Astronomia: jornada a Kepler-452b
A Nasa anunciou a descoberta de um planeta similar à Terra a 1.400 anos-luz daqui. Tem como ir até lá?
O ALVO
O planeta Kepler-452b, localizado na constelação de Cisne, tem diâmetro 60% maior que o da Terra, gira em torno de uma estrela praticamente igual ao Sol, está lá há bons 6 bilhões de anos e completa uma volta a cada 385 dias (dos terrestres, claro).
PERDAS…
Como o ano lá é um cadinho mais longo, há quem já veja vantagem. Se aqui na Terra você tem 30 anos, por lá pode dizer que tem só 28. É um truque, evidente. O tempo de vida é o mesmo. Só muda a quantidade de giros em torno da estrela. Lá, como a volta é maior, você dá menos voltas.
…E GANHOS
Em compensação, o preço da falsa juventude vem na balança. Caso o Kepler-452b tenha a mesma densidade que a Terra (ainda não sabemos se é o caso), quem pesa 60 quilos aqui ficaria com 96 lá.
COMO CHEGAR
Usando as tecnologias atuais, melhor nem pensar em fazer as malas. A distância de 1.400 anos-luz equivale, em medidas do dia a dia, a uns 13,3 quatrilhões de km. Mesmo uma nave rápida, como a New Horizons, que passou por Plutão outro dia, levaria 30 milhões de anos na viagem.
DEVAGAR, DEVAGARINHO
Para piorar, a velocidade máxima permitida no Universo — a da luz — é bem mixuruca para vencer distâncias desse porte. E aí não dá nem para por a culpa no Haddad. A luz, viajando a 300 mil km/s, faz a travessia entre a Terra e Kepler-452b em 1.400 anos. Daí o “1.400 anos-luz”, sacou?
DÊ TEMPO AO TEMPO
Viagem com mais de um milênio não rola. Mas calma. Repita comigo: só Einstein salva. A mesma teoria que proíbe viajar mais rápido que a luz faz o tempo andar mais devagar quando você se aproxima do limite. Então, numa nave voando a 99,9% da velocidade da luz, poderíamos chegar a Kepler-452b em “só” 63 anos. Mas nem pense em voltar. Na Terra, 1.401 anos já teriam se passado.
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
Do meu ponto de vista, o q realmente interessa não é viajar até qualquer destes planetas pq, se até mesmo uma viagem a Plutão demora uma década, não é realista achar q vamos chegar fisicamente a outro sistema planetário. O fascinante e viável é tentar verificar se existe vida em algum destes planetas e a seguir se a vida é inteligente. Então se podemos nos comunicar com estas formas de vida. Só o fato de isto pulverizar os mitos criacionistas já seria magnífico para a Humanidade.
Se o sujeito viaja à 99,9% da luz, terão passados 63 anos durante o percurso até o planeta, enquanto para os que “ficaram” na Terra terão passados 1400 anos. Deste modo, se o sujeito levou 63 anos para percorrer 1400 anos-luz, significa, na percepção dele, que ele viajou mais rápido que a luz, o que quebra a regra de que a única barreira é a velocidade da luz, ainda que sua nave tenha atingido a velocidade. Correto?
Olá Salvador! É a primeira vez que comento, mas sou um grande admirador do Mensageiro Sideral, o blog está de parabéns e principalmente pela interação com os internautas. Tenho uma dúvida que não encontrei a resposta na internet: com as recentes descobertas dos planetas Kepler e novos mundos em zonas “habitáveis”, qual deles é o mais próximo da terra? E exemplificando o modelo de viajem como você fez na matéria acima, seria possível chegar lá? Tenha uma boa semana e um grande abraço!
Os planetas do Kepler em geral não são muito próximos porque o objetivo era olhar para uma região fixa do céu com grande número de estrelas para poder obter estatísticas de ocorrência de planetas mais confiáveis. Contudo, conhecemos alguns sistemas planetários próximos. Os dois mais próximos com possíveis mundos habitáveis são Tau Ceti (12 anos-luz) e a Estrela de Kapteyn (13 anos-luz). Mas ninguém descartou planetas habitáveis em Alfa Centauri (4 anos-luz). Veremos!
