Brasil foi oitava maior audiência da Nasa no dia do sobrevoo de Plutão

Salvador Nogueira

Adivinhe qual país produziu a oitava maior audiência no site da Nasa no dia em que a sonda New Horizons fez seu histórico sobrevoo de Plutão? Brasil-sil-sil-sil!

pluto-flag-brazil

É o que dizem as estatísticas divulgadas pela agência espacial americana. De cerca de 5,7 milhões de sessões de visitação iniciadas no site da Nasa no dia 14 de julho, os líderes na audiência naturalmente foram os Estados Unidos. Eles responderam por 43% do tráfego. Mas, veja você, o resto do mundo ganhou: 57%.

Depois dos Estados Unidos, tivemos, pela ordem, Reino Unido, Canadá, Austrália, Alemanha, Itália, Índia e Brasil nas oito primeiras colocações. Japão e Holanda fecharam o top 10.

Dos dez países no topo da lista, Brasil e Índia são os únicos que ainda se encontram em desenvolvimento. E mesmo entre esses dois a briga pela melhor posição no ranking de interesse espacial foi disputada. Enquanto a Índia gerou 94,4 mil sessões (2,26% do total), os brasileiros ficaram com 90,4 mil (2,17%).

Lembre-se: a Índia tem população seis vezes maior que a brasileira, e inglês é língua oficial por lá. O site da Nasa é praticamente todo em inglês, com modesto conteúdo em espanhol.

Lembre-se, parte 2: a Índia já colocou uma sonda em órbita da Lua e outra em órbita de Marte, tem vários foguetes lançadores de satélites e um programa espacial “bom e barato”, inspirador e do tamanho certo para seu país. O Brasil, por sua vez, acaba de desperdiçar meio bilhão de dólares num projeto malfadado para lançar foguetes ucranianos de Alcântara (dinheiro que daria para lançar sete sondas marcianas indianas), seu modesto foguete nacional lançador de satélites jamais realizou um voo bem-sucedido (muitos duvidam que um dia irá fazê-lo) e o país foi expulso da Estação Espacial Internacional depois de descumprir todos os prazos e obrigações envolvidos na parceria. (Para não dizer que o fracasso é total, fazemos aí uns satélites de observação da Terra em parceria com a China.)

PROJEÇÃO E SONHO
370-x-435-NASA-2-internationalA Nasa, é claro, está comemorando essas estatísticas todas. No momento do sobrevoo da New Horizons, a agência espacial americana captou 42% de toda a audiência direcionada a sites do governo americano. A hashtag #PlutoFlyBy ficou em segundo lugar nos trending topics do Twitter no dia 14. E a audiência produziu uma incrível propaganda em escala mundial.

“Nós atingimos praticamente todos os cantos do globo, com um punhado de exceções”, disse Jim Wilson, editor sênior do site da Nasa em artigo publicado no Digital.gov. “Estamos orgulhosos de podermos exibir esse incrível marco do programa espacial americano para os povos do mundo todo.”

Agora, se você quer saber uma coisa, esses números falam ainda mais sobre o Brasil. Eles mostram que, ao contrário do que o senso comum parece sugerir, nós somos um país com vocação espacial. Temos o interesse, temos a capacidade, temos o talento e a massa crítica de interessados. O que não temos? A liderança política.

Aposto que muitos jovens brasileiros viram o sobrevoo de Plutão e pensaram em como seria maravilhoso poder trabalhar numa missão como essa. Imaginaram a sensação de realização envolvida em produzir conhecimento, inovação, tecnologia e exploração, tudo ao mesmo tempo. Combinar os mais espetaculares sonhos de desbravamento ao esforço tecnológico que, a cada dia, melhora o nosso cotidiano, incrementa nossa economia e nos torna mais prósperos.

(Talvez não tenha ocorrido a você, mas é bem possível que tanto o computador pessoal como as câmeras digitais jamais tivessem sido criadas, se não fosse pela exploração espacial. Apenas um exemplo rápido que rebate o velho discurso “veja as criancinhas da África passando fome”. Bill Gates fez fortuna com computadores — herança da exploração espacial — e agora enche a barriga de muitas criancinhas na África. Quantas delas ele seria capaz de alimentar se a indústria da informática não existisse?)

