Astronomia: Começa a era dos foguetes usados

Salvador Nogueira

Lançamento de foguete reciclado nos EUA inaugura uma nova era na exploração espacial.

DIA HISTÓRICO
Seria apenas mais um foguete levando mais um satélite. Mas tinha uma novidade na última quinta-feira (30) que fez do último lançamento da empresa americana SpaceX tudo, menos vulgar. Pela primeira vez, um primeiro estágio de foguete que já havia realizado uma missão ao espaço voltava a voar.

E DAÍ?
Bem, lembre-se de que o transporte espacial sempre foi diferente de todos os outros meios de locomoção inventados pela humanidade, do burro de carga ao trem-bala, passando pelo avião. O foguete era o único veículo que, depois de apenas um uso, você jogava fora. Imagine o custo de uma passagem de avião se, após um único voo, a aeronave fosse para o lixo. Era essa a loucura que imperava até hoje no voo espacial. Até hoje.

AMBIÇÃO ANTIGA
O lançamento bem-sucedido marca o início de uma revolução ambicionada há décadas. Os EUA interromperam suas missões à Lua, nos anos 1960 e 1970, justamente para tentar iniciá-la. O resultado foi o projeto dos ônibus espaciais, que eram também reutilizáveis — subiam como foguetes e pousavam como aviões.

NOVO É MAIS BARATO
Contudo, a principal revelação da iniciativa da Nasa foi que ir ao espaço com naves reutilizáveis podia ser ainda mais caro do que com veículos descartáveis — o custo de manutenção tornava a ideia proibitiva. Virou um tabu na indústria espacial.

QUEBRANDO O TABU
A empresa de Elon Musk decidiu apostar no improvável: desenvolveu um método para pousar de volta o primeiro estágio do foguete e então colocá-lo para voar de novo. Deu certo, e agora a SpaceX diz que um desses veículos poderia fazer até 10 voos só com reabastecimento, e possivelmente 100 voos com pouca manutenção.

PREÇOS EM QUEDA
De cara, o custo do voo espacial caiu quase pela metade. Mas a SpaceX acredita que em alguns anos ele possa se reduzir por um fator de 100. E outras empresas terão de embarcar nessa inovação ou morrer na praia. Do dia para a noite, o sonho de turistas viajando à Lua e colonizadores a caminho de Marte ficou bem mais próximo.

BÔNUS
Júpiter em destaque e duas chuvas de meteoros previstas para o mês de abril. Confira as dicas de observação do mês!

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

Acompanhe o Mensageiro Sideral no Facebook, no Twitter e no YouTube

Comentários

  1. Por que Bolsonaro seria do mal?

    Qual proposta dele seria nefasta pro país?

    Eu concordo com muita coisa

    Exemplos: melhoria das condições pros policiais, mais livre mercado, que criança tem que aprender bem Matemática, Física, Português, etc.

    E alguns dos projetos de lei que ele já apresentou, alguém se opõe?: castração química pra estuprador, melhores condições pro cidadão de bem se defender com porte de armas (no Brasil é urgente, não?), punição mais severa pra quem assalta a mão armada, redução da maioridade…

    Vocês ja viram as entrevistas deles com quem realmente quer falar de coisas importantes e não só focar no lado boca suja dele? A gente vê outra pessoa, totalmente diferente do que é pintada na mídia, que só foca nas besteiras.

    Nando Moura e Joice Hasselman fizeram isso muito bem.

    1. Acho que a liberação da compra de armas seria nefasta para o país, citando apenas um ponto.
      Ademais, não é preciso muito para concluir que um admirador da ditadura seja um boçal. Mas ele reforça isso: homenageia torturador no Congresso, alude ao fato de que algumas mulheres merecem ser estupradas, admite não entender nada de economia e ainda se julga um bom candidato à Presidência… o Bolsonaro, a exemplo do Trump, a natureza marca…

    2. Politico falar que é a favor da educação, que “criança precisa aprender bem”, ou ser a favor de “melhores condições para os policiais” ,é algo bem clichê e revela, antes de qualquer coisa, uma superficialidade alarmante. É como falar, pura e simplesmente, ser a favor de uma saúde de melhor qualidade. Ninguém em sã consciência vai divergir disso.

      Sobre as ouras propostas citadas, sobra oposição. A imposição de castração química no mundo jurídico é amplamente repudiada por ser considerada uma forma de pena cruel, degradante, algo proibido pela Constituição. Agradeço se puder indicar algum jurista sério (redundante?) que a apoie.

      Sobre a redução da maioridade e maior liberdade para o porte de armas, embora não concorde, tendo a vê-las como viáveis juridicamente. Não acredito que o problema da violência será resolvido ou ao menos mitigado com essas medidas. O problema é bem mais profundo do que isso. Nosso sistema carcerário não pode ser visto como a cura para essa mazela. Pelo contrário, deve ser algo contingencial, subsidiário a outras soluções.

