HISTÓRICO: Astrônomos descobrem planeta potencialmente habitável em torno de Proxima Centauri, estrela mais próxima do Sistema Solar

Esta é basicamente a grande descoberta que os astrônomos estavam esperando desde que o primeiro planeta foi descoberto fora do Sistema Solar, mais de duas décadas atrás. Um planeta com porte terrestre, no lugar certo para permitir a presença de água líquida — quem sabe, vida –, em torno da estrela mais próxima do Sol, Proxima Centauri. Ela está a apenas 4,2 anos-luz daqui.

O anúncio foi feito nesta quarta-feira (24), após quase um mês de rumores fortes, e a expectativa foi correspondida inteiramente. O mundo deve ter 30% mais massa que a Terra, talvez um pouco mais, mas provavelmente não muito mais. Isso o coloca firmemente no campo dos planetas rochosos, como o nosso.

Sua órbita, por sua vez, o leva a completar uma volta em torno de sua estrela-mãe a cada 11,2 dias terrestres, o que o posiciona bem no meio da chamada zona habitável — a região do sistema planetário em que o nível de radiação estelar permitiria em princípio a presença de água em estado líquido na superfície. Os cientistas tratam essa como a condição essencial para o surgimento e a evolução da vida.

Isso quer dizer que há “proximanos” vivendo lá, ou mesmo que nós podemos nos mudar para lá em algum ponto do futuro? Os cientistas fazem questão de enfatizar que não há nenhuma garantia, no momento, de que Proxima b seja de fato habitável, que dirá habitado. Estar na distância certa de sua estrela é condição necessária, mas não suficiente, para termos um oásis para a vida. Algumas outras características precisam também estar presentes, como uma atmosfera adequada para a conservação e distribuição do calor e um campo magnético forte — aliás, bem forte.

A comparação entre estrelas de vários tamanhos, de Sirius a Proxima Centauri, passando pelo Sol e pela binária Alfa Centauri A e B. Júpiter no final ajuda a compor o quadro. (Crédito: ESO)
A comparação entre estrelas de vários tamanhos, de Sirius a Proxima Centauri, passando pelo Sol e pela binária Alfa Centauri A e B. Júpiter no final ajuda a compor o quadro. (Crédito: ESO)

Isso porque Proxima Centauri é uma estrela anã vermelha, com pouco menos de 15% do diâmetro do Sol. Isso significa que ela é bem mais fria e menos brilhante que o nosso astro-rei, mas em compensação também costuma ser muito mais ativa. Pelo brilho menor, planetas habitáveis precisam ficar bem mais perto, o que significa que sofrem bem mais com as enormes erupções estelares e emissões de ultravioleta e raios X. Estima-se que Proxima b receba 400 vezes mais raios X do que a Terra — estar lá equivale a algo como fazer uma ou duas radiografias de pulmão por dia, todos os dias. Não tente isso em casa.

Aliás, o fato de Proxima Centauri ser uma estrela com um nível respeitável de atividade estelar foi também o que impediu os astrônomos de descobrir esse planeta até agora, muito embora ele estivesse praticamente debaixo do nariz deles.

A descoberta foi feita pelo método popularmente conhecido como “bamboleio gravitacional”. Conforme o planeta gira ao redor de sua estrela, ele a puxa suavemente para lá e para cá, induzindo nela um movimento que pode ser detectado ao analisar a luz que ela emana.

Até aí, tudo simples. Complicado é separar esse efeito de outros causados pela rotação e pela atividade da própria estrela. Observações feitas nos últimos 16 anos — o que é um bocado de tempo — pareciam indicar que havia um planeta lá com o período de 11,2 dias, mas era difícil cravar a descoberta, diante de tanto ruído em meio ao sinal.

A coisa era ainda mais temerária porque astrônomos já haviam escorregado nessa casca de banana antes, no mesmo sistema estelar. Proxima Centauri é a menor de um trio de estrelas, do qual as mais conhecidas são Alfa Centauri A e B (que, por sua vez, são visíveis como um único ponto brilhante no céu noturno, na constelação do Centauro, perto do Cruzeiro do Sul; Proxima, em contraste, é opaca demais para vermos a olho nu, apesar de estar um pouquinho mais perto que as outras duas).

Alfa Centauri A e B são a estrelona brilhante e aparecem como uma só na imagem; pequenina, abaixo, Proxima Centauri (Crédito: ESO)
Alfa Centauri A e B são a estrelona brilhante e aparecem como uma só na imagem; pequenina, abaixo, Proxima Centauri (Crédito: ESO)

Em 2012, um grupo liderado por Michel Mayor e Xavier Dumusque, astrônomos do Observatório de Genebra, anunciou a descoberta de um planeta com a mesma massa da Terra, mas superquente, em torno de Alfa Centauri B. Segundo seus descobridores, ele estava no limite absoluto da sensibilidade do instrumento de detecção, instalado no observatório do ESO em La Silla, no Chile. Tanto que, dependendo da técnica usada para processar os dados, ele sumia.

Três anos depois, estudos subsequentes mostraram que o tal planeta nunca existiu — não passou de uma miragem, sem dúvida gerada pela gana de descobrir mundos em nosso sistema estelar vizinho mais próximo.

Guillem Anglada-Escudé, da Queen Mary University, em Londres, e seus colegas de uma vasta colaboração internacional estavam determinados em não cair na mesma armadilha. Então, de posse da suspeita gerada pelos 16 anos de dados já colhidos em La Silla de Proxima Centauri, partiram para uma ofensiva agressiva de observações: a campanha Pale Red Dot (Pálido Ponto Vermelho, referência tanto ao baixo brilho de Proxima quanto à expressão cunhada por Carl Sagan para falar da Terra na vastidão do cosmos, um “pálido ponto azul”).

Além de colherem novas observações de forma contínua e insistente durante 60 noites no início de 2016 com o espectrógrafo HARPS, em La Silla — o instrumento responsável pela medição do “bamboleio” –, os pesquisadores também fizeram observações com o UVES, outro espectrógrafo focado em ultravioleta e luz visível instalado no mais poderoso VLT, em Paranal. (Enquanto La Silla tem um espelho de 3,6 metros, o VLT é um complexo de quatro telescópios em que cada um tem espelho de 8,2 metros.)

Em paralelo, eles usaram outros telescópios espalhados pelo mundo para medir a fotometria — trocando em miúdos, o nível de brilho — de Proxima Centauri. A ideia era verificar simultaneamente o bamboleio e o nível de atividade estelar, assim como a rotação da estrela. Assim, sinais espúrios causados por esses fenômenos podiam ser descartados, deixando apenas o que interessava: o sinal do puxão gravitacional do planeta sobre seu astro central.

O processo não deixou dúvida de que o sinal com período de 11,2 dias era real. Tratava-se mesmo de um planeta.

Gráfico mostra o bamboleio gravitacional de Proxima Centauri em razão da presença de um planeta (Crédito: ESO)
Gráfico mostra o bamboleio gravitacional de Proxima Centauri em razão da presença de um planeta (Crédito: ESO)

“Nós estivemos trabalhando nisso por bastante tempo”, disse Guillem Anglada-Escudé ao Mensageiro Sideral. “Também estamos empolgados — e aliviados neste momento. Você verá que a evidência é muito mais forte do que para Alfa Centauri Bb. Fizemos um bom número de verificações extra. Na verdade, a última campanha tinha objetivo de ser uma confirmação. Vemos o mesmo sinal em dois instrumentos separados e em rodadas de observação independentes. Estamos bem convencidos de que [o planeta] está lá.”

Com efeito, embora no título do artigo que rendeu a capa da edição desta semana da “Nature” a descoberta seja tratada como “planeta candidato” (sacomé, publisher escaldado tem medo de água fria, e foi a mesma “Nature” quem publicou o fiasco Alfa Cen Bb, em 2012), agora as evidências parecem ser à prova de bala.

A bonita capa da "Nature" desta semana, com Proxima Centauri e seu planeta rochoso (Crédito: Macmillan)
A bonita capa da “Nature” desta semana, com Proxima Centauri e seu planeta rochoso (Crédito: Macmillan)

“Seria uma amplitude entre os picos [o ‘vai’ e o ‘vem’ do bamboleio estelar] de quase 3 metros por segundo”, indica Claudio Melo, astrônomo brasileiro que trabalha no ESO, mas não participou da pesquisa. “Sendo assim, acredito que o HARPS consiga ‘ver’ o planeta sem problemas.” (O espectrógrafo tem resolução de 1 m/s, o que significa que o sinal seria quase três vezes mais forte do que a sensibilidade “segura” do instrumento. Já a “miragem” Alfa Centauri Bb tinha variação de 0,5 m/s para lá e para cá, o que dá amplitude de 1 m/s, bem no limite da distinção entre sinal e ruído.)

