The Falcon has landed. Again. No mar.

Salvador Nogueira

A empresa americana SpaceX realizou nesta sexta-feira (8) o lançamento de uma cápsula Dragon, levando suprimentos à Estação Espacial Internacional (ISS). Mas o grande destaque ficou por conta do primeiro estágio do foguete Falcon 9, que, após ser descartado, fez um pouso perfeito numa balsa no oceano Atlântico.

O início do voo aconteceu às 17h43, e o pouso ocorreu aproximadamente oito minutos depois. Foi a segunda vez que a SpaceX conseguiu trazer de volta intacto o primeiro estágio do seu foguete, e a primeira vez que a recuperação se deu em alto-mar. A expectativa é de que o feito, tornando-se corriqueiro, possa baratear radicalmente o custo de acesso ao espaço.

De cara, Gwynne Shotwell, presidente da SpaceX, declarou que a reutilização bem-sucedida do primeiro estágio do Falcon 9 poderia reduzir o custo de um lançamento em 30%. Atualmente, a empresa costuma cobrar cerca de US$ 61 milhões por voo — um preço já extremamente competitivo no mercado. Poderia cair a US$ 43 milhões. Isso leva em conta a estimativa de custo de recauchutagem do estágio recuperado para um segundo uso. Até agora, esses cálculos não foram colocados à prova numa tentativa de relançamento.

Para que se tenha uma ideia de escala do tamanho do negócio, a balsa (chamada “Of Course I Still Love You”) tem 91 x 52 metros.

A MISSÃO DE AGORA
Impulsionada pelo segundo estágio do Falcon 9, a cápsula Dragon entrou em órbita dois minutos depois do pouso. Ela realiza a oitava missão de reabastecimento da ISS contratada pela Nasa junto à SpaceX. Sua atracação ao complexo orbital está marcada para este domingo (10). Além de transportar cerca de três toneladas de suprimentos e equipamentos científicos, a espaçonave leva à estação o módulo inflável BEAM.

Desenvolvido pela empresa americana Bigelow Aerospace, ele pode ser um precursor de tecnologias a serem usadas para criar ambientes habitáveis para astronautas em órbita, na Lua e na longa viagem a Marte, programada para a década de 2030. O BEAM é o primeiro módulo novo a ser instalado na estação desde o fim de sua montagem básica, em 2011. A ideia é testar seu uso na estação espacial para validar o potencial da nova tecnologia.

Este foi o primeiro voo da dupla Falcon 9/Dragon desde o acidente que vitimou o foguete da SpaceX em 2015, levando à perda da carga da sétima missão de transporte. A companhia também tem um acerto com a agência espacial americana para passar a transportar astronautas em uma versão tripulada da Dragon (V2), a partir de 2017. Desde a aposentadoria dos ônibus espaciais, em 2011, os EUA têm contado com o apoio de espaçonaves russas Soyuz para o envio de seus astronautas ao complexo orbital.

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Comentários

  1. É interessante o processo que eles bolaram para trazer para um porto o foguete na balsa: eles estão instalando em cada “pé” do foguete uma peça enorme, de aço, e soldando essa peça ao piso da balsa. Assim, garantirão que a nave não vai tombar ao ser movida por rebocadores e o balanço do mar.

    Parece prosaico, mas as dimensões e carga envolvidas são enormes!

  2. tá difícil ler todos os comentários (e filtrar o que realmente interessa), então vou fazer meu comentário/pergunta correndo o risco de já terem escrito:

    – como é que os caras conseguem manter um “poste” estável após o pouso numa “balsa” balançando daquele jeito? Centro de gravidade baixo? Pernas suficientemente grandes pra equilibrar o centro de gravidade? É óbvio que os caras pensaram nisso, mas o vídeo é de arrepiar…

    1. É uma boa pergunta, de fato. Pelo que pude apurar, só o tamanho das pernas resolve para o pouso, mas a balsa fica parada no mar até ser abordada por uma tripulação que fixa os pés do foguete, e aí ela pode zarpar para o porto.

      1. Vo arriscar falar bobagem, mais o que garante a estabilidade não é o fato do motor estar embaixo, garantindo o centro de gravidade próximo a balsa e o resto do “poste” ser na maior parte oco para armazenagem de combustível?
        Um abraço Salvador! e ótima pergunta do Túlio

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