Essa visão, essa inspiração, é o que países como os Estados Unidos alimentam desde o início da corrida espacial, mais de 50 anos atrás — não por acaso, os EUA são a maior economia do planeta. Veja o que disse Alice Bowman, gerente de operações da missão New Horizons, voz embargada, logo após receber o sinal de vida da sonda. “Não posso expressar como estou me sentindo de ter realizado um sonho de infância de exploração espacial. Estou muito emocionada nesse momento. Diga a suas crianças que elas façam algo pelo qual sintam paixão. Não faça algo por que é fácil. Faça algo por que você quer fazer. Dê a si mesmo o desafio.”

Alice Bowman, gerente de operações da New Horizons, após o sucesso do sobrevoo. (Crédito: Nasa)
Alice Bowman, gerente de operações da New Horizons, após o sucesso do sobrevoo. (Crédito: Nasa)

Quisera eu, o Brasil permitisse o sonho. Fico a imaginar toda essa molecada por aí projetando desafios como o de enviar uma espaçonave aos confins do Sistema Solar. Gente disposta a sonhar não nos falta, como as estatísticas da New Horizons já provam. Elas estão nos institutos de pesquisa, nas universidades, nas escolas. Hoje em dia, se a Alice Bowman brasileira quiser alguma coisa assim, ela precisa se inscrever no programa Ciência sem Fronteiras para fazer estágio na Nasa e então rezar para o governo não cortar a verba da sua bolsa ao primeiro ajuste fiscal que aparecer pela frente. É muito pouco para um país que ambiciona — e tem potencial para — ser protagonista no concerto das nações.

Nas estatísticas da Nasa, os brasileiros já aparecem em oitavo lugar, brigando com a Índia pela sétima posição. No tamanho da economia, já somos os sétimos. Por que ficamos tão aquém quando se trata de realizações no espaço? E pior: por que estamos satisfeitos com isso?

Lanço aqui um desafio: vamos nós, brasileiros, lançar, até o final da década, uma sonda capaz de realizar ao menos um sobrevoo da Lua?

O objetivo é um só: mostrar que podemos. E que podemos fazer isso produzindo ciência de qualidade e inovação pelo caminho. Inspirar a próxima geração. Permitir o sonho que nos é negado há décadas.

Tem gente no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais querendo fazer isso. (Otávio Durão, está por aí?) Tem gente na iniciativa privada querendo fazer isso. (Lucas Fonseca, está por aí?) Tem gente nos círculos acadêmicos querendo fazer isso. (Douglas Galante, está por aí?)

Custo? Com a tecnologia de cubesats, podemos realizar uma missão assim por cerca de US$ 10 milhões — coisa de R$ 32 milhões. O que estamos esperando? Quanto vale o futuro do Brasil? Até quando vamos esperar por ele? Eu sugiro, no máximo, até 2019.

(Ei, governo federal, tem alguém em casa?)

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Comentários

  1. Google chrome logo 666
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  2. Fui um desses que acessou ao vivo. Participei de tudo relacionado ao assunto naquela manhã fantástica e nunca vou me esquecer. Pensei sonhando extamente o que o autor descreve aqui: o quão bom seria se ao menos participássemos dessas conquistas de alguma forma. Fico menos triste por saber, que de alguma forma, as conquistas tecnológicas norte-americanas acabam beneciando a humanidade de alguma forma no futuro.
    Ainda sonho com nosso dia…

  3. Com muita certeza o Sr. Salvador Nogueira tem uma grande parcela de responsabilidade nessa audiência Brasileira!
    Parabéns e muito obrigado por fomentar o interesse de muitos(estou incluído aí) Brazucas!

  4. Eu não sou mais [tão] jovem, mas acompanhei a contagem regressiva com os olhos brilhando! Chamei o pessoal do trabalho pra ver e fiquei emocionada explicando o acontecimento.

    Eu queria muito ter ido pra faculdade e estudado Física, mas pra viver disso no Brasil eu teria que dar aulas e não era o que eu queria. Se soubesse que estaria num emprego estável hoje, talvez tivesse tentado.

    Salvador, obrigada pelo blog maravilhoso! Infelizmente, no momento, não posso assinar a Folha pra ler sempre suas postagens, mas posso comprar seus livros e pretendo fazer isso logo. 🙂

    1. Legal, Andrea. E lembre-se de que dá para ler até dez textos da Folha por mês gratuitamente, só com o cadastro.

    1. Eu fui checar na Wikipedia antes de postar. Mas como tínhamos passado o Reino Unido por pouco, é bem possível que, com a recessão, tenhamos mesmo voltado ao oitavo lugar.

      1. A grande coincidência é que, igual ao comparativo que você fez no seu post, a Índia também está na nossa frente.

        Mas diferente das estatística comentadas da NASA a diferença, economicamente falando, é enorme … quase 400 bilhões de dólares com base no câmbio do 1o semestre (que estava bem mais barato do que agora).