Moral da história: parece que agora vai. Os cálculos dos pesquisadores sugerem que a chance de falso positivo para o planeta é de 0,000007% (7 x 10-8, para quem curte notação científica). Mas evidentemente será bom ter o escrutínio da comunidade científica sobre os resultados para que tenhamos certeza absoluta. (Outra coisa interessante é que os dados colhidos parecem sugerir a existência de um outro planeta mais externo, com mais massa e período entre 60 e 500 dias. Mas aí já estamos falando de um sinal que não cai na margem de segurança da descoberta e fica só como uma dica para outros pesquisadores que queiram adentrar a toca do coelho, por assim dizer.)

O COMEÇO DA DIVERSÃO
Descobrir um mundo de tipo rochoso (terrestre) na zona habitável em torno de Proxima Centauri é possivelmente o mais emocionante achado da história (reconhecidamente curta) da pesquisa de exoplanetas. Mas muito mais emocionante – e intelectualmente desafiador – será compreender que mundo é esse, afinal.

Algumas pesquisas preliminares naturalmente começam agora. Afinal de contas, uma das coisas mais incríveis da ciência é sua capacidade predizer fenômenos. O próprio grupo de Anglada-Escudé já trabalha furiosamente para criar modelos de computador que sugiram que tipo de ambiente e temperatura podemos encontrar por lá, na esperança de que essas possíveis circunstâncias sejam confrontadas com dados observacionais mais adiante.

Com um período de apenas 11,2 dias, o planeta orbita bem perto de sua estrela-mãe – apenas cerca de 5% da distância Terra-Sol, ou 7,5 milhões de km. Isso quer dizer que existe uma chance bem grande de que esse mundo tenha sua rotação gravitacionalmente travada, com um lado sempre voltado para sua estrela e outro em perpétua escuridão. O fenômeno é bem conhecido por essas bandas e explica por que a Lua tem a mesma face voltada para a Terra o tempo todo.

Se esse for o caso, o planeta pode ter um lado muito quente e outro muito frio. Os pesquisadores realizaram uma simulação dessas circunstâncias, num estudo publicado à parte, e encontraram um clima em que o lado iluminado teria uma temperatura bem agradável – entre 0 e 30 graus Celsius – e o lado escuro seria do naipe inverno russo, com média de -30 graus, podendo chegar a -60 nas regiões mais frias. (Na Terra, a temperatura atmosférica mais fria já registrada diretamente foi de -89,2 graus Celsius, no polo Sul; a mais quente, 54 graus Celsius.)

Isso, é claro, se o planeta tiver uma atmosfera relativamente densa, como a nossa, para permitir a circulação de calor e o glorioso efeito estufa (que é uma coisa ótima se for na medida certa, como na Terra, ou uma coisa péssima se for em excesso, como em Vênus).

Por outro lado, não há garantias de que o planeta se mantenha nessa trava gravitacional básica. Em alguns casos, o travamento se dá numa ressonância entre rotação e translação, como acontece com Mercúrio, que completa três rotações ao mesmo tempo em que dá exatas duas voltas em torno do Sol.

Os cientistas simularam então também essa alternativa, com o planeta numa ressonância 3:2 (o que sugere uma rotação de cerca de 7,5 dias). O que esse lento churrasco grego faria com a distribuição de calor pelo globo de Proxima b?

Nesse caso, o planeta teria uma distribuição latitudinal de temperaturas mais próxima da que vemos por aqui, com um equador mais quente (perto de zero grau Celsius) e polos mais frios (podendo chegar a -90 graus).

“O planeta está a uma distância ótima para possuir água em estado líquido”, diz Claudio Melo. “Saber como é sua atmosfera é outra história.”

Eis aí a principal dificuldade: como poderemos observar a atmosfera de Proxima b e tentar verificar se algum desses modelos climáticos se encaixa aos fatos?

O ideal seria conseguir detectar o planeta passando exatamente à frente de sua estrela.

EM BUSCA DO TRÂNSITO
Infelizmente, isso vai depender de uma baita sorte para acontecer. É preciso que o plano da órbita do planeta esteja precisamente alinhado com a nossa linha de visada aqui da Terra para que ele periodicamente passe à frente dela.

Quando isso acontece, a luz estelar que passa de raspão pela atmosfera do planeta e consegue seguir viagem até nós, carregando consigo algumas informações do ar pelo qual passou – e isso permite que os astrônomos as decodifiquem, por meio de uma técnica chamada espectroscopia de transmissão.

A questão é: será que teremos essa sorte com Proxima b? As probabilidades não estão em nosso favor. Em seu artigo na “Nature”, Anglada-Escudé e seus colegas calculam a chance em 1,5%. Mas se tem uma coisa que não assusta astrônomos são números, e eles já estão trabalhando para ver se o planeta transita ou não à frente de Proxima Centauri. O que também traria um desafio adicional – detectar a diminuta redução de brilho que isso ocasionaria. (A estimativa é de que apenas cerca de 0,5% da luz estelar seria bloqueada, o que equivale a tentar detectar um mosquito passando à frente de um farol de carro a alguns quilômetros de distância.)

“Claro, várias pessoas na equipe já estão procurando por trânsitos… é um trabalho em andamento”, conta Anglada-Escudé. “A probabilidade geométrica é baixa. Entretanto, temos boas razões para presumir que [a massa real do] planeta está perto da massa mínima, com base em estatísticas anteriores de programas de varredura e também por simulações de formação planetária. Isso implica que a órbita está perto de estar no mesmo plano em que observamos. Dedos cruzados.”

Se rolar trânsito, com instrumentos atuais – como o glorioso Telescópio Espacial Hubble – já poderemos tentar detectar o espectro atmosférico de Proxima b. Isso para não falar das futuras vedetes da astronomia no espaço e em solo, o Telescópio Espacial James Webb (que deve ser lançado em 2018) e a próxima geração de telescópios em terra, composta pelo GMT (que tem participação brasileira) e o E-ELT (do ESO), que terão espelhos com tamanho próximo de 30 metros.

Se não rolar trânsito, as coisas vão exigir mais criatividade, como o desenvolvimento de coronógrafos – estruturas que têm por objetivo bloquear a luz que vem das estrelas-mães, permitindo assim detectar diretamente o brilho sutil que vem de planetas ao seu redor – capazes de viabilizar que vejamos Proxima b de forma direta.

Tanto o VLT, do ESO, como o Observatório Gemini têm instrumentos com a capacidade de fazer imagem direta de planetas ao bloquear a luz estelar, mas eles estão no momento limitado a mundos grandes, jovens (que ainda têm bastante calor de formação e por isso emitem um bom bocado de radiação infravermelha) e distantes de suas estrelas. Proxima b, em contrapartida, é um planeta pequeno, velho e frio.

Quão velho, a propósito? Determinar a idade de anãs vermelhas não é coisa mais simples do mundo, porque elas tendem a viver muito e escondem a idade melhor que a Marta Suplicy. Sabemos que Proxima Centauri ainda vai estar por aí, brilhando sorridente, muito depois que o Sol bater com as dez, em mais uns 5 bilhões de anos. A pergunta é: quando ela nasceu?

Apesar das incertezas, os pesquisadores estimam que a idade dela seja mais ou menos equivalente à do Sol. Uma boa pista são as estrelas Alfa Centauri A e B, que têm porte e idade similares às do nosso astro-rei. Com toda probabilidade, Proxima Centauri (também chamada de Alfa Centauri C) nasceu na mesma ninhada que elas.

O que significa que encontramos um planeta possivelmente habitável em torno da estrela mais próxima, e ele teve praticamente tanto tempo quanto a Terra para desenvolver vida. “Promissor” é pouco para descrevê-lo, não?

E QUANDO VOCÊ ACHA QUE ACABOU…
Poder abrigar água líquida é maravilhoso, mas não adianta de muita coisa se não houver água para liquefazer, certo?

Em princípio, isso não deve ser um grande problema – água, a famosa H2O, é um dos compostos mais abundantes do Universo. Os astrônomos já estão cansados de ver sua assinatura espectroscópica em toda parte, desde as luas geladas de Júpiter até nuvens de gás interestelar a milhares de anos-luz daqui. Claramente não há falta d’água no cosmos.

O que não quer dizer que a distribuição seja igualitária e eficiente. E um dos mistérios de Proxima b, agora que sabemos que ele está lá, é entender como diabos esse planeta nasceu.

Nossos modelos de formação planetária são uma coisa linda de se ver. Há anos eles previram a forma e os vãos do disco de gás e poeira que circunda estrelas recém-nascidas – algo que só recentemente pudemos ver graças a redes de radiotelescópios como o ALMA, no Chile, com sua incrível resolução na faixa submilimétrica do espectro eletromagnético (forma erudita de dizer que eles são muito bons em captar micro-ondas). Ponto para eles.

Imagem de um disco protoplanetário em torno de uma estrela recém-nascida, registrado pelo ALMA. Em destaque, uma região onde provavelmente está nascendo um planeta similar à Terra (Crédito: ESO)
Imagem de um disco protoplanetário em torno de uma estrela recém-nascida, registrado pelo ALMA. Em destaque, uma região onde provavelmente está nascendo um planeta similar à Terra (Crédito: ESO)

Só que esses mesmos modelos sugerem que discos protoplanetários em estrelas de pequeno porte, como Proxima Centauri, são tão nanicos quanto elas, e numa faixa de 150 milhões de km de raio, no total, agregariam menos massa do que a Terra tem. Como então Proxima b tem pelo menos 30% mais massa que o nosso planeta, a 5% dessa distância?

