Plutão deve ter um oceano sob a crosta de gelo

Salvador Nogueira

O nível de atividade geológica na superfície de Plutão indica que ele deve ter — ainda hoje — um oceano de água sob a crosta congelada. É o que sugere um novo estudo recém-publicado por cientistas americanos, com base nas imagens da sonda New Horizons.

Vou dar um tempinho para você processar isso. Tem água. Em Plutão. Um planetinha anão. Nos cafundós do Sistema Solar.

Digeriu? Vamos em frente. O trabalho tem como primeiro autor Noah Hammond, orientado por Amy Barr, ambos da Universidade Brown, nos Estados Unidos. Eles não fazem parte da equipe da New Horizons, que fez o histórico sobrevoo de Plutão em julho do ano passado, mas a pesquisa foi financiada pela Nasa e aceita para publicação no “Geophysical Research Letters”.

“No nosso trabalho, procuramos por traços tectônicos na superfície de Plutão para entender seu anterior e executamos modelos de evolução térmica para nos ajudar a entender como o interior de Plutão pode ter evoluído com o tempo”, disse Hammond, em nota.

A ideia é que Plutão tenha nascido muito mais quente, 4,6 bilhões de anos atrás, pela energia das colisões de planetesimais que o formaram, e a partir dali tenha se resfriado paulatinamente.

Nesse momento, quando seus componentes tivessem se diferenciado (com a criação de camadas a partir do afundamento do material rochoso, mais denso), um oceano de água líquida teria se formado sob a crosta gelada.

Desde então, o interior de Plutão estaria em processo de resfriamento — como, aliás, devem estar todos os núcleos planetários. Nisso, o oceano deveria gradualmente ir se congelando.

Contudo, se o congelamento tivesse sido completo, isso produziria uma rachadura significativa na crosta — o que não foi observado nas imagens da New Horizons. Em vez disso, os traços tectônicos observados são compatíveis com o congelamento de parte do oceano interno. E como muitos desses traços são geologicamente recentes, é bem provável que parte dele ainda esteja em estado líquido até hoje.

Isso, por sua vez, não depende de nenhum efeito de maré e significa que muitos outros planetas anões no cinturão de Kuiper podem ter características similares, com oceanos sob a superfície.

“Muitas pessoas pensaram que Plutão estaria geologicamente ‘morto’, que estaria coberto de crateras e teria uma superfície antiga”, disse Barr. “Nosso trabalho mostra como até mesmo Plutão, na borda do Sistema Solar, com muito pouca energia, pode ter tectonismo. Estamos gratos à equipe da New Horizons por trabalhar tão duro para guiar a espaçonave a Plutão e produzir as imagens bonitas que motivaram nosso estudo. Elas forneceram outra peça do quebra-cabeça da planetologia comparativa dos mundos gelados.”

Como diria o sr. Spock, fascinante!

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Comentários

  1. A HUMANIDADE CAMINHA A PASSOS LARGOS PARA A AUTO-DESTRUIÇÃO:

    CIENTISTAS ALERTAM: A HUMANIDADE CORRE GRANDE RISCO DE GRANDES CATÁSTROFES CLIMÁTICA CADA VEZ MAIS FREQUENTES E CADA VEZ MAIS INTENSA CAUSADAS PELO EFEITO ESTUFA E O AQUECIMENTO GLOBAL.

    PRECISAMOS TOMAR PROVIDENCIAS PARA PELO MENOS RETARDAR ISTO. PRECISAMOS DEFENDER A NATUREZA,A ECOLOGIA, O MEIO AMBIENTE, O USO DAS ENERGIAS ALTERNATIVAS, PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL, REDUZIR O CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS, PARA EVITARMOS DE SERMOS EXTINTOS COMO VERMES PELAS FORÇAS QUE REGEM A TERRA.

    O PETROLEO É ENERGIA SUJA E ESTÁ COM OS DIAS CONTADOS. As energias limpas estão cada vez mais acessíveis. So o governo federal e os donos do petroleo que não querem. Fica dando incentivo para carros com motores poluidores, e barra incentivos para as limpas. Energias suja, Ou acabamos com elas ou elas acabaram conosco A humanidade corre perigo por causa do AQUECIMENTO GLOBLAL

    ” as vezes nos referimos a nos mesmos de seres humanos. onde esta essa essência de humanidade? algumas pessoas realmente são, encontramo las perdidas uma ou outra, mas graças a Deus alguns povos terraqueos conserva essa particula de Deus. Jesus, independente de quem é cristão ou não,ou ateu ou qualquer coisa, veio para ensinar a amar, e a maioria de nos so destroem. Destroem a si mesmo com excessos(cigarros,bebidas,drogas etc),destroem os outros,destroem nosso mundo q recebemos de graça para te lo e tudo que há nele. Oh espécie que não presta é essa.”
    Theo7

  2. Salvador, esses novos dados alteram de forma significativa as estimativas feitas sobre planetas potencialmente habitáveis?Ou os cálculos já consideravam algum cenário como esse observado em Plutão?

