Astronomia: O décimo-terceiro signo
Crônicas do Horóscopo: Ofiúco, as constelações zodiacais e o décimo-terceiro signo.
OFIÚCO
Se você nasceu entre o fim de novembro e meados de dezembro, e quiser fazer uma graça quando perguntarem de que signo você é, diga que é de Ofiúco. Pois é, os astrólogos não costumam comentar, mas existem 13 — e não 12 — constelações no zodíaco, a faixa celeste por onde o Sol e os planetas trafegam. Neste exato momento, o Sol está em Ofiúco.
VELHA NOVIDADE
Localizada entre Escorpião e Sagitário, essa constelação representa o deus grego da medicina, e as primeiras referências a ela remontam ao século 4 a.C. Antes disso, os mesopotâmios, de quem herdamos a astrologia ocidental, tinham outra constelação no lugar.
A SEQUÊNCIA
No dia 18 deste mês, o Sol deixa Ofiúco e avança para Sagitário, onde ficará até 20 de janeiro. Mas peraí. Esse período não corresponde mais ou menos ao signo de Capricórnio? Então, isso era verdade há uns 2.500 anos, mas hoje não mais. Culpa da precessão dos equinócios.
QUÊ?
O nome é feio, mas o fenômeno é simples. Você já viu um pião? Ele começa rodando bonito, perpendicular ao chão. Com o tempo, a direção do eixo de rotação se inclina e começa a oscilar, formando ela mesma um círculo por sobre o pião. Pois o eixo de rotação da Terra faz a mesma coisa, fechando um ciclo a cada 25.800 anos.
O CÉU QUE SE MOVE
Essa variação do eixo com relação ao fundo estelar faz com que a posição do Sol sobre as constelações flutue. Por isso, 2.500 anos depois que a astrologia fixou os signos, eles já não estão mais lá na data certa.
OS ASTROS NÃO MENTEM JAMAIS
Para remendar, os astrólogos criaram a ideia de “eras”. Os signos permanecem “errados”, sem corresponder com o céu, mas, conforme o Sol no primeiro dia do outono troca de constelação, muda a era. A essa altura, estamos na era de Peixes, indo para a de Aquário. Mas e a era de Ofiúco?
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
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Eu so não entendo esse negócio de movimento do Sol em um signo ou constelação, o correto não seria movimento da terra, ou momento em q a Luz do sol incide na constelação, pq tipo o Sol é bem maior pelo q sei e na escola aprendi q ele esta la paradinho no centro, mas considerando os outros 12 planetas e a Lua eles seriam uma certa barreira p a luz do sol nas constelações em determinados momentos, não tenho muita noção do tamanho mas sei q o Sol é maior.
Alguém pode me esclarecer isto?
Luana, são só oito planetas (nove se você contar Plutão, que os astrônomos não contam mais, mas os astrólogos sim), a Lua e o Sol. Na verdade, ninguém está de fato parado no Universo. Mas a descrição mais eficaz do Sistema Solar, baseada na teoria da gravidade, sugere que o Sol está ao centro, e os planetas (Terra incluída) giram ao redor dele. Mas quem inventou a astrologia não sabia disso e descrevia o mundo de modo geocêntrico — para os astrólogos, o que conta é o movimento aparente dos astros ao nosso redor, e não os movimentos reais que a Terra executa. A cada 30 dias, mais ou menos, o Sol, com relação à Terra, se posiciona à frente de um certo conjunto de estrelas, distribuídas em 13 constelações — das quais os astrólogos só dão conta de 12, as doze famosas do zodíaco.
Mais divertido ainda é a história de que o Sol fica bonitinho 30 dias em cada constelação zodiacal, e Netuno que foi descoberto em 1846 e Plutão em 1930, antes não tinham efeito na carta astral?? E se um ser humano nascer em um local da galáxia que tenham outro planetas e constelações no Céu, e aí qual o efeito da coisa? E por último astrólogos dão as causas e efeitos do dito planeta baseado no comportamento do Deus greco-romano que dá nome ao mesmo… E se dermos nomes de personagens da Disney?? Muda o efeito?? Respostas no horóscopo da tarde kkkkkkkkkkk.