  2. Salve Salva!!! E em relação ao mitológico Sea Dragon? Há noticias dele sobre a possibilidade de tirá-lo do papel ou é totalmente inviável?

    1. O Sea Dragon é monstruoso! Parece que o maior problema dos “Big Dumb Boosters” é a falta de demanda. Ninguém quer correr o risco de perder, numa tacada só, uma estação espacial de 150 bilhões de dólares (A ISS inteira poderia ser transportada numa única viagem). Mas vamos ver o que essa nova corrida espacial ainda vai trazer.

    2. …Sem falar na infra-estrutura necessária, que faria o LC 39 (o palco dos lançamentos dos Saturno V) parecer um quintal molhado

  3. Off-topic:

    E aí, Salvador. Não encontrou nenhum ponto positivo ainda no mandato do Trump? 😛

    1. Ainda não. Acho que o único ponto positivo é que promete ser mais curto que os usuais quatro anos. Você?

        1. Isso deixa claro que Trump está PIORANDO o país. Menos gente está tentando ir morar lá. Note que não é um efeito de segurança aumentada — não foram presas mais pessoas tentando cruzar a fronteira. Houve menos pessoas efetivamente tentando cruzar a fronteira! Well done, Mr. Trump! Uau, como ninguém pensou nisso antes?
          Imagino a reunião na Casa Branca. Trump diz:
          – Tive uma ideia de como impedir os mexicanos de virem para cá enquanto não fazemos o muro. Vamos transformar nosso país em um lixo completo e aí ninguém vai querer emigrar para cá!
          E aí o Steve Bannon levantou de súbito e inaugurou uma salva de palmas:
          – BRAVO! GÊNIO!

          1. Menos gente está tentando ir morar lá ILEGALMENTE. Menos criminosos, menos traficantes, menos terroristas, menos subempregados – que são a escória que o Trump detesta.

            Ou seja, deu certo. Ameaçar punir e mandar embora os ilegais diminuiu o interesse dos potenciais imigrantes ilegais.

            Mas você distorceu tudo (o que é praxe na FoIha) ou simplesmente não entendeu.

          2. Você que não entendeu. Não tem menos gente conseguindo ir morar lá ilegalmente. Tem menos gente tentando. Por quê? Porque essas pessoas estão vendo nos EUA um ambiente hostil à prosperidade. Certamente não é em respeito ao Trump ou ao bando de morons que o cercam na Casa Branca. (E duvido que tenha diminuído o fluxo de criminosos, traficantes e terroristas… por que esses caras se sentiriam dissuadidos pelo discurso animoso do Trump? Se nem na Indonésia, com pena de morte para traficante, eles param de tentar, duvido que nos EUA, com prisões de primeiro mundo, iam parar. Quando aos subempregados, esses sim podem estar diminuindo. Infelizmente para os americanos que, quando precisarem de empregada e babysitter, vão ter de pagar mais caro agora, para contratar outros americanos. Parabéns, Trump! rs)

            Sobre distorcer tudo, não distorci nada. Ainda fui ler o texto, para ver se era a política de controle de fronteira mais dura em ação — caso em que você estaria com a razão, uma vez que imigração ilegal deve mesmo ser inibida. Mas não. Foram só os mexicanos, putos, que chegaram à conclusão de que não valia a pena ir morar num país que tem o Trump como presidente. Vai ver foram para o Canadá. rs

          3. Claro que foram os “mexicanos que não querem mais entrar”. Mas por quê?

            a) Porque o Trump é tão ruim que os EUA vão deixar de ser a Meca dos imigrantes ilegais, porque vão deixar de ser a maior economia do mundo, a terra do self-made-man e da liberdade econômica e vão e tornar um lugar horrível, uma Venezuela, um o-que-sobrou-do-Brasil-depois-do-trio-Lula-Dilma-Temer, uma Cuba, afinal, é possível sim PREVER sem margem pra erro o desastre que será o governo dele para o País, e é possível prever ainda que 4 anos (ou menos, como vc diz) de governo Trump vão destruir os EUA (que suportou 8 anos de Obama)!!!! ou,

            b) Porque o Trump deixou os mexicanos com mais medo de entrar ilegalmente e serem presos e/ou expulsos dos EUA.

            Quem usa a Navalha de Occam marca ‘b’ nessa daí. Mas entendo que o blog tem que seguir a linha editorial da Folha.

          4. O blog não tem a menor obrigação de seguir linha editorial alguma. O que digo aqui é responsabilidade 100% minha. Nem saberia o que a Folha pensa do Trump. Não li um editorial sequer da Folha sobre o Trump, não trabalho na redação e não convivo com os editorialistas, com a direção ou com a secretaria de redação. Então, que fique claro, no meu blog eu dou A MINHA opinião.

