HISTÓRICO: Físicos nos Estados Unidos anunciam a primeira detecção de ondas gravitacionais
Com grande fanfarra, e após um bocado de suspense, físicos nos Estados Unidos anunciaram a realização da primeira detecção positiva de ondas gravitacionais, uma das previsões mais incríveis da teoria da relatividade. E com isso está oficialmente aberta uma nova e poderosa janela para o estudo do Universo — uma que pode até mesmo nos levar a investigar o momento exato de seu nascimento!
O comunicado, transmitido pela internet para o mundo todo no começo da tarde desta quinta-feira (11), foi promovido pela Fundação Nacional de Ciência dos EUA, em Washington, e envolve uma detecção feita pelo imenso experimento conhecido pela sigla LIGO, sigla para Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory. A colaboração envolve cerca de 1.000 cientistas de 16 países.
O sinal em questão parece envolver a colisão de dois buracos negros relativamente modestos, um com 29 vezes a massa do Sol e outro com 36 vezes a massa do Sol. Eles espiralaram um em torno do outro até colidir e se fundir, gerando um único buraco negro com cerca de 62 massas solares — e míseros 300 km de diâmetro. A massa faltante foi convertida durante a colisão em ondas gravitacionais — detectadas então pelo LIGO, a mais de 1 bilhão de anos-luz de distância.
“É a primeira vez que um sistema como esse foi observado, um buraco negro binário em fusão, e é a confirmação de que esses sistemas existem no Universo”, disse David Reitze, diretor-executivo da colaboração LIGO. “O que é realmente empolgante é o que vem a seguir. Quatrocentos anos atrás, Galileu apontou seu telescópio para o céu e abriu uma nova janela para o estudo do Universo. Nós estamos fazendo algo similarmente importante aqui hoje.”
GRANDES INSTALAÇÕES, PEQUENAS MEDIDAS
Composto por duas instalações gêmeas localizadas nos estados de Washington e da Louisiana, o sistema usa lasers correndo em circuitos perpendiculares de 4 km e interagindo uns com os outros. Qualquer minúscula variação no comprimento de um dos braços, provocada por uma onda gravitacional, geraria um padrão de interferência detectável. E, quando falamos em “minúscula”, é algo como um milésimo do tamanho de um próton.
Mas que diacho é essa tal de onda gravitacional? Bem, é uma das predições mais difíceis de confirmar da relatividade geral, que Einstein formulou em 1915 e publicou no começo do ano seguinte — exatos cem anos atrás, portanto. A teoria revolucionária mudou a noção que tínhamos de espaço e tempo, indicando que eles não seriam fixos e imutáveis, como se acreditava até então, mas flexíveis, maleáveis. E a gravidade nada mais seria do que uma distorção nessa nova entidade, o continuum espaço-tempo.
A teoria sugere que objetos em órbita um do outro sofreriam uma redução paulatina de sua distância, como se estivessem espiralando em torno de um centro de massa comum. Isso valeria para todos os objetos no espaço. Então, até mesmo a Terra estaria espiralando na direção do Sol — mas num ritmo tão lento que nem mesmo centenas de vezes a idade do Universo fariam com que nosso planeta mergulhasse em sua estrela.
Isso, contudo, é uma perspectiva muito mais real para estrelas de nêutrons e buracos negros binários, já orbitando muito perto um do outro. Com efeito, a primeira evidência indireta da existência das ondas gravitacionais foi descoberta na década de 1970, quando os astrofísicos americanos Russell Alan Hulse e Joseph Hooton Taylor Jr. descobriram o objeto PSR B1913+16, um par de estrelas de nêutrons orbitando velozmente em torno de um centro de gravidade comum.
Estrelas de nêutrons são o que resta de astros muito maiores, depois que eles esgotaram sua capacidade de produzir energia por fusão nuclear e explodiram violentamente como supernovas. Quando o material que sobra da explosão é superior a três ou quatro vezes a massa do Sol, não há lei física conhecida que impeça seu colapso completo –- o objeto se torna um buraco negro. Contudo, se a massa é menor que essa e pelo menos 40% maior que a do Sol, o resultado final é uma estrela de nêutrons.
No caso do PSR B1913+16, Hulse e Taylor notaram que o período orbital das duas estrelas de nêutrons estava encurtando, como se eles estivessem espiralando para dentro, gradualmente se aproximando um do outro. É exatamente o “sintoma” de que o sistema está perdendo energia na forma de ondas gravitacionais. A descoberta valeu aos cientistas americanos o Nobel em Física de 1993, e graças a isso sabemos que ondas gravitacionais deveriam existir mesmo. Faltava detectá-las diretamente.
É o que parece ter acontecido agora, pela primeira vez.
SERÁ QUE AGORA VAI?
O que deixa o mundo científico um pouco trepidante é que é a terceira vez que isso acontece pela primeira vez. E as duas primeiras não passaram de alarme falso.
A primeira delas envolveu o físico americano Joseph Weber, um pioneiro da caça às ondas gravitacionais e o primeiro a desenvolver detectores para esse fim, na década de 1960. (Um de seus detectores inclusive foi colocado na Lua pela missão Apollo 17!) Weber chegou a anunciar sucesso na busca, mas tudo não passou de um problema no processamento dos dados produzidos pelo detector.
Já o segundo alarme falso foi bem mais recente, em 2014: o grupo do experimento BICEP2, telescópio instalado no polo Sul, disse ter detectado sinais de ondas gravitacionais na radiação cósmica de fundo — supostamente confirmando que o Universo teria tido um período inflacionário logo após o Big Bang –, mas depois teve de voltar atrás, quando se tornou provável que o sinal não passasse, novamente, de um problema de processamento de dados. Eles haviam subestimado o ruído produzido pela presença de poeira dentro da nossa própria galáxia.
Para não repetir o fiasco, o pessoal do LIGO tem mastigado cuidadosamente nos últimos meses o sinal detectado, para excluir ao máximo qualquer chance de engano. Isso levou a meses de especulação de que uma detecção havia sido feita, iniciada pelo físico americano Lawrence Krauss, seguida por longos meses de silêncio.
O experimento já está atrás dessas ondas há um bom tempo. Ligado em 2002, ele passou os oito anos seguintes em busca de uma detecção, sem sucesso. Depois, passou cinco anos fechado para uma atualização, o que o transformou no Advanced LIGO, religado novamente em setembro do ano passado. Mais sensível, ele aumentou seu alcance de detecção. Se antes o sistema podia detectar o sinal de ondas gravitacionais de um par de estrelas de nêutrons em colisão a no máximo 70 milhões de anos-luz de distância, ele passou a poder captar sinais do mesmo tipo num raio de mais de 210 milhões de anos luz. Para eventos mais radicais, como a colisão de buracos negros, o alcance é ainda maior, se estendendo a bilhões de anos-luz. Foi o que bastou.