    1. Não mudam, porque as contas de planetas habitáveis só envolvem aqueles que têm superfície habitável.

  3. Caro Salvador, fica a dúvida se há ou não atividade tectônica em Plutão. No entanto fica também a dúvida do quê moveria as placas caso se confirme esse processo. Notei que ninguém aventou a hipótese de que o processo poderia ser originado e mantido pela força nuclear fraca, ou seja, pela radioatividade. Não é um processo idêntico ao que ocorre aqui na Terra, apesar de Plutão ter um diâmetro inferior e ser menor a pressão das camadas que o compõem?

    1. Não há dúvida. Há atividade tectônica em Plutão. As imagens revelam isso. Mas, claro, não é igual à da Terra, que é conduzida por outros processos, com outra estrutura interna, outras temperaturas e outros materiais. Pense no tectonismo plutoniano como um análogo, não um equivalente do terrestre.

      1. Sim. Mas que tipo é então? E o quê o causa? A crosta é reciclada de alguma forma sem a presença de calor?

  4. Dá maneira que a coisa tá indo – água prá todo lado – o mais provável é que vidas (inclusive inteligentes) que tenham evoluído em oceanos sejam a regra para o Universo.
    Neste caso, seres terrestres que se desenvolveram na superfície de seus planetas – assim como nós – são a minoria.
    Então em breve estaremos encontrando peixes em discos voadores por aí.

  5. Os planetas rochosos ficam mais próximos do sol e os menos densos como os gigantes gasosos mais afastados. Plutão não é um gigante gasoso, por que sua órbita é tão distante? Tem relação com sua formação? Ele pode ter sido incorporado ao sistema solar depois dos outros?

  6. Salvador,

    Você disse em uma resposta que a Terra ainda não está travada com a mesma face voltada para a Lua. Isso irá acontecer algum dia?

    1. Vai levar mais que o tempo de vida do Sol, então, provavelmente, não. Mas a Terra está paulatinamente freando sua rotação (os dias estão ficando mais longos) por causa disso. Mas numa fração muito pequena, irrelevante para nós e nosso tempo de vida.

      1. Algum fator dentro ou fora da terra pode fazer com que ela volte a acelerar, como por exemplo um terremoto? Eu li uma vez um cientista falando que o movimento das placas tectônicas podem deixar a terra mais compacta e com isso aumentar a velocidade de rotação, isso é verdade?

  7. Nada do que foi teorizado até agora é capaz de explicar com clareza o que ocorre por lá caso seja comprovado que existe realmente água em Plutão.
    Pelo seu tamanho, idade, distância do Sol, falta de marés, ele já deveria – ou está – completamente congelado.
    Deve haver algo que foge de nosso conhecimento até então.
    Se se confirmar, podemos estar a descobrir novidades capazes de transformar nossa visão da termodinâmica no espaço.
    Talvez a falta de um campo magnético…

    1. Não, não existe nenhuma violação das leis da física nisso tudo. Há modelos que explicam — e já previam — um oceano em Plutão. Agora temos evidências concretas de que é o caso. Mas ouço falar de possível água em Plutão há uma década já… 😉

    1. Os astrônomos usam planetesimal mesmo. A palavra tem origem inglesa, mas está dicionarizada já.

    2. Dando meu pitaco: Infinitésimo é um substantivo, infinitesimal é um adjetivo, portanto, planetesimal seria uma qualidade de alguns objetos estelares, enquanto que um planetésimo seria um determinado objeto…

      Porém, quando se trata de jargões técnicos, tudo é possível. Já li cada coisa…

      1. Radoico, planetesimal é o objeto mesmo — embora, claro, ele o seja assim chamado porque essa é a sua qualidade — uma fração mínima de planeta. 😛

  8. Problemas, Salva!

    Não consigo ler todo o texto da tua matéria. Quando clico em “leia mais” não funciona.

    Onde estaria o erro?