            E sou fã da navalha de Occam.

            Mas você parte da premissa falta de que os imigrantes ilegais mexicanos antes não tinham medo de cruzar a fronteira, como se os EUA fossem até o ano passado um país de braços abertos para o mundo. Antes de Trump, o Obama deportou imigrantes ilegais como nunca antes na história daquele país. E se os mexicanos estivessem motivados pelo medo que Trump mete, provavelmente teriam tentado cruzar a fronteira mais do que antes agora, e não menos, porque sentiriam que seria a “última chance” antes de Trump colocar em prática suas políticas de fronteira, coisa que ele ainda não fez — e provavelmente nem vai fazer, graças ao poder da democracia americana de conter o ímpeto um presidente insano.

            A única resposta é que um número menor deles ainda vê os EUA como um país de oportunidades, depois de Trump. Por isso menos imigrantes. Vamos combinar que a maioria dos imigrantes ilegais não entra nos EUA para praticar crimes ou cometer terrorismo, como Trump gosta de fazer parecer. A maioria deles quer apenas um emprego razoável que ganhe em dólar e permita dar sustento à família. Não há nem um resquício de evidência de que a imigração ilegal do México seja majoritariamente movida por intenções criminosas.

          5. Eu não parto de premissa falsa nenhuma. Sim, “antes” os mexicanos também tinham medo. Com um presidente duro com a imigração a tendência é que se tenha MAIS medo, não menos.

            Se a maioria dos imigrantes ilegais quer apenas trabalhar e não virar criminoso, isso só reforça a minha idéia, não a sua: a um trabalhador honesto a cadeia soa muito mais ameaçadora do que a um criminoso.

            Você está tão obcecado esta idéia de anti-Trump que está buscando qualquer argumento pra ajudar a convencer que o Trump é o anticristo.

            O cara que quer fugir do México pros EUA (seja por mais oportunidades de emprego, seja para fugir da violência desmedida) não faz esse raciocínio todo… .”hm, acho que com o Trump os EUA vao ter menos oportunidades e vão ficar piores, então vou ficar no México Querido mesmo”…. Agora, o medo da cadeia, esse sim, faz o cara mudar de idéia. Ainda mais se o imigrante é honesto (mesmo que você considere ‘honesto’ um cara que viola a lei de imigração do país e entra num local onde sabe que é proibido).

            Ainda outras hipóteses que nem a reportagem, nem você e nem eu consideramos: talvez a situação no México tenha simplesmente melhorado um pouco e menos gente esteja querendo fugir; talvez os coiotes estejam cobrando mais caro na “era Trump”. Talvez a bunda-molice do premier canadense tenha ‘roubado’ alguns cucarachas dos EUA.

            Enfim, todos nós estamos cometemos o erro de dar uma relação causa-efeito a dois eventos correlatos sem isolarmos as demais variáveis.

          6. Cara, não quero provar nada sobre o Trump. Acho que ele fala por si mesmo. Veja quantos posts eu fiz sobre o Trump aqui e a que temas me restringi. Foram um total de dois. Um mostrando o perigo que ele representa ao futuro da civilização pelo negacionismo da mudança climática (ou seja, estava falando de ciência) e outro falando do orçamento proposto para a Nasa em 2018 (ou seja, estava falando de ciência).

            O resto é só discussão de comentários. Mas não estou numa cruzada anti-Trump. Trato o presidente americano como a gente trata atacante grosso no futebol: “a natureza marca”. 😛

          7. Claro, Elmo. Se eu não sou fã da Hillary e não sou socialista, logo eu sou cabo eleitoral do Bolsonaro. Parabéns pela conclusão, dá pra ver que você pensa por si próprio e não é manipulado pela mídia. Você é muito inteligente.

          8. Agora, diz aí para a gente, só por curiosidade: o que você pensa do Bolsonaro? É “do bem” também? 😛

  4. Sensacional isso Salvador.
    Esse danado do Elon Musk já é o grande nome das inovações científicas.Qual será o próximo passo Salvador da SPACEX?

