Pesquisa da Nasa diz que ‘motor espacial impossível’, que opera sem combustível, funciona

Salvador Nogueira

Um “motor espacial impossível” que está sendo investigado num laboratório da Nasa, o chamado EM Drive, passou por mais um importante teste: teve o mesmo desempenho no vácuo que havia demonstrado antes em experimentos feitos no ar.

Harold "Sonny" White, físico da Nasa, e um propulsor que dispensa combustível. Estão dizendo que funciona... (Crédito: Nasa)
Harold “Sonny” White, físico da Nasa, e um propulsor que dispensa combustível. Estão dizendo que funciona… (Crédito: Nasa)

Os resultados da equipe da Nasa acabam de ser publicados num periódico com revisão por pares, o “Journal of Propulsion and Power”, do importante AIAA (Instituto Americano para Aeronáutica e Astronáutica). É a primeira vez que o tema controverso ganha as páginas de uma revista científica com esse sistema de controle de qualidade.

De acordo com os resultados obtidos, o dispositivo gerou um impulso bastante modesto, mas, para algo que não usa propelente algum, trata-se de um resultado surpreendente e extremamente animador. No fim das contas, pode vir a ser a tecnologia que viabilizará viagens interestelares, algo que está totalmente fora do alcance dos métodos de propulsão tradicionais — pelo simples fato de que é impossível levar combustível suficiente para realizar a viagem.

Claro, fale para a imensa maioria dos físicos que algo vai se acelerar no vácuo sem uma massa propelente que seja capaz de gerar um jato de exaustão na direção oposta, e eles dirão que isso é impossível, pois contraria as leis da física. Um dos princípios mais elementares é a famosa conservação do momento.

Não, não é quando a gente tira uma foto para ter um momento guardado para sempre. Em física, momento é tão somente a quantidade de movimento, expressa pela multiplicação da massa pela velocidade de um objeto. Em tese, você pode transferir momento de um objeto a outro. Mas as coisas, em tese, não deveriam funcionar se você tenta acelerar sem “roubar” momento de algum outro lugar. Por tudo que sabemos das leis da natureza, não se pode criar mais momento do nada.

Por esse pequeno grande detalhe sempre houve — e continua a haver, sejamos francos — muita desconfiança por trás do conceito, desde que ele foi apresentado, no começo dos anos 2000.

Os próprios pesquisadores da Nasa (liderados por Harold “Sonny” White, chefe do laboratório Eagleworks, instalado no Centro Espacial Johnson, em Houston) mantêm uma postura agnóstica com relação à tecnologia controversa, noves fora os resultados positivos. Em seu artigo, eles listam exaustivamente todas as fontes experimentais de erro que poderiam explicar os resultados. Eles particularmente não acreditam que alguma delas esteja gerando um falso positivo, explicando detalhadamente o que fizeram para mitigar os problemas em seu experimento. Mas também admitem que não podem descartar completamente boa parte delas — e sempre pode ser algo em que eles sequer pensaram. De toda forma, um item dessa lista já pôde ser completamente descartado: o ar não tem participação no modesto impulso gerado.

Os testes foram feitos com a acoplagem do dispositivo a um pêndulo de torção, mantidos numa câmara a vácuo. O motor em si lembra basicamente uma secção transversal de um cone. Em seu interior, uma fonte de energia elétrica gera radiação eletromagnética em micro-ondas (o EM do nome), e é isso que, de algum modo, geraria a propulsão. No experimento, esse dispositivo foi alimentado com eletricidade, com diferentes níveis de potência: 40, 60 e 80 watts. A ideia básica do experimento era medir qualquer propulsão que alterasse o padrão de movimento do pêndulo.

 

O EM Drive (secção de um cone em cor de cobre) instalado no pêndulo de torção no Centro Espacial Johnson (Crédito: White et al.)
O EM Drive (secção de um cone em cor de cobre) instalado no pêndulo de torção no Centro Espacial Johnson (Crédito: White et al.)

Para se certificar de que estavam medindo mesmo o motor em funcionamento, testes foram feitos para gerar propulsão à frente, para trás e nula (usando, ainda, em outra configuração um peso morto equivalente ao dispositivo ligado ao pêndulo para efeito de controle).

“Os dados de impulso para frente, para trás e nulo sugerem que o sistema estava funcionando com uma taxa de empuxo por potência de 1,2 milinewton (mais ou menos 0,1 milinewton) por quilowatt”, escreveram White e seus colegas.

CERTO. SE FUNCIONA, COMO FUNCIONA?
Há duas formas de responder a essa pergunta, a curta e a longa.

A curta é: ninguém sabe.

A longa é: mesmo entre os entusiastas do EM Drive não há acordo. Um de seus primeiros proponentes, o britânico Roger Shawyer, sempre defendeu que não há mistério e que seu propulsor sem combustível não viola as leis da física.

O que ele diz é que é possível configurar a cavidade (a secção do cone) de forma que um bate-rebate das micro-ondas em seu interior trocasse momento com o fundo do dispositivo, gerando propulsão. A imensa maioria dos físicos — inclusive o pessoal da Nasa — diz que isso não faz o menor sentido.

Contudo, eles também mediram alguma propulsão, e acham que não é erro experimental: precisa ser explicado, portanto.

White, que é formado em engenharia mecânica com doutorado em física, também acredita que o dispositivo não viola as leis da física, mas por outro motivo: segundo ele, o EM Drive interage de uma forma exótica com a energia do próprio vácuo. Uau.

Pois é, foi-se o tempo em que o vácuo era um “nada” puro e absoluto. Hoje sabemos que mesmo o mais vazio dos vazios tem alguma coisa — ele tem energia, ou, mais precisamente, tem a probabilidade, por menor que seja, de não ser vácuo.