        Se falarmos do Reino Unido então a situação é bem pior, nem dá para fazer um paralelo, a diferença é de quase um trilhão.

        http://money.cnn.com/news/economy/world_economies_gdp/

  5. E tu sabe que tem participação importante nesses 90 mil ai né? 😉

    E não sabia que o brasil tinha sido expulso da iniciativa da ISS. Muito triste saber disso.

  6. A África é citada de vez em quando como exemplo de onde se deve aplicar dinheiro da exploração espacial. Mas alguns países africanos estão se juntando para criar um programa espacial para a África pois visualizaram o potencial da ciência para o desenvolvimento daquele continente.

  7. Não se esqueça que temos o nióbio, material que certamente esta difundido em diversas naves espaciais e jatos. Sem ele certamente a Nasa não poderia voar, dominamos mais de 90% de todo esse material. E mesmo assim, escravos ainda somos.

    1. Mas o Brasil, desde a colônia, sempre deu ênfase ao extrativismo. Ter a maior reserva de nióbio, ou ferro, ou pau brasil (na colônia) etc só serve para ser exportado a toneladas em troca de meia duzia de IPhones.

      Perdemos inúmeras oportunidades geradas pelas demandas brasileiras simplesmente por não fazermos o que a Alice Bowman falou e enfatizado pelo Salvador. Escolhemos sempre o caminho mais cômodo. Desafios tecnológicos não são nosso forte. Há exceções e a principal delas é a Embraer. Que paradoxalmente foi gestada nos mesmos corredores que nosso Programa Espacial.

  8. Um dia no futuro próximo estaremos também enviando naves espaciais 100% brasileiras para contribuir com o mundo na exploração espacial.

  9. Eu por enquanto fico no Kerbal. Ontem pousei uma nave com 2 tripulantes em “Mun” (a Lua do game), fiz pesquisas cienttíficas e retornei em segurança.

    Detalhe que consegui recuperar o primeiro estágio, assim como vem planejando a SpaceX.

    Será que a AEB me contrata? Eplo menos sou melhor que estagário haha

    1. Pô, não precisou mandar uma missão de resgate? E nem uma missão de resgate para resgatar a missão de resgate? Então você não jogou Kerbal… 😀

      1. Eu™, antes dessa missão aconteceu exatamente isso. Mandei um grupo de 3 astronautas, mas a nave não tinha combustível suficiente pra retornar. Aí mandei uma sonda para resgatá-los, com 3 compartimentos (1 para cada astronauta). Quando estava chegando na lua, percebi que tinha um kerbonauta dentro de um dos compartimentos… Aí não teve jeito, consegui resgatar somente 2, 1 ficou lá… coisas q acontecem no KSP (nunca é culpa de quem projeta e pilota as naves hahah)

          1. hehehehe.. em breve será a minha vez.. baixei a demo, no final de semana vou comprar! 🙂

            (sofri com os controles no início kkk, mas tá indo)

          2. Leandro, só espera um pouco que vira e mexe botam o jogo com até 40% de desconto… a não ser que não se importe em pagar o preço cheio.

          3. Hmm.. É uma boa. No Steam sempre tem essas promoções. Mas não sei se conseguirei resistir 😀

  10. Salvador, tem uma lista das utilidades de hoje em dia que vieram graças à exploração espacial?

    1. Ah, tem muita, muita coisa. Coisas que a gente nem imagina. Dê uma olhada no site spinoff.nasa.gov. Mostra algumas das últimas novidades nisso.

  11. Belo texto, Salvador! é de se destacar tb e para ressaltar esse numero de audiencia da NASA que, se não me engano, o Brasil é um dos países que mais formam astrônomos no mundo, e sendo uma das comunidades cientificas mais ativas no que tange a publicação de papers..

    É inegavel a pontinha de inveja que dá ao ver americanos e europeus na vanguarda das explorações, e China e India nos dando uma rasteira. A mediocridade parece que assola este país ao ponto que só o fato de ver o nome creditado de um brasileiro lá nas ultimas linhas de um programa bem-sucedido como equipe de apoio já é motivo de manchete e discuso acalorado de politicos oportunistas (não desmerecendo o trabalho do profissional, mas acreditando q poderíamos ser um dos protagonistas)..
    Numa conversa com meu pai, ele dizia que cresceu sob o lema “Brasil o país do futuro”, lembro-me tb que durante minha infancia nos anos 90 esse lema ainda era proferido lá no planalto.. Sob a mistica destas frase e ingenuidade de uma criança cresci sonhando q oportunidades não faltariam. Mas hj percebe-se com clareza q se o futuro não chegou foi por causa daqueles que gerem nossas finanças..

