Astronomia: Estudo da Nasa revela impactos de asteroide na Terra nas últimas três décadas

Salvador Nogueira

De 1988 a 2016, 17 asteroides atingiram a Terra com energia comparável a bomba atômica.

SACO DE PANCADAS
Para quem se preocupa com a possibilidade de um asteroide se chocar com a Terra, um slide em particular da apresentação feita na semana passada por Lindley Johnson, oficial de defesa planetária da Nasa, chama a atenção. Ele indicava o número de asteroides detectados atravessando a atmosfera terrestre entre abril de 1988 e dezembro de 2016. Chuta quantos: 698.

NAIPE BOMBA ATÔMICA
São pequenos, mas não tão pequenos; 17 deles explodiram no ar com energia comparável à liberada pela bomba atômica usada sobre Hiroshima em 1945. E o mais perigoso chegou em 15 de fevereiro de 2013, sobre Chelyabinsk, na Rússia. O bólido celeste tinha uns 20 metros e explodiu com energia de 30 bombas de Hiroshima, ferindo 1.500 pessoas.

CATÁSTROFE NATURAL
Não é questão de “se”, portanto. Asteroides batem com a Terra o tempo todo, e alguns podem de fato causar danos. Eles merecem nossa atenção e têm de figurar na lista de catástrofes naturais, como terremotos, maremotos, erupções vulcânicas, furacões etc.

MEGA-SENA DO MAL
Agora, disso não decorre que devemos considerar a destruição da civilização um evento iminente. Os dinossauros deixaram os asteroides com a má fama, mas eventos como a extinção do fim do Cretáceo, há 65 milhões de anos, são extremamente raros.

PERIGO MAPEADO
Bólidos capazes de extinguir a humanidade precisam ter 1 km ou mais. A população estimada desses objetos é de cerca de mil, dos quais já descobrimos, até dezembro de 2016, 874. Entre os conhecidos, nenhum oferece ameaça de colisão nos próximos séculos. Ainda restam alguns a ser encontrados, mas tudo indica que nosso fim não está próximo.

A AMEAÇA DOS PEQUENOS
Por outro lado, asteroides menores, mais numerosos, não vão nos extinguir, mas podem causar danos expressivos. É com eles em mente que as agências espaciais têm desenvolvido planos de deflexão e protocolos de mitigação. Com uma pancada do naipe bomba atômica a cada dois anos, uma hora eles vão cair no lugar errado, se não fizermos algo para impedir.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Comentários

  1. Salvador, porque alguns objetos pequenos conseguem atravessar a atmosfera e chegar ao solo e outros de maior tamanho, como o russo de Cheliabinsk, explodem no ar. Essa relação tem a ver com o tamanho, a forma, ou o material dos bólidos? Ou seria algo relacionado ao ângulo de colisão?

  2. Salvador, o material no qual é feito esses objetos alteram de forma significativa a capacidade destrutiva supondo um cenário de colisão com a Terra?São todos feitos da mesma matéria?

    1. Sim, o material influencia. Um satélite metálico é muito mais perigoso — e difícil de destruir — do que um de rocha. Um cometa, em tese, seria o mais frágil, mas eles costumam ser maiores também, e por vezes tem uma forma dupla, como o Churyumov-Gerasimenko. Há também o aspecto da porosidade — há objetos que são uma única rocha compacta, outros que são um agregados de pequenas pedras… tudo isso influencia.

  3. ótimo retrato das colisões!!!

    para mim, retirando-se as deformações inerentes à projeção cartográfica adotada, os impactos me parecem uniformemente distribuídos ao longo da superfície do planeta. como era de se esperar, 70% sobre os oceanos, e 30% sobre as terras, sem nenhuma região “preferencial”.

    além disso, fica evidente que colisões pequenas são mais comuns que colisões grandes, numa lei probabilística já esperada.

    ótima confirmação de que a estatística realmente funciona! 😀

  4. Salvador, teve o caso do asteroide Chicxulub, no Golfo do Mexico ha cerca de 65.5 milhoes de anos. Enorme cratera descoberta em 1980 no leito do Golfo, confirmou o local do impacto.
    É dito que o mesmo tinha cerca de 10 km.
    Informação contida em https://avxhome.se/ebooks/3319394851.html
    PS: Salvador, sinta-se à vontade, caso julgue impropria essa informação.