Uma das demonstrações mais chocantes da mecânica quântica é que essa probabilidade não é mero artefato teórico. Ela se realiza de fato na natureza, gerando no vácuo um mar de partículas virtuais. Elas são em tudo similares às partículas convencionais, que formam tudo que existe no Universo, com uma diferença essencial: elas aparecem e desaparecem numa fração de segundo e, por isso, não afetam o balanço total de energia do Universo. (Partículas que aparecessem no vácuo e não desaparecessem mais violariam outro princípio de conservação, o da energia.)

Usando interpretações menos comuns da mecânica quântica, White e seus colegas sugerem que o tal EM Drive estaria interagindo com esse mar de partículas virtuais e, de algum modo, é delas, em sua fugidia existência, que o dispositivo “roubaria” o momento para produzir sua propulsão, sem violação das leis físicas.

Faz algum sentido? Hm, ótima pergunta. Se eu soubesse a resposta, poderia me tornar o primeiro especialista reconhecido em EM Drives. Como esse cara ainda não existe, vamos ter de conviver com a dúvida, pelo menos por enquanto.

E O TAMANHO DA REVOLUÇÃO?
Bem, vamos supor que, independentemente de como funcione, o negócio pelo menos funcione de fato. Falamos lá em cima do impulso medido: 1,2 milinewton por quilowatt. Como comparamos isso com outras formas de propulsão mais conhecidas?

Não podemos colocar isso lado a lado com um foguete de combustão química, porque não tem nem comparação. O foguete ganha de lavada. Os ônibus espaciais americanos, por exemplo, tinham um pico de empuxo de 30,1 meganewtons. Saltamos dos mili (milésimos) para os mega (milhões).

Precisamos de um coice desses, como o do ônibus espacial, para vencer o campo gravitacional terrestre. Então você não pode imaginar decolar do chão com um EM Drive — ao menos não com esse desempenho medido. Seria como tentar soprar numa nave para ela subir.

Em compensação, em dez minutos de propulsão o ônibus espacial esgota seu combustível, atinge uma órbita e está à mercê da inércia, sem capacidade de acelerar mais. É nessa hora que o EM Drive, em tese, brilharia. Como ele não usa combustível, poderia acelerar indefinidamente — é o famoso “devagar e sempre”.

Uma tecnologia avançada e recente que mistura um pouco de cada coisa — usa combustível, mas é econômica, e tem empuxo fraco, porém duradouro — é a chamada propulsão iônica. Ela já foi usada com sucesso em algumas espaçonaves, como a sonda Dawn, que está neste momento explorando o planeta anão Ceres, no cinturão de asteroides.

White compara o desempenho do EM Drive medido no laboratório deles com o de um propulsor iônico de última geração. Enquanto cada quilowatt de eletricidade gera 1,2 milinewton de impulso com o EM Drive, um motor de íons geraria 60 milinewtons. Ou seja, uma tecnologia como a embarcada na Dawn é umas 50 vezes melhor que esse EM Drive aí.

E a Dawn, não custa lembrar, levou quatro anos para ir da Terra até o cinturão de asteroides, que fica aquém da órbita de Júpiter — logo ali na esquina, se estamos sonhando em voo interestelar.

Então, importante, pelo menos no momento, a gente não se prender muito a números incríveis que têm sido atirados por aí, como ir à Lua em quatro horas, a Marte em 70 dias e a Plutão em 18 meses. Calma lá.

De onde a galera tira esses números, então?

De uma extrapolação que White e sua equipe fizeram em outro momento, supondo que se pudesse chegar a um nível de propulsão de 0,4 newtons por quilowatt — um desempenho pouco mais de 300 vezes maior que o medido.

Com esse mesmo desempenho, ir até Proxima Centauri, a estrela mais próxima, a 4,25 anos-luz, levaria 122 anos. Se fosse possível melhorar o desempenho por um fator de dez, para 4 newtons por quilowatt, a viagem levaria 29,9 anos.

Legal, né? Mas é 4.000 vezes mais do que o desempenho medido, e esse desempenho ainda pode nem ser real!

Moral da história: ainda temos um longo caminho a percorrer.

A boa notícia é que, como nem sabemos como isso poderia funcionar, no momento em que descobrirmos, teremos capacidade de projetar essas coisas para funcionarem com mais eficiência. E aí talvez descubramos que é possível fazer esse salto de 4.000 vezes no desempenho.

Por ora, no entanto, a aposta mais segura para missões interestelares é a tecnologia de velas com propulsão a laser, desenvolvida pelo projeto Breakthrough Starshot. Pelo menos, ela não envolve nenhuma física maluca. E, de toda forma, é muito legal vermos diferentes alternativas aparecendo. Sinal de que, cedo ou tarde, vamos matar essa charada e descobrir como viajar entre as estrelas.

Quem sabe até mais depressa que a própria luz? Harold White também trabalha numa linha de pesquisa que tenta criar uma dobra espacial, encolhendo a distância entre dois pontos, à moda de “Star Trek”. Mas o progresso aí é ainda mais lento que o dos EM Drives. Ou seja, não prenda a respiração.

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Comentários

  1. Concordo se ficam ricocheteando, mas ai é outra historia entender por que seriam mais eficientes que se fosse por radiaçao
    direta, tipo “jato” .Ao menos ja sei por onde começar a pesquisar a experiencia. Retorno se encontrar alguma. coisa que aporte…Muito estimulante teu blog, parabens.

  2. Salvador, interessante e desafiador este assunto..
    Veja que todos nós estamos falando de um assunto que ninguém sabe a respeito.
    Isto é genial. Mexe com conhecimentos de cada um e queremos encontrar uma resposta.
    Imagina no meio acadêmico, nos laboratórios e instituições por todo o planeta.
    Vale um Prêmio Nobel, revolução total na tecnologia e conhecimento.
    Com certeza, uma nova ciência um novo campo de pesquisas, ou… uma decepção de algo que não servirá para nada.
    Vamos acompanhar de perto este assunto. Sensacional.