Pois é, tem gente q acredita em astrologia, tem gente q acredita em santo… Tem gente que torce pro Palmeiras! Não custa nada respeitar estas crenças, ninguém é dono da verdade mesmo, então zip, boca fechada!!!
Uma vez eu achei uma gozação com as previsões astrológicas numa página da Internet. Era só escolher um signo e uma “previsão” era escolhida ao acaso dentre várias frases. Também era escolhida uma “personalidade” entre alguns tipos.
Pois bem colegas, me ajudem a resolver esta questão que está diretamente ligada ao assunto de zodíaco sideral e zodíaco tropical.
Agora no dia 22 de dezembro de 2015 à 02:47 HBV ocorre o Solstício de Verão no Hemisfério Sul. No instante do solstício o Sol estará localizado na costelação de ____________. No dia do solstício de verão, localidades ao longo da latitude 23,5° Sul testemunham a passagem do Sol em seu zênite durante o meio-dia solar verdadeiro. Tais localidades estão situados no Trópico de ______________.
Sagitário, Capricórnio. Acertei? 😛
Sim. E já se perguntou por que os Trópicos são denominados “Câncer” e “Capricórnio”?
Imagino que seja pela posição em que o Sol estava no solstício de verão de cada lado quando foram denominados. É isso?
Correto. Mas devido à precessão dos equinócios e após a delimitação oficial da UAI, atualmente o solstício de verão austral ocorre na constelação de Sagitário, porém no signo de Capricórnio (segundo o zodíaco tropical que é diferente do zodíaco sideral). Não seria prudente, então, a nomenclatura astronômica e geográfica alterar o nome para “Trópico de Sagitário”, usando a convenção internacional? Ou manter um nome que ainda está associado ao zodíaco tropical cujas posições se alteram devido à precessão? Este caso está intimamente relacionado ao assunto em epígrafe.
Acho que não. Nomes são nomes. Conceitos são conceitos. Ok o continente se chamar América séculos depois da morte de Américo Vespúcio…
Pois então, colega. Nomes são nomes. Assim como o intervalo [270,300[ de longitude na Eclíptica corresponde ao Signo de Capricórnio, de onde vem o nome “Trópico de Capricórnio”, o intervalo [210,240[ desde a Antiguidade compreende o Signo de Escorpião e o intervalo [240,270[ compreende o Signo de Sagitário, segundo regras do Zodíaco Tropical. Assim foi padronizado no passado, antes da delimitação oficial das constelações adotada pela UAI a partir de 1930. Nunca existiu um intervalo na Ecliptica para um suposto Signo de Ofiúco mesmo que essa constelação seja conhecida desde a Antiguidade.
As datas em que o Sol transita parte da constelação de Ofiúco usa a delimitação da UAI. Então, usando o mesmíssimo critério, o Trópico austral deveria ser “de Sagitário”.
Meu caro, há uma diferença. No caso dos trópicos, ninguém está dizendo que a constelação de fundo é importante porque ela influencia na natureza do trópico de capricórnio. Já a base da astrologia sugere que a posição do Sol sobre um determinado conjunto de estrelas no momento do nascimento influencia o caráter da pessoa. OK, se você não quiser mudar os nomes dos signos. Mas teria de mudar o conteúdo deles então, se a lógica for seguida. (Claro, a astrologia ocidental preferiu, em vez disso, se tornar ainda mais geocêntrica e considerar que os signos têm a ver com a Terra, e não com as constelações. Certo, mas então qual é a importância das posições do Sol e dos planetas, se o importante é a Terra? Então todo mundo que nasceu sobre a mesma faixa geográfica devia ter o mesmo signo, e não quem nasceu na mesma época.) Mas é uma discussão besta. Astrologia não precisa de lógica. Essa é a graça. Não precisa fazer sentido. 🙂
Prezado colega. Não quero reforçar Astrologia. Não sou astrólogo, não acredito na Astrologia. Não quero entrar na questão de alegadas influências da posição aparente do Sol nos signos do zodíaco.
Pois bem, uma vez deixando isso bem claro e usando o raciocínio apresentado no seu artigo: se formos rigorosos quanto ao nome do suposto signo de Ofiúco pelo fato do Sol transitar parte desta constelação até dia 18 de dezembro, então, aplicando o mesmo rigor, o Trópico deveria ser chamado “de Sagitário” pois o Sol está nesta oficialmente nesta constelação no dia do Solstício de dezembro, sem nada envolver alegadas influências astrológicas.
