Astronomia: A Lua cheia e os bebês
A Lua cheia influencia mesmo o momento do nascimento dos bebês? Depende basicamente de como você vive.
A LUA E OS BEBÊS
Essa é uma história que ouvi de Germano Afonso, etnoastrônomo da Universidade Federal do Paraná. Será que as fases da Lua são capazes de influenciar as gestações? Segundo os povos indígenas, sim. Eles alegam uma coincidência entre a Lua cheia e uma frequência maior de nascimentos.
MAS COMO?
De saída, não faz sentido. Para os astrônomos, a única influência da Lua seria a gravitacional, que causa as marés, e isso não tem correlação com as fases. Germano conta que um colega francês quis pôr fim à discussão, ao pegar os registros de Paris e demonstrar conclusivamente que não havia fase da Lua com frequência maior de nascimentos.
LONGE DA ESCURIDÃO
De fato, em Paris não tem. Acontece que a Cidade-Luz é um péssimo lugar para avaliar os efeitos de uma segunda interação da Lua com a Terra, que tem correlação com as fases e quase ninguém no “mundo civilizado” se dá conta: à noite, a Lua ilumina!
FAÇA AS CONTAS
Uma gravidez tem 40 semanas, a contar da última menstruação. O que quer dizer que, da fecundação em diante, são 38 semanas. Por sua vez, as mudanças de fase (crescente, cheia, minguante e nova) acontecem semanalmente. Um ciclo a cada quatro semanas.
A LUZ DA NOITE
Durante a Lua cheia, o brilho é tão grande que você consegue enxergar tudo à sua volta. Para quem tem luz elétrica, isso não é nada. Mas, para os indígenas, é tudo. Na Lua cheia, as opções de atividades noturnas são as mais variadas.
O ÓBVIO EM CENA
Já na Lua nova, o breu é total. Não se vê um palmo à frente do nariz. O que torna a fabricação de bebês a única real opção de lazer. E aí, 38 semanas depois, em plena Lua cheia, tchã-rã! Fim do mistério. Nada sobrenatural, como talvez preferissem alguns, mas trata-se de uma bela demonstração de como a natureza pode ser sutil.
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
Salvador, o efeito da luminosidade da lua cheia não deve mesmo ser desprezado. Morando no campo sempre percebo como o luar pode ser importante. Aí o pessoal da roça vem com histórias do tipo que se cortar o bambu em tal lua dá caruncho. E tentam explicar com o efeito da lua nas águas. Explico que não existe tal efeito, só num oceano. Mas um inseto ou seu predador podem muito bem serem influenciados pela luz da lua cheia. E quando me perguntam sobre a lua boa para, por exemplo, plantar, respondo que a única lua boa é a lua de .mel.
Hehehe
Considerando que não podemos ver o lado oculto da Lua, existe na Terra alguma região que não poderíamos ver da Lua?
Não. Se você está no lado próximo da Lua, pode ver a Terra inteira.
O que obviamente só é possível porque a Terra é plana. Se fosse redonda seria meio difícil ver a parte de trás.
Mais um conspirador traído por seus atos-falhos. O peixe morre pela boca mesmo, é só dar linha e aguardar a mordida.
Cara, eu não sei como você acredita nessa conspiração de Terra. A Terra não existe. É uma fraude perpetrada pela Nasa. Eles querem te confundir, fazer as pessoas discutirem se é plana ou redonda, para disfarçar o fato de que na verdade ela não existe. Abra seus óleos.
A Lua influencia a reprodução de várias espécies da natureza, inclusive os recifes de corais.. mas como nós, os super seres do universo, já sabemos tudo sobre tudo, descartamos qualquer influência da Lua na Terra, a não ser no ciclo das marés…… lembrando que: só porque não conseguimos ver ou medir não quer dizer que não existe…
A título de curiosidade: recentemente estive conversando com uma amiga obstetra e um amigo psiquiatra e nesse bate-papo surgiu a história da influência da lua. A obstetra disse que na lua cheia a incidência de nascimentos é maior e o psiquiatra afirmou que há maior incidência de “loucos” (usando as palavras dele) no hospital.