  3. Completando, nao é uma conseqüencia do fenomeno conhecido como Pressao de Radiação, investigada e medida por Nichol e Hulls ?
    justamente medida com uma balança de torção.

  4. Salvador, sensacional a notícia, mas tenho duas observações ao “post”… (por favor, estou tentando colaborar):

    1. A frase ““Os dados de impulso para frente, para trás e nulo sugerem que o sistema estava funcionando com uma taxa de empuxo por potência de 1,2 milinewton (mais ou menos 0,1 milinewton) por quilowatt”, escreveram White e seus colegas.” tem um erro no parênteses, não tem, de unidade? Acho que o parênteses teria que estar após quilowatt… erro de digitação.

    2. Se o EM Drive exige eletricidade para funcionar, como ele permite viagens interestelares? Imagino o tamanho e a qualidade do banco de baterias que permitiria armazenar a eletricidade quando painéis solares não produzirem nada, para uso durante dezenas de anos.

    1. 1. Não, acho que é isso mesmo. 1,2 mN +- 0,1 / kW.
      2. Nada. Põe um reator nuclear e vai embora. 😛

      1. Ah, agora entendi… O parênteses atrapalhou, “mais ou menos” traduzi por “aproximadamente”, não por “+/-“… 🙁

        Grato!

  5. Salvador, por que o misterio ?
    Estão colocando potencia eletrica para gerar as microondas. Isto é energia entrando no sistema. Microondas nao sao outra coisa que radiação eletromagnetica. Ela tem que produzir um efeito de empurrar, Igual que o efeito produzido pela “presao da luz”.
    Força por distância
    é trabalho. Então, por que nao funcionaría ?
    Abs, Carlos

    1. Por que as micro-ondas, em tese, não saem da cavidade, ficam só recocheteando lá dentro, e isso amplificaria o empuxo. O conceito “fótons prum lado, massa para o outro” não seria mistério, mas daria quantidades muito pequenas de empuxo, similares às da anomalia da Pioneer. Aparentemente, o EM Drive faz melhor que isso. De onde está vindo o momento extra?

  6. Olá, se entendi bem, alguma energia teve que ser fornecida “No experimento, esse dispositivo foi alimentado com eletricidade, com diferentes níveis de potência: 40, 60 e 80 watts”. Se minha interpretação estiver correta, como avaliaram a propulsão gerada apenas pelo motor?

  7. É, Salvador.. Será que esse é um indicativo de que deveríamos rever todos os nossos modelos físicos?

    1. Acho que não. Acho que é um indicativo de que é difícil fazer experimentos “limpos”. rs
      A gente fala em “rever todos os nossos modelos físicos” e esquece que esses mesmos modelos já fizeram muitas predições acertadas. No limite, teríamos de restringir seu domínio de aplicabilidade. É mais uma questão de entender como novos fenômenos se encaixam em nossos modelos físicos do que os rever. Ninguém vai rever a lei da gravidade ou as leis de conservação. Só vamos entender um novo fenômeno — se é que ele é um novo fenômeno e não erro experimental — no contexto dessas leis já pré-existentes, talvez descobrindo outras leis *que não conflitem* com as já conhecidas. 😉

      1. Será? Se um fenômeno natural sequer contrariar nossas teorias, elas cairão e teremos que reformular tudo. Mas é como você disse: talvez seja questão de adaptar os fenômenos aos modelos. Às vezes fico com a pulga atrás da orelha quando verificamos esses fenômenos ainda inexplicáveis, como o EM drive, a energia e matéria escura, sem falar na incompatibilidade dos modelos que descrevem a força gravitacional e os que fazem o mesmo com as demais forças. Será que estamos caminhando na direção errada?

        1. Acho que não, Gilmar. Precisamos ir refinando nosso entendimento, mas não há direção errada. Nunca Einstein iria aonde foi não fosse Newton. É assim que a ciência progride, melhorando o entendimento da natureza passo a passo. Einstein é um entendimento refinado da gravidade, mas ele não refutou Newton — somente explicou coisas que Newton não explicada. Ninguém jogou fora o Newton. 😉

  8. Oi Salva!
    Sei que estou chovendo no molhado, mas quando li que o motor funciona sem combustível, me levou a entender que ele não usa energia.
    Seria mais ilustrativo dizer que o motor não queima combustivel como os motores tradicionais que transformam e ejeção de gases em movimento.

    Lendo o texto foi explicado que ele usa energia para gerar micro-ondas que produz a propulsão sem a ejeção de matéria. Não queima combustivel, mas usa energia proveniente de uma fonte.

    Seja como for, o motor é fascinante e revolucionário, e valeu pelo texto muito detalhado e explicativo 🙂

    Abs!

    1. Vou trocar a palavra combustível por propelente. Pra você ver, a gente acha que está facilitando o entendimento, e está complicando… rs
      Abraço!

  9. Salvador a pergunta esta , porque você modera tanto meus comentários!? você não me entende, você não gosta deles porquê?

  10. Para mim é um motor de íons. Se vc liga um emissor de micro ondas sobre um material suscetível (cone) vai provocar desgaste do mesmo pela perda de íons. Se inventar um dispositivo com campo eletromagnético capaz de direcionar os íons para um lado vai gerar propulsão iônica para o outro (não sei se é o caso neste dispositivo). Pensava que os motores iônicos funcionassem de maneira semelhante. Falei bobagem?

      1. Salvador,
        Xenônio é um gaz raro, não queima, só é acelerado por campo magnético depois de transformado em íon. A dificuldade do pessoal está em compreender que o motor não precisa de levar matéria para gerar empuxo, ele usa algo que ainda não se conhece. Talvez matéria virtual.