    1. Bem, no fim do inverno devem lançar o Falcon Heavy, e precisam testar a cápsula para tripulação ainda… tem várias coisas novas e emocionantes no cardápio da SpaceX nos próximos meses! 🙂

  5. Lembremos que os projetos atuais baseiam-se em estágios de foguetes tradicionais, incluindo sistema de pouso. A observação quanto a fadiga de material, problemas aerodinâmicos de estabilidade, etc, podem receber inovações para melhorar o performance do estágio reutilizável (utilizar reciclado, parece se referir à lixo!). E tem gente que glorifica a cosmologia e as pesquisas sobre buracos negros…queriam ver esse povo idealizar um foguete melhor do que os que temos hoje! A Engenharia Espacial é extremamente desafiadora e busca soluções dentro do que é possível no momento e que não aumente riscos e reduza gastos. Acho que no momento, a reutilização de estágios é um grande passo mesmo…quem acha que não é, faça melhor. Coloque no papel um projeto de algum sistema que coloque em órbita uma carga (canhão de Julio Verne? Cavorita? Ou o motor de brincadeirinha de naves de filmes de FC?). É tão fácil criticar, mas a Astronomia (e a Astronáutica) estão abertas à novas soluções? Alguns dos criticos se habilita? Sou um entusiasta da Exploração Espacial e fazia meus desenhos de foguetes…também tinha um projeto de estágios reutilizáveis! No momento, esse é o caminho!

    1. Vc pode continuar fazendo desenhos de foguetes (e testá-los, colocá-los em órbita e quissá, pousar em outros planetas ou satélites)no Kerbal Space Program, um excelente jogo que simula um programa espacial de verdade.

      1. KSP é genial! O desenvolvedor é brasileiro. (Será que vale uma resenha do jogo aqui no blog?)

  6. Bom vai ser quando ao invés de se jogar do espaço começarem a descer controladamente como os ovinis fazem.

  7. Gente, só eu achei a filmagem do pouso do estágio 1 na balsa totalmente fake? Proporção dos elementos, trajetoria, velocidade, iluminação… tudo fajuto. Parecia efeito especial de filme brasileiro produzido pela globo!

    1. Não, não foi só você. Tá cheio de gente tonta por aí que não é capaz de acreditar. A quem não acredita, já dei a dica: vá a Cabo Canaveral e espere a balsa chegar ao porto. Não é difícil de ver. rs

    2. Não é mesmo? Depois de quase cinquenta anos daquela “filmagem na Lua”, não conseguiram melhorar em nada!
      Deve ser até a mesma equipe viu, tinham ali por vinte e tantos anos, hoje com setenta e tantos podiam ter feito uma filmagem menos amadora 🙂

      1. Isso! Se até o Kubrick se esqueceu de ligar as lampadinhas das estrelas naqueles fakes da lua, ainda mais esse pessoal de hoje.

    1. A coluna se chama “astronomia”, mas é evidente que a uso para falar de temas correlatos, e afins ao blog, como astronáutica e astrobiologia. Ainda assim, sinto-me na obrigação de manter o título que ela tem no jornal impresso.

  8. Vi um vídeo do transporte de um Falcon-9 resgatado e ele parecia bem maltratado… Combustível criogênico na subida e calor na descida devem dar um cansaço na hora da inspeção e manutenção dos tanques. Se pudesse fazer uma pergunta à equipe de desenvolvimento, seria para saber por que deixaram o design cônico (como o do DC-X, talvez o pai do conceito de lançador aterrissável) engavetado. Daria para baixar mais um pouquinho o centro de massa e reduzir a relação superfície/volume. Daria para economizar alguns trocados na repintura.

    1. Li lá no The Verge que a razão de o Falcon 9 ser fino e alto, e não cônico, se deve à altitude e velocidade que ele precisa atingir, mas esse formato acaba sendo um desafio extra para o retorno do primeiro estágio e sua reutilização.

      Em comparação, o retorno da New Shepard, da Blue Origin ,é um pouco mais “fácil” por seu formato mais gorducho (ela visa apenas a voos suborbitais) e também por manter sua posição vertical durante a subida.

      Pelo menos foi o que eu entendi, já que meu inglês é bem mais ou menos. Corrijam-me, por favor, se estiver errado! =)

      1. Bom saber! A atmosfera é mesmo um tormento para qualquer projetista de foguetes. Talvez a saída para empresas menos graúdas que uma SpaceX ou Boeing da vida que queiram se aventurar no infinito sejam foguetes menores, lançados de balões (Rockoon), como foi o caso recente da espanhola Zero 2 Infinity.
        Fico imaginando se algum grupo independente de “Citizen Scientists” por aí já não estaria captando recursos para fazer algo assim, na surdina.

        1. ” A atmosfera é mesmo um tormento para qualquer projetista de foguetes.”

          Nossa! Você descobriu isso sozinho?? Como você é inteligente!!!!