E agora? Com a divulgação, o resultado estará disponível para ser analisado cuidadosamente por toda a comunidade científica. Não só isso permitirá certificar sua autencidade como abrirá uma nova maneira de estudar o Universo. Objetos como buracos negros em colisão são inacessíveis por meio de telescópios convencionais. Mas é possível estudar em detalhes fenômenos como esse por meio das ondas gravitacionais.
A primeira detecção positiva levará a um aumento radical de interesse na área. Espera-se que os detectores já em operação — e os que ainda virão, baseados em terra ou no espaço — permitam investigar um número cada vez maior de objetos astrofísicos. Talvez seja possível, no futuro, detectar até mesmo as ondas gravitacionais produzidas pelo próprio Big Bang, oferecendo aos cientistas um acesso sem precedentes à origem do Universo.
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Supondo o Big Bang, com uma expansão para todos os lados e formando após algum tempo (incógnita) o Universo de hoje. Como teremos condições de localizar a Via Láctea dentro e a partir do ponto zero? A partir da Via Láctea, não no sentido do perímetro, mas no inverso iremos atravessar o ponto zero? A partir do ponto zero, em todas as direções o tamanho do Universo é igual? Se não sabemos, principalmente a localização da Via Láctea no Universo, como teremos condições de verificar quais ondulações se referem ao que? Reitero o sismógrafo.
Não tem sismógrafo. Sorry.
A Via Láctea não existia no ponto zero… ela se formou milhões de anos após o Big-Bang.
Não existe resposta para tudo, ninguém sabe o tamanho do Universo. O que sabemos q quando olhamos para todo os lados vermos uma esfera de 13,5 bilhões de anos luz de tamanho, é o máximo que da para ver, não é possível ver além. Se o Universo se estende a zilhões de anos luz além do que podemos ver ninguém sabe, ou se termina logo depois ninguém sabe também.
Quanto as ondulações, sabemos onde a Via Láctea fica, e sabemos também como localizar o objeto que gerou a uma onda gravitacional.
Salvador parabéns pelas explanações de forma descomplica quando se trata de grandezas dessa ordem. Porque nada emgana mais os sentidos humanos do que as grandezas cosmológicas. Pergunta: os neutrinos tem alguma referência ao caso em debate?
Não, mas se pegarmos ondas gravitacionais de supernovas, podemos esperar neutrinos também (nos detectores para esse fim, claro). 🙂
E tem o “plus a mais”: neutrinos e ondas gravitacionais chegam antes do que a luz (visível, infra e ultra), pois estes não sofrem o atraso que os fótons sofrem pela iteração com a matéria contida na estrela que explode. Então podemos detectar uma supernova com neutrinos e ondas gravitacionais, calcular sua localização, mirar os telescópios e esperar pelas ondas eletromagnéticas, ou seja, poderemos testemunhar uma explosão de supernova desde o seu início. Legal, não?
Não entendi… Nesse caso, os neutrinos são estariam mais rápidos do que a luz??
Salvador, que história é essa de que falam que podem usar essas ondas para viagens no tempo? Matematicamente isso tem fundamento real na teoria da relatividade de Einstein?
A relatividade permite viagens no tempo, mas essas ondas em nada ajudam nisso. Elas meramente confirmam a teoria de Einstein que permite algumas soluções em que há viagem no tempo. Mas, não, a despeito do que você tem ouvido por aí, não vamos sair viajando no tempo com isso. 😉
Caro Salvador, acompanhei os detalhes de como foram feitas os experimentos com os poderosos feixes de lasers, de como eles sofrem sutis alterações na trajetória e tempo de interação entre os fótons refletidos, mas a dúvida é se um evento de grandes proporções ocorrer na vizinhança, como a explosão ‘hiperrnova’ de Eta Carinae por exemplo, se um evento de tal magnitude cósmica não poderia gerar ondas gravitacionais fortes o suficiente pra até alterar a órbita de planetas. Abraço.
Não. Note que, no caso de uma supernova próxima, tem coisas que preocupam muito mais que as ondas gravitacionais, como a radiação, por exemplo. (Eta Carinae nem é tão próxima assim, mas se estiver alinhada do jeito errado, pode dar dor de cabeça para a vida na Terra… mas a chance é muito baixa.)
Salvador, parabéns pelas suas matérias, sempre instrutivas. A pergunta que faço é : que efeito sentiríamos se pudéssemos estar a uma distância relativamente próxima de um evento como esse (colisão de buracos negros) e sermos atingidos por essas ondas gravitacionais ?
Puxa, sei lá. Até semana passada, nem sabíamos se elas eram mesmo detectáveis… 🙂
Bem, da para chutar: não vai sentir absolutamente nada!
Como é a malha do espaço-tempo que esta oscilando, quando uma onda dessa passar por você, até mesmo as partículas atômicas vão “dobrar” seguindo a onda.
O espaço-tempo é a estrutura mais básica da básica possível, tudo que existe esta sobre essa estrutura, se ele estica e encolhe faz tudo q esta sobre ele esticar e encolher do mesmo jeito.
Sendo assim, não existe ponto de tensão ou referencial para qualquer coisa q esteja sob o efeito da onda, portanto, nada é percebido ou sentido.
Boa noite, Salvador,
Pelo que entendi, podemos viajar no tempo de modo mais rápido (bote rápido nisso!) encurtando o espaço entre dois lugares longínquos no universo. Seria como marcar dois pontos em uma folha e curvá-la ao meio, fazendo-os se aproximarem um do outro. É isso mesmo ou estou enganado? Não podemos viajar para o passado, mas podemos diminuir consideravelmente as distâncias no espaço.
Einstein, este sim, uma celebridade sem tamanho, imensurável.
Sim, a teoria da relatividade geral permite isso, mas a quantidade de energia necessária (assim como sua natureza, com densidade de energia negativa em certas circunstâncias) tornam a coisa toda bem fantasiosa no momento. Mas se a física não proíbe, quem sabe no futuro não dá pé? 🙂
Salvador… Em outros matérias sobre o assunto, percebi ser dito que as ondas gravitacionais viajam a mesma velocidade que a luz. Essa informação procede?
É o que sugere a teoria. O resultado é consistente com isso, mas foi presumido que sim para extrapolar todo o resto. Medições futuras vão poder determinar isso com exatidão. No momento, é presumido que sim.
Salvador,
Como se daria uma possível observação do big bang, tomando por base a recente descoberta.
Abraços.
Poderíamos detectar as ondas que esse evento gerou, deduzindo como ele se deu (e descobrindo, por exemplo, se houve mesmo uma fase inflacionária).
Prezado Salvador.