Entretanto eu duvido que eles tenham alguma estatística real sobre isso e seja apenas um “achômetro”. Uma vez que o ser humano tem a tendência de procurar por padrões, provavelmente quando é lua cheia eles observam ou contam os eventos, o que não fazem nas outras fases.
Exato. Mesma coisa que dizer que sempre chove no dia de Finados.
Não acreditava na influência da lua no nascimento de bebês até ter tido o meu bebê. Ele nasceu com menos de 35 semanas e a maternidade estava lotava com muitos bebês, por isso hoje acredito que a influência é real, embora a ciência jamais admitirá isso.
Salvador é melhor perguntar para os obstetras, acredito que nas mudanças de luas principalmente as cheias ele não viajam e ficam de plantão.
Não deixa de ser influência da Lua. Aliás, são tantas coisa “sutis” que a astronomia não enxerga!!
O artigo bem aponta que a correlação não ocorre em Paris, mas sim na selva sem iluminação artificial. A Astronomia não diz que “não há correlação entre fases da Lua e nascimento de bebês” mas sim que “não se conhece nenhuma relação física entre os dois fatos”. A correlação que o artigo cita não é um fato físico. Um exemplo desse tipo é o que acontecia na antiga China. Eles acreditavam que um eclipse solar acontecia porque um dragão estava a comer o Sol. Para impedir que o dragão fosse embora, eles faziam bastante barulho e atiravam flechas e pedras contra o dragão: e o dragão ia embora e o eclipse acabava e o Sol voltava a brilhar! Será que a atitude deles teve algo a ver com o desfecho do eclipse? Claro que não! Mas como SEMPRE que eles faziam isso o eclipse ACABAVA, então porque correr o risco de não fazer? Típico exemplo de algo que parece correlacionado e na verdade não tem relação física direta nenhuma. Quanto a os astrônomos não serem capazes de ver muitas sutilezas, isso pode ser verdade, mas eles estão sempre prontos a olhar para o céu para poder ver e analisar os fenômenos naturais e buscar suas interligações com os conhecimentos científicos. Mesmo os “não” astrônomos são bem vindos apontando as “sutilezas” que os astrônomos não veem para que esses possam passar a estudá-las. O céu é para todos.
Mudou a Lua minha subrinha nasceu antes do previsto ( 10 dias) no DOMINGO, e naquele dia +3 no mesmo dia ( 2 quase no mesmo horário )
E quem nasceu com a “bunda virada para a Lua” tem muita sorte, pois nascer vindo primeiro as pernas e depois a cabeça (bunda apontada para cima) poderia ser motivo de muito azar para a criança e para a mulher se quem fez o parto não for habilidoso o suficiente e as vezes nem isto. Nascer assim, permanecer vivo juntamente com a mãe que vai criar e crescer sem problema algum, é uma grande sorte. A Lua não interfere em nada na sorte da pessoa.
Meu filho está previsto para nascer no finalzinho de outubro (completará 40 semanas da última menstruação no dia 30/10), acabei de conferir no calendário e (putz!) deverá nascer na lua cheia… kkkkk
Quem sabe tenha faltado luz há 40 semanas atrás e não foi possível assistir televisão até mais tarde!
Salvador, boa tarde! Uma coisa que sempre me intrigou é porque o ciclo menstrual feminino tem o mesmo número de dias que o ciclo lunar, 28 dias. Imagino que possa ter alguma razão evolutiva. Nos primórdios da espécie humana, os hábitos de caça e migrações deveriam ser muito influenciados pela iluminação de cada fase da lua. Com isso, algumas fases deveriam ser mais propícias ao acasalamento. Dezenas de milhares de anos de evolução devem ter “sintonizado” o ciclo menstrual em 28 dias, semelhante às fases da lua. Será que tem algum sentido nisso? Abraço!
Pode ser! Vai saber! Abraço!
Faz muito sentido sim, as mulheres com ciclos menstruais que ocorriam em tempos muito diferentes do ciclo lunar deveriam ter mais dificuldade em fazer filhos em relação as que os ciclos coincidiam pelo mesmo motivo que o Salvador apresentou aqui. O ser humano é um ser social e sempre quando há a possibilidade de interação social com outras pessoas ele vai interagir pelo simples motivo que ele busca sempre outros parceiros sexuais para diversificar suas proles. Se um mesmo homem fecundar sempre a mesma mulher não gera tanta diversificação e alguns problemas podem decorrer disto. Mas nos tempos atuais, com a luz elétrica, a televisão, a internet e todas as outras possibilidade de diversão e interação social, tudo isto mudou e o ser humano não deve ter se adaptado totalmente a este novo ambiente o que deve estar gerando tensões na sociedade em geral e na saúde dos indivíduos.