        1. Sim, é um gás nobre e pesado. Seria mais correto chamar de propelente. No texto uso “propelente”. Para o título, acho que sem combustível está bom. (Quase ninguém sabe o que é propelente.)

  11. Boa matéria Salvador!
    Gostaria de saber na sua opinião, qual o próximo teste que o EMDrive enfrentará depois desse no vácuo?
    Abraço!

    1. Tem um cara querendo colocar um num cubesat para testar no espaço. Mas desconfio que o teste pode ser tão pouco conclusivo quanto esses no vácuo. A conferir se ele vai conseguir e se vai dar algum resultado mais significativo (a ideia é usá-lo só para adiar a reentrada atmosférica, por isso digo que pode ser pouco conclusivo).

  12. Salvador, você tem o informação de qual a potência gerada por metro quadrado de painel solar fora da atmosfera? Com essa informação e sabendo que o motor gera impulso de 1,2 milinewton por quilowatt, dá pra verificar se a área de paineis solares necessária para obter os 4 N é suficientemente pequena para ser instalada numa espaçonave com, digamos, o triplo do tamanho da estação espacial internacional. E, além das viagens interestelares, já dá pra começar a pensar numa “linha de ônibus espacial circular” Terra/Marte, que você acha?

    1. Os painéis solares da Estação Espacial Internacional geram até 120 quilowatts. Ou seja, um motorzinho desse geraria por lá pouco mais de 0,14 N. Lembrando das aulas de física (e perdoem-me se eu estou me lembrando errado), com 1 N você pode manter no ar 100 g sob a gravidade terrestre. Não é muita coisa, né? rs

      1. É isso, 1N pra 102g, aproximadamente. Sempre lembrando que a velocidade é que faz a diferença nesse caso, pois uma sonda, depois de colocada em órbita, poderia ficar acelerando indefinidamente em torno da Terra e com isso ir aumentando o apogeu até alcançar velocidade de escape.
        Acho ao mesmo tempo engraçado e meio irritante, embora seja a postura correta, esse jeitão de cientistas e de jornalistas que cobrem ciência de manter um certo ar blasé por dever de ceticismo. “EM drive? funcionou, é? humm, sei não… vamos aguardar” hehehe
        Um abraço.

        1. Acho que o ceticismo é justificável. E na verdade a imprensa embarca no hype na maior parte das vezes. E na maior parte das vezes que o achado é extraordinário e contraria a física, acaba se mostrando errado. Tivemos os casos recentes dos neutrinos mais rápidos que a luz (só que não) e a detecção das ondas gravitacionais da inflação cósmica do Big Bang na radiação cósmica de fundo (só que não). É duro apostar no improvável, ainda mais por medidas de micronewtons… rs

  13. Olá, Salvador! Sempre leio a sua página e, ainda que de forma apenas curiosa, tento me inteirar sobre o assunto. Pois bem… lendo sobre o EM Drive, me lembrei de alguma coisa que li sobre o trabalho do gênio Nikola Tesla, que senão me engano tinha algum estudo sobre a possibilidade de geração de energia através do vácuo. Isto realmente tem fundamento e se sim, tem alguma relação com o estudo de Harold White?

    1. Que eu me lembre, Tesla propunha a transmissão de energia sem fio, não a geração. Acho que não tem nada a ver com o atual estudo. Embora Tesla fosse tão genial que não duvidaria de ele ter pensado em algo mais arrojado que isso… 🙂

    1. A anomalia das Pioneers é de um tamanho que conseguimos explicar com física conhecida. Já a propulsão medida aí, não.

  14. Salve Salva….
    Fiquei meio distante do blog por um tempo devido a correria do dia a dia.
    Mas deixe eu ver se entendi.
    Os caras inventaram algo e não sabem como ele funciona, só sabem que conseguiram?? É isso mesmo?

    1. É mais ou menos isso. Quem inventou e diz saber como funciona é desacreditado e nunca publicou um artigo com peer review. Quem não sabe como funciona testou o negócio e diz que, ao que parece, funciona, mas não sabe explicar por quê, embora proponha uma hipótese para isso, que por sua vez é desprezada pela maioria dos físicos. 😛

    1. David,
      No seu desenho o barco realmente se movimenta para frente pois existe uma fonte de energia que movimenta o ventilador que impulsiona a vela. Alguém pode até defender que o impulso do ventilador está em oposição ao da vela, mas o sistema é de propulsão de ar com desvio de 180 graus. É como frear um avião invertendo a direção do jato nos motores a jato. Já o EM Drive não usa nenhuma matéria para impulsiona-lo.

          1. Sim, e eles mesmos deixaram claro que o aerobarco apenas se movimentou devido à posição das velas que fez com que o ar empurrado pela hélice se movimentasse em outras direções. E o próprio vídeo mostra isso, já que o barco se movimenta bem pouco e basicamente em círculos.

            Se fosse de acordo com a ilustração, sem mover a hélice ou a vela, não, não funcionaria.

      1. num mundo ideal: o impulso recebido para trás pelo ventilador por impulsionar o ar para a frente é igual ao impulso para a frente do ar ao colidir com as velas, e o barco não se movimenta porque os impulsos iguais em direções opostas se contrabalançam

        no mundo real: o impulso do ventilador e da vela não são iguais. parte do ar bate na vela, mas uma parte pequena pode escapar, o impulso sobre a vela é menor que o do ventilador e o barco se move para trás…

    2. Se colocar uma roda d´agua captando energia e alimentando o ventilador talvez faça mais sentido, kkkkkkkkkkkkkk.

  15. Grande Dr. Salva, de repente, vendo a foto do EM Drive, me veio a mente o Die Glocke nazista.
    Será? he, he.

  16. Salvador, na hipotética viagem até Próxima, pelo cálculo que você fez já há haveria uma forte alteração na contagem do tempo em razão da velocidade?