Aproveitando o assunto – e nem precisaria deste “gancho”, pois aparentemente tudo no Universo começa e/ou termina na gravidade -, gostaria que tentasse elucidar uma dúvida que tenho sempre que penso no assunto: o conceito de gravidade sob a teoria da Relatividade Especial.
Pelo que (pouco) sei, nesta teoria a gravidade não seria uma força mas uma deformação do espaço-tempo. Isto se encaixa bem para explicar a órbita de corpos, sendo clássico o exemplo da bolinha contornando um peso colocado em uma cama elástica.
O que não entendo é como justificar, desta maneira, que um corpo em repouso relativo a uma grande massa, assuma repentinamente um movimento em direção ao centro desta massa, como a famosa maçã de Newton. Uma vez que o corpo está em repouso, o que levaria a assumir este movimento, se não fosse uma força?
Até vou arriscar uma resposta, que me surgiu agora com o termo “repouso relativo”: na verdade, o que interessa é o “repouso absoluto”, que não existe, pois no Universo tudo se movimenta. No caso da maçã, por exemplo, o movimento de translação da fruta em torno do Sol estaria sendo forçado a não seguir a trajetória natural em direção vertical à Terra (causada pela deformação do espaço-tempo) pela haste que segura a maçã à árvore e, quando rompida, faria ela tomar o movimento correto. Seria isso?
Mas, neste, caso, o que justificaria a aceleração que os corpos em queda possuem, se novamente não se trata de uma força?
Bem, a resposta pode estar na minha avaliação equivocada da teoria da Relatividade Especial, talvez o conceito de força tenha que conviver com o da deformação do espaço-tempo.
O que me incomoda mesmo é sempre ver o mesmo exemplo, da bolinha orbitando o peso, e nada a respeito de explicar a simples queda dos corpos na Terra…
Abs.
Sérgio
A ilusão é achar que a maçã estava parada na árvore, em repouso, porque não havia força sendo exercida sobre ela. Na verdade, havia duas: a força gravitacional, para baixo, e a tração, para cima, pelo galho da árvore. Se o galho se enfraquece e a maçã se solta, uma das forças deixa de existir e a gravidade age desimpedida — chama a maçã a cair.
Até aí, gravidade newtoniana. Qual é a novidade com Einstein (e a relatividade geral, não a especial, que não versava sobre gravidade)? O que nos parece uma força na verdade é a curva do espaço-tempo em torno da Terra. Você pode interpretar o problema em termos geométricos. Troca-se uma força sempre em ação (a gravidade newtoniana) por uma curvatura no espaço-tempo.
Para os problemas cotidianos, ambas as soluções são igualmente satisfatórias. Até hoje os físicos usam Newton para calcular trajetórias de espaçonaves e órbitas de planetas.
Mas em situações de campo gravitacional muito forte, a interpretação de Einstein responde pelos fatos observados, enquanto a de Newton não. E a diferença essencial é que Newton considerava o espaço e o tempo absolutamente planos, e Einstein transformou o espaço e o tempo em entidades moldadas pela presença de massas (e energia) neles.
Hum, ainda não entendi como justificar a queda da maçã através da Relatividade Geral (conforme corretamente me corrigiu).
Posso então interpretar, como comentou, que as 2 teorias (a de Newton e a de Einstein) devam ser consideradas conforme a intensidade do campo gravitacional? Algo assim como a mecânica quântica, limitada a fenômenos microscópicos?
Mas estas teorias não são excludentes, as equações da Relatividade tendem às da mecânica Newtoniana quando envolvem energias e velocidades “normais”, não relativísticas. Ou seja, pode-se aplicar a teoria da Relatividade mesmo para eventos corriqueiros, que o resultado será o mesmo da mecânica clássica. A relatividade apenas (apenas é pouco…) conseguiu abranger níveis de fenômenos que a clássica não atendia. E isso não acontece com a mecânica quântica, uma vez que a mecânica tradicional ou a Relatividade não se aplicam ao mundo micróscópico, e nem o oposto é válido, não são compatíveis (pelo menos, até o momento). Ou seja, são excludentes.
O que permanece, para mim, é o caso da queda dos corpos sob a ótica da Relatividade. Voce comentou em trocar a força por uma curvatura tempo-espaço. Fica claro para corpos em órbita, mas não vi nenhum exemplo de como isto se aplica a corpos em queda.
Abs.
Sérgio
A gravidade de Newton é uma boa aproximação da gravidade de Einstein quando os campos gravitacionais não são tão intensos. (Assim como as leis de Kepler são uma ótima aproximação da gravidade de Newton para movimentos planetários.)
E não entendo qual é a sua dificuldade de compreender a gravidade pelo conceito de Einstein. Ela é mais simples que a de Newton. Enquanto Newton exigia uma força misteriosa agindo entre os objetos, Einstein sugere apenas que os objetos seguem a trajetória determinada pela curvatura do espaço — do mesmo modo que somos obrigados a virar quando a rua também vira. Seguindo com a analogia, Newton exigiria uma força misteriosa empurrando o carro para que ele se mantivesse na pista, e Einstein diz: não, ele apenas segue a pista, porque essa é a tendência natural ditada pela geometria da rua.
Até agora não vi ninguém vindo aqui falar que onda gravitacional estava prevista na bíblia, ou que dava pra alimentar bilhões de criancinhas africanas com a grana gasta nesse experimento. Oswaldo, Apolinário & Sua Gangue estão de ressaca do carnaval?
Apolinário já deu o ar da graça, notoriamente sóbrio.
Oswaldo ainda tá tentando entender. (Ele parou na supernova, acho. Tá lá ainda, discutindo o conceito de achômetro.)
Sua Gangue, o UOL nos poupou, ao chamar, em vez do meu post, a matéria do Gizmodo, supostamente mais didática (apesar de ter sido postada 40 minutos depois, ter autor estrangeiro e não ter vídeo).
kkkkkkkkkkkkkkk
Esclareço ao distinto colega que a Bíblia não foi criada para “prever” eventos. Pelo contrário, o Grande Livro é uma narrativa grandiosa do nosso passado. Além disso, sou um grande entusiasta da Ciência e acho que só ela será capaz de produzir um mundo mais justo e fraterno. Finalmente, o Carnaval para mim tem o sentido original Católico, ou seja, um período de abstinência e meditação, muito longe da ridícula festa criada pelos franceses e mais longe ainda dessa pérfida vulgaridade tupiniquim financiada pelos bicheiros cariocas.
Apolinário, não concordo com a maioria das suas colocações, mas admiro sua eloquência ahahaha..
“ridícula festa criada pelos franceses”
vc disse ridícula,
está a anos luz do carnaval do Brasil,essa sim é ridicula, nao pelas apresentações das escolas de samba que tem até um certo ar especial, mais os atos praticados pelas pessoas nessa época,inconsciente e irracional.