    1. Se você não é assinante e já entrou no blog mais de 20 vezes (acho) num mês, aí parte do texto fica bloqueado e os comentários continuam liberados. Deve ser o caso, Nyco.

  9. Incrível . Quem imaginaria, há alguns anos atrás , que Plutão ,considerado árido como a Lua, conter água. Água pra todos os lados. Mas que tipo de água? Seria possível saber ? Aliás, todas essas águas encontradas nas luas e em Marte seriam iguais ? Ou diferentes, todas elas, como no cometa Chury?

    1. Quando dizem “água” é H2O mesmo, a substância. Gelo de água é o nosso conhecido gelo. Gelo de metano é outra substância… Nuvens de nitrogênio são nuvens de N2, nuvens de água, são de H2O…

  10. Salva, no texto é dito que o efeito maré não tem nada a ver com essa condição geológica de Plutão, poia o calor seria proveniente do momento de sua formação.

    Lembro que em um post anterior sobre Plutão (antes da NH chegar lá) que esse assunto veio a tona, pois foi aventado a possibilidade de água liquida decorrente do calor gerado pelo efeito maré entre Plutão e Caronte. Lembro também ter lido alguma coisa que o efeito maré seria insignificante.

    Mas afinal, quão intenso seria o efeito maré entre Plutão e Caronte? Vc tem alguma dica?
    Grato!

    1. Pallando, hoje em dia o efeito de maré entre eles é praticamente nulo, porque a excentricidade da órbita de um em torno do outro é praticamente zero. No passado, a órbita deve ter sido mais excêntrica, mas essa alegria só teria durado alguns milhões de anos — muito pouco para a idade do sistema. Por isso, se há um oceano interno em Plutão, a essa altura ele não é mantido por efeito de maré.

      1. Salvador, o efeito maré se deve apenas à excentricidade da órbita? A rotação sincronizada impede o “casal” de gerar, entre eles, efeito de maré como no sistema Terra-Lua? Como giram sempre “face to face” poderia ser gerada uma forma elipsóide nos dois corpos devido à força centrífuga sempre no mesmo “sentido”?

        1. Pelo que entendo, o efeito maré é gerado pelo fato de haver um movimento relativo entre os dois corpos, então um atrai gravitacionalmente o outro afetando a cada hora pontos diferentes de suas superfícies, assim, os líquidos do planeta vão “acompanhando” a lua no seu caminho pelo céu. quando os objetos estão “travados”, é sempre o mesmo ponto que recebe a maior ação gravitacional e os eventuais líquidos ficariam na mesma condição, a maré fixa.

          Se nossa Lua estivesse “travada” com a Terra e sempre acima do Rio de Janeiro, por exemplo, o nível ali seria sempre como na maré alta. Como não está, o nível do mar no Rio sobe e desce, como em todas as partes do mundo, acompanhando a Lua.

          Um poeta diria que o Mar é um eterno apaixonado pela Lua, mas ela, fugidia, não se deixa alcançar. 🙂

      2. Salvador, uma dúvida:
        Plutão e Caronte estão “travados” pela maré, ou seja, Caronte vê sempre a mesma face de Plutão? Caso Plutão mostre sempre a mesma face para Caronte, daí realmente o efeito de maré seria nulo. Caso contrário, não vejo como negligenciar o efeito de maré mesmo com excentricidade nula (órbita circular).
        O efeito de maré da Lua na Terra não depende, que eu saiba, da excentricidade da órbita da Lua.
        Estou enganado?

        1. Sim, estão travados — a mesma face de um está voltada para o outro o tempo todo.
          No caso de Terra-Lua, o efeito de maré existe porque a Terra ainda não está travada com a mesma face voltada para a Lua. E, claro, a excentricidade aumenta o efeito.

        2. Só para evitar um mal-entendido inserido na pergunta: Plutão e Caronte estão travados por ação gravitacional, não pela maré.

          O efeito de maré não os travaria, ao contrário, ele é consequência da influência gravitacional de um objeto no outro, quando não travados. A Lua atrai o nosso solo e nossa água de modo diferente a cada dia, pois se move em relação a eles. Claro, o solo praticamente não reage, mas os líquidos – os mares – reagem (movem-se devido à atração). 🙂

          1. Se os dois planetas fossem de diamante(dureza =100%), e não se deformassem pelos efeitos da gravidade, cada um permaneceria com sua rotação original indefinidamente. São as marés, com seus movimentos plásticos deformando a superfície, que acaba consumindo a energia cinética da diferença de rotação.