“Há três possibilidades”, escrevem Anglada-Escudé e seus colegas na “Nature”. “O planeta migrou para dentro por migração do tipo I [em que a interação com o disco de gás e poeira faz com que ele mergulhe]; embriões planetários migraram para dentro e coalesceram na órbita atual do planeta; ou pedrinhas/pequenos planetesimais migraram por arrasto aerodinâmico e mais tarde coagularam num corpo maior.”

E qual é a importância disso? Se o planeta se formou inteiro mais longe e depois migrou “pronto” para dentro, deve ter sido formado com grandes quantidades de água (que pode se agregar como gelo nas regiões mais distantes da estrela). Se, por outro lado, as pedrinhas primordiais migraram para dentro primeiro e depois formaram o planeta, já no lugar onde ele está hoje, a tendência é que ele tenha uma quantidade bem menor de água – se é que tem alguma.

Concepção artística da superfície de Proxima B, bem na divisa entre o lado iluminado e o escuro. (Crédito: ESO)
Concepção artística da superfície de Proxima B, bem na divisa entre o lado iluminado e o escuro. (Crédito: ESO)

Determinado o inventário inicial de água, temos ainda de ver se a alta incidência de tempestades e atividade estelar não varreu completamente a atmosfera de Proxima b – o que dependerá de ele ter um senhor campo magnético, talvez melhor que o terrestre, para se proteger. Sem atmosfera, mesmo que fosse rico em água, ele acabaria só com gelo, na melhor das hipóteses. Na pior, poderia terminar como um deserto desolador.

Por fim, também não podemos descartar a possibilidade inversa: excesso de atmosfera. Vênus tem esse probleminha. Com uma capa de dióxido de carbono 90 vezes mais densa que o ar terrestre, ele é o lugar mais quente do Sistema Solar, com temperatura constante de cerca de 480 graus Celsius – ao Sol ou à sombra, de dia ou à noite. Tanto faz. Se Proxima b for um análogo venusiano, podemos jogar pela janela todas aquelas análises climáticas preliminares feitas pelos descobridores do planeta.

Daí tiramos duas conclusões:

1. Sabemos muito pouco no momento.

2. Que bom que sabemos pouco, porque a graça está em descobrir!

A ciência dos exoplanetas está apenas na sua infância. Essa nova descoberta – com todas as suas incertezas e encantadoras possibilidades – estimulará o desenvolvimento de novas tecnologias para investigar mundos incríveis e fascinantes, quiçá vivos, como Proxima b.

Anglada-Escudé e seus colegas sonham até mais longe. “Um planeta terrestre ameno orbitando Proxima oferece a oportunidade de tentar caracterização mais detalhada por trânsitos (buscas em andamento), imagens diretas e espectroscopia de alta resolução nas próximas décadas, e possivelmente exploração robótica nos séculos vindouros.”

Sonho desvairado? Cabe lembrar que, em abril de 2016, o magnata russo Yuri Milner anunciou com o físico Stephen Hawking um plano para desenvolver a tecnologia para as primeiras sondas capazes de cruzar as imensas distâncias interestelares, com um investimento de pesquisa e desenvolvimento de US$ 100 milhões. Seu alvo inicial? O sistema estelar Alfa Centauri.

Antes que qualquer sonda interestelar deixe o Sistema Solar, contudo, faremos outras descobertas extraordinárias e começaremos a caracterizar os fascinantes mundos que estamos encontrando lá fora, em toda sua espetacular variedade.

Tenho a convicção pessoal de que todas as condições planetárias que somos capazes de imaginar – e algumas que ainda não somos – devem existir em algum lugar do Universo. Se tem uma coisa que não falta ao cosmos é criatividade.

Ainda assim, a descoberta de um planeta que tem massa de Terra, nível de irradiação estelar de Terra, a possibilidade de ser realmente um abrigo para vida de tipo terrestre e está orbitando a estrela mais próxima do Sol – não a segunda mais próxima, ou a terceira, ou a quarta, mas a primeira – é uma demonstração eloquente e inquestionável do princípio copernicano: a Terra, frágil e bela como de fato é, claramente não ocupa um lugar especial no espaço ou no tempo. Temos aí agora um planeta vizinho que não me deixa mentir.

E as coisas só tendem a melhorar daqui para a frente. Entre o ano que vem e 2018, a Nasa deve lançar o satélite Tess, que fará uma busca de céu inteiro por trânsitos planetários de mundos similares a Proxima b — pequenos e na zona habitável de estrelas anãs vermelhas. Na década de 2020, mais precisamente em 2024, a ESA (Agência Espacial Europeia) pretende levar ao espaço o satélite Plato, um telescópio espacial que será capaz de fazer busca semelhante, mas em torno de estrelas como o Sol e para planetas até menores do que a Terra. “Isso está só começando realmente”, diz Claudio Melo.

Fico só a imaginar o tamanho do sorriso que, se estivesse aqui agora, daria Giordano Bruno, o filósofo italiano que de forma corajosa defendeu, em 1584, amparado apenas pelo princípio copernicano e nada mais, que toda estrela era realmente um sol, rodeada de planetas, e que haveria mundos similares ao nosso em torno desses sóis. Ele foi perseguido por suas ideias subversivas e morto numa fogueira pela Inquisição em 1600. Mas estava absolutamente certo.

Hoje, com essa descoberta incrível em Proxima Centauri, celebramos mais uma vez a ousadia de seu espírito indomável. Enquanto erguemos os olhos para o céu e nos lembramos de Bruno, ninguém, salvo talvez os mais devotos historiadores, seria capaz de dizer o nome dos homens que assinaram sua sentença de execução. Parece justo para mim.

Acompanhe o Mensageiro Sideral no Facebook, no Twitter e no YouTube

Comentários

  1. Mandem o Serra é o Aecim para lá. Quem sabe lá eles consigam se eleger presidente.

    1. O Serra podia se dar bem lá se tiver mesmo um lado do planeta que ficar perpetuamente na noite… 😛
      Já o Aécio, não sei. Ia depender da qualidade do solo para o cultivo de plantas andinas.

  2. Antes de Giordano Bruno JC disse que na casa de meu pai ha muitas moradas.Será que o criador faria sextilhões de planetas para nada?Aí Ele seria apenas o Deus das pedras.A vida é muto mais importante que a materia.Vem aê o ano 2019.

    1. O problema é que JC disse isso em resposta aos discípulos aludindo ao fato de que haveria lugar para eles morarem com Deus depois que morressem. Ele não estava falando de planetas ou vida extraterrestre. E eu acho surreal que tenha que ser eu — que não sou cristão — a apontar o que está escrito no livro sagrado da sua religião.

      1. Salva, como Nostradamus, qq coisa vale pra tentar provar que esse livrinho não é um embuste. Interpreta-se como se queira.

      2. Salva, qq coisa vale pra tentar provar que esse livrinho não é um embuste. Interpreta-se como se queira.

      3. 2019 é o suposto ano que faremos contato naquele documentário espírita, com menção ao que Chico Xavier teria premeditado, não?

        Taí, se em 2019 fizermos contato com alienígenas eu me converto para o espiritismo.

        Kkkkkkkkkkk

  3. IMPOSSIVEL NAVEGAR NESTE ESPAÇO SIDERAL ACIMA DE APROX. 40 000 KM/H
    E SE TENTASSEMOS LEVARIA 121 000 ANOS. QUEREM TENTAR

    1. A Voyager 1 está a 61.200 km/h. Agorinha. A 135 unidades astronômicas de distância. Vai até lá, mede a velocidade e volta pra contar pra gente. 😛

  4. NAO PODEMOS NAVEGAR NESTE ESPAÇO SIDERAL MAIS DO QUE APROX,
    400000 (QUARENTA MIL) KM / HORA E TENTASSEMOS CHEGAR LA LEVARIA
    MAIS DE 120000(CENTO E VINTE MIL) ANOS. VAMOS TENTAR?

    1. Arrã. Prove que “NAO PODEMOS NAVEGAR NESTE ESPAÇO SIDERAL MAIS DO QUE APROX, 400000 (QUARENTA MIL) KM / HORA”

      E desliga o CAPS, monstro.