  5. O estrago provocado na terra em caso de impacto de asteróide, varia de acordo com a energia do impacto. Estamos falando bastante sobre tamanho do objeto, mas isso não é necessariamente importante, dadas as proporções em que cada variável varia.

    Comparação de estrago(energia de impacto) de um asteróide com outro, modificando apenas uma das variáveis para o dobro:
    1. Diâmetro…. : 8 vezes.
    2. Velocidade. : 4 vezes.
    3. Massa………: 2 vezes.

    Vale lembrar que a velocidade de impacto, está sujeita à rota do asteróide, se ela estiver batendo de encontro com o movimento de translação e/ou rotação da Terra, bem como o ângulo de impacto.

    Então poderíamos dizer que em um caso de extremo azar, um asteróide com o dobro em cada um dos quesitos acumuladamente faria um estrago 64 vezes maior.

    Acredito que a densidade(massa) e a velocidade podem facilmente variar por um fator maior que 2.

    No caso daquele de 64 vezes, se a colisão for de frente, isso poderia saltar talvez para mais de 128 vezes.

    O caso da densidade é problema porque um objeto de menor tamanho, e portanto mais difícil de ser detectado, seria capaz de fazer o mesmo serviço de outro com o dobro, ou triplo de seu tamanho.

  6. Existe estudos para a solução de desvio de rota, isto é, quando fizermos a detecção com antecipação suficiente da órbita de colisão, podermos aplicar esta medida.
    Envio de nave com recursos de motores especiais, e agir com a força necessária para modificar a órbita de colisão.
    Ainda não fizemos nada parecido, mas é uma solução menos espalhafatosa que as dos tipo Star Wars/Star Trek que tanto apreciamos: – Explosões, destruição, raios laser…etc. rsrs

    1. por isso devemos investir em nossa capacidade de rastreamento de tais objetos.

      quanto mais cedo formos capazes de detectar e prever as ameaças, mais tranquilamente poderemos traças planos para evitá-las, sem estresse desnecessário nem soluções desesperadas que podem até mesmo ter consequências piores que as originais.

      por exemplo, não acho que explodir um objeto deste seja a melhor das soluções. Vejam bem, nossas bombas, por mais potentes que sejam, não afetariam muito a trajetória do centro de gravidade de tais corpos, só multiplicariam a quantidade de projéteis que colidiriam conosco. estaríamos trocando ando um único alvo, que receberia um impacto gigantesco, por milhares de alvos, cujas forças de impacto seriam imprevisíveis. valeria a pena trocar uma tragédia pela outra?

    2. resumindo minha ideia: é inteligente trocar uma MEGATRAGÉDIA por milhares de tragédias menores?

  7. a produção do matéria de capa deveria te convidar muitas e muitas vezes, pois você tem muita facilidade e didática para que a gente entenda coisas complicadas de maneira eficiente.

    1. Pois é, e nem sei o que eles exibiram desta vez, porque fizeram duas entrevistas comigo, mas elas renderam três programas, ao que parece! 🙂

  8. Uma pergunta: o exercício de catástrofe feito recentemente na Califórnia sobre um possível incidente com asteróide e as ameaças dá Coréia do Norte sobre mísseis balísticos que alcançariam os EUA, já que a potência atômica dos impactos é equivalente, relacionaríam as ações, uma vez que um acidente interestelar seria menos real e alarmista que um ataque militar?

    1. Não. Uma bomba nuclear tem um elemento muito mais perigoso, que é a radiação. Os procedimentos simulados serviriam para asteroide, mas não para bomba nuclear. E a Coreia do Norte é bem fraquinha, viu? Se ela resolver promover um ataque nuclear a quem quer que seja, será a última coisa que ela fará…

      1. bem lembrado, Salvador!!! apesar de usarmos a mesma unidade de energia para avaliar a destruição, existe uma diferença crucial entre elas! impactos de asteroides e cometas não são radioativos, causam destruição no momento do impacto mas, quem sobreviver a isto, pode se recuperar. explosões de bombas atômicas espalham radiação letal! mesmo que você escape da explosão em si, pode morrer vítima da radiação que ela deixa num raio enorme em torno do local, muito depois dela ter acontecido! de certa forma, num tom um tanto quanto mórbido, podemos até dizer quem os que morreram DURANTE a explosão são sortudos, pois não passarão pelos suplícios pelos quais passarão os sobreviventes dela, que fatalmente serão vitimados pela radiação que ela vai espalhar nas vizinhanças…

  9. Oi Salvador, números impressionantes… um bólido de apenas 20 metros explode com potência de 30 bombas de Hiroshima é por demais impressionante, fico imaginando então o estrago q um de 100 metros faria, ou pior um de 1 km.