  9. Caro Salvador, deu mole na segunda-feira, eu apareço…
    Nova Era?? Não se trata de exagero? Para um sistema de propulsão inventado pelos chineses lá nos idos de 1200?
    Não consigo compartilhar do mesmo entusiasmo por essa “evolução na exploração espacial” promovida através de um sistema de propulsão tão rudimentar como a dos foguetes, seja de que tipo for. Nem adianta mudar para propulsão por ions radioativos, fluxo fotônico, ou qualquer coisa que saia prum lado e empurra o que quer que seja para o outro. Desta forma, não iremos muito longe, e sempre com um enorme risco para a vida humana.
    Sem recorrer ao google (então posso errar em algum detalhe), lembro que Michael Faraday, quando exibiu sua descoberta de um sistema que converteria energia mecânica em elétrica em uma feira de ciências na Inglaterra, foi questionado por um figurão do governo, que perguntou para que serviria aquilo. E a resposta (de um verdadeiro criador de uma nova era): “algum dia seu governo irá receber impostos graças a isto!”
    Será que algum dia alguém novamente poderá dizer algo semelhante, criando (ou descobrindo) uma forma de manipular a gravidade para propiciar verdadeiras viagens espaciais, e não apenas passeios inseguros nas proximidades da Terra?
    Recorrendo novamente só à (minha) memória, há alguns (muitos?) anos, uma dupla de cientistas posou bonito na capa das publicações científicas com a descoberta da fusão atômica a frio. Algo realmente para inaugurar uma nova era, se não tivesse sido apenas um alarme falso. Uma pena.
    Pois o que fazemos atualmente é muita pesquisa, principalmente colidindo partículas, consumindo bilhões e gerando muito conteúdo para alimentar teorias, teses de doutorado, filmes de ficção e programas do Discovery Channel. Parece um eterno “bug do milênio”, com a diferença que atualmente não tem data para terminar.
    Ou então fazemos mais do mesmo, ou melhor, fazemos o mesmo de formas diferentes, como é o caso deste foguete reutilizável.

    Sérgio.

    1. Pois é, Sergio. Os foguetes são antigos, mas seu barateamento é novidade. E das grandes.
      Você fala em anular a gravidade como quem fala em ir comprar pão na padaria. É mais complicado que isso. Não temos a mais vaga ideia de como isso seria possível, mesmo em teoria.

      1. Concordo, Salvador, anular e manipular a gravidade não é apenas difícil, é impossível dentro das bases da física que conhecemos. Por isso citei Faraday que, bem como Newton, James Watts e muitos outros, fizeram descobertas e invenções que mudaram para sempre o mundo que conhecemos. Diferente de hoje em dia, com pouco conseguiram muito. Daí minha estranheza com o exagero das inovações tecnológicas da atualidade, que acho muito confete para pouco carnaval.
        A era espacial teve sua glória nos anos 70, quando a NASA cancelou as últimas missões Apollo, pois já tinha sido muito ajudada pela sorte, que não voltou a sorrir-lhe tanto com os desastres dos ônibus espaciais, obrigando a NASA a suspender de vez os vôos tripulados por ela patrocinados. E o que fazemos hoje? Regozijamo-nos com um …foguete reutilizável!
        Me lembra as montadoras de veículos que, na falta de inovações genuínas, enfeitam os carros cada vez mais com penduricalhos eletrônicos (já que são baratos e todos acham uma maravilha), sem qualquer evolução verdadeira. “Ah, mas agora virão os carros elétricos, com uma nova forma de propulsão, os motores elétricos, inventados há…deixa pra lá…”

        Sérgio
        Abs.

    2. Fazer mais do mesmo seria criar um outro foguete descartável, porque até então, tirar do papel a reutilização do estágio 1 de maneira economicamente eficiente é formidável e isso abre espaço para reutilização dos outros estágios, ou até mesmo acabar de vez com essa história de foguete descartável.
      Isso também reduz o lixo espacial e a diminui o uso de recursos naturais que eram totalmente perdidos.
      Isso pode não levar a outros planetas, mas melhora a utilização dos recursos do nosso próprio globinho azul finito.

      1. Exato! E o Sérgio não pensou na tecnologia desenvolvida para direcionar e equilibrar o foguete no retorno, tendo que se manter perfeitamente equilibrado para não tombar (como ocorreu no primeiro teste), apesar dos ventos naturalmente instáveis que sopram. Tecnologia nota 10!

        1. Nota 10 por ironia, porque qualquer gato consegue pousar com as quatro patas do alto, e não precisa dos 9!

          1. Deixe um aspirador de ar ligado bem fraquinho em uma sala silenciosa…. espere o gato chegar perto pra conferir, com medo, pêlos em pé…. quando ele estiver bem pertinho, aperte o lombo dele e dê um grito. Dependendo do pulo, ele entra em órbita.

    3. Seria ótimo poder manipular a gravidade, porém, isso seria útil “dentro” de um planeta, fora dele, no espaço, seria inútil, ah não ser é claro, que essa manipulação pudesse criar uma “estilingada” da nave para o espaço, seria até interessante ler as propagandas de vôos espaciais: “Viagem espaciais, com preços promocionais para estilingadas curtas, da Lua até Marte ou Vënus”.