    É que se demorar 120 anos, a velocidade média seria de aproximadamente 3,5% da da luz. Já se demorar 29 anos, chegaria a quase 15% da velocidade da luz.

    Ou seja, demorando mais de cem ou “apenas” 30 anos, para uma eventual tripulação não passaria bem menos tempo?

    Obrigado.

    1. Hakim, a conta foi o White que fez, não eu. Mas não, os efeitos relativísticos de dilatação do tempo não seriam relevantes a 15% da velocidade da luz. Diferença pequena. A coisa começa a ficar um pouco mais sensível depois que se passa de 25%, e só fica muito louca mesmo quando se cruza a fronteira de 80%, 90%.

      1. Opa… realmente me expressei mal…. vc só reproduziu os números do White.

        De qualquer forma, é uma pena que não tenha modificação expressiva na relatividade. É que por mais improvável que seja a ideia de se chegar a tamanha velocidade com este motor, caso fosse possível e houvesse mudança siginificativa na relatividade, o tempo de viagem observado da terra seria irrelevante. Poderia demorar 30 anos, desde que para a tripulação demorasse um ou menos.

        Mas, se não há mudança expressiva, o problema da demora, mesmo com uma viagem de “apenas” trinta anos, continua insuperável para uma viagem interestelar. Não haveria tripulação que suportasse tanto tempo. E uma viagem não tripulada seria inviabilizada pela impossibilidade de se realizar ajustes de rota etc. Teremos que esperar outra tecnologia… vai que a dobra acaba desenvolvendo… hehe

  17. Salvador, que paciência suprema para respondar tantas repetições de dúvidas/interpretações erradas/ceticismos sem fundamento!
    isso sim é fora do normal

    1. Eu TENTO responder. Mas, como disse no texto, ninguém entende o EM Drive, e eu também não vou fingir que eu entendo… rs

  18. Salvador, para falar a verdade eu acredito que a reposta para o fenômeno tende a ser bem singela. Mas tenho visto de tudo, há muito alarde e especulação relacionado a ele, o que pouco ou nada ajuda.
    Há quem afirme que o EmDrive geraria uma dobra espacial para tentar explicar o fenômeno… mas aí o santo já é obrigado a desconfiar, né? Um exagero, sem dúvida.

    1. Acho que precisamos ir devagar. Mas seguir adiante. Roma não foi construída em um dia. 😉

  19. Salvador, perdoe minha ignorância, mas você diz que o motor não utiliza combustível ao mesmo tempo que relaciona a propulsão a quantidade de energia (kW). Sem combustível de onde viria a energia?

    1. Ele não usa combustível para propulsão. Mas, claro, ele precisa de uma fonte elétrica para operar, que pode vir de painéis solares (sem combustível) ou de um reator nuclear (com combustível nuclear). O motor em si não precisa de combustível, precisa apenas de eletricidade.

      1. Então o motor nada mais é do que mais uma forma de transformar energia elétrica em energia cinética? Porque ele seria melhor que um propulsor de íons por exemplo?

        Em uma viagem interestelar a energia solar (ou de qualquer outra estrela) seria uma fonte confiável de energia?

        Dado que por exemplo, usássemos energia nuclear não existe nada mais eficiente do que esse processo? Não poderíamos só usar processos de fissão nuclear para gerar energia cinética?

        1. Caio, a diferença do propulsor de íons é que em um você precisa carregar uma massa que será ionizada e expelida para propeli-lo adiante, no outro não.
          O Em Drive, caso funcione, seria um propulsor de íons que pode funcionar indefinidamente, não sofreria com falta de combustível.
          Sofreria com falta de energia elétrica, é verdade, mas já sabemos construir fontes de eletricidade bastante duradouras. Não seria um desafio técnico imenso construir um reator nuclear capaz de fornecer eletricidade por 50 ou mesmo 100 anos ininterruptos. Mas seria bem complicado levar a bordo toda a massa a ser ejetada, mesmo por um propulsor iônico supereficiente, durante um disparo de 50 anos…

          1. Entendo, a questão não é a geração de energia, mas sim transformar essa energia em energia cinética sem ter que carregar massa durante a viagem.

    2. como utiliza microondas, o EM Drive não poderia estar usando fótons como propelente? neste caso não haveria nenhuma violação de leis físicas: para avançar, ele precisaria “empurrar” um jato de fótons na direção oposta…

      1. Aí é o seguinte: se fosse um simples foguete de fótons, a propulsão medida seria muito menor. A ideia do EM Drive, pelo menos tal qual descrita pelo Shawyer, é manter os fótons presos na cavidade, num bate-rebate eterno, mas numa ressonância tal que geraria uma propulsão no sentido da abertura menor da cavidade. Eis aí de onde aparece o “momento” mágico.

        1. entendi. hmmmm, mas isto não está com uma cara parecida com a de “demônio de maxwell”?

          1. Minha opinião pessoal: não funciona. É bom demais para ser verdade.
            Mas… eu já cansei de estar errado antes. 😛

  20. Salvador, esqueceste que pra gente que fez ensino médio no brasil, momento é torque e momento a qual te referes é o tal do momenTUM dos livros em inglês, que por essas terras chamam de quantidade de movimento, por isso o pessoal se confunde, inclusive eu, aprendi isso um dia desses kkk

      1. acho que nos livros mais antigos (não to chamando ninguém de velho) era momento, hoje é mais comum quantidade de movimento.

        1. Na Wikipédia, eles tratam momento do mesmo jeito que eu. Mas mencionam que também pode ser chamado de quantidade de movimento. Mas aí eu perderia a piada, né? rs

  21. Levando em consideração o tamanho do motor e a logica, seria necessário um motor 4000x maior para ser útil na propulsão, porem seria necessário 4000x de energia também e o motor teria que anular todo essa massa.
    o motor do teste tem uns 2m de comprimento?