    Falta paixão nacional no Planalto, pq o povo brasileiro sonha grande. E a ironia é que este msm povo tem que enfrentar aqueles que deveriam os representar e apoiar.

  12. “Permitir o sonho que nos é negado há décadas”.

    E quem disse ao senhor que é esse o sonho do brasileiro? Você não está em condições de falar em nome do povo do Brasil. Está absolutamente claro que o nosso povo tem outras prioridades, deve sonhar com um país sem pobreza e sem corrupção.

    Ps: Com essa crise econômica que vem por aí, o programa espacial brasileiro vai pra cucuia…teremos sorte se sobrar dinheiro para comprar produtos básicos..

    1. Zeno, quem disse que é o sonho do brasileiro foram as estatísticas de interesse pela missão da Nasa. Oitavo país em acessos.

      Sobre a corrupção, só com o repatriamento de umas propinas já dava para pagar várias missões à Lua ou até a Marte. Que tal aproveitar que essa grana vai voltar e separar um cadinho para investir no nosso futuro?

      E talvez você não tenha lido o texto inteiro, mas para sermos um país sem pobreza, vamos ter de explorar o espaço. Porque tecnologia gera riqueza, e só riqueza combate a pobreza. Agora, tente acabar com a pobreza investindo só no agrobusiness baseado na ignorância e na exploração da mão-de-obra rural. Boa sorte com isso.

      1. Puxa: 90 mil gatos pingados, num pais com mais de 200MILHÕES DE PESSOAS, vão dizer quais são as nossas prioridades e os nossos sonhos? Risível.

        1. Não foram “só” 90 mil gatos pingados, Zeno. Foram 90 mil gatos pingados que falam inglês e foram até a fonte zero, o site da Nasa. Quantos milhões não acompanharam a missão por postagens nas redes sociais? Nos portais? A audiência do sobrevoo chegou aos milhões, pode ter certeza.

          E note que a poderosa Alemanha — que construiu um robô que pousou num cometa no ano passado — teve 122 mil “gatos pingados” (e a população alemã tem pouco mais da metade do tamanho da nossa, mas em compensação muito mais falantes de inglês).

          1. Caro Salvador, é de impressionar sua paciência com trolls. Sua resposta já está no próprio texto quando cita o Bill Gates. Novamente parabéns pelo blog! Exploração espacial é sim um sonho de vários brasileiros. Mas infelizmente sou pessimista quanto a isso. Sou professor universitário e vejo como, mesmo na academia, discursos de louvor à mediocridade como deste Zeno ganham mais adeptos que o apoio à ciência. Para que mandar uma sonda à Lua se com o mesmo dinheiro entrego um monte de bolsas a alunos que não merecem, ganho o apoio político de uma ruma de gente e ainda poso de caridoso?

        2. A sua resposta me parece preconceituosa. Falar inglês não é atributo de superioridade intelectual, é tentar desqualificar as pessoas no Brasil que não falam inglês mas que são trabalhadores, produzem, votam e tem opinião formada sobre muitos assuntos.

          Além disso, qualquer pessoa, falando inglês ou não, pode acessar sites de qualquer parte do mundo, principalmente um site como o da NASA.

          1. Não é preconceito. É um fato da vida. Visito poucos sites em russo ou em alemão, porque não falo russo ou alemão. (E não me sinto, com isso, diminuído.) Então presumo que a predisposição a acessar o site da Nasa tenha relação com o domínio da língua usada lá. Mas talvez você tenha o hábito de ler várias páginas em línguas que não conhece, só para ver se aprende por osmose, e eu é que sou o maluco. 😛

            Note como há predomínio de países de língua inglesa no topo da lista e vai perceber que não estou falando besteira. 😉

          2. Muitos visitariam o site da NASA acidentalmente, pois as matérias sobre o tema que circulam na Web, por exemplo, costumam fornecer o link para o site. Jamais li um artigo na Folha que fornecesse um link para um site Japonês ou Grego…

          3. Zeno, 90 mil cliques acidentais no Brasil então, contra 120 mil acidentes na Alemanha. Essa é a sua tese?

          4. Não. Digo apenas que você está superestimando esse número. Compreendo, em parte, esse seu comportamento. Afinal, o seu blog trata sobre o tema. Mas não é preciso exagerar.