Apolinário, a Bíblia não foi criada para “prever” eventos? Do que se trata então o livro do Apocalipse? Ou ele já ocorreu e nem ficamos sabendo?
Salvador,
Desculpe minha ignorancia mas continuo sem entender o mecanismo de captacao das ondas gravitacionais. Faço uma analogia com o telecopio. Este intrumento limita a regiao de observacao, apesar de recebermos dados de objetos luminosos vindos de todos os lados, somente a luz que entra pelas lentes e que sao consideradas. Nao vejo como isso é possivel no caso das ondas gravitacionais, pois elas virao de todos os lados, inclusive do chao.
No telescopio ainda temos as lentes que ampliam o sinal recebido. Tambem nao vejo como isso é possivel com ondas gravitacionais.
Isso, elas vêm de todos os lados. Então, o seu sensor é omnidirecional (tanto que o sinal veio do céu austral, mas foi detectado pelo LIGO no hemisfério Norte). Mas, se você tem dois detectores, o que estiver mais próximo da fonte vai detectar antes do que estiver mais longe. Aí você triangula, com base nos diferentes tempos de chegada, para estimar a direção.
Obrigado pela explicacao.
Salvador, acho que vc apagou sem querer minha pergunta, então mando de novo:
O fortalecimento da relatividade enquanto teoria não cria um embaraço para física quântica?
Quer dizer, a teoria da gravidade e a mecânica quântica não são inconciliáveis? elas chegam a ser contraditórias?
Você acha possível a co-existência paralela e pacífica das duas teorias enquanto não se alcançar a famosa teoria gravitacional quântica?
Não te parece cada vez mais improvável que essa teoria possa um dia ser elaborada?
Abraço!
Respondi isso, acho. Não causa embaraço, porque as duas teorias são incompatíveis entre si, mas nenhuma delas está “errada”. Mecânica quântica versa sobre o muito pequeno, relatividade sobre o muito grande. Quando efeitos de ambas se encontram, fica complicado. Mas uma colisão de buracos negros é um evento firmemente calcado na categoria do “muito grande”, portanto é apenas natural que esperemos que a relatividade acerte aí.
Salvador, porque todos os modelos que vejo com a simulação do espaço/tempo são sempre planas?
Tudo não estaria envolto no espaço/tempo, assim como a agua envolve um objeto submerso? Essa curvatura que o astro de grande massa exerce sobre o espaço/tempo seria em todas as direções?
Seria em todas as direções. Nos desenhos, fazemos o recorte para poder visualizar. Não podemos visualizar a curvatura do espaço em três dimensões porque exigiria desenhar a curvatura numa quarta, e não visualizamos quatro dimensões. Usamos matemática para calcular os efeitos, mas não podemos *ver*, a não ser que reduzamos o modelo, reproduzindo o espaço em duas dimensões e usando a terceira para representar a curvatura. Tough.
Interessante. Nesse caso, eu tendo a visualizar o seguinte: Em vez de representar o formato de um funil em um tecido, podemos representar um campo gravitacional de maneira que se parece à forma que representamos um campo magnético. Com certas diferenças…
1- não conhecemos anti-gravidade, logo, não poderá haver forças repulsivas, somente atrativas.
2- as linhas de campo não seriam representadas viajando entre os polos (fazendo aquele formato de abóbora moranga) Penso que seria um campo difuso como um gradiente em todas as direções, e a interação com qualquer massa de passagem produziria forças convergentes…
Assista o cosmos serie original.procure no you tube o termo cosmos planolandia.sagan explica sua duvida com brilhantismo e otima didatica.abcs
Boa tarde Salvador;
Salvador, afinal de contas, no curto/ médio prazo (20 a 100 anos) de que tecnologias seriamos capazes de desenvolver com essa descoberta?
Na matéria do G1 (segue link abaixo) o cientista chega até mesmo a falar sobre máquina do tempo em 100 anos (achei exagero)… mas outro dado legal é a comparação que fizeram com as ondas eletromagnéticas, que quando foi descoberta não faziam ideia de sua função e hoje como podemos ver temos várias tecnologias que descendem dessa descoberta.
Obs.: Muito legal saber que temos 7 brasileiros envolvidos (6 do INPE) nessa descoberta. Afinal, essa descoberta, também é um pouquinho nossa.
Mais uma vez, parabéns pelo blog!
esqueci o link:
http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/02/ondas-gravitacionais-podem-permitir-viagem-no-tempo-diz-pesquisador.html
Eu achei que o Odylio (por quem tenho a maior admiração) forçou a amizade aí. rs
hehehe… até ai concordamos… mas e para você, o que acredita ser possível de tecnologia a partir dessa descoberta?
Sinceramente, do ponto de vista de manipulação artificial do espaço-tempo, nada. A natureza está nos dizendo que pra fazer essas coisas ela precisa de 60 massas solares se colidindo a 60% da velocidade da luz. Se quisermos aplicar isso, vamos ter de lidar com escalas mais diminutas. Não consigo imaginar, nem num futuro muito longínquo, a humanidade manipulando várias massas solares e as acelerando a uma fração significativa da velocidade da luz. Teremos de “otimizar” qualquer manipulação do espaço-tempo, como as equações de dobra do Alcubierre já mostraram anos atrás, sob pena de serem inviáveis. Então, por ora, é só uma janela de estudo do Universo. No futuro longínquo, conforme aprendamos mais sobre o espaço-tempo, talvez sejamos capazes de fazer mais e melhor que a natureza. Talvez…
Mensageiro, quais são as implicações para a mecânica quântica da detecção direta das ondas gravitacionais??
Apertei os cientistas o quanto pude, mas aparentemente, pelo menos nesse momento, nenhuma. O evento é totalmente macroscópico e a mecânica quântica não colabora em seus efeitos. É 100% relatividade. Segundo eles, seria relevante se detectássemos a onda gerada pela colisão de buracos negros microscópicos.
Legal!
mas não seria correto supor que o fortalecimento da relatividade geral enquanto teoria, com uma experiência empírica como essa, acarretaria em um embaraço para a física quântica?
quer dizer, a teoria da gravidade em si foi um calcanhar de aquiles para a quântica até hoje, não?
elas não são contraditórias?
Elas são incompatíveis entre si, o que significa que, quando há um fenômeno que envolva ambas, em essência, danou-se. Mas, nesse caso, um fenômeno astrofísico típico, a relatividade reina soberana. Seria surpreendente se ela falhasse aí.
acho que estou com problemas em visualizar os comentários recentes, por isso acabei repetindo pergunta parecida. Desculpe por isso.
o que ainda não entendi é como podemos separar os micros dos macros de forma tão definitiva…quer dizer, mesmo fenômenos macroscópicos astrofísicos são formados por partículas. Se elas são incompatíveis, isso é um problema sério que não podemos nos dar ao luxo de ignorar. Tenho a impressão de que a mecânica quântica tem o mal hábito de considerar apenas as evidências a seu favor, fechando os olhos para aquelas que lhe trazem problemas…
Abraço!