          2. Salvador,
            Certa vez você escreveu que não consegue acessar as postagens anteriores que geram algumas afirmações, a título de tentar ajudar aqui vai:

            O Radoico afirmou em 23/06/2016 3:27 pm

            Só para evitar um mal-entendido inserido na pergunta: Plutão e Caronte estão travados por ação gravitacional, não pela maré.
            O efeito de maré não os travaria, ao contrário, ele é conseqüência da influência gravitacional de um objeto no outro, quando não travados. A Lua atrai o nosso solo e nossa água de modo diferente a cada dia, pois se move em relação a eles. Claro, o solo praticamente não reage, mas os líquidos – os mares – reagem (movem-se devido à atração).

            Na seqüência o Aníbal contestou 25/06/2016 5:28 pm

            Se os dois planetas fossem de diamante, (dureza =100%), e não se deformassem pelos efeitos da gravidade, cada um permaneceria com sua rotação original indefinidamente. São as marés, com seus movimentos plásticos deformando a superfície, que acaba consumindo a energia cinética da diferença de rotação.

            E o “Puxa saco” aqui (Licença Poética + de 70 anos de idade rs) escreveu:

            Boa Aníbal,
            Esta explicação realmente me convence! Vamos ver o que o administrador acha!

  11. Salvador!

    1 – Imagino que, quanto mais longe de uma estrela, mais a temperatura é baixa.

    2 – Existe zero absoluto e em que região do espaço?

    3 – O zero absoluto pode danificar materiais tipo; de uma sonda/nave?

    1. 1- Via de regra, sim. Mas há mecanismos de aquecimento que independem de energia estelar, como efeito de maré, por exemplo.
      2- Você pode chegar bem perto do zero absoluto em laboratório, mas no espaço é complicado, porque tem a radiação cósmica de fundo, cuja temperatura é cerca de 3 K.
      3- Entenda o conceito de zero absoluto: é a absoluta falta de agitação das partículas. No vácuo, tudo bem, porque sem partículas, sem agitação. Mas com matéria envolvida, você pode chegar bem perto do zero absoluto, mas não ao zero propriamente dito (desconfio que isso violaria o princípio da incerteza de Heisenberg). Mas, claro, frio extremo pode danificar circuitos. Por isso espaçonaves têm fontes internas de calor quando vão para muito longe do Sol.

      1. Um corpo sem atmosfera que mantivesse sempre a mesma face voltada para o Sol (como se imaginava que Mercúrio tivesse) teria temperaturas extremas? Na face “escura” algo próximo do zero absoluto e do,outro uma alta, compatível com a distância ao Sol? No caso da Estação Espacial, que não mantém sempre a mesma superfície voltada para o Sol essa diferença ocorre? Como o metal reage à contínua variação?

        1. Mercúrio tem esse probleminha aí. No lado claro, faz 430 graus. No lado escuro, -170.
          Para espaçonaves que estão nos arredores da Terra, pode-se usar vários artifícios, desde colocá-la em rotação (como se fazia com as Apollos a caminho da Lua) até controlar o nível de exposição ao Sol — a Estação Espacial Internacional passa 45 minutos no Sol e 45 minutos na sombra, o que facilita o controle térmico.
          Quando uma espaçonave vai muito perto do Sol, aí é preciso algo mais. A sonda que foi a Mercúrio, Messenger, tinha um senhor escudo térmico.

  12. Fantástico! Se tem água e (talvez) condições de vida em Plutão, imagine no resto dos bilhões e bilhões de planetas que existem por aí… E falando em planeta-anão: e a aquelas luzes misteriosas em Ceres? Alguma novidade? Ou os aliens já desligaram os holofotes? Brincadeira …:) Abraços

    1. Não sei se você se refere ao mundo interior do ser humano (i.e., psicologia) ou se você se refere ao nosso planeta. Se for o nosso planeta, nós conhecemos bem melhor seu interior do que o interior de Plutão. Se for o nosso interior psicológico, ouso dizer que a exploração de Plutão não passa de uma exploração do nosso próprio eu interior e de nosso desejo de ir mais longe.

        1. Acho metafísica fascinante. Não teria a menor vergonha de me enveredar por ela. Só faço questão de não vender como ciência. 😉

  13. Se tem água em Plutão é bem possível que tenha algum tipo de vida por lá, ainda que não seja inteligente. Quanto ao Universo, bem, este está cheio de vida inteligente, só que nós ainda não descobrimos por que estão muito distante de nós terráqueos. Se compararmos as descobertas dos telescópios com os microscópios, notaremos que no microscópio evoluímos bastante e nos telescópios ainda estamos apenas engatinhando. É isso.