          5. Não estou superestimando, Zeno. Oitava audiência global. Oitavo país do mundo em audiência no site da Nasa. Comparado à população brasileira é pequeno? É. Como é pequeno o número alemão comparado à população alemã, e mesmo o número americano (pouco mais de 0,5% da população). Agora, compare os 90 mil à audiência de um “ao vivo” de futebol do campeonato brasileiro na internet. Já não fica tão pequeno assim. E futebol, admitamos, é popular, não?

          6. Um número que só mostra que existem muitas pessoas no Brasil que gostam do assunto. Só isso. Jamais diria que a conquista espacial é um “sonho” brasileiro. Isso é um exagero. (a propósito, o número norte-americano é muito baixo para um país que investe muito em pesquisa espacial)

            Vou para por aqui pois a sua claque chamada “Eu” já veio atazanar. Tchau.

          7. OK, você achou que eu exagerei em chamar de “sonho”. Esta é a sua tese. Podia ter dito só isso. Mais fácil do que toda essa discussão.
            Agora, vos pergunto: pelo seu critério, existe algum sonho brasileiro? Certamente o sonho do traficante brasileiro é diferente do do engenheiro brasileiro, que é diferente do do jogador de futebol brasileiro, que é diferente do do operário brasileiro… ou seja, a expressão “sonho brasileiro” é um recurso retórico. Não existe nenhum “sonho brasileiro”, nem no espaço, nem em parte alguma. Apenas quis dizer que uma parcela significativa da nossa população se interessa por ciência e decerto muitos desses sonham em ver o Brasil permitir que essas coisas aconteçam por aqui também. Terminei mostrando que o custo pode ser bem modesto e não atrapalharia nenhuma “prioridade” nacional. Não tá bom para você?

    2. Zeno,

      Esta mania de ler o texto sem interpretar é decepcionante. Certamente, se não é sonho de muitos brasileiros um programa espacial sério, é decepção protagonizar os diversos vexames que já protagonizamos. Pelo menos para mim é. Tipo 7×1 que estamos tomando da China, Índia, Coreia e outros na área espacial.
      As autoridades que deveriam desenvolver um programa espacial à altura das necessidades do Brasil tiveram 60 anos para fazê-lo e infelizmente o fato mais marcante de nosso programa foi o acidente de 2003. Um programa espacial sólido não é luxo para um país de dimensões continentais como o Brasil e a audiência indicada pela NASA mostra que uma parcela da população não está alheia ao assunto. Você diz que não falar inglês não desmerece ninguém. Mas quando você vai a um intercâmbio universitário tipo Ciências sem Fronteira e logo em seguida é chamado de volta porque seu inglês não é suficiente para acompanhar os trabalhos, isto sim desmerece o Brasil. Mas você resolveu tomar as dores dos brasileiros que, acha, não sonham com um Brasil forte em ciências espaciais e se apegar a apenas uma frase e desqualificar todo o resto que foi dito. Lamentável.

      1. Não adianta Paulo. Esse “Zenao” é apenas um idiota, um asno que se diverte sendo mal educado com todos. Não tem opinião sobre nada. E quando opina, é só bobagem.

        KKKK

    3. ZENO, VOÇE É UM GRANDE BOSTA. NÃO SABE LER OU NÃO SABE INTERPRETAR UM TEXTO. E AINDA FICA ENCHENDO O SACO DE TODOS QUE AQUI ESTÃO. ÉS MAIS UM LIXO HUMANO. PORQUE VOÇE NÃO MORRE? IMBECÍL.

      1. Não, não é assim que faz. O contrário do amor não é o ódio, é a indiferença. Esqueça o Zeno. É o melhor.

  13. Não sei te dizer ao certo Salvador, o porque de nossas autoridades politicas ignorarem a importância da exploração espacial e da ciência em geral, mas sei que o comportamento deles e de boa parte da população é a de quem está pelo país de “passagem”, vieram apenas fazer a vida e voltar para a “Bela Itália”, ou qualquer outro país de seus avós. Esta teoria identitária (“A teoria do estrangeiro de passagem”) explica bem o tratamento que damos ao país desde tempos coloniais: ninguem veio aqui pra construir uma nação,é fazer a vida e ir embora, mas fomos ficando, e hoje estamos apenas sobrevivendo e amaldiçoando esta terra que nos foi imposta (sei que parece dramático mas é isso mesmo). Enquanto não assumirmos que estamos aqui em definitivo (e não esperando a sorte grande e fugir pra “zoropa”, como fazem alguns políticos e cidadãos, cujo maior sonho é conseguir aquele passaporte), jamais conseguiremos construir uma nação, que nunca fomos.