O problema é que os efeitos quânticos desaparecem nas grandes escalas. Por isso o macrocosmo é clássico, e o microcosmo apenas é quântico. Há alguns casos em que os dois se encontram — por exemplo, no interior de um buraco negro, ou na própria origem do Universo –, mas para a maioria das coisas podemos usar uma ou outra sem prejuízo do poder preditivo. Em essência, o fato de as duas não se bicarem sugere que talvez exista uma teoria maior, mais completa, que abarque ambas sem incompatibilidade. Mas são raras as circunstâncias em que precisamos dela para compreender fenômenos observáveis. Só em ambientes extremos, como no Big Bang e no interior dos buracos negros, as duas precisam trabalhar juntas.
A quantidade de engergia é absurda. Na Nature comparam com a energia (em forma de luz) que todas as estrelas do universo observável geraram no tempo que o evento durou. No Bad Astronomy compara-se com a energia que o sol geraria se durasse 15 trilhões de anos…
E pra nós, há 1,3 Bilhões de anos luz, “chegou” essa onda gravitacional quase que imensurável.
Agora a pergunta (Salvador ajuda aí):
Qual seria o impacto que essa energia causaria/causou em um suposto sistema solar próximo desses buracos negros?
Imagino que a dissipação seja rápida. Mas, claro, se fosse a uns poucos anos-luz de distância, talvez rolasse uma chacoalhada. Não sei te dizer se isso ia desestabilizar o sistema.
Salve, Salvador!
Que descoberta hein? É para valer um Nobel! Agora, eu como leigo, fico ainda mais admirado com Einstein. E lembrei da historia, não sei se verídica ou não – dá uma força aí nesse caso – que os nazistas, lá pela década de 30, publicaram um livro onde 100 cientistas tentaram provar que Einstein errara. Ao ser indagado, o gênio respondeu: para que 100? Basta um só provar…
E até hoje parece que esse um ainda não apareceu!
Abraço Salvador, valeu pelo teu trabalho sempre excelente.
Wagner, não sei se a história é exatamente essa. O que me lembro é dele se admirar com a história dos cem. “Cem, contra um? Eu devo ser bom.” (Estou parafraseando, tenho uma lembrança turva da história. Google há de esclarecer. rs) Mas que rolou, rolou, e a mensagem é: Einstein estava certo.
Abraço!
Coincidência, estou lendo “Uma Breve História do Tempo” do Stephen Hawking, justamente o capítulo dos buracos negros, em que ele usa um exemplo de dois buracos negros se fundindo.
Seria fantástico se houvesse uma supernova relativamente próxima e detectássemos as ondas gravitacionais chegando junto com todo espectro eletromagnético, não acha?
Fiquei com uma dúvida sobre o tamanho dos buracos negros, que na matéria você informou como 300 Km. É o tamanho do astro, aonde está confinada sua massa? Ou é o tamanho do horizonte de eventos?
Para esse buraco negro, qual seria o tamanho do astro e do horizonte de eventos?
Parabéns!
É o tamanho do horizonte. O que acontece do lado de dentro, não sabemos. A seguir a relatividade, a massa toda se reuniria num ponto infinitamente denso e pequeno.
Salvador, já que a onda gravitacional não possui a mesma natureza da radiação eletromagnética, de que maneira é medida a distância entre sua fonte emissora e a Terra? Existe um equivalente do redshift para esse tipo de onda?
Existe. É basicamente a energia dela. O padrão de oscilação indica as massas dos objetos, e a quantidade de energia — contraposta ao modelo teórico — permite estimar a distância. Mas a barra de erro é grande, bem grande.
Salvador,
Por favor, voce poderia me explicar com que tipo de equipamento voce consegue focalizar um objeto no espaço, para ouvir as ondas gravitacionais vindas deste?
Pelo que entendi estas ondas percorrem grandes distancias, praticamente sem perder energia, e chegariam aos equipamentos vindas de todas as partes do universo. Como é possivel identificar uma fonte especifica?
Tendo (pelo menos) dois detectores que permitam triangular a origem.
Sim, mas os dois detectores receberão ondas de todas as fontes possiveis, como é possivel saber a origem?
Por analogia vejo o exemplo do telecopio, apontamos o mesmo para um objeto luminoso, e com o uso de lentes, podemos receber as informacoes desse objeto. No caso da ondas gravitacionais, primeiro nao vejo como é possivel apontar os instrumentos para uma determinada regiao, e segundo quem faria o papel da lente?
Não é preciso lente. É só medir as diferenças de tempo de chegada da onda em detectores diferentes para triangular. E, claro, quanto mais pontos (detectores) você tiver, mais preciso fica. Nessa primeira, só conseguiram determinar a direção geral numa vasta região que inclui a Grande Nuvem de Magalhães.
O Pior é ver que tem gente que diz que Einstein é uma grande fraude. Boatos de que era burro, péssimo aluno, horrivel em Matemática, que na verdade tudo era feito por sua esposa etc…entre tantas outras baboseiras que escutamos por ai e muitas as vezes de pessoas estudadas como o Olavo de Carvalho, aquele babaca.
É interessante notar que tal como a luz, a gravidade possuiu uma dualidade onda partícula. A evidência a cerca da existência das ondas gravitacionais demonstram isso. O gráviton também não possui massa, motivo pelo qual o gráviton também se move na velocidade da luz.
Parece estranho mas corpos com massa irradiam gravitons, da mesma forma que emitem radiação em sejam dentro do espectro de luz visível ou não. A diferença é que os grávitons, ao contrário da luz, além de invisíveis, exercem uma força atrativa.
Se pudéssemos detectar os grávitons e converter isso em imagens poderíamos desfraldar um universo invisível, só perceptível pela interação gravitacional. Infelizmente, acho que isso é uma tarefa impossível.
Espero que nao passe por aqui alguma onda grande. Eu nao gostaria de ser distorcido uns 20m por exemplo.
Salvador, sabemos o que “é” a gravidade, como ela se comporta e agora até conseguimos ouvi-la distorcer o espaço-tempo ao redor. Mas já se descobriu o que a causa? O porquê d’ela fazer o que faz? Não um porquê significando propósito, mas a razão pela qual a massa dos objetos distorcem o espaço tempo ao seu redor atraindo uns aos outros no universo? O aumento de massa é a única forma certeira de um objeto ter sua gravidade fortalecida? Desculpe as perguntas ridículas e formuladas as pressas, mas não me contive…
Fernando, classicamente é isso, a gravidade é a distorção no espaço-tempo causado pela presença de matéria e energia nele. Agora por que o Universo é assim configurado, não sabemos. A constante gravitacional é um dos parâmetros fundamentais do Universo, e não sabemos por que tem o valor que tem (em suma, não sabemos por que a taxa em que a matéria e a energia distorcem o espaço é a que é, muito menos por que isso acontece).