    Fiquei com um dúvida, vc sabe como eles mapearam essas explosões? Por imagem de satélite? Por som?

    Ah, esse é o titulo mais legal que já vi: Oficial de Defesa Planetária da Nasa!
    Fiquei com inveja do cara
    Eu com um título desse nunca tiraria meu o crachá, nem pra dormir rsrsrs

    1. Hehehe, o cargo é bão mesmo.
      O monitoramento foi feito por sensores que detectam grandes perturbações na atmosfera (presumivelmente para monitorar testes nucleares). Mas não sei exatamente o princípio de operação, nem a apresentação detalha isso.

  10. Escutai, Mano!

    Na minha singela opinião, será inevitável num futuro próximo, a instalação de barreiras de mísseis nucleares numa órbita alta da terra (HEO), cerca de 35 mil Km de altitude em relação a superfície terrestre.

    Ninguém vai desejar eventos nucleares na atmosfera, isso seria outra tragédia devido ao alto poder de destruição e contaminação, que aliás, é proibido por tratados internacionais, como tu bem disseste.

    Há que se interceptar esses bólidos o mais distante possível da nossa tênue e sensível camada de gases.

    Ah!

    Nada de usar bombas atômicas, essas são muito “fraquinhas”.
    Já que é para detonar geral com esses corpos perniciosos, o negócio é mandar bombas termo-nucleares, essas são “da hora”, … hehe!.

    1. Nyco, para estes objetos, até as bombas termonucleares são fraquinhas demais, viu? 🙂
      Podem assustar e causas tormento se explodidas aqui na superfície, mas lá no espaço não vão nem fazer cócegas nesses objetos celestes…
      Não, nestes casos o melhor é agir com antecipação, e de forma planejada. Desviar aos poucos. Isto seria usarmos algo que temos de melhor, e que felizmente não está presente nestes objetos inanimados que são obrigados a seguir cegamente às leis de Sir Isaac Newton: a INTELIGÊNCIA! 😀

  11. Em relação a esses ‘falsos profetas do apocalipse’, fica aqui um recado: nada acontecerá até o ano de 2298, ou seja, daqui a a 281 anos, quando nenhum de nós existirá para contar essa história.

    1. No momento, não. Chance de colisão descartada agora para as passagens de 2029 e 2036. Talvez em 2068 — chance de 1 em 149 mil.

    2. ai ai, mais um não, por favor!!!!!

      já construí dois bunker aqui em casa, um para sobreviver ao Nibiru e outro para passar pelo Hercólobus!!!!

      e agora vêm com esse tal de Apophis???? ô, para com isso!!!! não há dinheiro que chegue para construir bunkers, gente! 🙁

  12. Que bom que a ciência e os programas espaciais surgiram antes de um evento de extinção em massa provocado por asteroide! Agora, o impacto de um bólido se tornou antes uma questão técnica que um evento apocalíptico. Até bem pouco tempo atrás, qualquer entrada súbita de um meteorito na atmosfera seria tratada como evidência da fúria divina.

    Como é mesmo a citação do Arthur C. Clark? “Os dinossauros foram extintos porque não tinham um programa espacial.” 😉

      1. A citação de Clark ficaria mais completa se ele falasse assim. “Os dinossauros foram extintos porque não tinham programa espacial e nem um programa de buscas de asteróides”. Não adianta ter programa espacial se não sabemos da existência dos asteroides e de suas orbitas!

  13. Quem quiser acompanhar o monitoramento desse estilingue cósmico no qual nos encontramos, sugiro a página do Apolo11

    http://www.apolo11.com/asteroides.php

    ASTEROIDES PRÓXIMOS
    Atualizado em 16/01/2017

    Asteroide 2017 AN4, de 95 metros passa hoje a 9 milhões de km de distância da Terra.
    Amanhã, 2 asteroides passarão nas vizinhanças. O mais próximo será 2010 AG40, de 44 metros, que passará a 25 milhões de km de distância.