    1. Discuto exatamente isto num livro que escrevi a respeito. Na verdade Portugal só deu alguma importância ao Brasil quando mandou a família real pra cá em 1808. Antes disto o Brasil sequer tinha curso superior. Nossa primeira universidade é a de Manaus, fundada em 1909. Só para comparar, a primeira universidade americana é Harvard, fundada em 1636. 273 anos de diferença! E quanta diferença.

  14. Caro Salvador, apoio total e irrestrito de toda a galera que frequenta, sonha e aprende com seu blog!

  15. “Aposto que muitos jovens brasileiros viram o sobrevoo de Plutão e pensaram em como seria maravilhoso poder trabalhar numa missão como essa. Imaginaram a sensação de realização envolvida em produzir conhecimento, inovação, tecnologia e exploração, tudo ao mesmo tempo. Combinar os mais espetaculares sonhos de desbravamento ao esforço tecnológico que, a cada dia, melhora o nosso cotidiano, incrementa nossa economia e nos torna mais prósperos.”

    Salvador, disse TUDO! Deve ser do c@r@!ho trabalhar com isso!!!

  16. O deslecho governamental em investimentos na pesquisa e inovação tecnológica – isso não sei explicar.
    Mas um dos grandes culpados pela oitava posição na audiência da NASA com a New Horizons foi um tal de Salvador Nogueira! 😉

  17. Uma boa notícia por um lado, uma constatação de inércia no que se refere ao investimento em infraestrutura e desenvolvimento tecnológico. Temos que virar esse jogo se quisermos ser mais que uma república exploradora de commodities.

  18. Falam tanto sobre o tal sentimento “vira-lata” do brasileiro, mas como não ser? Nosso governo não faz nada para aumentar nosso orgulho, nossa estima… Investir em esporte, ciencia e arte faz muito bem para um nação, a India parece ter entendido isso, a China ja há algum tempo, quando nossas Exelências irão?

  19. Gostei do desafio proposto por vc Salvador.
    Seria possível criar um grupo para debater esse assunto?
    Vontade aqui não falta.

    Quem quer participar de um grupo de estudo desse desafio?

  20. Puxa, fiquei realmente emocionado com o post de hoje.
    Isso aí Salvador, somos uma nação com vocação espacial, mas sem direção. Estamos desgovernado.

    Me surpreendeu o custo de uma pequena missão espacial. Grandes feitos começam pelos pequenos, nessa ordem de grandeza já poderíamos ter um histórico espacial de encher os olhos.
    Mas enquanto tivermos apenas “cartolas” dando as cartas nesse assunto, estamos fadados em gastar muito dinheiro e não ver resultado… Os fatos provam isso.

    Deixem os profissionais da área e visionários tomar as rédeas, aí sim teremos resultados e poderemos enfim ver frutos dessa empreitada.

  21. Faço minhas as tuas palavras.
    Há tempos que vc me representa.
    10 (nota dez) para você, amigo Salvador.
    Sem mais comentários….
    Parabéns pelo teu maravilhoso trabalho.
    Abraços

  22. O nosso maior problema, Salvador, é como você disse bem, o político. Mas, o que ocasiona esse problema? É o não saber votar. A maioria não sabe votar por que? Porque, simplesmente, falta-lhe um direito essencial a todos: educação qualificada. Esse é o nosso maior defeito e nosso maior erro, um erro grosseiro e criminoso, que tira o sonho de gerações de brasileirinhos. Eu, como a maioria dos brasileiros, também tive um sonho, o de um dia ser astronauta e poder conferir in-loco, as maravilhas do universo e no entanto, eu como milhares, ficamos somente nos questionamentos e nas indagações. Parabéns pelo texto! Foi uma “cutucada”com luva de pelica nas autoridades.

    1. Essa historia de “saber votar” já virou mito e senso comum, os políticos que lá estão são a cara do povo brasileiro: só querem saber da propria sobrevivencia!

  23. Estão comemorando porque algum lucro estão tendo, e lucro material, desconheço alguma intervenção dos estado-unidenses que não vise vantagens.

      1. O Oswaldo a cada dia surpreende mais. Gostaria muito de saber como ele sobrevive sem algum retorno em troca do que faz, já que isso é coisa de “aproveitador”.

