Astronomia: Fotografando um buraco negro
Projeto inicia observações para tentar fotografar o buraco negro no centro da Via Láctea.
FOTO DO INVISÍVEL
Já começou um esforço sem precedentes para realizar um dos objetivos mais ousados da história da astronomia: fotografar um buraco negro. O projeto se chama Event Horizon Telescope e seu principal alvo é conhecido como Sagitário A* — nome que os astrônomos dão ao buraco negro gigante que mora no coração da Via Láctea.
UÉ?
Você pode estranhar a ideia de fotografar um objeto desses. Não é verdade que os buracos negros são astros de onde nem mesmo a luz pode escapar? Como então os astrônomos poderiam ver algo que não emite luz? Bem, tudo isso está certo. E, tecnicamente, o que eles querem ver não é o buraco negro em si, e sim a fronteira a partir de onde a luz não pode mais escapar — o chamado horizonte dos eventos. Em essência, uma bolota preta.
GRANDE, MAS PEQUENO
Não será fácil. Sagitário A* está a 26 mil anos-luz daqui e tem massa de 4 milhões de sóis. Apesar disso, seu diâmetro é modesto: menos de 40 vezes o do Sol. Complicado enxergar uma bolota preta desse tamanho a 26 mil anos-luz de distância.
AS PISTAS
E como sabemos que ele está lá, para começo de conversa? Bem, além de ele emitir rádio conforme mais matéria cai em seu interior, podemos calcular sua massa pela órbita das estrelas que giram ao redor dele, no centro da galáxia.
INTERFERÊNCIA
O Event Horizon Telescope pretende combinar diversos radiotelescópios, como os do VLA, nos EUA, e os do Alma, no Chile, com uma técnica chamada interferometria. Na prática, é como se as diferentes antenas gerassem uma imagem equivalente à que seria obtida por uma parabólica gigante, do tamanho da Terra. Para ter uma ideia do poder, a resolução seria suficiente para enxergar a costura numa bola de beisebol a 12 mil km de distância.
EM BREVE
Claro que combinar todos os dados brutos para gerar a imagem vai dar um trabalhão. Por isso, embora as observações já tenham começado, os cientistas esperam só ter a primeira fotografia de um buraco negro, se tudo der certo, no começo do ano que vem.
BÔNUS
Confira a entrevista que o Mensageiro Sideral fez com João Paulo Guerra Barrera, 7, ganhador do concurso da Nasa sobre colonização espacial.
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
Acompanhe o Mensageiro Sideral no Facebook, no Twitter e no YouTube
E há alguma possibilidade de, ainda que no futuro, conseguir uma imagem de um buraco negro por algum telescópio convencional, no estilo do Hubble?
Salvador, por que não é possível fotografar aquele disco de acreção que nós vemos no Interstellar?
Resolução basicamente. Se estivesse perto o suficiente, seria fácil.
Segue abaixo a foto que bati do Buraco Negro central de nossa galáxia, em 31/06/2011.
http://wallpapermonkey.com/wp-content/uploads/2016/09/all-black-wallpaper3.jpg
Off-topic
Salvador, não podia deixar de perguntar, depois de já ter rolado tanto comentário de política nos comentários esses últimos tempos: você se define como de esquerda ou direita?
Acho essa definição, por si mesma, retrógrada. Nos pontos que dizem respeito à liberdade individual e ao estado de bem-estar social, tendo a me alinhar com o que se costuma chamar de “esquerda”. Em temas econômicos, como no controle de gastos públicos e no enxugamento da máquina pública, tendo a me alinhar com o que se costuma chamar de “direita”. Mas, como disse, acho que essa dicotomia esquerda/direita é uma herança da Guerra Fria que só serve de instrumento de manipulação pelos políticos. Como um governo de esquerda poderia ser o rei do “bolsa-empresário” com o BNDES e ter como seu ícone um picareta como Eike Batista, e um governo de direita focar na estabilização da economia e na contenção da inflação, que é um problema que afeta muito mais os mais pobres e necessitados do que os ricos, que GANHAM dinheiro com inflação? A história recente do Brasil prova que esquerda/direita é uma falácia.
Concordo que a dicotomia esquerda-direita é retrógrada ou mesmo uma falácia.
Discordo quando partes de uma premissa (que acabas por refutar, é bem verdade) de que os governos FHC foram de suposta direita. Não foram. FHC nunca se declarou de direita, se elegeu por um partido SOCIAL DEMOCRATA, e acabou com a inflação, o que foi um soco no estômago dos bancos e um bom oxigênio pro assalariado. Esse papo de ‘neo-liberal’ sempre foi papo de petista. Dentro do ultrapassado prisma político dicotômico, eu vejo os governos FHC assim como o próprio ex-presidente sempre se descreveu: esquerda moderada, centro-esquerda, social democracia.