Não, Alexandre, porque no caso do trópico é apenas um nome. Poderiam mudar os nomes para trópico austral e boreal (aliás, acharia melhor se mudassem para isso), mas por razões históricas optou-se pela preservação do nome original. Já no caso dos signos, a astrologia pressupõe uma relação de causação (e não apenas de coincidência) entre a posição do Sol no céu e a data de nascimento da pessoa, de forma que a lógica exigiria que, a cada 2.200 anos em média, os signos mudassem. De toda forma, no meu texto original não tive a menor presunção de dizer o que os astrólogos devem ou não fazer. Muito pelo contrário. Como astrologia não precisa fazer sentido, tanto faz o que eles optam por usar. 😛
Salvador, deixa eu dar um pitaco nessa pendenga… Para mim, ambos estão certos! O nome Trópico de Capricórnio se refere ao termo muito antigo usado para identificar essa posição (em contrapartida ao outro trópico) e como foi assim batizado, assim ficou. Mas, se fôssemos usar a real posição do Sol, seria Trópico de Sagitário…
Como a nomes dados não se mexe, fica trópico de Capricórnio, mas gostei de aprender que nesse dia o Sol está na constelação de Sagitário.
No solstício de verão para o hemisfério sul o Sol se encontra na frente da constelação de Sagitário, muito próximo da divisa dessa C. com a de Ofiúco,de onde saiu há aproximadamente 1 dia. Nessa ocasião específica com hora, minuto e segundo certos já calculados o astro rei está sôbre o Trópico de Capricórnio, máximo afastamento dele em relação à linha do Equador.
Boa tarde Salvador. Eu nunca consegui entender direito o movimento de precessão. No meu entendimento daqui a 12.000 anos onde é inverno será verão e vice-versa. Pode indicar um texto que possa me explicar o movimento de precessão com clareza?
O videozinho aí ajuda a explicar. Tem uma animação da precessão. Daqui a 12 mil anos, no lado da órbita terrestre que era inverno aqui será verão, e vice-versa. Acho que você entendeu sim. Só não ocorre o mesmo deslocamento com relação ao calendário porque temos um dia a mais de vez em quando (anos bissextos).
Bom dia, Salvador!
O melhor texto para desmascarar essas coisas absurdas. O maior problema, é que existem bilhões de pessoas no mundo que referem acreditar do que pensar.
Abraços!
Não entendo nada de astrologia, só sei que existe signos e sou de virgem (kkk), mas uma coisa sei: beira ao ridículo afirmar que a posição das estrelas e planetas no céu é responsável por algum aspecto da minha vida.
Vamos ignorar por completo essas sandices de horóscopo diários que vemos por aí e focar num aspecto que considero interessante: a característica de algum individuo que nasce em determinado signo.
Segundo dizem os astrólogos somos agrupados em 12 grupos distintos (signos) que apresentam o mesmo tipo de personalidade. Mas será mesmo???
Existe algum estudo estatístico SÉRIO que consegue realmente identificar esses grupos como dizem os astrólogos?
Falo por mim mesmo, conheço várias pessoas de virgem que são muito diferentes de mim. Das duas, uma, ou o horóscopo esta errado, ou somos um grupo totalmente fora da curva. Não preciso nem dizer quem falha miseravelmente nesse caso.
É isso aí, Salvador! Fico curioso sobre o que a sua colega do lado nas Folhas de segunda-feira tem a dizer sobre isso… 🙂
Excelente! Parabéns, Salvador!
Estudo publicado em 2003 por Geoffrey Dean e Ivan Kelly comparou cerca de duas mil pessoas nascidas em Londres, em 1958, no mesmo dia e na mesma hora, com, em média, 4,8 minutos de diferença. De acordo com a astrologia, essas pessoas deveriam ter características bastante semelhantes. Eles analisaram 110 tipos de características (nível de ansiedade, estado civil, agressividade, sociabilidade, habilidades em artes, esportes e matemática, altura, peso, ocupação, estado civil etc). Os pesquisadores não encontraram nenhuma prova de semelhança entre as pessoas que nasceram no mesmo horário.