De repente pode ter alguma relação, mas e os outros animais, também não estão sob influência da mesma lua? e quando a lua se afastar mais e seu ciclo ficar maior, o ciclo menstrual das fêmeas humanas vai acompanhar?
Salvador, off topic, mas como vc é o homem da ciência deve estar ´por dentro. Não achei consenso sobre o porque de depois de certa idade as pessoas não conseguirem mais aprender novos idiomas sem conseguir falar como um nativo. A ciência já desvendou o motivo dessa limitação ?
errei, tira o sem*
foi malz
Não faço ideia, mas a plasticidade do cérebro é maior enquanto ele ainda está em desenvolvimento, o que deve ajudar a explicar isso.
Se a influência lunar causa, ou deixa de causar, é uma discussão elementar, o cerne da questão é que o início se dá pela junção de um casal constituído de homem e mulher e não fruto da adversidade.
Ahn?
hahahahahah que brisa !
Calma Salvador! Ele só está passando para nós a opinião da Dilma…
A vida moderna faz as coisas um pouco diferentes. Podem verificar o índice de aniversários agora no final de setembro/começo de outubro. Ou seja, 9 meses depois do final do ano, época de 13.o e férias (que no meu caso e no da minha família é mais que verdadeiro).
É verdade indesmentível que toda a gente nasce na Lua Cheia (mais ou menos 15 dias) 🙂
Huahuahau, boa! 🙂
Valquíria, essa foi a melhor frase que já ouvi envolvendo estatística! Com sua permissão usá-la-ei em minhas aulas.
Hehehe…. serve para algumas gestações, lembre que o intervalo entre a última lua cheia é de 4 semanas… e as concepções que finalizariam as 40 semanas nessas fases: minguante, nova e crescente? Serão gestações maiores que 40 semanas??? Abraço.
Se você for um índio da Amazônia, a resposta é sim, caso contrário, tudo depende do momento da “brincadeira”. 🙂
Olá, Salvador. Breve offtopic: viu esta imagem recentemente enviada?
http://apod.nasa.gov/apod/ap150914.html
Simplesmente sensacional!
Vi. Escrevi uma matéria para a Folha sobre ela. 😉
Salvador, mais uma vez, parabéns! Gostaria muito de ver outra publicação semanal temática aqui no blog.
O Salvador tem esse blog e seus posts são mais de um por semana. Esse aqui é reprodução da coluna “Astronomia” da Folha, que ele sempre posta aqui, também.
Vale a pena conferir diariamente se há algum post novo. Eu deixo a página fixa no Google Chrome para isso.
Existe algum estudo que mostre estatisticamente que este efeito ocorre mesmo? Pelo que eu saiba este efeito é um artefato de viés de confirmação.
Pode ser. O ponto não é tanto a ocorrência do efeito — que há muito já foi anulado por nossa proficiência tecnológica –, mas o fato de que explicações óbvias às vezes passam despercebidas.
Falta a resposta para uma pergunta: está demonstrado estatisticamente que ha maior incidência de nascimentos na Lua cheia?
Não há. Como o estudo francês já demonstrou, assim como o link postado aqui nos comentários, numa civilização tecnológica em que não há diferença significativa entre dia e noite para efeito de iluminação, não há qualquer efeito.
Tenho um protesto e tenho uma ponderação.
O protesto: “Para os astrônomos, a única influência da Lua seria a gravitacional, que causa as marés, e isso não tem correlação com as fases.”
As marés tem correlação com as fases sim. As marés mais altas (e mais baixas) acontecem nas luas cheia e nova. Por que eu não sei.