    1. não sabemos, pois o único exemplo que temos até agora é o do nosso próprio planeta. só depois que descobrirmos alguns milhares de planetas com água e constatarmos que, digamos, em 90% deles existe vida, é que podemos afirmar que, se existe água, é bem provável que exista vida. por enquanto, tudo o que podemos dizer mesmo é que a ocorrência de água nos corpos siderais é mais comum do que imaginávamos. mas ainda é muito cedo para podermos correlacionar isto com a presença de vida…

    2. o melhor que podemos afirmar por enquanto é que, se resolvermos nos aventurar pelo espaço, certamente de sede é que não vamos morrer! 🙂

  14. Salvador, realmente fascinante. Alguém antes destas fotos da New Horizons, tinha idéia do que poderiam encontrar? Para a próxima missão da New Horizons: – Kuiper Belt, 1-2 objetos foram selecionados,vc sabe como foi ou está sendo feito a escolha deste(s) objetivo(s)?

    1. A escolha foi feita basicamente pelo critério de qual objeto a sonda poderia alcançar. Não houve muita escolha, na verdade. Houve até um grande esforço para encontrar um objeto que preenchesse esse requisito.

  15. Mas água líquida Salvador? Será? Como explicar? Não devia ter atividade geológica e a radiação solar é perto de zero. Ou a água líquida é só um chute dos cientistas?

    1. Não é tão difícil de explicar. Aliás, tenho a impressão de que tentei explicar no próprio post. Água líquida no caso não é um chute; é uma conclusão, com base nos fatos observados (padrão tectônico, atividade recente, densidade de Plutão e sua consequente estrutura interna).

  16. Caro Salvador, É possível temperatura de -230º? Eu pensava que poderia somente atingir o zero absoluto que é -173º.

  17. Espetacular, as criaturas que se acham únicas neste planeta de água em que só seres de terra vivem, talvez não compreendam porque estão aqui, somos uma partícula de energia viva e individual, ocupamos o corpo humano por necessidade evolutiva e planetária, isto não quer dizer que somos terráqueos, portanto que ESTAMOS TERRÁQUEOS, PODEREMOS ESTAR EM QUALQUER MUNDO, de acordo com a necessidade de existência ou evolução de cada um. surreal pra vocês não esta será a realidade futura de quem acredita que não estamos de férias na terra.

  18. Fico feliz e grato a Deus por fazer parte da primeira geração da humanidade a ver essas incríveis imagens de Plutão e triste por não fazer parte da geração que poderá visitalo e ver ao vivo.

  19. Tem também a possibilidade de existir água em temperatura negativa se a pressão for grande. É só relembrar a questão da termodinâmica p(pressão), Volume (V), temperatura (T).

    1. PV=nRT só vale para gases, e mesmo assim gases ideais (que, como o nome diz, não existem).
      Não dá para usar esta relação em líguidos e sólidos. Acho que você quis se referir ao diagrama de mudança de estados, e não à equação de Clapeyron…

      1. Na verdade as equações de estado (como a de Clapeyron), quando aplicamos as condições de saturação (P saturação x T saturação) geram exatamente a curva do diagrama de fases que está entre a fase líquida e a fase gasosa. Logo, equações de estado e diagrama de fases não são assuntos tão distantes assim, ambos estão bastante relacionados. Lembrando que a curva tem início (no ponto triplo) e fim (pressão e temperatura críticas)

        1. Quase tudo certo, exceto que a equação de Clapeyron não é uma equação de estado. Ela relaciona pressão, temperatura e volume para uma quantidade determinada de gás ideal. Quando este gás se liquidifica, esta relação PV=nRT já vai, digamos assim, por água abaixo…

          O diagrama de estados (e não EQUAÇÃO de estados, é bem diferente!!) é mais genérica, pois não relaciona nem o volume V nem a quantidade de moles n envolvidas, apenas temperatura e pressão…

  20. Continuamos a fazer mais perguntas sobre Plutão do que temos de respostas.
    Aliás, foram divulgadas algumas(poucas) fotos que fizeram toda comunidade científica ficarem surpresos e de boca aberta..
    Você teria informações sobre todas as(outras) fotos que ficaram de divulgar e ainda não o fizeram? Algum site da Nasa, ESA ou…?

