Astronomia: O elo perdido

Salvador Nogueira

Nós temos essa mania de classificar as coisas. Mas, convenhamos, o Universo não está nem aí para isso.

OGLE-2013-BLG-0723: Sol-planeta-lua ou sol-anã marrom-planeta? (Crédito: Caltech)
OGLE-2013-BLG-0723: Sol-planeta-lua ou sol-anã marrom-planeta? (Crédito: Caltech)

TRÊS GUARDA-CHUVAS
Qual é a diferença básica entre estrelas, planetas e satélites? A primeira categoria, que inclui o Sol, reúne os astros que têm luz própria. A segunda é feita de objetos quase esféricos, sem luz própria, que giram em torno de uma estrela e são dominantes em sua órbita – como a Terra. A terceira, que inclui a Lua, consiste em objetos que orbitam planetas.

FAÇA-SE A LUZ
A luz própria das estrelas depende de quanto gás ela conseguiu reunir durante sua formação a partir de uma nebulosa. Se há massa suficiente, a pressão interna atinge um ponto em que os átomos de hidrogênio começam a grudar uns nos outros. A energia gerada no processo é o que “acende” a estrela.

ABORTOS ESTELARES
Há casos, contudo, em que a quantidade de gás reunida é insuficiente para o “fiat lux”. Temos aí uma espécie de feto estelar abortado, conhecido como anã marrom. Depois que esfria, ela se parece mais com um planeta gigante gasoso, como Júpiter, do que com uma estrela.

FORMAÇÃO DE PLANETAS E LUAS
Tanto estrelas bem-sucedidas como suas versões abortadas produzem discos de gás e poeira no seu entorno, que dão origem a planetas. A Terra nasceu do disco que se formou em torno do Sol. Planetas grandes também geram luas pelo mesmo processo.

UM “ELO PERDIDO”
Agora, dê uma olhada no sistema recém-descrito pelo grupo do astrônomo polonês Andrzej Udalski, a 1.600 anos-luz da Terra. É um objeto com 70% da massa da Terra orbitando um objeto com 30 vezes a massa de Júpiter, que por sua vez orbita uma estrela com 10% da massa do Sol.

E AGORA?
Identificado pela sigla OGLE-2013-BLG-0723, o sistema desafia classificações. Seria uma lua orbitando um planeta em torno de uma estrela? Ou um planeta em órbita de uma anã marrom ao redor de uma estrela? O Universo não se importa com nomes…

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Comentários

    1. Valeu, Radoico! Espero que os elogios cheguem ao topo da cadeia alimentar…. Hehehe

      1. Chegam, sim! Nesta semana, ou na anterior, vi uma carta no Painel do Leitor. Eu mesmo escrevi uma a eles, na primeira semana, mas não publicaram. Outras devem estar chegando.

        Veja, a coluna se encaixa perfeitamente ao caderno Ilustrada, que traz entretenimento e cultura. Por mim, será eterna como a seção de astrologia.

  1. No nosso sistema solar as massas são
    Sol=330.000 Terras
    Júpiter=317 Terras

    Um objeto com 30x a massa de Júpiter equivale a 9500 Terras e um objeto com 0,1 a massa do Sol equivale a 33.000 Terras, ou seja, o Sol do novo sistema ainda é mais de 3 vezes maior que o planeta, mas talvez já desse para pensar em um sistema binario

  2. Na realidade estamos todos engatinhando a respeito de conhecer o Universo….Amanhã aparece uma novidade e tudo o que pensávamos que sabíamos cai por terra….Mas tudo tem que ter um começo, né ???Já avançamos bastante em relação a 50 anos atrás…..Nunca imaginamos que nós pobres mortais iríamos um dia discutir sobre planetas, planetoides, energia luminosa, energia escura, matéria luminosa, matéria escura, etc…com nosso querido Salvador…….