      2. Muito pelo contrário, conheço muito, é só acompanhar a história contemporânea.

    1. E por que não? Querer lucrar com algo – desde que licitamente – é o que impulsiona o ser humano para o progresso e desenvolvimento. Por isso o povo americano (estadunidense é igual a presidenta: coisa de esquerdinha ressentido) possui um alto padrão de vida. Pare para pensar: Se não fosse por causa do lucro, a América e o Brasil não seriam colonizados, não teríamos luz elétrica, internet ou mesmo algo básico como uma descarga…

  24. Sei que elogiar o Mensageiro Celestial é “chover no molhado”… mas PARABÉNS Salvador por mais um ótimo texto, expressando em palavras o sentimento que todos nós que gostamos de acompanhar a evolução da ciência e em especial as conquistas e descobertas espaciais, é um sentimento de empolgação pelos avanços que a humanidade vem alcançando em curto espaço de tempo e ao mesmo tempo indignação pelo nosso país não ter competência politica para ter um papel importante nestas conquistas…

  25. Besteira gastar tanto dinheiro com exploração espacial. Nós brasileiros o utilizamos para coisas mais interessantes, como a construção do estádio Mané Garrincha em uma cidade que não tem nenhum grande time de futebol.

  26. É triste imaginar que só com o custo das arenas de Manaus e Cuiabá, os maiores elefantes brancos pós-Copa (nem incluí o Mané Garrincha aí…), daria tranquilamente pra enviar essa sonda para a Lua…

  27. A Índia criou um programa espacial bom e barato, com custos reduzidos e com grau de sucesso invejável. Tanto o Brasil como a Índia apresentam desafios semelhantes a serem superados nas áreas sociais e assim como eles, temos um potencial incrível a ser explorado nas mas diversas áreas.

    A Índia é um pais que possui grandes bolsões de pobreza, uma desigualdade social gritante, muito por conta do regime de castas. Sem perder de vista que a corrupção por lá deve ocorrer num grau tão elevado quanto o nosso.

    Segundo dados do wikipedia 25% de população da Índia é analfabeta, apenas 15% dos estudantes indianos chegam à escola secundária e apenas 7% à pós-graduação. Assim como aqui, a qualidade do ensino é baixa.

    Não obstante todos os contras possuem o domínio da tecnologia espacial, nós não.

    Eles sabem que o programa espacial é a nata da produção científica e que a ciência gera frutos. De um jeito ou de outro a ciência que é produzida acaba sempre voltado em prol das pessoas, seja na industria, na economia, na geração de empregos, na redução de gastos ou simplesmente no bem estar e no conforto das pessoas.

    O que eu quero reforçar que as questões sociais são importantes e vitais, a própria educação, inclusive, mas a necessidade de investimento nas questões sociais não pode ser colocar como impedimento para o investimento pesado em ciência, uma coisa não excluiu a outra.

    Produzir conhecimento pelo prazer da descoberta. Isso é ter grandeza de espírito.

    Se pretendemos ser grandes e influentes, porque o Brasil ainda não tem um programa espacial bom e decente?

  28. Lindo texto Salvador, concordo plenamente com você! Temos potencial e mentes brilhantes em universidades por todo o país, e inclusive ‘exportamos’ muitas delas por não encontrarem aqui o suporte à pesquisa e inovação.

    Como eu um dia já fui, existem milhares de jovens e crianças que se maravilham com os ‘porquês’ do mundo. E o que eles precisam é de um empurrão na direção certa, estimulando sempre a curiosidade.

    Torço para um dia surgir uma Alice Bowman brasileira.

  29. Bom dia Salvador,

    A leitura do seu texto foi inspiradora, cheguei até mesmo a imaginar o mundo todo atento a uma missão brasileira, vendo o progresso e capacidade conquistada por nós, acompanhando os resultados do “nosso sobrevoo”, contudo, ao lembrar dos nossos representantes no Congresso Nacional e quem está hoje como chefe do Executivo, eu desanimo, mas, por outro lado, cabe a nós correr atrás dos sonhos e, como você mesmo disse, há várias pessoas dos mais variados segmentos lutando por isso (privado, público e acadêmico), até eu mesmo que exerço uma profissão (Advogado) que não tem relação com projetos espaciais, sonho com tal façanha. Realmente, espero poder me orgulhar do nosso país nesse quesito, a despeito de achar bem difícil o lançamento até 2019 no cenário atual brasileiro, temos que pensar que também não é impossível. Abs. e parabéns por trazer tantas notícias interessantes e esclarecedoras no seu blog.

  30. É lamentável o descaso desse governo, não vamos entrar em detalhes. Espero que assim como eu, os jovens que estão ai tenham a ambição de destituir esse tipo de politico do poder e até mesmo da memoria dos brasileiros. Um dia seremos os primeiros. Viva corrida espacial!