  5. Prezados amigos
    Com respeito e admiração à inteligência de todos, publico aqui Eclesiastes 3:11: “TUDO FEZ DEUS FORMOSO NO SEU DEVIDO TEMPO; TAMBÉM PÔS A ETERNIDADE NO CORAÇÃO DO HOMEM, SEM QUE ESTE POSSA DESCOBRIR AS OBRAS QUE DEUS FÊZ DESDE O PRINCÍPIO ATÉ O FIM”.
    Este é o meu sentimento.
    Antenor

      1. Igreja Infernal. Lembrando que o diabo deles é filho do mesmo deus deles, como são sapos eu não preciso explicar. Não é à toa que seguidores de deuses tem afinidades com coisas diabólicas, por exemplo, igrejas católicas banhadas a ouro e muito dinheiro na conta de pastores.

        não dá para imaginar a evolução que teríamos se todo dinheiro doado para religiões mentirosas (todas) fosse aplicado em pesquisa científica. Disco voador seria coisa de criança

  6. O Universo é compreensível por meio da matemática, e isso prova que ele tem uma estrutura racional. Se os ateístas estivessem certos, então a Razão e a Matemática nada mais seriam do que um mero produto da Ignorância – ou seja, uma tese absurda. Agora, se a Teologia está certa, então a racionalidade que existe no Universo é decorrente de uma Razão superior, que estruturou todas as coisas de forma racional, matemática, lógica, compreensível pela razão humana. Há uma Razão Objetiva que é compreensível pela Razão Subjetiva humana. Crianças não entendem isso, mas pessoas maduras sim.

    1. Camarada, aqui é o blog do MENSAGEIRO SIDERAL, não da IGREJA UNIVERSAL. Errou por pouco muito.

        1. Não sejamos cruel, o universo pode ser uma simulação, a realidade uma projeção, isso faria de Deus um programador, o cara que apertou o botão. rsrs

          Só torço para o Universo 1.0 rode num sistema operacional tipo Linux e não Windows.

          Pera! Acabo de senti um déjà vu! Será que passamos por um “travamento”? Xiiii…

  7. Li em um texto sobre a Juno algo como “Júpiter é uma estrela que não deu certo”. Dá pra dizer que a Proxima Centauri é um “Jupiter” que deu ceto e o planeta recém-descoberto, a grosso modo, seria algo parecido com um dos satélites de Jupiter, com a sorte de estar colada em algo cheio de calor para dar?

    1. Sim, é por aí mesmo. Aliás, você veja no gráfico que Júpiter não é muuuito menor que Proxima. Proxima tem muito mais massa, porque a gravidade comprime a estrela e ela fica mais densa. Mas o tamanho é quase ali. 😉

  8. Excelente descoberta. NO ENTANTO, Giordano Bruno não foi condenado por sua teoria astronômica, e sim porque misturou usou isso para bagunçar a Teologia. Extrapolou o limite de sua alçada. Vamos ser mais honestos por favor!

    1. Mario, discussão velha. Procure aí minha conversa com o Apolinário para esclarecimentos, mas o texto está absolutamente correto. Entre as ideias listadas na condenação de Bruno está a defesa da pluralidade dos mundos. Lembrando que Galileu foi em cana só por dizer que a Terra se movia e só não foi executado também porque pediu desculpinhas e disse que era mentirinha pros escroques da Inquisição.
      Eu acho SURREAL que a essa altura do século 21 alguém ainda defenda a Inquisição. Sério mesmo.

      1. Bom, tem gente que ainda acha que a Terra seja plana… então não me surpreendo com a estupidez humana.

      2. Já vi um senhor se dizendo padre tecer comentários sobre “saudade do tempo da Inquisição”. O que essas pessoas querem é a morte dos outros e, como dizem, pimenta no cóccix dos outros é refresco. Há muita macaquice primitiva em achar bom ver o outro queimar na fogueira e ainda dizer que é um “castigo divino”. Pior que vejo isso o tempo todo de gente estudada que acredita ser tudo assim: escorregou na casca de banana = castigo divino. Isso é satanismo, só pode! Tudo coisa da vontade dessas pessoas porque não há bosta alguma divina dizendo que fulano A ou B deve defender essa ou aquela crença.

      3. Daí esses tipos assistem as atrocidades do EI na televisão e ficam chocados.
        Mas quando citam os “motivos” que a Inquisição usava para condenar as pessoas, eles encontram uma forma de justificar as penas aplicadas.

        1. verdade, eles até aproveitam que na época ninguém filmou pra dizer que nunca aconteceu. Como na época das cruzadas, soldados cristãos combateram os muçulmanos, uns matando os outros e, por não ter ocorrido o que queriam por conta da derrota dos cruzados, a santíssima igreja nega tudo.

    2. E “bagunçar” a Teologia dá direito a queimar alguém numa fogueira ? Eram na verdade torturadores pregando ignorância baseada na religião…

  9. Excelente os comentários de Salvador Nogueira. Eu sou Engenheiro com formação superior em Química, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente e viajo o mundo inteiro pesquisando sinais de
    vida extraterrestre. Brevemente publicarei uma coletânea de assuntos voltados a vida sideral

  10. Se existe vida inteligente fora da Terra, isso significa que não estamos sozinhos no universo. Não somos o centro do mundo. Se Deus existe, ele tem planos para outros além de nós, e se ele não existe, então tanto faz. Mas se não existir vida inteligente fora da Terra, então estamos sozinhos. Somos o centro do universo inteiro, aqui, neste cantinho desta galaxinha. Então se Deus existe ele tem planos só pra nós.

    Mas e se nunca conseguirmos descobrir? Vamos ficar discutindo eternamente?

    qual hipótese é mais absurda em relação ao nosso patrimonio cultural?

    Céus…. queria que Nietzsche estivesse aqui.

    1. OK, vamos fazer um exercício.
      Será que somos o centro do mundo?
      Nah, já sabemos que a Terra é um planeta, e o Sol é o astro central do sistema planetário.
      Ah, mas será que o Sol então é o centro do mundo?
      Nah, acabamos descobrindo que o Sol é só uma estrela num mar de estrelas que chamamos de Via Láctea.
      Ah, mas será que então pelo menos o Sol é o centro da Via Láctea?
      Nah, olhando bem percebemos que estamos na periferia da Via Láctea, e o centro está uns 30 mil anos-luz naquela direção.
      Ah, mas será então que pelo menos a Via Láctea está no centro do mundo?
      Nah, olha aqui, está cheio de galáxias lá fora, algumas iguaizinhas, outras menores, outras muito maiores. Inclusive nem mesmo na nossa vizinhança galáctica a Via Láctea é dominante. Tem uma Andrômeda ainda maior.
      Ah, mas será que pelo menos o nosso grupo de galáxias é especial, tem uma posição central?
      Puxa, olha lá longe aqueles aglomerados de galáxias, com milhares de galáxias, muito maior que o nosso Grupo Local. E mapeando sua distribuição descobrimos que o Universo tem superaglomerados, que juntam vários aglomerados.
      Ah, mas será que pelo menos, apesar de sermos apenas um grão de areia comum num sistema planetário comum, numa galáxia comum, num grupo galáctico comum, num Universo de bilhões e bilhões de galáxias, pelo menos no quesito da vida somos especiais e centrais?
      Uia, não sei. Mas, baseado em tudo que já sabemos, o que você acha?
      🙂

      1. o povo tem mania de querer morar no centro e não na periferia. Imagina a gente no centro da galáxia, nego iria idolatrar o buraco negro antes de nos destroçar?

        mesma ideia das tribos primitivas ridicularizadas: o cara vê um vulcão e acha que é a voz de um deus, daí começa a incitar o povo a matar outras pessoas (inimigos ou descrentes) para satisfazer (a própria loucura assassina) a fome do deus vulcão, mas ao invés do bicho ficar quieto mastigando os infiéis, ele estoura jogando lava quente na cara de todo mundo.

        moral da história: mais uma vez inventaram deuses inexistentes.

    2. MEU AMIGO, SE DEUS EXISTE E MANDOU AQUI PARA A TERRA JESUS, BUDHA, ALÁ, ETC, E SE PARECE INEVITAVEL QUE EXISTA VIDA EM OUTROS PLANETAS, POR FORÇA ” ELE” TEM QUE TER MANDADO OUTRAS “PESSOAS” COMO ELES PARA CATEQUIZAR OS OUTROS PLANETAS CERTO? ENTAO, DEVEM EXISTIR MILHARES (OU MILHOES) DE JESUS NO UNIVERSO !!!!! nossa,que viagem !!!! só fumando um !!!!