Quem sabe daqui uns 200 anos não descobrimos as dobras espaciais e detenhamos tecnologias para utiliza-las, seria fantástico poder colonizar e explorar novos mundos .
fonte pesquisa : http://gizmodo.uol.com.br/nasa-comeca-a-trabalhar-em-uma-versao-real-da-dobra-espacial-de-star-trek/
Salvador, em um futuro longínquo ainda, se a ciência provar a teoria do Buraco de Minhoca (Dobra Espacial), será possível viajar até este planeta em quanto tempo? Dá para o Blog fazer um texto a respeito dessa teoria? As nossas emissões de ondas de rádio já tiveram tempo suficiente para chegar em outra estrela, fora do Sol, é claro? Abraços!
Na roubalheira do buraco de minhoca, podia ser arbitrariamente curta a viagem.
Salvador, eu não entendo nada de astronomia, mas amo essa coisa toda. Obrigada por escrever um post tão simples e belo.
Eu que agradeço pela mensagem gentil. 🙂
E quanto a teoria da dobra espacial, existe alguma pesquisa em andamento? Ao menos, sob meu ponto de vista, seria a única forma de cobrir tais distâncias.
É o melhor caminho. Aí ficaria bom.
Outro dia o blog do Mensageiro Sideral conclamou o Brasil a empreender-se na aventura espacial, como foma de fomentar o desenvolvimento tecnológico e científico e lançou um desafio, enviar uma sonda até a Lua.
Uma viagem até Plutão, no entanto, parece estar bem longe do nosso horizonte, não é mesmo? Bem, nem tanto, dinheiro para isso, nós temos. O site spotniks listou alguns comparativos, incluindo, algumas obras tocadas pelo governo federal:
http://spotniks.com/7-obras-e-gastos-do-governo-brasileiro-mais-caros-que-a-viagem-a-plutao/
Ah, mas aí não é só dinheiro, né? Temos de aprender a fazer. Eu começaria pela Lua. 😉
A titulo de curiosidade aos leigos muito boa reportagem
Sensacional este, post.
em uma suposta viagem nesta velocidade, quais seriam os efeitos no corpo humano? existem estudos nesse sentido?
Velocidade não afeta o corpo, o que afeta é a aceleração. Daria para acelerar e desacelerar em um ano sem nenhum efeito colateral indesejado.
30 milhões anos até descobrirem que o universo “visível” é curvo e que, na verdade, esse planeta está aqui ao lado…
Não tem como. Nem em 30 milhões de anos.
E se formos a 100% da velocidade da luz? Não ganharíamos mais uns aninhos?
A 100% da velocidade da luz, só a luz. Se fosse possível, a viagem seria instantânea.
Como seria essa viajem usando um Motor de Dobra se na pratica ele funcionasse. ?
Rápida! 🙂
Essas condições de viagem são impossíveis hoje, mas há de se considerar os avanços possíveis na tecnologia.
No passado levava-se meses para ir do Brasil à Europa e dias para ir de MG a SP, por exemplo.
Não seria o caso de pensarmos em uma forma de teletransporte uma vez que já há esse tipo de transportes com emaranhamento dos estados quânticos?
PS: Me perdoe pela “viagem”, mas esse tipo de reportagem me prende em longos debates! rsrsrs
Poucos físicos acreditam que será possível teletransportar pessoas algum dia.
Salvador, e usar o emaranhamento para comunicações, pode ser viável futuramente?
Existe um limite teórico de distância para o emaranhamento?
Há comentaristas nesse blog que acham que sim. Eu sou menos otimista. Não há limite teórico, contudo.
Tantos problemas mais simples pra se resolver aqui, e o Homem preocupado com o que existe fora do seu alcance, daqui a 1400 anos normais talvez muitas das fontes de alimentos e água doce do Mundo talvez nem exista mais
Salvador, está faltando, entre as possibilidades aquelas sugeridas em filmes de ficção; humanos em cápsulas de hibernação. Há poucas novidades no setor?
Há estudos, mas ninguém achou a fórmula mágica ainda. 😉
Em dobra espacial, quem sabe!?
Quem disse que a velocidade da luz é a mais rápida? Einstein não conhecia a velocidade do aumento da conta de luz…..
Huahauhauhauha, pronto, acho que você encontrou uma saída para descobrirmos a teoria da gravidade quântica! 🙂
O negocio é a humanidade investir na criogenia ou congelamento ou perpetuar a espécie com reprodução continuada até que seu parente distante alcance o destino
Desculpe, não vi que minha resposta ia lá para cima, por isso repeti 3 x
Na verdade se alguém for e voltar, na Terra já teriam se passado 2800 anos, certo?
Isso. 2802. 😉
Tem muié bunita lá?