      1. Ahn? Util na terra e inutil no espaco?
        A “falta de gravidade” (sempre ha gravidade no sistema solar) eh uma das grandes preocupacoes das agencias espaciais para missoes prolongadas com seres humanos. Ossos enfraquecem, musculatura hipotrofia (vulgo atrofia) entre outros.

    4. Sérgio, este seu comentário também “é mais do mesmo”. Por que ficar na manipulação da gravidade? Se é para pedir, peça grande. Exija logo o motor de dobra. Vc se contenta com pouco… 😉

    5. Complemento o Salvador de que todas as pesquisas científicas têm vários vetores na sociedade, e que os custos a ele investidos acabam se convertendo nos benefícios para sociedade ao longo do tempo, e principalmente na criação de novas idéias, construindo assim uma civilização tecnologicamente avançada. O custo do LHC, por exemplo, foi orçado em 10bi pela comunidade científica só para colidir prótons e provar a origem das massas das partículas que o então Peter Higgs havia proposto há 40 anos e hoje denominado de Bósons de Higgs. No que se refere ao reaproveitamento de propulsores de foguetes, lá nas proximidades da base de lançamentos no Casaquistão, tem grupos de caçadores de foguetes que ficam acampados noite adentro com aqueles caminhões do exército da antiga União Soviética para pegar as sucatas que valem ouro. E falando de resistência de materiais, a cápsula Soyuz é a mais antiga da Rússia e está em atividade até hoje, se vc ver essa cápsula, parece com a homocinética velha e enferrujada do carro.

    6. Cara, vc realmente é um visionário e lendo seu texto me pergunto: Por que Graham Bell não inventou logo a telefonia celular 4G em vez daquele aparelhinho telefônico arcaico do século XIX??? Cara, se todos pensassem igual a você já estaríamos voando entre as estrelas…

  10. Salvador, quero começar a olhar para o céu! Não faço ideia de que equipamento comprar nem como procurar os planetas/constelações que você mencionou no “céu de abril”.
    Alguma sugestão do que comprar e como acompanhar seus vídeos/dicas?
    Abraço!

    1. Rodrigo, as coisas que falo nos vídeos normalmente são visíveis a olho nu. O ideal é sempre começar por um binóculo para se familiarizar com o céu. Vai ajudar muito mais adiante, quando você passar a um telescópio. Fiz uma matéria umas eras atrás sobre escolha de telescópio, mas o que está lá continua valendo: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/10/1356157-saiba-como-escolher-um-telescopio-para-ver-o-cometa-do-seculo.shtml

      Também tem gente aqui que frequenta o blog e manja muito mais de telescópios amadores que eu! Sinta-se à vontade para usar o espaço! 🙂

      Abraço!

  11. É impressão minha, ou o foguete pousou bem na beirada da balsa? Teremos mais imagens? “Quero as ibagens, cadê as ibagens comandante Abilton?”

    1. Teremos, assim que a balsa retornar ao porto com o foguete. Aliás, quem duvida do pouso devia ir até Cabo Canaveral. Qualquer um pode ver a balsa se aproximando do porto com um trabuco de 40 metros na garupa. rs

      1. Eu não duvido, quem duvida tem sérios problemas. É que, pra quem é leigo o mais fascinante é o registro em vídeo ao vivo. Então, numa das partes mais empolgantes o treco que envia as imagens falhar é meio frustrante. Imagina se a transmissão falhasse quando o R. Baggio perdeu o último pênalti na final da copa de 94.

        1. Heheh, seria frustrante. Mas te garanto que pro Musk o frustrante teria sido o estágio não pousar, e não a câmera falhar. rs

  12. Esses cientistas sempre inventam algum ardil, vendendo algo como novo, mas para contornar problemas inexistentes. Explico. O que acontece é que as terras indígenas foram implantadas, propositalmente, sobre as maiores reservas de nióbio do mundo, que estão aqui no Brasil. E isso torna o nióbio peça rara, encarecendo dramaticamente a produção de foguetes. Essa historinha de reciclar lançamento é mais um desculpa esfarrapada para não mexer na caixa preta índia, maquinada por políticos esquerdistas e caciques corruptos.
    Não tem que reciclar foguete não, isso é um atraso, para termos uma nova era espacial, tudo que precisamos é rever drasticamente a sanha das demarcações de terras, e principalmente das áreas de preservação ambiental, aí sim, extinguiremos de uma vez por todos a ideia hipponga e selvícola da vida natural, para termos um futuro ordeiro, espacial e pungente.

    Aviso: esse comentário foi um brincadeira.

    1. Pode lhe parecer engraçado, mas faz a gente perder tempo na leitura e acabar com um ‘é brincadeira” no final… De(TM) está certo, não escreva o que você não acha ser sua sincera opinião.

      O Salvador deveria ter cortado esse seu comentário, já que nem você acredita nele.