  11. Salvador, li tooooodo o seu texto, gostei muito. Deu pra ver o tamanho da sua empolgação com a noticia. Pergunta: Sabe aquele projeto de levar uma mini mini sonda com velas empurrada a laser até Centauri em altissimas velocidades? Será que agora o projeto ganha corpo e vira realidade, com até mais incrementos e incentivos? Poderia ser útil para realmente ver o planeta em questão? O que você acha? Agora, se me permite, posso fazer uma sugestão de leitura, garanto que é surpreendente. O autor é um geógrafo e faz um estudo profundo balizado nas mentes mais brilhantes e conhecidas sobre astronomia. Ele consegue de forma surpreendente fazer um casamento da formação do nosso planeta sob o conhecimento que temos e ligando isso aos primeiros textos de gênesis. É prá lá de interessante. Vou deixar aqui um link da Saraiva pra vc dar uma olhada. Mas se o livro estiver em falta, eu me comprometo em enviar o meu pra vc ver. Grande abraço, adorei a matéria!!!

    http://www.saraiva.com.br/o-projeto-de-deus-um-olhar-cientifico-sobre-a-criacao-2654618.html

    1. Alan, então, acho que ainda é cedo pra gente acelerar o projeto Starshot, a que você se refere. Mas sem dúvida o incentivo é maior. Amanhã sai na Folha uma retranca inteira sobre isso — a possibilidade de voo interestelar.
      Sobre casamento de texto religioso com ciência, sinceramente, acho uma temeridade a tentativa. E infelizmente não resiste ao escrutínio de quem leu os primeiros dois parágrafos do Gênesis. Lá, Deus cria a Terra antes do Sol. Pronto, fim da discussão. O Gênesis é uma alegoria sobre a húbris humana, o perigo de ganharmos conhecimento sem a devida sabedoria para acompanhar, empacotada com muitas ideias antiquadas da época, a começar por responsabilizar uma mulher (e uma cobra) pelo pecado original. (Soou esquisito, mas juro que não foi intencional. :-P). Talvez o narrador do Gênesis tenha tido a intenção de embrulhar no pacote também uma história crível da criação do mundo, da vida e do homem. Mas se você se apegar a isso, ou você joga o Gênesis fora, ou você joga a ciência fora. Se quiser abraçar os dois, vai ter de aceitar a natureza alegórica dos textos bíblicos. Abraço!

      1. Salvador, o livro que citei justamente mostra que não é bem assim essa questão de não ser
        possível abraçar as duas coisas. Porque você acha que a palavra “terra” e a palavra “céu” aparecem ora em minúsculo, ora em maiúsculo e até no plural nos primeiros textos de gênesis? Já pensou nisso? O trabalho a que me refiro, faz uma análise mais apurada no hebraico destes textos,do porque dessas variações, entre várias outras coisas pra lá de interessantes, como já falei, não quero entrar em detalhes pra não forçar a barra com vc. Note que o provável escritor de gênesis, que é Moisés, não era um cientista, pelo que se sabe. Apenas descreveu da forma como podia um vislumbre da criação que lhe foi dado. Ocorre que desde o hebraico e traduzindo os textos até chegar na nossa mão, algumas coisas acabam ficando implicitas, mas não que os textos foram mau traduzidos, não é isso, entende? Mas reafirmo que vale a pena a leitura, pois vejo todo o seu entusiasmo com a astronomia, da qual eu tambem gosto muitoi!!! Desculpe ser tão mala e encher vc com isso, prometo que parei agora. Mas reafirmo que essa leitura vai fazer você notar que as escrituras não são assim tão alegóricas como aparentemente pode parecer.
        Obrigado pela atenção, vamos ver o que vai dar esse planeta novo, to curioso!!!

        1. Alan, tranquilo. Fique à vontade. Não precisa se censurar.
          É que eu realmente não acho que valha a pena o esforço de ficar procurando pelo em casca de ovo no Gênesis. Como eu disse, os primeiros dois parágrafos já têm problemas tão flagrantes com a ciência que temos de aceitá-lo como alegoria ou jogá-lo fora como mentira. (Para os mais interessados ainda no Gênesis, ele tem contradições INTERNAS, em que um dos trechos não pode ser verdadeiro se o outro for.) Ademais, mesmo que exista um jeito de fazer a alegoria se encaixar aos fatos, não é muito produtivo. Mesmo que eu ache que a descrição da criação da Terra no Gênesis seja compatível com a ciência, não vou aprender nada sobre acreção de planetesimais e zona de habitabilidade, para citar dois conceitos, lendo a Bíblia. E é isso que me interessa.
          Repito a boa frase de Galileu: “A Bíblia fala de como se ir para o céu, não de como o céu funciona.”
          E eu me interesso mais pelo segundo tema. O primeiro, eu acho que é mais tranquilo. Seja uma boa pessoa, não sacaneie os outros, seja paciente, gentil e generoso, cultive a verdade, e, se houver um “pós-vida” que vá julgá-lo, você vai ficar bem. E, na boa, se Deus estiver exigindo mais que isso para a entrada no céu, eu prefiro não entrar. 😛
          Abraço!

  12. O engraçado é que o cineasta James Cameron previu um mundo habitável chamado “Pandora” em uma lua de um planeta gasoso orbitando uma estrela de Alpha Centauri no filme “Avatar”.
    Inclusive, pessoas na época do lançamento do filme ficaram depressivas em saber que a ciência afirmava que não havia nenhum tipo de astro como Pandora em Alpha Centauri. Pelo visto, a esperança desse pessoal foi restaurada, claro que só um pouquinho, afinal as primeiras informações sobre a descoberta estão muito longe de indicar qualquer característica parecida com o que vemos em Pandora.

    Como sempre ótima matéria, Salvador.

    1. Na verdade, Saulo, Pandora é mesmo uma virtual impossibilidade. Se houvesse um gigante gasoso em Alfa Centauri A (como o filme sugere), nós saberíamos. Talvez haja mundos rochosos lá, mas gigantes gasosos à la Júpiter não tem mesmo (a nossa capacidade de detecção já é superior ao sinal que esses mundos grandalhões produziriam, por isso dá para dizer com alguma confiança que Pandora subiu no telhado). Abraço!

      1. Um ponto sobre Pandora: é bem difícil um gigante gasoso manter um planeta satélite sem o engolir, precisa de outro planeta de massa comparável também orbitando para ajudar a puxar para fora.

        veja que até mesmo o disco de formação planetária já é capaz de atrair um planeta e o centro é justo quem tem mais massa.

        se não me engano já disseram certa vez que Saturno engoliu uma lua, segundo algumas evidências no anel. E que o anel vem sendo engolido, só não acabou por ser renovado por material de algumas luas que escapam.

        1. Não, isso que você está falando não faz tanto sentido. Simulações mostram que luas do tamanho de planetas podem nascer tranquilamente e se manter estáveis em gigantes gasosos. Lembre-se de que Ganimedes e Titã são maiores que Mercúrio — embora, claro, sejam menos densos.

    1. Sim e sim. Basta ver o movimento do mar, que deu o nome ao “efeito de maré”. 😉

  13. Excelente matéria, Salvador. Parabéns. Me sinto privilegiado em viver nesta época, presenciando a descoberta de exoplanetas.

          1. Excelente matéria, Salvador. Parabéns. Me sinto privilegiado em viver nesta época, presenciando a descoberta de exoplanetas.

            João Silva – 24/08/2016 5:51 pm – Responder
            Somos todos, Jão! Abraço!

            Salvador Nogueira – 24/08/2016 6:21 pm – Responder
            Imagina nossos futuros bisnetos….

            Joca – 24/08/2016 6:27 pm – Responder

          2. Thanks!
            Não sei. Ontem eu estava com uma vibe de que nós estamos num momento que é divisor de águas. Nossos bisnetos viverão num mundo em que as perguntas fundamentais provavelmente estarão respondidas, e caberá a nós — e talvez aos nossos filhos — fechar essa conta.
            Agora, pode ser uma ilusão, um viés gerado pela minha perspectiva singular, e os nossos bisnetos ainda farão descobertas ainda mais incríveis, que eu nem posso começar a imaginar. 😉

  14. Excelente reportagem Salvador. Instigante como sempre. Devemos considerar a probabilidade de que a vida está sujeita a evolução. Se para nossos padrões estelares somos o que somos, nada impede que a vida se adapte às condições desse planeta. O que seria anormal para nós, seria o normal para eles. E esta lei básica deve imperar em todos os planetas que apresentem condições para a vida. Um grande abraço.

  15. Salvador parabens pela matéria , sei que a nossa geração vai receber a grande noticia de que não estamos sós e vou esta aqui agradencendo a voce mais uma vez pelas boas novas.

  16. Belíssimo post, Salvador. A humanidade caminha a passos largos para desvelar os mistérios do universo.

    Ademais, muito obrigado pelo seu trabalho de divulgar ciência no Brasil! 🙂

    PS: ouvi dizer que os primeiros dados do GAIA estão para ser lançados? Algo que possamos esperar disso?

  17. se calcular a velocidade prertendida pelas velas de Steve Hawking e cia. que seria 20% aproximada da velocidade da luz, quanto tempo levariams para termos uma sonda orbitando lá?
    parabens e obrigado de um leigo e admirador.

    1. Orbitando ia ser complicado. Mesmo na proposta do Starshot, do Hawking, eles só falam de mandar, mas não têm ideia de como frear lá. Ainda tem chão pela frente.