Só será possível viajar a estas distancias quando conseguirmos descobrir os portais dimensionais ou buracos de minhoca que são os meios utilizados pelos ETs para viagem interplanetária.
O negócio é a humanidade pensar na criogenia ou congelamento ou perpetuar a espécie através de reprodução continuada passando o conhecimento adiante até seu tatatatataraneto alcançar o destino
Transdobra resolveria o problema.
eu não acredito em nada que não possa explicar fisicamente, com exceção de Deus, a unica certeza que posso afirmar é quando o sol expandir não haverá mais nada aqui que lembre a passagem de alguma civilização, e as distancias entre os sol nos garantir que não temos pra onde ir, mas talvez daqui a 1 milhão de anos exista uma nave semelhante a wall-e dos desenho animados, na atualidade qualquer coisa nesse sentido é ficção
Acho que para viagens neste porte deveríamos investir em algo tipo criogenia ou o cara ir procriando e digitalizando seu conhecimento e passando adiante, perpetuando a vida até que um parente seu distante chegue ao destino com as memórias de seu ancestral distante aquele que partiu da Terra.
Salvador. A sua explicação com relação a relatividade do tempo é a mesma exemplificada no filme Interestelar?
Quase. A minha é da relatividade restrita — é a velocidade que muda o ritmo do tempo. Em Interestelar, é a relatividade geral — é a gravidade que muda o ritmo do tempo. Mas é tudo relatividade. Tudo Einstein. 🙂
Fascinante esse assunto. Se o Ser Humano não tivesse essa curiosidade, provavelmente ainda viveríamos nas cavernas.
Dúvida?
A imagem dele que vejo hoje levou 1400 anos-luz para chegar.
Mas se eu estivesse lá e viesse “deitado” na luz desde o meu nascimento, eu chegaria aqui com 63 anos?
Então é correto afirmar que a luz veio serpenteando e eu vim “deitado” no nariz dela?
Se você pudesse vir deitado na luz, chegaria instantaneamente.
É muito louco isso, mas é o que a teoria apresenta e medições indicam ser correta: A luz da estrela demora 1401 anos para chegar aqui, mas, para o fóton, é como se o tempo não passasse, a viagem fosse instantânea.
É por isso que o Salvador disse bem, que se você viesse “deitado na luz”, a viagem seria instantânea. Se você viesse mais lento, a 99,9% da velocidade da luz, envelheceria 63 anos nesses 1401 anos da Terra.
Salvador tem algum telescópio que permita analisar ou ao menos tentar “adivinhar” a atmosfera destes exoplanetas ?
No futuro próximo, podemos analisar a atmosfera de mundos mais próximos. Kepler-452b não está nessa lista.
Boa, Salvador!
Só você mesmo para explicar a Teoria da Relatividade de uma forma tão sensacional e atrativa para quem é mais leigo no assunto.
Parabéns!
🙂
Salvador, você poderia me tirar uma dúvida? O brilho das estrelas que vemos a noite, sendo mais epsecífico daquelas estrelas que vemos e que na realidade são outros planetas, o brilho que vemos é próprio do globo ou é a reflexão da luz de uma estrela maior (Sol, por exemplo) assim como brilha a nossa lua? Obrigado.
As estrelas que vemos no céu são outros sóis. Só que estão tão longe que aparecem como pontinhos de luz. Mas, a exemplo do Sol, eles têm luz própria. E iluminam planetas ao seu redor, assim como o Sol faz com a Terra e os demais mundos do Sistema Solar.
Só esqueceram de comentar que as informações recebidas agora pela NASA são do planeta a “alguns” anos atrás, ou seja, ele pode nem existir mais!!
Eita povo que quer ver planeta se destruir do nada em 1.400 anos. Em 1.400 anos, na Terra, nem um impactozão de asteroide aconteceu. Que dirá a total destruição planetária. Tem jeito não, fio. 😛
Quando a luz do planeta que nos chega agora partiu, Maomé estava conquistando o Oriente Médio com seus exércitos e seu livro…
E quanto a dobrar o espaço? Algo como Star Trek… Apesar de fantasioso, há físicos que defendem essa possibilidade.
Em tempo, ótimo texto.
Qual o padrão utilizado para se definir o nome dos planetas – Kepler 452-b?
Esse é o primeiro planeta (imagina-se que o astro principal do sistema seja a estrela, e por isso o primeiro planeta já começa no “b”) do sistema planetário de número 452 descoberto pelo satélite Kepler.
Essa viagem é parecida com a do filme “Interestelar”?