      1. Na verdade fiz uma caricatura de todo o pensamento retrógrado possível que poderia atacar o tema. Acho que nem é perda de tempo não, o que fiz foi concatenar pontos de vista ignorantes e hostis para vocês verem o que sai. Mais cedo ou mais tarde vocês vão topar com um desses de verdade. Encare isso como uma simulação.

        1. Aqui se topa com essa enchecao de saco o tempo todo. Da proxima vez simule inteligencia, so para variar um pouco

  13. Olá Salvador,

    Qual impacto essa nova prática pode causar com relação ao aumento do lixo espacial? É comum o primeiro estágio do foguete ficar vagando como detrito espacial, ou isso acontece com os estágios seguintes?

    Abraços

    1. O primeiro estágio geralmente cai de volta logo depois do lançamento, então só é um problema se a sua casa costuma ficar na trajetória de foguetes (algo que acontece em alguns centros de lançamento na China, mas não na Flórida, onde o foguete voa na direção do mar sempre). O principal impacto da prática, em termos de lixo espacial, virá se a SpaceX conseguir trazer de volta o segundo estágio — ainda que ele queime na atmosfera.

  14. uns tempos atrás falavam que o custo para colocar 1 kg de matéria em órbita seria 10 mil dólares, pra quanto isso deve cair no dia que essa nova tecnologia for a regra?

    1. Olha, o Falcon 9 faz um voo por US$ 62 milhões e leva até 22 mil kg à órbita baixa. Então, o custo para ele já estava em cerca de US$ 2.800/kg. (Antes da SpaceX, um lançamento desses costumava custar uns US$ 150 milhões, o que explica o seu número.) Agora, se você for fazer uma missão em órbita baixa, no osso, e topar ir num foguete usado e permitir que ele seja recuperado novamente, pode pegar 40% de desconto no preço padrão da SpaceX. Ou seja, menos de US$ 1.700/kg. Não tenho dúvida de que esse custo deve cair ainda mais em questão de tempo — conforme apareça concorrência; por ora a SpaceX é dona do pedaço, então ela poderá ditar os preços e maximizar o retorno sobre o investimento original na tecnologia. A Blue Origin promete lançar um foguete mais poderoso que o Falcon 9 e reutilizável em 2020. A ULA, das tradicionais Boeing e Lockheed, também promete um foguete com motor reutilizável para a próxima década. Ou seja, haverá concorrência, e os preços serão pressionados para baixo.

      Mas já é interessante ver como a SpaceX JÁ FEZ o custo cair por um fator de 10. Não duvido que empurre outro fator de 10 em 5 a 10 anos.

      1. O melhor mesmo é o efeito dominó que está provocando na concorrência. Da NASA à Airbus, passando pela Boeing e a Blue Origins. Todas ficaram mais audaciosas em seus anúncios, de um ano para outro.
        Gostaria de ver que cartas as agências espaciais da Rússia e China estão guardando nas mangas.

        1. A Rússia está quebrada. E a China, até agora, apostou no tried and true. Veremos se são capazes de inovar…

  15. Salvador, procurei mas não achei a filmagem da aterrisagem do primeiro estágio da missão SES10. A falha do sinal de satélite impediu a transmissão ao vivo, mas seria de se esperar que algum tempo depois as imagens fossem recuperadas e liberadas…o que houve?

    1. Gustavo, essas imagens costumam ser baixadas quando a balsa chega ao porto. Em breve a SpaceX deve liberar. A balsa não é exatamente um show de velocidade, até porque tem um foguete de 40 metros precariamente equilibrado nela. rs

    1. Esta ideia de sais radioativos de urânio e plutônio dissolvidos em água é antiga (o documento parece ser de 1991!!!).
      Mas não sei se a ideia avançou ou se foi colocada de lado…

    2. Se mudar o propelente, muda o design do foguete. Acho que a ideia do Musk é fazer o melhor com o que já temos. Cabe às agências espaciais financiar o desenvolvimento de tecnologias mais avançadas de propulsão. Dessas, a mais concreta (mas também controversa) é a nuclear.

      1. Mas propulsão nuclear é o que existe de mais viável, em termos de tecnologias atuais, para permitir viagens interestelares.
        Com foguetes nucleares conseguiríamos chegar em alfa centauro, a 4 anos luz, em “meros” 120 anos de viagem! 😀

        1. Eu acho nuclear ruim para voo interestelar. Acho as ideias de laser/vela melhores. O problema de nuclear é que é muito pesado. Torna inerentemente ineficiente para distâncias interestelares. Tem aquele jeito nuclear toscão de ir explodindo bombas no rabo e com isso empurrando a nave para a frente. Nesse esquema daria pé. Mas haja bomba atômica a bordo. rs

          1. Sem contar que a industria aeroespacial volta e meia tem seus trancos, com foguetes explodindo no lancamento ou logo apos.
            Seria um desastre ambiental se produtos radioativos fossem espalhados durante um acidente.