  3. Analizem o evento que está por vir ,a anã-marrom(Nibiru)já está voltando,2019/2020.A rotação deste astro com seu sistema próprio é de aproximadamente 330.000 Km/h . (muito rápido e pelo enorme tamanho produz um campo magnético descomunal para as proporções do sistema solar.)A velocidade de Afélio é cerca de 274.000 Km/h e a de Periélio de 1.100.000 Km/h. São velocidades que desafiam quase todos conceitos de astronomia em nosso sistema solar,que desfrutava de uma regularidade impar nos ultimos milenios ,segundo estudos recentes.(observem os acontecimentos geológicos,climáticos e astronômicos!! É a terra que estará no mesmo lado da passagem,e não a Héstia;o outro Planeta que orbita na mesma posição nossa,só que opostamente,por isso havera contatos de seres de outros “mundos” para nos auxiliar. a duração será de 90 dias(clímax)).(a chance de isso tudo acontecer é de 80//20)

      1. Nossa!!! Probabilidade >1??? Pode isso Arnaldo? Ou será que ele tá falando na Lei de Pareto?
        Se 80% das pessoas acreditarem em mim, há 20% de chance de eu não ser esculachado… kkkkkkkk

    1. Quem passou essas informações ? Vaticano? Nasa? A Anã-marrom está agora no Cinturão de Kuiper.Somente em dois anos, para que se confirme o que relatou.

      1. Se houvesse uma anã marrom no cinturão de Kuiper já teria sido detectada. O Wise achou anãs marrons a 5 anos-luz de distância… 😛

        1. Sr. Salvador Nogueira,com todo respeito; é a Nasa quem controla as informações do Wise.

          1. Não, a Nasa abriu o banco de dados. É público. Os estudos são feitos por pesquisadores independentes. E que vantagem a Nasa teria em esconder descobertas nos cafundós do Sistema Solar? 😛

      2. Se daqui a 2 anos aparecer uma anã marrom nos termos que você está falando, vou ser o primeiro a voltar e dizer que estávamos todos errados.

        Porém se NÃO aparecer, vou ser o primeiro a voltar aqui e te mandar um belo

        CHUUUUUUUUUUUUPA.

        Combinado?

        1. Reparou que ele falou numa tal de Héstia, que fica oposta à Terra em relação ao Sol?

          Sinceramente, tem gente que acredita nisso, depois de 50 anos de exploração do Sistema Solar?

  4. Acho que esse é um problema que o universo não se importa em deixar para que a humanidade responda. Parece que esse é mesmo o nosso papel. Dar nome às coisas. Não é Salvador? E acredito que tão logo encontremos uma classificação aceitável, seremos desafiados com outra descoberta que vai balançar tudo de novo. Vivemos mesmo em uma era dourada de descobertas. E olha lá a New Horizons chegando!!!

  5. É isso mesmo, o universo, a não ser pela Terra, nem sabe que existimos com nossas classificações e paradígmas.
    Ele está ai revolto, quieto, incontrolável e nós tentando explorá-lo de forma ainda incipiente.
    Nem da via láctea conseguimos sair e arriscamos contar quantas estrelas e outros elementos existem.
    O tempo, na minha concepção, não existe.
    O universo está ai, sempre esteve e sempre estará e nós estamos aqui somente de expectadores exploratórios apenas para aplaudir.

  6. Creio que a mesma dúvida valeria para um planeta orbitando uma anã-marrom solitária. Talvez, num futuro próximo, seja necessário uma nova nomenclatura para estes tipos de astros, como ocorreu com o planetóides (Ceres e família). Ex. Planetas-marrons, ou algo que dê a ideia clara.

  7. Sem dúvida! As classificações ajudam mas não cobrem todas as variações possíveis. Mas são importantes para normalizar os debates. Tudo depende da aceitação de cada classificação proposta.

  8. Putz, se não estiver errado, um planeta com quase 30% da massa da estrela? Nesse caso,seria uma estrela marrom? Um sistema binário com um planeta? Se o planeta tipo Terra estiver bem próximo da estrela marrom (ou super planeta?) pode até receber calor suficiente, seja por irradiação, seja por efeito maré. E essa estrela marrom é um monstro, é como uma luazinha menor do que Ceres orbitando Júpiter para efeito de comparação… O Universo nem está ai para nomes, nem para autênticas surpresas!

    1. Na minha opinião, seria uma lua orbitando um planeta orbitando uma estrela. Isso porque esse sistema funciona exatamente como o nosso, só que com uma dimensão muito maior e com só um planeta e uma lua em órbita da estrela, é claro. Eu sou leigo nesse assunto, então me perdoe se eu estiver dizendo alguma besteira.

      1. Sim Paulo, definições são definições, pode ser que esta “lua” (satelite) fosse na sua origem um planeta rochoso menor capturado, mas HOJE, é um satelite. E pronto. Existem insetos de décimos de milionésimos de gramas e insetos com peso em dezenas de gramas, mas são insetos, é uma questão, bem colocada, de escala…

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