  18. Olá Salvador ! Excelente Matéria.
    Com noticias como esta, isto nos faz a imaginação girar em alta rotação, assim como de nosso amigo Italiano Bruno, lá no sec XVI, quando isto ocorre dentre as muitas ideias, sempre alguma acerta no alvo. Imagino aqui, que se a estrela tem idade similar de nosso Sol, se o planeta formado idem, se este planeta formado esta em uma distancia adequada da estrela, se o mesmo permite água liquida devido tb a pressão atmosférica e se tem atmosfera formada por componentes Hidrogênio e oxigênio e outros todos na proporção ideal, kkk, por que não imaginar que a vida por lá também tenha começado em um tempo similar a nossa, com evolução similar ao tempo e condições, sendo tudo isto, posso dizer que existe grande possibilidade de termos seres similares a nós, com nível de inteligencia possivelmente superior ou não menos que inferior ao nosso, e que neste momento deve ter instrumentos apontados para nosso sistema solar, e que com certeza devem estar maravilhados com isto pois “onde já se viu um sistema com tantos planetas dançando em volta desta estrela, deve ter algo por la ” talvez diriam eles, chamando nossa Terra pelo nome de algumas letras e números em série, kkk muito interessante, acho que devíamos enviar sinais de radio ou luzes para aquele local, rs.. quem sabe não teríamos uma resposta.
    Abraços ,

  19. Realmente, somos muito insignificantes para que qualquer outro ser, fora de nosso alcance,se interesse em nos dar atenção, por menor que seja…..somos nada no universo….

  20. Um planeta que pode ser habitável à volta de uma estrela vermelha? Como ainda não batizaram este planeta de Kripton? =)

    1. Hmmm, minha tese é de que Krypton orbitava uma GIGANTE vermelha — há controvérsias se foi a estrela que explodiu ou o planeta; se foi a estrela, era uma gigante vermelha mesmo. Já esse aí orbita uma anã vermelha. 😉

    1. Mais um comentário acéfalo e apedeuta do analfabeto científico “antonio” (who?)

      Chola mais, burrildo.

  21. Matéria excelente, o universo como sempre me deixando maravilhada e mostrando que não passamos de nada além de poeira das estrelas, na minha opinião pouquissimos humanos estão preparados para uma vida além da terra e sem os privilégios concedidos aqui graças a sociedade, globalização e tecnologia, acredito que o ser humano é movido pelo dinheiro (infelizmente), será que não basta terem destruído a Terra? desmatando, poluindo .. Acho arriscado tentar a vida em outro planeta uma vez que não cuidaram bem deste lugar maravilhoso que moramos, melhor deixar para que as outras formas de vida decidam o que fazer com eles .. sigo em busca do segundo sol, paz!

    1. Contanto que o segundo sol não resolva realinhar as órbitas dos planetas, tudo tranquilo pra mim! 🙂

    2. Excelente comentário! Uma aula de troll, sempre na tênue linha!! Só faltaram uns errinhos sutis de português! Valeu Camila!

  22. Grande Salvador!!!

    Estaremos extintos antes que alguma sonda terrestre chegue nesse planeta, salvo se algum alien chegar por aqui e compartilhar a tecnologia de dobra espacial conosco!

  23. Ola professor! voce sempre faz materias boas gosto muito de acompanha lo. minha pergunta eh: se ele faz um ciclo em 11 dias nao seria muito quente? nos humanos nao sentiriamos esta aceleracao?

    1. Não, a única consequência seria uma festa de aniversário a cada 11 dias! Nada mal, vai? 🙂

  24. INTERESSANTE… ESTA REPORTAGEM…! Mas viram quantas duvidas e artimanhas pra resolver todos problemas para tornar esse planeta exequível pra ser habitável…!!!???
    Então sugiro que façamos todo o possível pra tornar a nossa Santa Terrinha mais habitável, sem guerras e sem poluição, por muitos séculos…!
    Assim, teremos ainda milhares de gerações ainda habitando nela. E, com muita felicidade para nós, TERRÁQUEOS…!
    ENTÃO, MÃOS À OBRA “HUMANOS”, antes que os macacos tomem conta dela…!!!
    Tenho dito. É assim que eu voto…!!!

    1. Estamos fazendo exatamente isso! Ao aprendermos mais sobre outros planetas semelhantes e vendo de que maneiras eles podem dar errado (ou certo), aprendemos por tabela a cuidar melhor do nosso!

  25. Será que somos um planeta esquecido na periferia da nossa Galáxia?
    Será que daqui alguns anos, iremos descobrir vários planetas habitáveis no qual a “humanidade” está lá, e evoluindo?
    Quando o Isaac Asimov falava da periferia nos livros da Fundação, eu acho que ele imaginava, que nós estávamos nessa periferia.

    1. Foi. Soltei todos os freios. Não acostumem, essa aí me custou a madrugada toda. rs

  26. Quando Galileu apontou seu telescópio para a Lua não pensava em ir lá, muito menos para morar. Pensou apenas em observar o satélite daqui mesmo com seu novo instrumento, o que já foi um grande feito.

    1. É verdade, ele não pensou, mas ele sacou de imediato que a Lua era um LUGAR. E é esse pensamento revolucionário que permite à gente sonhar ir para lá, ou ir para Marte, ou ir para Proxima. Não são luzinhas no céu. São LUGARES, exatamente como a Terra é um lugar.

          1. Opa! Principalmente de fim de semana. Durante a semana prefiro evitar porque pode atrapalhar. Mas no fim de semana, um churras com cerva… pode chamar que eu vou. 😛

  27. A essa distância da sua estrela, como geralmente acontece com planetas orbitando anãs vermelhas, Proxima Centauri B é provavelmente “tidally locked” com um hemisfério onde é permanentemente dia e outro gelado onde é permanentemente noite. Nesse caso, se houver vida, será apenas numa zona estreita de “penumbra” entre os dois hemisférios. Ou seja, é planeta bem diferente da Terra.

    1. Não, você não leu o texto. Os cientistas simularam o clima do planeta em caso de trava gravitacional. Ele teria o hemisfério iluminado tranquilo e favorável, e o hemisfério escuro frio e congelado. Mas, sim, ainda assim é um planeta bem diferente da Terra, embora com as mesmas variações médias de temperatura (+30 a -30 graus Celsius). 😉

  28. karakazz,tem uma coisa q num tô intendendo..se ele tá a 4.200 anos luz,como os cara sabe tanto sobre esse planeta,afinal a luz pra chegar lá demora tudo isso.,o q é mais rapido do q a luz? os caras teriam q viver 8.400 anos luz pra saber de tudo isso.

    1. 4,2, não 4.200.
      E não é preciso ter 4,2 anos pra ver Proxima Centauri. A única coisa é que vemos Proxima Centauri como ela era 4,2 anos atrás. Lá ainda tá rolando a Olimpíada de Londres.

  29. Salvador,

    Primeiramente parabéns pela matéria. Sempre gosto de suas publicações.

    Como os cientistas chegaram a conclusão que o planeta é rochoso?

    Entendo a função do espectrômetro na descoberta dos materiais presentes numa estrela, mas como eles determinam isso num planeta se não tem luz passando por ele?

    1. Não sabemos como o Universo poderia fabricar um planeta gasoso com 1,3 massa terrestre.
      Se ele tivesse mais de 5 massas terrestres, já começaria a cair na “coluna do meio”, e ia ser difícil dizer se é gasoso ou rochoso.
      Mas nessa faixa de massa, talvez até um pouco mais, ele é quase certamente rochoso.
      Ou, alternativamente, não sabemos nada de como se formam planetas. 😛
      Espectroscopia de transmissão envolve captar a estrela que sai da estrela, passa de raspão pela atmosfera e chega a nós — carregando portanto sinais da composição atmosférica do planeta.
      Há também espectroscopia de emissão: envolve captar a luz da estrela que bate no planeta, é absorvida e reemitida por ele, e chega a nós. Mas essa é bem mais difícil de fazer que a de transmissão — que conta com a luz direta da estrela e permite que não precisemos “abafar” a luz dela pra enxergar a reemissão do planeta.

      1. Ah tah, entendi. É eu não tinha prestado a atenção na massa do planeta.

        Obrigado pela resposta.

        Vamos torcer para que o trânsito ocorra (apesar da probabilidade baixa) para sabermos mais dele logo!

        Um abraço.

        E parabéns, mais uma vez.

  30. Olá Salvador, excelente matéria.

    No seu comentário sobre Jesus estar demorando, pergunto? O tempo não é relativo, então? Não acredito que Ele esteja atrasado nem adiantado, mas sim no momento certo.
    ” buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto esta perto” Isaías 55.6
    “Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.” Hebreus 3.12-13

    Abraços.

  31. Salvador, parabéns pelo artigo, denso, com o conteúdo que nos dá esperanças de não estarmos sozinhos neste mundão todo. No caso, o universo. Desde criança eu olho para o céu, observando o brilho das estrelas e imaginando o que poderíamos encontrar por lá, se fosse possível chegar. Como você bem descreve, deixamos o “será que?” para o “acho que”, caminhando céleres para o “é muito provável”. Que a tecnologia carregue nossos sonhos em direção a mundos distantes, para – quem sabe? – encontrarmos outras formas de vida. Leigos que somos, ficaremos atentos à sua atenção para os fatos que vierem.