      1. Certeza que o cabra é Terraplanostra, Salva. Daqui a pouco ele vem dizer que meteoros, cometas e meteoritos não existem, são uma invenção da NASA, que usa aviões para soltar fogos e fingir que são estrelas cadentes. Claro que a parte em que eram observados há milhares de anos, antes da criação da NASA, não deve ser considerada, mas ok.

    1. No espaço? Agora estão concentrados na população entre 1 km e 140 m, mas falta metade dos estimados 25 mil. A rigor, podem detectar menores, mas eles precisam estar mais perto, o que leva a aquelas descobertas do tipo “achamos hoje e amanhã vai passar de raspão pela Terra”.

  14. Um site para se ter uma ideia do que acontece num impacto é este:

    https://www.purdue.edu/impactearth/

    Nele se coloca parâmetros do asteroide, o tipo de terreno onde ele vai cair e a distância do local do impacto e o site calcula o que acontece no impacto, a energia liberada, a onda de choque, a onda sísmica, etc. As únicas dificuldades são que alguns resultados são apresentados numa linguagem um pouco técnica para a maioria do público e em inglês. As vezes a página demora a carregar se a conexão estiver lenta. Uma versão mais rápida está em:

    http://impact.ese.ic.ac.uk/ImpactEffects/

  15. Salvador , você disse que é pouco provável que sejamos atingidos por um asteroide que consiga extinguir a raça humana, pois foi identificado essas possíveis ameaças, como também utilizando a estatística para mapeá-las. Porém, fico imaginando a existência de um asteroide imenso a uma boa distância da terra e em uma velocidade exorbitante. Nesse caso, não teria o que fazer, nós nem conseguiríamos avistar. Querendo ou não isso é possível!

    1. Não, as distâncias são tão grandes que, mesmo a velocidades altíssimas, nós o veríamos. Ainda mais se fosse grande.

    1. A escala, como indicado, é logarítmica, em kt. -1 equivale a 0,1 kt. 0 equivale a 1 kt. 1 equivale a 10 kt. 2 equivale a 100 kt.

  16. olá Salvador, alem das excelentes matérias, parabens tambem pelo seu talento de narrador. É a 1a. vez que ouvi. Tá muito bom

  17. Salvador, se um evento como o de Tunguska acontecer no meio do oceano, há potencial pra gerar um mega tsunami?

    1. Acho que não. A energia se dissiparia rápido no oceano. Não é tão fácil produzir um tsunami com asteroide quanto se imagina..

  18. Bom diar Salvador! O que é base 12-duo hexacimal?

    Pergunto também sobre o planeta X, que tem também outros nomes, como ele pode influenciar a trajetória dos asteroides? há perigo iminente para a terra?
    obrigada
    Mara

    1. Estava só tirando um sarro do Gilberto, que sempre vem aqui falar umas coisas muito loucas e sem sentido naquele tom.

      Sobre o planeta X (hoje chamado de planeta 9 para não confundir com o planeta X do Lowell, hipótese mais antiga, embora similar), se ele existir, está sempre muito longe de nós para causar qualquer transtorno. Ele poderia em tese perturbar objetos muito distantes, da nuvem de Oort, e atirá-los para dentro, aumentando a incidência de impactos de cometas, mas não pode influenciar os asteroides, que nunca passam perto dele.

  19. Aliás, aquela é com 500 km. Me equivoquei. De qualquer forma é muito interessante

  20. Nem precisa de 1 km de diâmetro. Tem uma simulação famosa da NASA com um asteróide de 500 metros de diâmetro e o resultado é assustador!

  21. Salvador, quais são os métodos modernos de varredura do céu para encontrar os possíveis bólidos assassinos?

    Você acha que um “auxílio leigo” teria algum efeito nessa busca? (Ex: site do InnoCentive que permite a ajuda de diversas pessoas “leigas” em questões científicas)

    1. Ricardo, muitos astrônomos amadores trabalham na descoberta e no acompanhamento de asteroides. Aqui no Brasil, temos os craques do Sonear, maior descobridor de asteroides do hemisfério Sul.