    1. Já divulgaram a maior parte, mas tem coisa que continua sendo “baixada” ainda. Lembre-se que foi só um sobrevoo. Tem imagem pra caramba, mas são, em sua maioria, pedaços em zoom das regiões que já vimos naquela foto inicial que foi divulgada.

      1. vai levar mais uns 4 ou 5 meses ainda para baixar tudo que foi fotografado. a velocidade do “link de conexão”, por causa da distância enorme, é extremamente baixa: 2000 bits por segundo

  21. Plutão estava me fazendo engordar, pois cada vez que eu via fotos desta região do planeta, elas me lembravam sorvete de creme com cobertura de flocos, nham, nham, huuum… Como agora está frio, dei um tempo no sorvete, mas não me responsabilizo quando chegar o verão.

    1. Putz, nunca comi sorvete por causa de Plutão, mas esse frio plutoniano dos últimos dias está me fazendo comer pra caramba… rs

  22. H2O mesmo? Fascinante!

    Salvador, de qual temperatura estamos falando na superfície? Pois a grande dúvida que todos tem é como poderia ainda estar líquida em uma temperatura tão baixa (mesmo sendo no interior). Mas entendo no seu texto quando explica através da evolução térmica do núcleo. É apenas fantástico.

    1. A temperatura provavelmente é abaixo de O grau Celsius (concentração de sais permitiria estado líquido nessas condições), mas não muito mais gelada que isso. Certamente mais quente que na superfície, onde “faz” -230 graus Celsius.

    2. a crosta gelada de vários tipos de “gelos” (nitrogênio, CO2, etc…) também podem atuar como isolantes térmicos, não é mesmo? impedindo que o restinho de calor do interior do planeta seja irradiado para o espaço…

  23. Se existe água em estado líquido, a temperatura deste oceano varia ente 0 e 100º C, certo? Existe possibilidade de desenvolvimento de organismos vivos nessas condições?

    1. Na verdade, a temperatura pode ser mais baixa. Sais diluídos em água baixam o ponto de congelamento, e você pode imaginar que, com o congelamento em andamento, há cada vez menos água líquida, e cada vez maior concentração de sais, até o ponto de saturação. Tendo dito tudo isso, não seria impossível imaginar vida nessas condições. Vai saber. 😛

      1. Salvador, boa noite.

        Haveria a questão da pressão também, né? Pois a água tem o seu ponto de fusão mais baixo em ambientes de maior pressão. Correto?

      2. Acrescento que 0-100C são referências apenas para pressão de 1kgf/cm2. Em pressões mais elevadas estes valores mudam. Ainda vale lembrar o comportamento fascinante da água na pressão atmosférica que fica mais densa com 4C, o que leva os lagos a congelarem sempre por cima. 🙂

    2. Não depende só da temperatura, depende da pressão também.
      Esta faixa de 0 a 100ºC é válida para nossa pressão de 1atm.
      O gráfico seguinte mostra quais são os outros pontos de transição de estado da água para diferentes pressões. Ah, e como o Salvador já lembrou, a consentração de sais também interfere muito nisto. O gráfico seguinte é para transições de estado da água pura:

      http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo/images/Representacao%20grafica%20do%20diagrama%20de%20fases%20da%20agua.jpg

      podemos ver que, com o aumento da pressão (deve ser o caso de plutão, com a crosta sólida pesada cobrindo o suposto oceano), podemos encontrar H2o líquida em temperaturas inferiores a 0ºC.

        1. Exato. A curva localizada entre o sólido e o líquido está distorcida neste desenho, se utilizarmos um gráfico com escalas lineares teremos uma curva quase reta e quase VERTICAL, o ponto de congelamento varia muito POUCO com a pressão. A concentração de sais sim, abaixa bastante o ponto de congelamento.

          1. Davi Machado/Vinícius,

            Os sais diluídos logo atingem a saturação, portanto o ponto de congelamento não deve variar o suficiente para suportar os – 170 graus ou mais, não é verdade?
            Portanto acho que fica difícil explicar a água liquida nessas temperaturas extremas por estes argumentos!

          2. Afrânio, a temperatura não precisa mergulhar tão baixo. E em condições de alta pressão o nível de saturação pode ir bem longe.

          3. Claro Salvador! Minha colocação não foi muito feliz… Só quis salientar que importa muito pouco a salinidade da água, se não houver uma fonte de calor ou calor residual do tempo da formação, que impeça as profundas temperaturas negativas esperadas em tão grande distância do sol.

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