    1. Não, o motor do teste é pequenininho, 22,9 cm.
      E note que o empuxo é medido com relação à potência. Então você não precisa aumentar o empuxo e a potência. Pode aumentar um ou outro, dependendo da viabilidade técnica. Se a coisa funcionar direito — e este é um grande “se” –, ele certamente pode vir a ser útil, mesmo nesse estado de um sexagésimo da potência de um motor iônico convencional.

      1. Então, se botassem uma nave com 4.000 motores desses em direção a alfa centauri, ela demoraria 29,9 anos pra chegar lá?

        1. Se o desempenho escalar da forma que eles imaginam, e a massa total não exceder o previsto para eles em termos de requerimentos de empuxo, sim. Mas aí precisa fazer as contas. Eles mesmos acham que é perda de tempo ficar lançando EM Drives antes de melhorar bastante o desempenho em laboratório. Eles enfatizam que esse foi só um esforço para medir se funciona, mas ainda há um longo caminho para aperfeiçoar o negócio. Propulsores iônicos também começaram com desempenhos bem modestos, mas hoje já se mostram úteis em missões de exploração, como a Dawn, a Deep Space 1, a SMART-1 e as Hayabusas.

  22. ola, bom se o desenvolvimento levar tempo não tem problema pois tudo leva tempo basta imaginar e perseverar pois num passado não muito distante a maioria dos homens se quer imaginava pisar na lua tão puco poder voar.

  23. Ponto para o mestre Arthur C. Clarke. Notadamente esse cara veio para cá para nos dar uma pitada do que será o futuro.

      1. “Mestre” Clarke, no livro As Canções da Terra Distante, propôs, baseado em teorias bem vagas (ele mesmo assume), um motor quântico capaz de transformar quaisquer partículas subatômicas do vácuo em energia e empuxo capaz de acelerar uma nave do tamanho de dois Everest a um quarto da velocidade da luz. Recomendo o livro.

    1. Nos livros da serie Rama . “Encontro com Rama”,”Nos Jardins de Rama” e “Revelações de Rama” , Uma nave alienígena parece ter um sistema de propulsão de reação , sem ação . Ou seja , sem expelir nada para fora. E na nave tinha na traseira 7 estruturas cônicas do tamanho de montanhas, que lembram de alguma forma EM Driver .

  24. 1) As leis da física atuais só conseguem explicar 4% do universo??? Afinal, não explicam a matéria escura e a energia escura… As leis da física não estariam incompletas???

    2) Se o vácuo não é mais vácuo não seria ele a fonte da matéria escura e da energia
    escura??? Afinal, vácuo é o que mais tem no universo!!! Estaria a resposta tão perto que não conseguíamos ver???

    3) Alguma previsão de quando veremos algum teste de verdade em uma mininave espacial equipada com o EMDrive???

    1. 1) Incompletas, talvez. Mas não funciona como legislação no Brasil, em que cada nova lei “revoga todas as disposições em contrário”. Não importa o que se descubra, a lei da gravidade vai continuar sendo a lei da gravidade. A conservação da energia/momento também não vai a lugar algum, não importa o que se descubra.

      2) Pelo melhor palpite dos cientistas no momento, ele deve ser a fonte da energia escura, mas não da matéria escura. O duro é testar.

      3) Um dos proponentes do EM Drive, o americano Guido Fetta, quer colocar um no cubesat e lançar no ano que vem.

    2. Salvador, existe uma probabilidade enorme de que o “vazio” seja na realidade algo em que seja o “trilho” por onde a luz navega em uma velocidade constante, seja a explicação para a interação entre as gravidades de até galáxias… a gravidade se comporta como por exemplo a água descendo por um ralo em uma pia, aquela matéria suga tudo para o interior do cano… podemos até especular que essa unidade possa compor e tornar existente a matéria. Assim explicaria a gravidade estar em todos os corpos, em toda matéria, as unidades do “vazio” são consumidos pela matéria a tornando existente, assim como respiramos o ar a matéria precisa consumir o que chamamos de “vazio”. (minha teoria. Parece louca mas pega cada um em pensamento ou ao menos nas menores possibilidades…)

  25. Salvador, e quanto a tão falada matéria escura? Entendo que mesmo na terra ela pode estar presente, correto? Alguma teoria de que alguma interação com ela poderia gerar este empuxo?

    1. Rodrigo, improvável, porque a marca registrada da matéria escura é justamente não interagir com nada, exceto pela gravidade. E não é a gravidade que está empurrando o EM Drive.

  26. Eu sempre botei fé nesse motorzinho!!! Tem dois anos que acompanho animadamente e assiduamente o desenrolar dessa história. Minha intuição sempre batia na tecla de que ele não era uma fraude. Mas confesso que era mais intuição do que fatos. Bom, agora temos algumas provas animadoras. A verdade é que não consegui ser tão cauteloso diante da possibilidade, ainda que remota, de desbravar grandes distâncias espaciais. Sei que fui demasiadamente otimista. Fico feliz que o meu otimismo não foi em vão. O Mensageiro Sideral é testemunha. Fiquei pentelhando ele com esse motor a cada nova notícia que surgia. É a melhor notícia do dia!!! rsrs

    1. Hehehe, sei lá, acho as medidas ainda muito pequenas e inconsistentes. Eu não coloco minha mão no fogo. Mas, claro, vale a pena explorar e descobrir que diabo está sendo medido aí…

  27. Fiquei com a impressão que esse motor é um propulsor eletrostático/iônico ‘melhorado’ muito usado nos satelites. Agora é fazer as contas pra saber se o que ele vai consumir de energia elétrica pra gerar o empuxo o torna mais eficiente que o sistema convencional.Bom, pelo menos aqui na terra um transmissor mesmo usando uma cavidade ressonante e transmitindo em ghz o consumo de energia é muito maior que as ondas geradas/transmitidas pelo ar.