  32. Grande Salvador! Bela matéria como sempre!

    Cara… Deste vez, após ler alguns comentários, eu me senti compelido a lhe escrever. Sabe… Nem é a questão de possibilidade de vida, colonização, ou a a eterna busca e crença na vida inteligente extraterrestre cuja possibilidade diminui ainda mais dentro de toda uma lógica de necessidade de evoluções e obstáculos evolutivos para que essa inteligência se desenvolva e se revele… Não se trata disso. Só o fato do conhecimento puro adquirido no estudo, que já tem um certo tempo, do sistema Centauri, já nos permite fazer teorizações e comparações úteis no campo da astrofísica.

    E de boas, cada qual com seu entendimento e imaginação, em torno dessa excelente exposição da matéria, que é bem embasada cientificamente e tudo mais… O que eu acho canalha é uma pessoa se dar ao trabalho de escrever um comentário abolindo a ciência e determinando onde o ser humano tem que enfiar a cara e o espírito em nome de Deus!

    O interessante, e daí a canalhice, é que esses caras na hora de usar o computador, que é um produto do esforço científico, tal qual o estudo aqui debatido, não renegou a ciência! E ao invés de ficarem lá com o nariz enfiado na Bíblia, vieram aqui encher o saco e falar bobagens! Não é interessante? E essa gente toma banho de água tratada! Usam shampoo e sabonete! Assistem TV! E saem para passear sobre um espetáculo petroquímico móvel, queimando combustível fóssil daqui até a China! E daí, com a barriga cheia de alimentos conservados, vistoriados, e acompanhados por toda uma ciência agro-pecuária… Vêm falar de Deus! É mole?

    1. Eu não tenho nada contra Deus ou falar de Deus. Tenho contra uma pessoa ficar impondo seu próprio Deus aos outros, ou dizendo que temos de ser todos uns idiotas só porque Deus existe. Como já dizia Galileu, numa frase que não canso de usar, “Deus não nos deu o intelecto para que abdicássemos de seu uso”.

        1. Ou não. Ou Deus não está nem aí para formigas porque tem mais o que fazer. 😛

  33. Excelente matéria, como todas. O público no Brasil precisa deste tipo de matéria, espero que o jovem brasileiro comece a se interessar por ciência. Astronomia é o uma ciência que aglutina matemática (algebra e trigonometria), química, física. E-X-C-E-L-E-N-T-E

  34. A busca pela vida fora do sistema solar está, a cada dia, mais próxima de ser encontrada.Sem trocadilho. Gostaria que provássemos que a vida é apenas mais uma expressão da matéria. A possibilidade está cada vez mais perto.

  35. Isto é o que chamo de reportagem bem-feita, didaticamente rica em detalhes. Parabéns ao Salvador; que tenhamos mais notícias alentadoras sobre a vida no universo, nos próximos lançamentos de satélites e telescópios, além, é claro das pesquisas e observações dos solitários astrônomos que trabalham incessantemente em busca de mundos potencialmente habitáveis, e, quem sabe habitados…

  36. E se for habitado, será a guerra, invadiremos o planeta alheio para salvar nossa espécie, se não for, com certeza apenas os afortunados poderão habita-lo, o restante ficará na Terra dizimada por eles mesmos, bom pelo menos a espécime será salva, será que vale a pena?

    1. Nah, ninguém atravessa anos-luz pra fazer guerra. Eu acho. A gente certamente não. Podemos colonizar Marte que é bem mais perto e acessível.

  37. Na nossa atual tecnologia levamos quanto tempo para percorrer quatro anos luz?

    1. Há diferentes formas de medir isso, mas dá pra dizer que a espaçonave mais rápida que já lançamos ainda é a Voyager 1, atualmente a 17.05 km/s. A essa velocidade, levaríamos 73.900 anos para chegar a Proxima b.

  38. Salvador, primeiro muito obrigado! Como disse um colega mais abaixo, realmente este site é um oásis para quem se interessa por astronomia. Coerente, didático, técnico sem ser chato, divertido, enfim, show de bola!

    Agora, uma opinião, afinal todo leigo adora dar uma opinião sem base e eu me considero um desses caras de pau. Quanto mais entendo as escalas envolvidas no cosmos, tanto quantidade de estrelas, galáxias etc. quanto escalas de tempo, o quão jovem é a ocorrência da vida na terra em comparação com o tempo já decorrido desde o nascimento das primeiras estrelas, mais eu tenho a convicção de que as chances de não haver uma explosão de vida de todo tipo pelo cosmos são mínimas.

    Quanto a vida inteligente, acredito que a ocorrência deva ser bem mais incomum, mas quando realmente compreendidas as escalas envolvidas, fica claro como cristal que, mesmo esta, deve existir em grande quantidade.

    E vou além com a minha cara de pau, acredito que SIM, já fomos e talvez ainda somos visitados por algumas destas civilizações. E por que eles não fazem contato? Por que eles não convivem conosco? Simples, vejo como análogo o comportamento de um ser humano educado (acadêmica e moralmente educado) em um safári pela africa, ou seja, ele apenas observa os animais, tira fotos, contempla e ao final sobe em seu “ovni” (carro, helicóptero, avião etc.) e vai embora sem interagir ou alterar o ecossistema observado. E a experiência para o animal que foi observado passa quase sem que eles tivessem se dado conta da observação. E por que os aliens não fazem colônias por aqui, firmam um assentamento e etc.? Igualmente simples, pelo mesmo motivo que Bill Gates e Albert Einstein não optaram por viver na Somália. Eles simplesmente tem recursos/intelecto para viver em bilhões de outros lugares mais interessantes, seguros, bonitos…

    Acho que a resposta para quem tem dúvidas está nas escalas e respectivas consequências.

    1. Marcelo, pode até fazer algum sentido. Mas presumir que todos os aliens se comportariam igualmente (sejam eles da mesma espécie ou de espécies diferentes) é ignorar o cara que vai a um safári na África só para atrair um leão para fora da reserva e matá-lo…

      1. Verdade, mas neste caso o cara que atira no leão pode até ter uma boa educação, mas certamente a questão moral é subdesenvolvida. Ainda no campo no achismo cara de pau rsrs, acredito que uma civilização capaz de realizar viagens interestelares tenha que ter evoluído tanto tecnologicamente quanto moralmente. Pois acho que uma civilização que evolua somente tecnologicamente, invariavelmente, acabaria se autodestruindo antes de ser capaz de transpor as distancias interestelares.

        1. Concordo com você. Mas se a viagem interestelar se tornar suficientemente banal, por que não alguns aliens adolescentes fazendo molecadas por aí pelas madrugadas? rs

          1. kkkkk boa! Mas acho que a viagem interestelar deve ser uma bagaça bem fodaça, para poucos kkk.

            Volto a parabenizá-lo Salvador. Sua interatividade conosco é sensacional. Valeu pela atenção. E já abusando, e retornando para a ciência de fato, a nossa lua está na zona habitável mas, obviamente tá longe de ser amistosa à vida, porém ainda assim é rochosa. A dúvida é, ela é inabitável simplesmente por não ter um escudo contra radiação?

          2. Marcelo, outra ótima pergunta! E uma demonstração perfeita de que não basta estar na zona habitável, tem que ter um plus a mais.
            A Lua em particular, apesar de relativamente, grande, tem uma gravidade muito pequena — é pouco densa, feita muito de silicatos, mas sem um núcleo significativo de ferro e níquel, que é o que faz da Terra um planeta mais denso. Com pouca gravidade e baixo nível de atividade interna, você não tem nem campo magnético para proteger uma atmosfera do vento solar, nem consegue reter a atmosfera pela gravidade. Sem atmosfera, não há como a água se manter na superfície. Quando o Sol bate, ela evapora direto. E vai embora. Sem água, bye bye habitabilidade.

  39. – 11,2 dias terrestres para orbitar sua estrela?

    – Pergunto!

    – Como seria o clima desse planeta?
    – Qual a velocidade dos ventos?
    – Qual seria a temperatura média, máxima e mínima?
    – Nós poderíamos sobreviver nesse meio ambiente?

    1. Orra, você não leu o texto? Falei bastante sobre o clima, em suas variadas possibilidades.
      A velocidade dos ventos seria difícil de precisar sem saber alguma informação sobre a densidade da atmosfera.
      Temperaturas, estão todas aí no texto.
      Nós poderíamos sobreviver se tivéssemos proteção adequada contra raios X e UV. Quem sabe com um protetor solar fator 3 milhões? rs

        1. Hehehe, bem por aí. E o detalhe sórdido no final: “Uso prolongado desse produto pode causar câncer de pele”. Em outras palavras: NÃO FUNCIONA! Hehehe

        1. Hmm, entendi. Desculpaê. Mas faltou falar isso, né, professor? Não sou bidu! 😛

  40. Parabéns. Assunto interessantíssimo. Matéria sensacional (não sensacionalista). Que bom ver que no meio de tanta baboseira tem pessoas que escrevem coisas maravilhosas como você. Vá em frente meu jovem, tenho muita admiração por você e pelo que você escreve.
    ET (em tempo) não dê bola para alguns coitados, enganados por pastores picaretas que teimam em escrever m….nos comentários.