          2. mas se formos analisar friamente, os automóveis também funcionam explodindo gasolina várias vezes por segundo, né? 😀

          3. Sim, o que já foi tido como uma temeridade! Mas ainda sou mais o carro elétrico da Tesla. O problema vai ser se a Samsung começar a fabricar carros elétricos… rs

        2. criei uma planilha com a previsão do tempo de viagem para velocidades cada vez mais próximas da luz, tanto do ponto de vista externo quanto dos possíveis tripulantes da nave.

          para verificar outros destinos, é só modificar a distância (em anos-luz) na coluna B1.

          https://1drv.ms/x/s!AlUbd9ba9AlKg7YDeeLaBwUswJFS_g

          observem que se conseguirmos atingir 99.99999% da velocidade da luz, podemos chegar em alpha-centauro em apenas 0.7 dias, ou cerca de 16 horas (do ponto de vista dos tripulantes, lógico…)

          1. também achei. como se vê, a dilatação no tempo só começa a fazer grande diferença por volta dos 90% da velocidade da luz (tempo percebido na nave é 2 vezes mais lento que o tempo de fora), mas a partir daí incrementos pequenos de velocidade já fazem diferenças absurdas. infelizmente próximo da velocidade da luz também fica cada vez mais difícil acelerar a nave (massa cresce absurdamente com cada pequeno incremento), o que não nos ajuda muito… 🙁

      2. E aquelas experiências com propulsão a laser conjuntas entre EUA e Brasil? Viram passado esquecido?

        1. Não lembro dessa parceria aí não. Acho que foi num universo paralelo. rs

          1. Desconhecia. E o link da Finep está morto, então continuarei desconhecendo… 😛

      3. Se houver explosão será como uma bomba nuclear? Ou ‘apenas’ uma bomba suja? É por isso também que ainda não tentaram mandar lixo nuclear pro Sol, não?

        1. Boa pergunta. Não sei se a explosão do foguete levaria a uma reação em cadeia capaz de fissionar o material do reator. Desconfio que não. Aposto, portanto, na bomba suja. Mas não tenho certeza.

        2. Acho que o Sol deve ser um dos destinos mais difíceis de atingir do Sistema Solar. Haja delta-v!

          1. O pessoal acha que é só apontar o foguete pro sol e os problemas do lixo na terra serao solucionados

            p.s.: um delta-v de cerca de 30.000m/s.

            lembrei de um video que vi um tempo atras, fala, coincidentemente, inclusive do assunto que comentei uns posts acima, sobre explosoes de foguetes carregando material nuclear.

            https://www.youtube.com/watch?v=LHvR1fRTW8g

            acho que tá bem respondido pro “pare com a loucura”

          2. Valeu o link do video, está explicado. Esclarecedor e impressionante ao mesmo tempo O_o

          3. Seráááá??? Não, cara, acho que é fácil, você não assistiu ao Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu 2 ????

            O único problema de chegar lá é que a gente sente um pouquinho de calor, mas é só ter um bom ar-condicionado na nave que é tranquilo! kkkkkkkk

        3. Pelo que entendi da ideia dos foguetes nucleares, eles não possuiriam massa crítica para explodirem como bombas nucleares. Trata-se apenas de uma forma sofisticada (e bastante eficiente, por sinal!) de aquecer água para ejetar vapor a uma enorme velocidade, transferindo um momento linear gigantesco ao foguete com uma ejeção de matéria ridícula quando comparamos com os modelos equivalentes baseados em reações químicas de explosão.
          Seria uma “bomba suja”, mas pela concentração dos sais radioativos na água nem seria tão suja assim… 🙂

          1. É verdade, em tese era unânio para usina, não urânio para bomba. Não ia fissionar.

  16. Aos trancos e barrancos a humanidade continua o seu progresso, foram 2 mil anos para sairmos da agricultura básica, dos veículos de tração animal até a era dos satélites e dos veículos espaciais (com crescimento notável nos últimos 100 anos), imaginem daqui há 200 anos , ou 2 mil ….

    1. A coisa só andou mesmo com o aparecimento do método científico, há 500 anos e o aparecimento de pessoas curiosas que não se contentavam com a ignorância das coisas ou com “explicações metafísicas”.

        1. Tem que ficar alegre mesmo, emocionante, deve dar muito orgulho em fazer parte dessa equipe.

        2. Absolutamente demais… Fiquei que nem tonto aqui com um sorriso na boca! Que top! Valeu por compartilhar!

  17. Salva, voce sabe se a SpaceX ja tem outro lancador usado pronto (ou sendo preparado) para re-uso?

Comments are closed.