    1. Ele é basicamente um motor iônico que não esgota o combustível porque não há combustível! 😛

  28. Salvador, parabéns pelos comentários lúcidos e pelas ressalvas. A grande graça deste experimento talvez não seja como ele pode eventualmente revolucionar o transporte interestelar, mas nos fornecer uma direção para melhorar nosso entendimento a respeito da física quântica.

    Entender as entranhas do universo significa enxergar tanto o micro quanto o macro. Os dois extremos da física são igualmente fascinantes.

  29. Olá salvador, sei que a ciência é a arte da lógica e da coerência, e que a física newtoniana é nossa base lógica para entender o mundo, o que questiono é que a maioria dos cientistas têm medo de imaginar coisas além: se Newton era um ser-humano e portanto passível de erro, porque não supor que possa haver “ajustes” a se fazer nas teorias clássicas, quem sabe alguma exceção à regra, isso não seria nenhum demérito a Newton ou a quem quer que seja, nos ajudaria a pensar um pouco “fora da casinha” sem sair das fronteiras da ciência. A tempos já se fala em energias alternativas (e motores alternativos) que habitariam nas fronteiras das teorias newtonianas (ou até fora delas). Sem contar com os famosos interesses das indústrias de energia fóssil que utilizam a fala dos cientistas em prol de seus próprios interesses (nem precisa ir tão longe, a CPFL quer obrigar a cobrança do uso da rede elétrica para famílias que GERAM energia solar excedente). Não podemos perder o foco nos diversos interesses poderosos que estão presentes no mundo e influenciam e muito a ciência, as descobertas científicas e os cientista que, como diria o tão criticado e pouco lido Gramsci, são sempre intelectuais cooptados.

    1. Liga pro Einstein e pro Heisenberg e diz pra eles que eles não foram além de Newton. Hehehhe

    1. Pois é. O problema todo é que, apesar de impossível, parece que funciona. 😛
      Mas a maioria dos cientistas segue, com razão, a duvidar.

  30. Uma coisa que sempre me intrigou desde criança, lendo os gibis da época, como o Super Homem, por exemplo, e especificamente esse, fazia para voar, tanto na atmosfera quanto no vácuo, “sem uma massa propelente que seja capaz de gerar um jato de exaustão na direção oposta”? Muita gente poderia achar que seria um super “pum” para impulsioná-lo, mas, com essa matéria de hoje, quem sabe o super, sendo de um ET, já não usaria essa tecnologia revolucionária?

    1. Impulso, ele não voa infinitamente, mas tem um impulso digno de um kryptoniano, repare que sempre dá uma agachadinha antes.

      1. *Insira o GIF Mind Blowing aqui* … Estilo Hulk … Mas pensando bem, tem momentos em que ele aparece parado no ar, flutuando.

  31. Comentário sem pretensão alguma….
    Se há mais de 100 anos quando os senhores Otto e Karl Benz desenvolveram o primeiro motor a combustão interna, a tal máquina gerava poucos cavalos-vapor… mais de 100 anos de desenvolvimento e temos motores a combustão interna gerando milhares de CV!!!
    Não viveremos para ver o resultado do desenvolvimento de todas estas tecnologias, infelizmente. Mas, é exitante saber que estamos caminhando para frente no desenvolvimento da humanidade… a despeito dos esforços contrários de alguns políticos!

  32. Interessante, mas não vou segurar minha respiração esperando que saia algum coelho desta cartola…

    Acredito que a primeira hipótese que testaram deve ter sido qualquer interação do eletromagnetismo gerado pelo motorzinho com campos magnéticos naturais e artificiais, certo? Afinal, isso seria o óbvio ululante…

    1. Bruno, eles meio que descartam isso na análise de erro experimental:

      The third error is magnetic interaction, which has the potential for a false positive resulting from dc currents in power cables interacting during test article operation with ambient magnetic fields (e.g., local Earth field, magnetic damper) to generate a torque displacement on the pendulum. All dc power cables are a twisted pair or twisted shielded pair to minimize magnetic interaction. The test article is tested in forward, reverse, and null thrust orientations, but dc power cable routing and orientation is the same for all three configurations (power cables come in from the top of the test article), meaning any false positives will be the same magnitude and polarity for all three tests. This is not observed during the test campaign.

      Read More: http://arc.aiaa.org/doi/full/10.2514/1.B36120

  33. essa ideia e tirada da ficcao antiga ja ta ultapassada e obsoleta.o motor de pendulo se parece ,com relogio cuco.uma vez em movimento, sempre em movimento,o problema e dar a corda quando para,nao ha forca para andar pra tras, nao tem re.se conseguirem formar energia a frio vao obter mais combustivel apartir do momento que se afastam do centro da via lactea em direcao oposta ao sol .ou um motor de protons .com acelerador de neutrinos com nanoparticulas irradiadas tem um exemplar na revista sciece.

  34. Legal, mas… Tá, não usa “combustível” no sentido clássico da palavra (já que nada queima), mas usa eletricidade. De onde viria tanta eletricidade para alimentar o EM Drive? Ou seria uma quantidade trivial e baterias –ou geradores a plutônio como os da Pioneer– seriam suficientes?

    Outra coisa: se o impulso estiver vindo de interagir “de uma forma exótica com a energia do próprio vácuo”, ainda assim seria necessária a eletricidade? Suspeito que sim, ou o EM Drive teria impulso mesmo sem pagar a conta de luz. Mas essa história está tão doida que eu não me surpreenderia com mais nada. 🙂

    1. Se você quer usá-lo para além do Sistema Solar, precisaria de fontes de megawatts, então teria de desenvolver um reator nuclear para uso espacial — o que não é nada de outro mundo; a Nasa chegou a trabalhar em um no Projeto Prometheus, cancelado depois do governo Bush. Para aplicações no Sistema Solar, paineis solares poderiam bastar.