Saudações Salvador. Pergunto se um buraco negro poderia ser o vazio deixado por um corpo no espaço que esteja se afastando em direção radial em relação ao nosso ponto de observação? E se, caso positivo, o que seria detetado por nós se esse corpo estivesse se aproximando em direção radial?
Não. Um buraco negro é uma quantidade de matéria que colapsou sob seu próprio peso.
Dois observatórios de ondas gravitacionais, localizados na costa oeste norte-americana, distantes aproximadamente de 3.000 km entre si, detetam simultaneamente, com atraso de sete milissegundos, os ecos de uma colisão de dois astros.
Um astro de massa equivalente 36 sois e outro de 29 sois fundem-se, transformando-se em um astro de massa equivalente a 62 sois, pois a massa de três deles foi dissipada em forma de ondas gravitacionais.
O formidável evento aconteceu há um bilhão e duzentos milhões de anos.
Os ecos da fusão foram capturados quando a TRG completava cem anos.
O que não foi declarado: quanto tempo durou esse maremoto gravitacional?
20 milissegundos, se não me engano. Sei que foi uma fração de segundo. E os objetos em colisão chegaram a atingir 60% da velocidade da luz.
Segundo a Nature, foi 1/4 de segundo:
http://www.nature.com/news/einstein-s-gravitational-waves-found-at-last-1.19361
Então, 250 milissegundos.
Isso significa que a onda gravitacional se propaga com velocidade superluminal? Afinal, 3000 km dividido por 0.007 ms dá uma velocidade maior que 400.000 km/s. Ou meu raciocínio está equivocado?
Na verdade, 3000km/0.007s = 428570 km/s.
Tales, você está pensando que as ondas atingiram os equipamentos alinhados em uma teta com o evento, mas há diversas triangulações possíveis, inclusive com detecção instantânea nos dois sensores.
Santo Einstein! Onde está escrito “teta” leiam “reta”, por favor!
Verdade, Frederico. Obrigado.
De onde estão saindo esses números??
3000 km é a distância entre os dois detectores do LIGO. 7 ms foi o tempo de atraso entre as detecções da onda gravitacional.
Certo. Mas aí o pessoal saiu fazendo umas outras contas muito doidas aí. rs
Como todas as ondas que vem do espaço de um lugar muito distante, estas podem chegar à Terra trilhando caminhos diferentes.
A velocidade da onda gravitacional é de 300.000 km/s. O tempo é de atraso é de 0,007 s. Não é correto dividir uma grandeza pela outra, mas multiplicar:
300.000.000 m/s * 0,007 s = 2.100.000 m
Isto significa que a diferença de trajeto das ondas é de 2.100.000 m ou 7 milésimos de segundo-luz. Comparando-se aos 11 milhões de anos luz estimados da origem do evento, isso não é quase nada.
Algo parecido aconteceu com a explosão da supernova SN1987A, quando uma rajada de neutrinos chegaram à Terra algumas horas antes flash luminoso, isto é: o grupo de fótons resultantes da explosão. Os fótons devem ter feito zigue-zagues pelo caminho enquanto os neutrinos vieram em linha reta.
Sim, mas que 11 milhões de anos-luz? Juro que não estou entendendo as contas que vocês estão fazendo, e com que propósito…
Nem eu sei… Números me confundem. Milhões e Bilhões mudam de escala pela notação americana e européia em mil vezes. Devo ter lembrado de Onze de Setembro.
Estamos falando da escala de 10^9 anos-luz. 😉
O atraso de captura de sinal entre os dois observatórios pode ser um indício de fraude.
300.000.000 m/s * 0,007 s = 2.100.000 m
Qual é mesmo a distância entre os dois observatórios?
Para saber mais:
http://gizmodo.uol.com.br/nos-encontramos-ondas-gravitacionais-e-agora/
3.002 km.
E você sinceramente acha que eles iam enganar os reviewews do Physical Review Letters, mas não você? Então tá bom. Ceticismo é sempre saudável. Pena que, no seu caso, é seletivo. Esse seu desejo irracional de querer que a relatividade geral esteja errada… 😛
Encontrei um debate no Physics Forums, talvez o fórum ortodoxo mais visitado do mundo.
A questão em discussão é de como foram “sortudos” os pesquisadores, ou, de fato, fusões de buracos negros são coisas realmente comuns.
https://www.physicsforums.com/threads/ligo-discovery-on-gravitational-waves.856858/
Exato! Essa é uma discussão muito quente agora! Só o tempo dirá. Pra você ter uma ideia, com essa única detecção, eles estimam uma frequência de 5 a 400 eventos detectáveis por ano. Olha o tamanho da margem de erro. rs É o tipo da coisa que só a observação vai dizer. Meio como tentar deduzir a frequência de planetas do tipo Terra só tendo observado um. 😉
Oi, Jonas. Você assumiu que a velocidade de propagação da onda gravitacional é de 300.000km/s com base no que diz a teoria da relatividade geral. Mas o meu ponto é o seguinte: com esse registro do LIGO, é possível medir a velocidade das ondas e validar a teoria, o serão precisas novas medições para se fazer isso? Por isso pensei em fazer uma divisão de distância entre os detectores e o tempo de atraso nas detecções.
No momento, não dá para testar, porque todas as interpretações do resultado estão pressupondo que (e são consistentes com) as ondas se propagam à velocidade da luz. Contudo, essa será uma coisa que será testada mais para frente, quando houver mais detectores para captar as ondas e determinar com mais precisão sua direção de origem. (Todos os modelos alternativos de propagação das ondas gravitacionais que não sugerem que ela se move a c sugerem que ela se move muito próximo de c, o que torna difícil discriminar no momento. Mas será possível com o refinamento das técnicas e medidas. Essa foi só a primeira detecção!)
Ótimo, Salvador. Era sobre que isso que queria mais informações. Muito obrigado.
Você considera esse experimento mais importante e relevante que o realizado pelo satélite Gravity Probe B que comprovou outras duas importantes previsões da teoria da relatividade geral(O arrasto de referenciais e o Efeito geodético) ?
Acho que sim, porque não é só uma questão de testar a relatividade (aliás, isso é o de menos, considerando que já testamos tantas vezes no passado, a exemplo do que você cita agora). É de abrir um novo campo de pesquisa, o da astrofísica por ondas gravitacionais.