Quando a propulsão que utiliza distorção de espaço e tempo for inventada, creio que em 50 anos poderemos te uma noção de qual velocidade essa tecnologia pode alcançar.
E assim alcançar essas distancias.
Salvador, você poderia lançar um post explicando melhor esta questão dos “63 anos à 99.9% da velocidade da luz”. Leigos como eu agradeceriam, ainda mais vindo de você que tem a capacidade de escrever textos de fácil entendimento. Abs
Tá na fila! Vai sair! 🙂
Resumindo: Esta história de extraterrestres metendo o bedelho no nosso planeta não passa de balela. Nenhum ser vivo conseguiria viver por tanto tempo, mesmo que viajasse na velocidade da luz, para vir neste planeta, e depois voltar ao seu, uma vez que o mais próximo habitável está a um milênio de distância de nós, isso à velocidade da luz.
Salvador. Pela impossibilidade de se viajar a velocidade da luz, hoje. Existe algum estudo sobre uma viagem através de “Portais do Tempo” onde pode ser direcionado uma viagem calculando exemplo latitude e longitude, mas em termos universais. Abraços.
Eu acho isto tudo incrível, ontem eu assisti novamente à Interestelar, bom demais. Te pergunto, nossa tecnologia está próxima do que se passa no filme, ou nem perto disso?
Nem perto.
Salve Salvador!
Neste caso dos 99%, como ficaria as ondas de rádio emanadas da terra nos primórdios do nascimento do radialismo? Será que poderiamos então imaginar que as primeiras emissões de rádio podem neste momento estar sendo ouvidas pelos Keplerlianos?
Não. Elas não vão chegar lá antes de mais 1.300 anos… 😛
Não entendi Einstein então. Porque conosco viajando o tempo encurtaria e com as ondas eletromagnéticas isso não ocorre.
Com as ondas eletromagnéticas ocorre. Para elas, a viagem é instantânea.
Na verdade, nós aqui na Terra só conhecemos 3 dimensões e a velocidade da luz como velocidade máxima. Será que só existem, de fato, esses parâmetros?
Só percebemos as três dimensões e o tempo (que é a quarta dimensão do espaço-tempo).
Os físicos da teoria das cordas dizem que há 11 dimensões, mas essas 7 a mais são tão diminutas que só ocorrem no interior do núcleo dos átomos – se eu entendi direito o que dizem…
Na matemática, há infinitas dimensões.
peraê, até ontem não tinhamos nem uma foto / definição decente de Plutão, que está aqui “pertinho”
caro amigo cientista, como o homem pode afirmar que existe um planeta habitável nesta distância????
eu acredito na ciencia, entendo os fundamentos do Big Bang, etc… mas, por vezes, me acho forçado a não confiar cegamente em tudo que afirmam
Nem deve confiar cegamente. E continuamos sem saber detalhes desse planeta que vão muito além do seu tamanho e da sua existência.
Bela matéria, bem informativa e com humor, parabens! da pra ler rindo e se informando ao mesmo tempo! rs
[´]
Essa era a ideia! 🙂
Como o volume da esfera é proporcional ao cubo do raio , considerando densidade similar à da Terra, o peso seria na verdade mais que o dobro, não 60% maior como indicado na matéria. Ou não?
Não. Fiz essa conta diversas vezes. A massa do planeta sobe em quatro vezes, o raio aumenta em 60%, mas como a gravidade cai com o quadrado da distância, acaba que a gravidade não fica quatro vezes maior. Para uma mesma densidade, acompanha o raio.
e se for possível como nos filmes de ficção cientifica entrar em um “buraco de minhoca” e cortar caminho?
Aí ficou fácil! 🙂
Professor tenho algumas dúvidas: A que distância do Kepler-452b o satélite Kepler conseguiu obter informações? Como uma viagem até Kepler-452b até o momento é impossível, poderíamos obter informações mais reveladoras e precisas se uma sonda fosse enviada com esse destino? Pois mesmo que não se chegue ao destino pelo menos a distância sempre seria encurtada, isso poderia revelar novos dados importantes? Que se demore 10, 20 anos mas os dados coletados seriam mais próximos do destino, isso pode fazer alguma diferença, ou só o já observamos independeria do encurtamento dessa distância?
O Kepler está numa órbita em torno do Sol, a cerca de 1,5 milhão de km da Terra. E não temos como mandar uma sonda para esse mundo distante no momento. Abraço!
Literalmente impossível chegar em em tal lugar,somente em sonhos!O homem conhecendo seus limites.