  35. Partículas virtuais. A propulsão enfim ingressa no campo quântico q será a chave para nos levar às estrelas

  36. Mestre salva!!! Apesar de cadastrado n pude ler toda a materia rsrsrs….mas enfim prometo ser assinante a partir do proximo mes…( e a crise kk) uma duvida!!!! Essa seria a tecnologia de propulsão para futuras missões tripuladas a marte??? Quao perto estamos de uma missao ao planeta vermelho?? ( ansioso pra caramba!) vlw!!

  37. Não entendi.
    Como podem dizer que o motor obtém energia do nada, se há necessidade de Kw de eletricidade para gerar micro ondas?
    Esses Kw não são energia, por acaso?

  38. Salvador, uma das coisas que os cientistas eliminaram deve ter sido a influência do campo magnético da Terra, correto?

    1. Sim.

      The third error is magnetic interaction, which has the potential for a false positive resulting from dc currents in power cables interacting during test article operation with ambient magnetic fields (e.g., local Earth field, magnetic damper) to generate a torque displacement on the pendulum. All dc power cables are a twisted pair or twisted shielded pair to minimize magnetic interaction. The test article is tested in forward, reverse, and null thrust orientations, but dc power cable routing and orientation is the same for all three configurations (power cables come in from the top of the test article), meaning any false positives will be the same magnitude and polarity for all three tests. This is not observed during the test campaign.

      Read More: http://arc.aiaa.org/doi/full/10.2514/1.B36120

  39. A eletricidade que emite a radiação EM não é consumida no processo? Não seria um combustível?

  40. Uma coisa eu não entendi: Durante toda a reportagem é frisado que o EMDrive não utiliza combustível…
    No entanto, durante as experiências, ele foi alimentado com energia elétrica, portanto claro que usa combustível: É a eletricidade…
    Os criadores do aparelho dão a entender que o motor “sem combustível” iria voar acelerando por 10 milhões de anos luz sem consumir nada, mas de onde viria a eletricidade para ele???

    1. Eletricidade não é problema. Basta instalar uma fonte a bordo, como painéis solares para aplicações locais, ou um reator nuclear para viagens interestelares. Mas ela não é combustível (não é queimada), nem é propelente (ela não é expelida). O grande problema aí com as leis da física é a conservação do momento.

      1. Salvador, aí é que o texto “engana” o leitor… Ao dizer que o motor não usa combustível, parece que ele produz energia cinética do nada, mas, de fato, está sendo alimentado por energia elétrica. É de fato um motor elétrico, não convencional, mas exige um suprimento de energia elétrica. E se essa energia for produzida por um reator nuclear, a nave vai ter que ter “combustível nuclear”, como se diz no caso de submarinos e navios que usam esse tipo de propulsão.

        1. Ele não usa combustível de fato. Quando pensamos num motor elétrico, na Terra, tudo bem. Se for um motor a reação, ele tem com que reagir aqui na Terra para a propulsão. Mas no espaço não há com que reagir. Então, não estamos falando de um motor no sentido convencional. Traduzo “drive” por “motor” por falta de palavra melhor. Mas ele não é um “engine”, com partes móveis.

          Enfim, eu achei que estava sendo didático, mas pelo visto ainda fracassei miseravelmente. rs

          1. Não fracassou não… É que esse “motor” é maluco o bastante para atrapalhar até nossa linguagem (seja técnica ou informal), precisamos criar palavras novas para não confundir os nossos conceitos “travados”. 🙂

  41. Apesar de um forno de microondas não possuir o mesmo formato semi-cônico do motor EM Drive, existe a possibilidade de um forno de microondas proceder da mesma forma (como um motor de propulsão) e afetar seus usuário próximos ao aparelho?

    1. Mesmo que Shawyer tenha razão, não. Um forno de micro-ondas, além de não ter o formato certo, prende as micro-ondas lá dentro.

  42. Sinceramente, eu não entendo esses testes. Se ligou em um gerador de energia elétrica então tem combustível? Se tem campo eletromagnético então tem interação com a matéria que vai gerar radiação de corpo negro e consequentemente quantidade de movimento. Esse pessoal esta ficando louco. Pare de fantasiar um pouquinho.

    1. Combustível é tecnicamente algo que entra em combustão. Ou, de forma mais genérica, é propelente. Não há nenhum dos dois. Apenas eletricidade, que é fácil de fabricar no espaço com um reator nuclear ou painéis solares.

  43. Me parece que micro ondas não tá sendo considerada radiação, todo mundo sabe q luz tranfere momentum, vc ate citou vela empurrada com laser, não é a mesma meleca???

    1. O provlema aí é que a luz está sendo gerada lá dentro. O mesmo momento que ela tem ela teve de roubar da sua fonte geradora, não?

      1. Ouvi um tempo atrás uma história de que uma das sondas Voyager (se não, mas era uma que foi para os confins dos espaço), depois de muito tempo, estava desviada em alguns quilômetros da órbita planejada.

        Depois de muita pesquisa, se descobriu que a fonte radioativa gerava calor e por sua vez radiação eletromagnética, que gerou um impulso pentelhésimal, mas na escala da coisa fez diferença.

        Penso que seria algo parecido.

        1. Eram as Pioneer 10 e 11 na verdade, mas de resto você está correto. O efeito descrito no caso delas seria pequeno demais para explicar o empuxo aqui. Mas, claro, algum fenômeno parecido, mas amplificado, pode estar em ação.

  44. Sensacional. Já tinha lido a respeito, mas pode ser revolucionário em todos os sentidos.
    São os primeiros passos. Eles irão continuar os trabalhos?

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