  22. Salvador, parabéns pelas informações compartilhadas, mas tenho uma duvida, existem informações detalhadas dos que cairam na costa brasileira? Data e local? Questiono isso porque em janeiro de 1995 presenciei uma queda de um pequeno em Ilha Comprida – SP, vi uma pequena bola de fogo no céu e caiu próximo a praia. Um abraço!!!

    1. Os dados são baseados em sensores do governo americano presumivelmente instalados para monitorar testes nucleares. Eles só pegam objetos até um certo nível de energia. O que você viu provavelmente era fraco demais para ser detectado. Agora, mesmo esses objetos são monitorados por astrônomos, com câmeras de céu inteiro projetadas para registrar essas “fireballs”. Às vezes conseguem até achar o meteorito com base nisso.

  23. Caro Salvador… Já li muitas informações divergentes sobre o tamanho dos asteróides que efetivamente poderiam causar um colapso na civilização caso se chocassem com nosso planeta… imagino que existam muitas variantes para determinar isso… vc considera que a medida de 1 Km é a mais correta para avaliar este perigo?

    1. Para um evento de extinção em massa, sim. Mas um objeto de 500 metros já faria um senhor estrago.

      1. Oi Salvador, por favor seria correto dizer que também fazem diferença, além do tamanho, a densidade, velocidade, ângulo de entrada e… rotação? se compararmos com um tiro: dizem que as balas giram em alta velocidade para (a) menor perda de velocidade, (b) maior penetração e consequentemente (c) causar maior estrago no alvo. Ah, e falando em velocidade: uma trombada pela proa causará muito mais estrago, pois à velocidade do próprio objeto se somaria a velocidade de traslação da Terra, certo? alguma variável a mais a considerar? obrigado,

        1. Não, rotação acho que não mudaria muito. Ele praticamente não teria tempo de girar grande coisa na travessia atmosférica, sem falar que não existe aerodinâmica favorável para um asteroide nessas condições. E sim a direção de onde vem o asteroide influenciaria a velocidade, pela composição de movimentos!

  24. Bom dia mestre Salvador. Agora mais uma coisa para se preocupar. Já não chegam os credores que aparecem regularmente aqui em casa cobrando contas vencidas e agora tenho que andar olhando para cima, para ver se uma pedra não está vindo no meu juízo. Mas além de intrigante, a boa matéria deixa um questionamento: Onde estão os 126 que não encontramos? Porque não os vimos? Temos satélites, telescópios para todo lado. E difícil imaginar que não vemos algo.

    Piccareta Espertini

  25. Grande Salvador… toda vez que alguém fala no assunto, recordo-me daquele livro “A Estrada”, que virou filme. Tudo indica que a catástrofe que levou a sociedade ao colapso foi causada pela queda de um asteróide. Num evento desse tipo, com proporções globais, os azarados serão aqueles que sobreviverem.

    1. Se bem que o Cormac McCarthy poderia ter definido o tipo de catástrofe no livro.
      Ficou em aberto: meteoro ou holocausto nuclear?

  26. Gosto muito do seu blog, tenho acompanhado desde 2015. Parabéns pelo trabalho e continue assim!

      1. Definitivamente, “Valeu Lua”.

        Imagina se não fosse a nossa queridíssima Lua (o satélite), boa parte daquelas porradas que aconteceram por lá teriam batido aqui, principalmente as do lado oculto. Bom, praticamente só essas.

  27. Bom dia Salvador. O que é uma base 12-duo hexacimal?

    Mais uma perguntinha: fale sobre o planeta X ou todos os nomes que ele tem, e por que a Nasa tapou com uma tarja sua localização no google hearth/céu?
    obrigada
    Mara

    1. Mara, respondi outra versão da sua pergunta, mas essa merece um adendo. O planeta X, ou planeta 9, são hipóteses científicas. Não confunda com Nibiru, Hercólubus, Chupão ou outras maluquices. Os charlatões adoram misturar todas as cartas do baralho para gerar alguma credibilidade para as suas mentiras. O que há de concreto são evidências de que existe um nono planeta no Sistema Solar, além de Netuno. Mas ele sempre permanece afastado e não afeta nossa região do Sistema Solar.

      Quanto à suposta “tarja” no Google, é um artefato gerado pela composição automática do mosaico de imagens que forma o mapa do céu. Não é particularmente misterioso ou denota um segredo — qualquer um pode olhar para aquele pedaço do céu com um telescópio e constatar que não há nada de incomum lá.