A ponderação: Pode ser que em um determinado povo indígena (ou um determinado grupo de povos) seja na Lua cheia que se dê o pico de nascimento. Mas isso não pode ser extrapolado para o conjunto dos povos indígenas. Esses povos, como qualquer outro, tem tradições e consequentemente tabus sexuais entre si. Estou certo de que existe os povos em que os casais se aproveitem justamente a Lua cheia para darem suas fugidas para conseguirem maior privacidade em seu ato de amor. Daí a maior incidência de nascimentos seria na Lua nova.
“tradições e tabus sexuais DIFERENTES entre si”…
Carl Sagan, o texto é uma sacada genial. Realmente, a única coisa prazerosa a fazer em noite de um breu só é aumentar a espécie humana…….rsrs
Mas então não é a Lua que influencia, e sim a quantidade de luz ou de afazeres das pessoas.
Mas, para quem não tem luz artificial, a Lua é a principal fonte de luz noturna.
Esta história me faz lembrar do “Efeito Marte” de Michel Gauquelin. Talvez, marginalmente, poderiamos encontrar uma leve vinculação entre ambos os fenômenos (nascimentos e luas novas). Mas isso apenas para sociedades que vivem com uma tecnologia anterior à do século XIX. Aqui, com uma incidência de mais de 50%de cesarianas, parece mais um conto de carochinha.
Exato. Hoje em dia, com a febre das cesáreas, eu diria que, ao menos no Brasil, a astrologia deve influenciar mais a data dos nascimentos do que qualquer fenômeno natural. 😛
Pior que nem astrologia é que influencia, mas o seguro médico…. Mlehor seguir falando de Luas Novas!
Olá Salvador. Fiz um cálculo: para uma fecundação ocorrida por volta do dia 20 de janeiro de 2015, época de Lua Nova, contando 38 semanas (=266 dias), o parto natural deve ocorrer por volta do dia 13 de outubro de 2015, que também é uma época de Lua Nova.
Sobre a relação entre fases lunares e nascimento de bebês, sugiro o material publicado pelo Prof. Fernando Lang (IF-UFRGS) disponível no link: http://www.if.ufrgs.br/~lang/Textos/Fases_da_Lua_bebes.pdf (p. 15ss)
Alexandre, o artigo do prof. Lang parece alinhado com o estudo francês citado no texto. E, para ser absolutamente preciso, o tempo médio de uma gestação é de 268 dias + ou – 10, a contar da fecundação, que pode acontecer até 6 dias depois da relação, o que torna tudo meio nebuloso. Se você pegar 268 dias e supuser uma diferença de 3 dias entre a relação e a fecundação, já estará em crescente a caminho da cheia de novo. Algumas relações entre eventos naturais e gravidez são bem documentadas, como a história recente de um baby boom numa cidade americana nove meses após uma severa nevasca…
Olá Salvador. Por isso usei a expressão “por volta de”, mostrando que uma fecundação “por volta de uma Lua Nova”, salvo outros fatores, conduzirá a um parto 38 semanas depois “por volta de outra Lua Nova”.
Com respeito a relação evento natural e gravidez: também vejo lógica que algumas épocas do ano possam favorecer o “baby boom”, mas atenhamos no momento na relação “Lua e parto”. A própria variação informada (268d +/- 10d) acaba diluindo a correlação entre fecundação na época da Lua Nova com o parto na época da Lua Cheia. E aí pode entrar o efeito sugestivo quando se relatam apenas os casos em que o parto aconteceu na época de Lua Cheia. Ou a família nota a Lua ligeiramente gibosa e já a considera “cheia” para bater com os relatos de outras, salvando a tradição de que “os partos ocorrem na Lua Cheia”. Acho que caberia um estudo mais acurado na população indígena para saber se realmente existe tal correlação.
Concordo totalmente contigo. E, ademais, seria uma correlação absurdamente suave, pois nós humanos não temos hábito de só praticar o sexo quando em momentos de total escuridão. Há até quem prefira a iluminação, e a relação entre a Lua cheia e os apaixonados também é notória. A história é quase uma anedota para fazer a gente refletir sobre efeitos que passam batido. Note que, no paper que você linkou, o professor vai fundo na exploração das marés (para fins didáticos, é verdade), mas sequer menciona a (óbvia só depois que a gente se dá conta dela) interação luminosa da Lua com a Terra, que é justamente o foco da história desta coluna.