites de conspiração), é falado em água congelada em camadas subterrâneas.
– “Temperaturas amenas”: quando se diz isso, se fala de um passado longínquo ou num futuro distante. É só saber interpretar os textos.
– “E outras bobagens sobre Marte serão, em breve, refutadas pelos fatos”: não são bobagens, são fatos sobre Marte comprovados pelas pesquisas.
Antes de criticar, tem de saber ler e interpretar. Isso é um fato.
A vida é uma expressão da matéria. Vamos encontrar vida em muitos lugares.
Concordo 100%. E não é porque eventualmente não haja mais vida em Marte que não possa haver em outros corpos celestes.
Novamente, Apolinário pira!
É duro ir contra a realidade, especialmente quando ela se mostra mais receptiva à vida extraterrestre a cada dia que passa.
Se a vida na Terra levou uns 4 bilhões de anos para aparecer, penso que Marte levou um tempo bem menor para se tornar o que é hoje e portanto não deve ter tido tempo suficiente para formar vida, ou pelo menos vida mais complexa do que a de microrganismos.
A vida não levou 4 bilhões de anos pra aparecer. Na verdade, apareceu em “apenas” uns 600 milhões de anos depois da formação da Terra. Mas permaneceu microscópica por vários bilhões de anos.
Quis dizer coexistência entre os vizinhos.
Pensei exatamente o mesmo que você! Já imaginou vida inteligente em Marte paralela à nossa na Terra?
E o único motivo para que isso não tenha ocorrido é a história ambiental nos dois planetas… Três, se levarmos Vênus em consideração.
Pode ser que viemos de lá. Encontrar registros arqueológicos seria lindo. Uma pena a cronologia cósmica não permitir a consistência entre os vizinhos.
Salvador, bom dia!
Falando em Marte… vc viu uma imagem que circulou semana passada sobre uma suposta pirâmide? A notícia diz que a NASA divulgou a foto. Sabemos que muitas delas são geradas pela sombra, alguns formatos podem ser apenas coincidências sendo gerados ao longo do tempo, que nossa mente tende a associar a formatos que conhecemos e etc… Acredita que seria mais um destes casos?
Abraço!
Com certeza mais um desses casos. Escreverei proximamente sobre isso. 😉
Como o Eu nos ensinou, é Pareidolia!
Salvador, no presente temos milhões de teorias sobre o nosso mundo, o universo e sua formação. O que nos leva a crer podermos afirmar, ou pelo menos teorizar, que há milhões de anos existiu um éden em Marte, que eramos uma bola de gelo? Não conseguimos nem saber , com certeza, ocorrências no nosso mundo há mais de cinco mil anos.
Diversos métodos, em Marte como foi dito na matéria calcularam quanta água tinha no planeta depois de saber quanta água o planeta perde depois de visualizações por telescópios, na terra temos a Paleoclimatologia onde descobrimos como era o clima de milhares a milhões de anos estudando Geleiras, Rochas, Arvores petrificadas, corais e radiometria.
E você continua acreditando em tudo isso?
Negar é que não é o caminho mais inteligente.
Não preciso acreditar, isso se chama evidência por um motivo.
Recomendo o episódio de Paleoclimatologia da Univesp TV que tem participação do Salvador. Ta no Youtube.
🙂
Não é acreditar, é saber. Eis um exemplo: sabemos que a idade do planeta Terra é de 4,56 bilhões de anos graças ao esforço herculano e comovente de Clair Patterson, lá nos idos dos anos 50, que em sua busca por amostras livres de contaminação por chumbo não só o levou a descobrir a idade do nosso planeta, mas também levou ao banimento do uso de chumbo nos combustíveis.
Claro, você é livre para duvidar desse resultado, mas se pretende alardear que isso não é uma verdade, você seria muito mais convincente se fizesse uma faculdade de geologia ou química e conseguisse comprovar que Patterson cometeu algum erro em seu estudo.
oswaldo, há muitas certezas sobre o que aconteceu no mundo há cinco mil anos, cinco milhões de anos, quinhentos milhões de anos…
mas também muitas incertezas