É muito curioso pensar que essas ondas gravitacionais se movem na velocidade da luz, que foi calculada la atrás nas Equações de Maxwell, dependendo apenas da permissividade elétrica e a permeabilidade magnética do vácuo. Ou seja, propriedades eletromagnéticas definem a velocidade de propagação de uma onda que nada teria a ver com eletromagnetismo. Mais curioso ainda é pensar que o espaço se “alarga” ou “comprime” periodicamente, a depender das massas envolvidas nesse movimento do sistema binário, como se ele fosse um éter mesmo, conforme os cientistas até o século XIX imaginavam.
E já viajando mais ainda, poderíamos até pensar que da mesma forma que uma carga elétrica gera um campo elétrico, e sua aceleração gera uma onda eletromagnética com um campo eletromagnético (oscilações dos campos elétricos e magnéticos), talvez o que exista não seja exatamente o espaço. O que nós pensamos como espaço seja na verdade um campo gravitacional, e este está intrinsecamente ligado à matéria. Ou seja, não existiria espaço sem matéria. Passei dos limites ou não Salvador? rsrs
Acho que não passou muito não. A hipótese de não haver espaço sem matéria (e energia) me soa intuitivamente interessante.
Acho muito cedo pra se pensar em coisas como viagens espaciais ou coisas do gênero mas com certeza essa descoberta é algo que dá uma importante ferramenta para o estudo do universo. Algo que pode elucidar duvidas antigas e trazer novas a tona. Fico eufórico pelo que está por vir. Parabéns pelo blog. Sou um grande fã dele.
Valeu, Iranildo! O futuro será incrível mesmo! 🙂
legal
Chupa, Olavo de Carvalho!
Chupa ao quadrado, Olavo de Carvalho!
Salvador, pode ignorar a minha pergunta. Eu devia ter ligo os comentários antes. Já está respondido. Obrigado e parabéns mais uma vez. Sou seu fã!
Valeu!
Salvador, a interação gravitacional normal (entre o Sol e a Terra, por exemplo) se dá através das ondas gravitacionais?
Salvador, parabéns em primeiro lugar! Agora, questões: Depois da descoberta algo foi dito sobre o impacto dessas ondas que devem estar se intercruzando frequentemente universo afora em relação a posição/movimentação dos objetos materiais que o compõe? Em resumo, e por escopo, com essa descoberta, há alguma interferência na expansão da matéria no Universo, que possa impactar as idéias até agora concebidas de matéria e energia escura? abraço!
Acredito que não. Pelo menos, não vi nenhuma referência a esse respeito… Abraço!
Quanto custou o experimento?
US$ 600 milhões.
1. Ondas gravitacionais se comportam, matematicamente falando, da acordo com o algoritmo descrito a seguir.
1.1 Algoritmo da Gênese Lógica, Geométrica, Matemática e Estatística do Comportamento de Sistemas Dinâmicos – Inteligência Computacional em 03 Dimensões – Parte 01 – Fonte – Link https://youtu.be/0zFBpFIebSE
2. Descrição no blog – http://rogerounielo.blogspot.com.br/2015/02/algoritmo-da-genese-logica-geometrica.html?m=0
3. Versão em inglês – Link http://rogerounielo.blogspot.com.br/2015/02/algorithm-genesis-logic-geometric.html?m=0
Xkcd nas ondas gravitacionais: 🙂 http://xkcd.com/1642/
Analisando a ciencia pela medida da nossa finitude, as conclusões podem ser contraditórias. Nós vivemos 70 anos, podemos chegar a 100. Em 100 anos, na vida prática, passamos da luz elétrica ao computador, das primeiras estradas de ferro ao trem-bala, das charretes aos Ford pretinhos, desses Ford aos carros com direção hidráulica e sensor de estacionamento, daí aos carros elétricos. Rápido, hein? Mas do Galileu na Inquisição jurando que a Terra era parada, mesmo tendo certeza que ela se movia, à gravitação de Newton, à Relatividade de Einstein, o intervalo foi de 100 anos ou mais. Demorando quase 100 anos também para essa comprovação da referida teoria. Passos de tartaruga, hein? O conhecimento teórico, então, se aprimora mais devagar que sua aplicação prática?
O maior comentário no estrangeiro, contra tais resultados, é que assim como uma onda gravitacional pode distorcer o espaço de trajetória desse laser, indicando alguma interferência ( mais nada no trajeto), qualquer particula atómica (ou sub) também o pode, dai a muitos torcerem o nariz sobre esse resultado, e esperar outros centros o confirmarem.
O duro é qualquer partícula fazer isso em dois lugares ao mesmo tempo, no mesmo padrão, separados por 3.000 km. 😉
Olá Salvador, se as ondas gravitacionais perturbam o espaço, então, em tese, são perigosas para todas as estruturas atomicas, poderiam romper as ligações atomicas dos corpos e objetos? nos desmanchariam?
Estamos falando de um negócio que flutua numa fração do tamanho de um próton. Até onde sei, não há previsão de que possam causar uma zoeira master.
Salvador, se quando observamos o universo vemos o passado, pois o que estamos vendo é uma imagem de vários anos atrás devido às grandes distâncias.
Será que seria possível nós enxergamos a luz que saiu da terra? Sem sair da Terra.
Já que de acordo com a teoria da relatividade o espaço é o tempo são maleáveis.
Bom o que eu quero dizer, é o seguinte, seria olhar para o passado, tipo digamos que um sensor muito sensível captasse a luz que saiu da terra, e essa luz é datada de 1500.
Então veríamos a Terra como era em 1500.
Se o Universo tivesse uma geometria fechada (não parece, pelo menos no horizonte observável), sim.
Ainda estamos apenas engatinhando,estamos a anos luz de resolver esse problema se a Zica não acabar com nossa civilização em duas gerações, tem um cometa que vai passar raspando a Terra dia 05 de Março , acho que nem as teorias de Interestelar resolvem nossos problemas fora a politica que deixa qualquer homem sério puto…. Abraços.
Zica vai acabar com a civilização? Está brincando, né? Não é para tanto pessimismo. É uma crise grave de saúde pública, mas certamente não vai acabar com a civilização.
Dizem que essas ondas gravitacionais já foram geradas desde o começo do Universo, mas então estão falando do Big Bang ou ainda muito tempo depois ? E se foi mesmo no Big Bang então os cientistas terão muito mais chances de saber como foi o início do Cosmos através delas ?
No próprio Big Bang (quem sabe até resquícios do que houve antes dele, se houve algo!) e, sim, poderemos aprender bastante sobre o início do Cosmos se pudermos detectá-las.
Uma notícia maravilhosa. Porém, algo me diz que é muito cacarejo para pouco ovo…
Acho que dessa vez é o ovo mesmo.
E aproveito para dizer que o seu ceticismo é bem saudável. Pena que você só o aplique à ciência…
Apô… Só o fato de você achar esta notícia maravilhosa, para os freqüentadores do blog, a noticia passa a ser maravilhosa ao cubo.rss
… e, então, a cada pergunta x resposta, constato admirado que nada sei! Gostei da pergunta do leitor Jorge (4:02 pm: “Mas desculpe a ignorância, em termos práticos, ou seja, no varejo, para que serve essa descoberta?”) e mais ainda da resposta! Pluf! E, então, fez-se a luz!