  31. Texto bem pertinente Salvador…pena que só consigo visualizar isto como “uma luz no fim do túnel”, mas pode ser um começo. 😀

    Infelizmente, apesar de possuirmos pessoas extremamente capazes, no final das contas estão sozinhas, e precisam se virar nos 30 para conseguir alguma coisa…

    Ainda estamos engatinhando, com uma perna só, com os telescópios aqui na América do Sul 🙁

    Ahh PS.: provavelmente vai aparecer alguém dizendo que Bill Gates só fez o que fez por conta de tecnologia alienígena kkkkk

    Abraço!

  32. Bom dia!
    Certamente muitos entusiastas responderão seu chamado, Salvador!
    Governo Federal, tem alguém aí? Neste caso, consigo até ouvir o cri-cri dos grilos!
    Salvador, tirando nossos sócios do governo (sócios sim, afinal os resultados de nossos trabalhos são divididos com eles), não daria pra um consórcio de pessoas/empresas se lançar na área espacial?
    Quanto de tempo e dinheiro dá para se esperar como sendo desenvolvimento?
    Empresas privadas podem fazer parcerias com governos estrangeiros?
    abs,

  33. adoraria participar, meu sonho de infância ver isso acontecer, meus olhos se enchem d’água só de pensar em tal feito, mas infelizmente meu conhecimento na área para fazer algo de útil é minusculo :'(
    mas se precisar de alguém para limpar o banheiro ou a poeira conte comigo 😀

  34. Bom dia Dr. Salva, tu é mesmo “O CARA”.
    Infelizmente, no nosso país, 99,9999999% das pessoas que se candidatam a cargos políticos, estão mesmo é pensando em ter um emprego com salário garantido, aparecer de vez em quando para o “trabalho”, ter vantagens pessoais, aposentadorias vitalícias, mamatas etc, etc, etc. Enquanto prevalecer a “lei do Gerson” em nosso país, nunca poderemos ser bons em nada, veja o futebol, Petrobras ….e muitas mais. Somente estão querendo se arrumar, o resto é que se f…… Abs e parabéns, mais uma vez.

  35. Tô dentro!!!!!!!

    Sugiro criarmos um projeto, na internet, com possibilidade de doações em dinheiro, fóruns de debate, intercâmbio tecnológico e interação com o poder público. Pessoas interessadas não vão faltar.

    Tô dentro mesmo!!!!!!

  36. Nogueira
    interessante e bacana seu desabafo ….quiçá alguem de Brasilia tivesse essa paixão pela ciência , paixão em vencer desafios , visão futurística para fazer realidade a vontade expressa de uma parcela significativa da população brasileira .
    Quem sabe num futuro proximo ……
    abraço.

  37. Infelizmente, só nos resta admirar o sucesso alheio na pesquisa espacial e outros campos da ciência. Somos vítimas de nossas escolhas e o Brasil escolheu ser um mero exportador de commodities. Que assim o seja!

  38. Por aqui tivemos somente uma Tetê Espindola nos anos 80 cantando “Escrito nas estrelas’, ou a Monica Martelli sabendo que os homens são de Marte e é pra lá que ela vai. Resumindo, exploração espacial não é para a Banânia. Aliás, é altamente improvável que um ser humano chegue um dia a hastear uma bandeira num planeta longíguo capaz de sustentar vida, pois terá se extinguido antes

  39. Salvador,

    Não é preciso nem dizer que metade desta audiência, se não mais, vem de seu trabalho no Mensageiro Sideral né?

    Seu trabalho sistemático de divulgação científica, principalmente em astronomia, já faz diferença no interesse pelo assunto no Brasil. Queria ver agora a cara daquele astrônomo português que falou um monte de abobrinha sobre o Mensageiro a cerca de 1 ano.

  40. Em vez de vibrar com a conquista esta reportagem se limita a atacar o governo e o ciências sem fronteiras…
    isso é lamentável.

    1. Jura que você viu um ataque ao Ciência sem Fronteiras? Eu disse que é muito pouco para um país do tamanho do Brasil mandar nossos melhores estudantes para a agência espacial dos outros, só isso. Mas acho o CsF um bom programa. Precisa de aperfeiçoamentos, mas a ideia é boa. Pena que é capaz de encolher, agora que o dinheiro do governo acabou…

    2. Lamentável é a falta de educação, que impede a interpretação correta deste fantástico texto que o Salvador escreveu.

      Leia novamente. E se não entender, leia de novo.

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