  28. Só gostaria de dizer uma coisa, não muito ligada ao assunto mas… como é bom poder ler posts e respostas escritas claramente, com um português adequado e claro, em meio a questionamentos também entendíveis e lógicos, sem aquela balbúrdia de posts de WhatsApp e Facebook, onde não raras vezes me sinto em meio a um idioma desconhecido. 😉

    1. Temos um grupo danado de bom aqui nos comentários! Isso ajuda e muito a minimizar a cacofonia comum das redes insociáveis… hehehe

  29. Oi Salvador, eu li os comentários acima e sei que há estudos para defletir, desviar no caso, né asteroides pequenos. Mas porque se rejeitam propostas de misseis nucleares? Se na terra temos tantos que pelo que publicaram no passado daria para destruir a vida na terra umas 1000x… então basta lançar uns 10 misseis termonucleares um atrás do outro no asteróide e o transformar em poeira antes de chegar aqui. Seria muito dificil ou impossivel calcular a trajetoria e portanto acertar o objeto que estaria se aproximando? Eu pensei que já tinhamos essa tecnologia.

    1. Teseu, considera-se a alternativa nuclear para asteroides de grande porte e só como último recurso. Isso porque o resultado é imprevisível (nunca foi feito antes) e colocar uma ogiva nuclear numa espaçonave é sempre perigoso, porque todos os foguetes têm uma chance, por menor que seja, de falhar.

      O que se pode dizer de deflexão de asteroides hoje é que temos a base tecnológica, ou seja, os meios para não sair de cena sem uma boa briga. Mas nunca foram testados, de modo que ainda temos muita pesquisa e desenvolvimento a fazer para compreender as opções e sua melhor aplicação. Devemos dominar isso nas próximas décadas, de modo a ter um plano pronto para quando algo assim aparecer.

      1. Mas os mísseis balísticos com ogivas nucleares teriam riscos semelhantes em seus respectivos lançamentos, ou não? No final das contas, parece ser um risco bem tolerável em face da gravidade da situação que se apresente, sendo o maior problema a efetividade da ação…

        1. Sim, teriam. Por isso o pessoal evita dispará-los até hoje e os testes nucleares atmosféricos são proibidos por tratados internacionais. Ninguém vai reclamar de um lançamento caso precisemos atacar um asteroide. Mas só para um teste? Aí o risco não se justifica.

  30. O mentira dos inferno…ninguém mostra uma pedra !! Todos as amostras eram pedras terrestres normais…

    1. O mentira dos inferno…ninguém mostra uma pedra !! Todos as amostras eram pedras terrestres normais…

      Claramente você nunca visitou um museu, né? Ou a escola, diga-se de passagem…

  31. Salvador, é comum asteróides atingirem os satélites artificiais na órbita da terra? Imagino que dado a velocidade, o impacto de qualquer “pedrinha” deve ser suficiente para inutilizar os satélites. abs

    1. Há impactos, mas não são tão comuns e até hoje, que eu saiba, não inutilizaram satélites. A estrutura do satélite é feita para aguentar, e o que rola é a vaporização da pedrinha no impacto. Os primeiros paineis solares do Hubble foram trazidos à Terra e tinham várias marcas de colisões desse tipo.

    1. Sem o Bruce Willis, mas uma proposta seria lançar um projétil cinético para abrir uma cratera e, em seguida, um artefato nuclear, para detonar o asteroide por dentro. Daria também para usar a detonação na superfície, para usar a onda de choque para deflexão. Mas a solução nuclear é a mais arriscada, recomendada apenas para asteroides maiores e com pouco tempo de aviso prévio até a colisão.

    1. É de 1988 a 2016. E nem todos esses são perigosos. A maioria não é, se destrói na atmosfera sem consequências. Mas quando chega no naipe Chelyabinsk, aí começa a ficar perigoso mesmo.

      1. Que altitude explodiu o Chelyabinsk? Se coincidisse de ser sobre uma São Paulo por exemplo, o estrago seria similar a Hiroshima?

        1. Não chegaria a tanto, acho, pela altura da explosão. Se não me engano, lá, detonou a mais de 15 km do chão…

  32. Salvador, li uma vez que um dos planos da Nasa para evitar um eventual impacto na terra, consiste em pintar de branco o asteroide em rota de colisão, para que ele reflita a luz do sol e, pela lei da ação e reação, tenha sua rota alterada.
    Isto é real mesmo?