  41. Parabéns Salvador, belíssima reportagem e ótimos comentários.
    Lembre-se que estamos sempre ansiosos por novas informações.
    Obrigado pelo empenho.

  42. Tenho a obrigação de corrigir o texto apresentado. Giordano Bruno não foi para a fogueira por ter postulado a existência de sóis e planetas. Os crimes do herege foram muito mais sérios. Sustentar opiniões contrárias à fé católica era considerado um delito muito grave. A existência de uma pluralidade de mundos nunca foi o motivo de sua condenação.

    1. Sustentar a pluralidade dos mundos foi um dos motivos de sua condenação. Está na lista. Não é o único, nem o mais importante, mas está na lista.
      Aqui, para você checar:

      sustentar opiniões contrárias à fé católica e contestar seus ministros;
      sustentar opiniões contrárias à fé católica sobre a Trindade, a divindade de Cristo e a encarnação;
      sustentar opiniões contrárias à fé católica sobre Jesus como Cristo;
      sustentar opiniões contrárias à fé católica sobre a virgindade de Maria, mãe de Jesus;
      sustentar opiniões contrárias à fé católica tanto sobre a Transubstanciação quanto a Missa;
      reivindicar a existência de uma pluralidade de mundos e suas eternidades;
      acreditar em metempsicose e na transmigração da alma humana em brutos, e;
      envolvimento com magia e adivinhação.

      E note que eu não disse que ele foi condenado exatamente (ou tão somente) por isso. Eu digo: “Ele foi perseguido por suas ideias subversivas e morto numa fogueira pela Inquisição em 1600.”

      Então, eu é que faço uma correção do seu comentário.

      E aí, já roendo as unhas por conta dessa descoberta, ou ainda não? rs

      1. Apolinário, que já não era muita coisa em conhecimento científico, agora se perde até no campo histórico religioso.. não se fazem mais fanáticos como antigamente rs

        1. Pois é. Os fanáticos estão perdendo muito em qualidade.
          Logo logo ele tá defendendo a Terra plana também. rs

      2. Essa matéria beliscou o vespeiro teológico apodrecido. Parabéns que estou vivo para dar boas risadas. Triste aqueles que assinaram o sepultamento de Bruno.

    2. Veja que a sua resposta confirma que a verdadeira razão da condenação não foi a existência de outros mundos. Isso, por si só, jamais levaria Bruno à fogueira. Além disso, em nada me preocupa essa descoberta. Já afirmei aqui várias vezes que existem mundos a serem explorados e colonizados por nós, os escolhidos, os filhos de DEUS. A idéia de que tais mundos possuem vida inteligente, ou ainda, vida complexa, é fruto da imaginação dos doidivanas de plantão que, mais uma vez, vão se frustrar com mais um alarme falso.

      1. Cara, você tem aí a lista. Não sei o que mais você precisa.
        Copérnico, só de falar que a Terra se movia, deixou pra publicar seu livro no leito de morte.
        Galileu foi condenado à prisão domiciliar por defender Copérnico, e só não teve o mesmo destino de Bruno porque teve a sensatez de ajoelhar e pedir desculpas pros escroques da Inquisição.
        Então, a sua visão, além de historicamente incorreta (sim, pessoas eram perseguidas e executadas por defender coisas como o movimento da Terra e a pluralidade dos mundos!), é factualmente incorreta, porque está na lista de acusações na condenação de Bruno o fato de ele defender a pluralidade dos mundos.
        E ele estava certo. E os escroques da Inquisição, como de costume, estavam errados.
        Chola mais.

        1. Apolinário,
          Bem que você poderia ler: 25 Grandes gênios da humanidade.
          Ali tem pelo menos 2 citados nessa discussão.

          1. Nah, ainda estamos esperando a grande obra do Apolinário, os 25 grandes gênios medievais obscurantistas da humanidade. rs

        2. A ignorância das observações é chocante. A Ciência Medieval simplesmente abriu caminho para a Ciência Moderna. Mas eu não posso esperar que gente que vibra com “spock” e o “capitão kirk” tenha cultura acadêmica para entender isso. O mais ridículo é que na sua lista de 25 existem dois cientistas medievais, mas eu conseguiria alinhar, pelo menos, mais 50 gênios medievais que fulminariam as suas patéticas escolhas (Steve Jobs, Elon Musk, Gamow,…rsrs)

          1. A questão é: o livro não se propunha a fazer escolhas universais. Ele se propunha a retratar as MINHAS escolhas.
            Agora vá achar uma editora que se interesse pelas suas escolhas. Boa sorte. Torquemada tem que ser o primeirão, hein? 😛

      2. “Colonizados por nós, os escolhidos, filhos de Deus”.
        O senhor Apolinário ainda se prende ao mesmo comportamento da Igreja no século XV, com relação aos habitantes do novo mundo. Aquele que não professa a verdadeira fé” deve ser “colonizado” pelos “escolhidos” – de preferência cristãos. E já sabemos como a história acabou. Qualquer semelhança com o Estado Islâmico é mera coincidência. Como sempre suas afirmações são patéticas e eivadas de proselitismo fanático. Faz afirmações sem qualquer base, a não ser como reflexo de suas idiossincrasias limitantes – basta ver a sua afirmação estapafúrdia de que a vida só é possível na Terra, o que demonstra sua crença em um geocentrismo tipicamente medieval.

  43. Enfim Ronnie Von esta certo lá nos anos 60, na música “De como meu herói Flash Gordon irá levar-me de volta a Alfa do Centauro, meu verdadeiro lar”. Quem não conhece esta canção, ouça que vale a pena.

  44. Bacana Salvador!!!
    Importante explorar nossos conhecimentos em que temos dons, certo é valido a ciência que também são dons… No entanto nunca duvidei que não somos especial por estar sozinho.
    Louvável o criador que trabalha em Qualidade e não em quantidade, fosse assim não precisava de tantos espermas para fecundar somente (Um )… Porque tanto se deve term muitos planetas e maiorias deles são formação e outros existe sim seres vivo com certeza.
    Para os leitores ( Existe tantas novidades ocultas nas quais com nossa ignorancia não podemos obter 100% das informações ) assim a lei do universos sabe e ira ao tempo expondo cada dia ao seu entender.

    Parabens, logo seremos compreensivo quem sabe menos das coisas sabe muito mais que nos… Ou seja descobre que não sabemos nada e nada sempre que descobrimos sabemos menos ainda.

    1. Walter, são muitos espermatozóides. Agora veja quantos óvulos você usa pra fazer um novo ser humano? 😛

    2. Amigos;

      Depois que eu li o livro “A caminho da Luz” eu passei a entender muito mais o Universo, compreender a lógica da pluralidade do mundos e saber que nós já estagiamos em alguns deles. Há mais planetas habitados além da terra. Alguns com população menos evoluída que a nossa, outros com população 10 vezes mais evoluída que a nossa.
      Ler o livro de Ivone do Amaral Perreira, ditado por Vitor Hugo. “Devassando o Invisível” entre outros do próprio Vitor Hugo, vai nos ajudar a compreender o que há por trás desta imensidão azul e cintilante.
      Para completar os conhecimentos leia “os exilados de Capela” filme e livro. Depois destas leituras, vocês nunca mais contemplarão o céu do mesmo Jeito.
      Alías os astronomos, historiadores e cientistas da nasa deveriam ler todas estas obras.

      1. E como eles medem evolução de população numericamente, para dizer que é 10 vezes mais? Fiquei curioso pra saber se tem alguma estatística disso entre os espíritas…

        1. Olá!
          Fico enternecido quando pessoas espíritas como eu vem sugerir a leitura das obras espíritas, tratando o espiritismo como superior em conhecimento.
          Não é tão simples.
          Nós espíritas temos a consciência de que o que espíritos e espíritas falam devem passar pelo crivo, primeiro, do bom senso e da lógica, depois pela análise e confirmação. Assim, depois, podemos vir aqui no site de divulgação científica e propor. Antes disso é leviandade.

          Quanto à estatística. Não, não existe nada confirmado. Apenas a inferência lógica.
          A mesma inferência que nos faz ter certeza da vida fora da Terra.

  45. Olá Salvador,

    Noticia empolgante e matéria explicada didaticamente ,como de hábito.

    Gostaria de saber se, a despeito do falso alarme, existe a possibilidade de planetas em Alpha Centauri AB ou já podemos descartar.

    Grande abraço.

    1. Sim, ainda existe a possibilidade — bem forte — de planetas, tanto em A como em B. Descartamos apenas o candidato que havia sido anunciado em 2012, no limite da tecnologia. Mas note que planetas mais distantes da estrela que ele ainda podem estar lá, abaixo do limite de detecção atual. Uma hora vamos saber. Há grande obstinação na busca por planetas em Alfa Centauri — mais até do que em Proxima, porque são duas estrelas bem mais parecidas com o Sol. Abraço!

Comments are closed.