Ver:
OFF: Ó que bom, não vivemos em um holograma!
http://gizmodo.uol.com.br/cientistas-nao-encontram-evidencias-de-holograma/
😛
Artigo bem interessante que pincela várias informações de aspectos da mecânica celeste e também de história.
Mas preparem-se para uma tempestade de insanidades nos comentários.
Só se o UOL abrir a matéria para o público geral. Normalmente o pessoal que aqui frequenta só dá bola para astrologia como forma de diversão, e olhe lá!
Há dezesseis anos eu venho pregando isso no meu site, sem o menor resultado. Além de desconhecer a constelação de Ofiúco, os astrologistas insistem em pautar sua vida a mapas astrais do século onze…
Bom dia Salvador!
Pois o eixo de rotação da Terra faz a mesma coisa, fechando um ciclo a cada 25.800 anos. Em quanto isto afeta as estações dos anos?
Muda o dia que começa e termina cada uma delas. Vai recuando no calendário. Em 25.800 anos, volta ao ponto de partida.
Interessante. Isso quer dizer que daqui a alguns milhares de anos as nossas estações se adiantarão cada vez mais, podendo até mesmo inverter o inverno e o verão (verão em julho e inverno em janeiro)???
Ou viajei bonito?
Não vai acontecer por conta dos anos bissextos, como lembrou um leitor! 😉
Eu achava que o acréscimo de 1 dia a cada 4 anos corrigisse apenas o tempo de translação da terra que é de 365,25 dias.
Estou tentando imaginar um modelo que demonstre como esse acréscimo pode corrigir um segundo fenômeno (precessão dos equinócios) que só se completa a cada 25.800 anos. Só que não estou conseguindo…
O calendário gregoriano alterna entre três anos de 365 dias e um de 366, o que dá uma média de 365.25. O ano trópico, contudo, tem 365.24, o que significa que depois de um tempo aparece uma diferença de um dia inteiro, e então o que o calendário faz é cortar um ano bissexto. Aqui, a explicação na Wikipedia:
In the Gregorian calendar, the current standard calendar in most of the world, most years that are multiples of 4 are leap years. In each leap year, the month of February has 29 days instead of 28. Adding an extra day to the calendar every four years compensates for the fact that a period of 365 days is shorter than a tropical year by almost 6 hours. This calendar was first used in 1582.
Some exceptions to this basic rule are required since the duration of a tropical year is slightly less than 365.25 days. Over a period of 4 centuries, the accumulated error of adding a leap day every 4 years amounts to about 3 extra days. The Gregorian calendar therefore removes three leap days every 400 years, which is the length of its leap cycle. This is done by removing February 29 in the three century years (multiples of 100) that cannot be exactly divided by 400.
Salvador, o ano civil é o ano trópico e não o sideral….
As estações não mudam… o céu noturno sim…
Mudavam até incluírem os anos bissextos, certo? Se não houvesse um dia a mais de vez em quando para corrigir isso, as estações iam derivar também. Certo?
Anos bissextos foi a invenção do calendário juliano…
O gregoriano acerta a data da Páscoa..é dí que vem as coisas…
Foi por causa do gregoriano que 2000 não foi bissexto. Confira
Mas o caminho é este: anos bissextos existem ou não para melhor ajustar o ano civil ao ano trópico
Exato, Rocha! Note que o calendário juliano já tinha bissextos, mas não compensava o ano trópico. E aí sim as datas dos equinócios começaram a derivar. O que o gregoriano fez? Tirou três bissextos a cada 400 anos para compensar por essa flutuação. Ou seja, o sistema de bissextos do gregoriano compensa não só o tamanho do ano sideral (365,25) como já faz o ajuste de diferença para o ano trópico (365,24).
O ano 2000 foi bissexto, os anos de final de século divisíveis por 400 são bissextos, os outros não. O ano gregoriano é de 365,2425 dias.
Isso aí.
Essa é a realidade, essa é a verdade, e como de fato as coisas acontecem e funcionam!!
Mas astrólogos, ou crentes nessa fantasia, são como criacionistas…eles preferem o mundo magico do faz-de-conta.
Eles são “patafísicos”, como ensinou o Ruy Castro na coluna dele na Folha.
A patafísica é a ciência das soluções imaginárias.
Olha, tem muito “patafísico” nesse mundo…