    1. Essa foi uma das ideias que já surgiram, pintar de branco e deixar o efeito Yarkovsky (a reflexão desigual da luz solar por diferentes partes do asteroide) desviar o curso dele. Mas hoje essa ideia não entra na lista de principais propostas para deflexão. As principais hoje seriam um trator gravitacional (uma nave puxando gravitacionalmente o objeto para mudar seu curso), uma colisão de projétil (a exemplo do que se propunha na missão Aida, iniciativa conjunta Nasa-ESA) e uma detonação nuclear.

      1. Salva, uma detonação nuclear no espaço seria bem mais suave que na Terra não é? Pois lá não tem atmosfera. Ou nada a ver?

        1. Sim, a rigor a onda de choque viria da liberação da energia incidindo sobre o objeto, mas não há um deslocamento de uma massa de ar para destruir só com vento o que está ao redor da explosão.

    2. Por 200 bilhões eu posso ir lá e pintar esse asteróide da cor que vocês quiserem.
      O problema é a escada .

    1. Os vãos no Saara e na América do Sul são arrefatos aleatórios do baixo número de contagens. Provavelmente sumiriam com mais tempo de medição. Não há como uma região do planeta repelir um asteroide…

      1. Quer dizer que é questão de tempo até termos um bom impacto ali !? Você de deu esperança! 😀

    2. Ao contrário: isso aumenta a probabilidade de que um meteoro caia sobre a Praça dos 3 Poderes de Brasília e o Brasil se livre dessa geração maldita de políticos. Desejar não faz mal, né?

    1. Há vários métodos de deflexão em discussão. Num comentário mais adiante cito os três principais, e uma missão em desenvolvimento para testar um deles…

  33. Salvador, acho esse o grande problema de colonizar Marte, com sua atmosfera rarefeita, ou a própria a lua. Se com nossa proteção já tem essa incidência, sem ela deve ser um caos.

    1. Esse é sim um problema grave, mesmo considerando que qualquer base ou colônia terá de ser subterrânea para lidar com a radiação.

  34. Estamos na iminência de outro Tunguska, é torcer pra que novamente aconteça numa região inabitada da Terra, pois não quero nem imaginar se acontecer sobre uma metrópole global.

    1. Na verdade, estima-se um Tunguska a cada 100 anos, e já tivemos Chelyabinsk, então… de toda forma, o tempo médio entre eventos não quer dizer nada. Podemos perfeitamente ter um ano azarado com dois Tunguskas, mesmo que a média seja um a cada cem anos.

      1. Salvador, blz? E aquela história,de que em Tunguska teria havido uma detonação de um mini buraco negro, já ouviu essa? Abraço!

        1. Já, mas não merece muita atenção. Em ciência, se a explicação mais provável explica os fatos, ninguém vai procurar uma mais complicada e que sequer sabemos se existe… 😛

          1. Tem a explicação dos Ufólogos : Que a explosão em Tunguska foi causa por um OVNI que caiu e provaqvelmente carregava armas nucleares…rs

  35. Bom-dia, Salvador.

    Sobre seu texto “Ainda restam alguns a ser encontrados, mas tudo indica que nosso fim não está próximo” é razoável supor que (sem pessimismo exagerado), dentre os ainda não localizados, algum esteja vindo exatamente na nossa direção?

    1. Não seria razoável supor isso. Podemos dizer que não seria impossível, mas altamente improvável. Um modo de olhar a questão é pensar que só cem asteroides fossem ameaçadores, em vez de mil. O risco cai por um fator de dez. Se já era improvável contando todos os mil, com cem fica menos provável ainda.

  36. Bom dia Salvador, sou leitor assíduo, porém nunca conversei com você por aqui, enfim… Existe uma altitude média em que os bólidos maiores explodem? Ou existem muitas variáveis que influenciam? Os asteróides acertam a Terra mais ou menos na mesma velocidade? Grande abraço.

    1. Eduardo, há variação de velocidade, altitude da explosão (se for grande demais vai direto ao chão sem detonar na atmosfera), ângulo de entrada na atmosfera e tudo isso influencia a energia do impacto, além do próprio tamanho do objeto. Abraço!

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