Continuarei engatinhando, não sei se um dia darei uns passinhos mais arrojados, mas me é absolutamente fantástico saber que há muito, muito a aprender.
Parabéns, Salvador; parabéns à galera interessada e curiosa que te enche de perguntas (rsrs)… Afinal, como teria dito Einstein (pelo menos atribuem a ele a autoria dessa frase), “são as perguntas que movem o mundo…” Que assim seja…
Valeu, Peerre! Curto muito essa interação por aqui, embora, admita, já estou de ressaca das ondas gravitacionais. rs
Mas a Teoria das Probabilidades não garante que dois interferômetros separados por 3 mil quilômetros um do outro, podem perceber minivibrações iguais e simultâneas por mera coincidência?
Podem. A chance de tudo não ter passado de coincidência foi estimada em 1 em 5 milhões. Faça suas apostas! 😛
Tudo aponta ser um falso-positivo, conforme relatos de grandes físicos da área: a detectação é verdadeira, mas a interpretação-resultado é duvidoso, ate que muitos outros centros o confirmem, tal qual o caso OPERA
Tudo aponta para um falso positivo? Tudo o quê especificamente? Porque dessa vez tudo aponta para ser o real deal, na minha modesta opinião.
Essa história de manipular a gravidade, que um dos comentadores anteriores referiu, não é o ponto de partida de “Interestelar”?
Até é. Mas estamos muito longe disso.
E=Mc²
Segundo a obra “a grande síntese ” do professor Pietro Ubaldi , a velocidade da onda gravifica é superior à velocidade da luz. Entretanto não é instantânea a transmissão. Existe um tempo mínimo para transmissão da onda gravifica. SUGIRO AOS ESTUDIOSOS consultarem esta magnífica obra. A GRANDE SINTESE . ( a síntese e solução dos problemas da ciência e do espírito. Abraços à todos.
Marcio, futuras detecções, com triangulações mais precisas, vão poder testar a velocidade de propagação das ondas gravitacionais. Não que eu esteja dando bola para essa obra aí, que nem conheço (e temo pelo nome e pela sua descrição), mas você pode conferir em breve se o tal Ubaldi acertou ou errou. Se ele acertou, Einstein errou nessa. rs
A Grande Síntese era livro de cabeceira de Einstein. Inclusive, ambos trocaram correspondência e ele, Einstein, ficou admirado com a vastidão desta obra, e não somente esta, mas todas as suas vinte e quatro…
É isso…
Abraços fraternos,
Andre.
Interessante. Fui pesquisar sobre a figura. Parece mesmo ter sido um sujeito curioso, o tal Ubaldi.
Eu achei o Ubaldi muito pretencioso.
No livro ele “só” explica Deus e o Universo!
Einstein realmente elogia o livro pelo poder persuasivo.
Dei uma pesquisada e ele me parece um Giordano Bruno repaginado, um filósofo sem medo de especular sobre temas controversos. Interessante. Mas dificilmente científico.
Prefiro ficar com Einstein…rs
Hmm… Márcio, acho que você errou de porta. A seção de religião fica ali no fim do corredor, à esquerda, ao lado do workshop sobre contos de fadas.
Gostaria que o Pietro Ubaldi tivesse a capacidade de predizer quando algo como clarividência ou comunicação com espíritos conseguirá ser comprovada… KKKKKKKK.
Assim como Deus não cura amputados, parece que espíritas nunca conseguem predizer quando conseguirão comprovar algo que dizem observar rotineiramente.
E sempre aparece um religioso tentando misturar pseudo ciência(ou nem isso) com ciência.
Só rindo mesmo.
Salvador ,qual a probabilidade de existir um modo de influenciar estas ondas em beneficio as viagens cósmicas, já que as ondas viajam na velocidade da luz ,um modo talvez de pegar carona ou dobra las para encurtar caminho … deve ser com certeza um dos intuitos dos pesquisadores já que acharam um modo de identifica las .
Eu não sou otimista com relação a isso. E as ondas se propagam na velocidade da luz! Que vantagem? 😛
Teoricamente isto é possível. Um físico mexicano chamado Miguel Alcubierre elaborou teoricamente este tipo de viagem, que ficou conhecida como warp drive e é eestudaa pela nasa. Entretanto para fazê-la, seria necessária uma grande quantidade de energia para curvar o espaço tempo. Sou otimista quanto a isso e os estudos estão avançando.
Eu conheço a bolha do Alcubierre, já escrevi um monte sobre isso, inclusive as pesquisas do Sonny White, na Nasa. Mas é muito cedo. A quantidade de energia exigida é imensa. Veja quanta energia o Universo consumiu aí nessas ondinhas gravitacionais que detectamos de forma sutil…
Sou um entusiasta do tema, mas confesso ter pouca informação com consistência e robustez sobre o assunto. Mas, tendo em conta aquilo que Einstein falou (“Mais importante que o conhecimento é a imaginação.” – ou algo assim) e modestíssimas colaborações com o antigo NIAC da NASA, arrisco a dizer que como a luz é distorcida pela gravidade, então a velocidade com que a “onda gravitacional” se propaga (se for mesmo uma onda), necessariamente tem que ser maior que a velocidade da luz porque a precede para poder distorcê-la. Se não fosse assim, antes de ser perturbada pela gravidade, a luz poderia seguir sempre em linha reta, sem distorções. Por isso acredito que a “onda gravitacional” não é uma onda (não se comporta como tal). Ela é, sim, um quanta de energia da matéria escura que, quando próxima da matéria ordinária, é colapsada e liberada em quantia inversamente proporcional a massa da matéria ordinária que interage com ela.
Pela relatividade, ondas gravitacionais se propagam à velocidade da luz. Os resultados são compatíveis com isso, mas não permitem cravar de forma exata.
Seria possível que as ondas gravitacionais estivessem junto com o restante da matéria que constitui o Universo, num pequena area de espaço, deformando o espaço tempo a um ponto de origem do big bang e de repente, ficassem antípodas da matéria concentrada, e explodissem com um tipo de big bang gravitacional (big bang primário), com velocidade incalculável, mas milhares de vezes acima da velocidade da luz, e na sequencia esta deformaria o espaço tempo, e como consequência teria havido a expansão contida da matéria num pequeno espaço (biG bang convencional). Já li, não sei onde, que a luz teve velocidade cem vezes maior no big bang, estaria agora numa velocidade intermediária, e quando preenchido o espaço tempo que as ondas gravitacionais possuem a luz pararia de viajar, tornando o universo uma grande area escura?