Já o PT eu vejo como um governo de esquerda radical. Até mesmo o ato de se associar a grandes milionários e o de usar recursos públicos pra comprar o apoio de oligarquias é típico dos governos esquerdistas: Kirchner, Chávez, Maduro, Correa, todos fizeram o mesmo.
Em resumo, não pelas razões que expuseste, mas por outras, eu concordo que não cabe mais essa dicotomia esquerda-direita.
E respondendo ao Fábio: Dentro do antiquado e ultrapassado espectro dicotômico direita-esquerda, o Salvador seria centro-esquerda, social democrata e moderado.
Aí é que está. Vejo no governo FHC ações de esquerda (combate ferrenho à inflação) e de direita (socorro aos bancos, privatizações, redução do estado). Vejo também nos governos petistas ações de esquerda (expansão do Bolsa Família, aumento do aparelhamento estatal) e de direita (BNDES financiando “amigos do Amigo”, redução de impostos para a indústria). Tentar encaixar ambos em rótulos é perda de tempo. Na soma do caldo, acho que todos esses governos nasceram na esquerda e caminharam para o centro-direita. PSDB estava à esquerda do PMDB e, com FHC, chegou ao poder, onde migrou para o centro (numa aliança com o PFL, direita). PT estava à esquerda do PSDB e, quando chegou ao poder, migrou para o centro (numa aliança com o PL, direita), e aí empurrou o PSDB do centro para a direita. E por aí vai. A evolução da política partidária é dinâmica e nunca seguiu ideologia. Os partidos de esquerda aqui se declaram socialistas ou social-democratas, mas é só pataquada ideológica. Como governo, nunca fizeram gestões condizentes com seus discursos.
Sobre a minha posição especificamente, outro dia fiz um teste de internet, desses de responder perguntinhas, e ele me colocou no centro, um tiquinho de nada pendendo para a direita. O Perna, claro, que está mais à direita que eu, prefere me colocar no centro, mais pendendo para a esquerda. Mas tudo bem. O mais importante nisso tudo não é para onde se pende, mas em torno de onde se gravita. Não estando em nenhum extremo, já está ótimo. Os extremos é que são perigosos. O resto é tudo o mesmo feijão com arroz, só muda o tempero mesmo. 😛
De fato, eu normalmente transito (digo, orbito, já que estamos num blog de astronomia :P) entre a centro-esquerda, o centro e a centro-direita. Hoje em dia estou mais centro-direita – um pouco mais à direita do que eu percebo o Salvador.
Mas também não acredito num liberalismo desvairado nem no estado mínimo. Prefiro um estado que não seja tão grande, mas que consiga ser eficiente e atento às necessidades básicas tanto da população como dos rumos estratégicos do País.
No caso específico do FHC, vejo o socorro aos bancos, as privatizações e a redução do Estado como corolários do objetivo estratégico principal de seus governos, que foi o combate à inflação, razão pela qual a mim ele parece mais centro-esquerda do que centro-direita. Já no caso dos governos PT, coloco-os bem mais à esquerda porque houve políticas de assistência social às custas do Estado, que acabou inchado e com responsabilidades sociais que, numa visão mais direitista, não lhe caberiam. Os assaltos às Estatais e os agrados aos empresários foram apenas corolário de uma política de perpetuação no Poder à margem dos ditames constitucionais – que, ironicamente, foi o que acabou encerrando precocemente o último mandato.
No fim, Perna, acho que mais concordamos do que discordamos, quando discutimos casos concretos. 😉
Concordo. E quando discutimos assuntos metafísicos, quem foi que disse que devemos concordar?
Em metafísica, o estranho seria concordar. rs
100% de acordo, Salvador, estou no mesmo ponto que você.
Hhahahahahahaha! Olha o Radoico de novo puxando o saco!
1 – Ultra direita – Ideologia Radical, morte aos inimigos bem ao estilo militar.
2 – Direita – A ideologia é roubar, roubar e roubar o erário público.
3 – Centro – A ideologia é roubar, roubar e roubar o erário público.
4 – Esquerda – A ideologia é roubar, roubar e roubar o erário público.
5 – Ultra esquerda – Roubar, roubar, roubar, difamar, e tentar implantar o comunismo bolivariânus, no Brasil, bem ao estilo chavista/maduro/cubano.
Múltipla escolha, é só assinalar.
Com apenas 3 clicks para trás, já é possivel identificar o seu perfil aqui nos comentários. Pelo visto esse “tanto comentário de politica” que foi citado acima, deve estar falando de vc mesmo. Nada contra censura, direito de expressão aqui é democrático. Posso estar enganado, mas dizem que lá em brasília têm 100 mil habitantes, não têm indústria e nem agricultura. Os 80 mil são todos servidores público, e o restante de serviços de hotéis, etc,etc e etc. Todos esses custos são provenientes dos contribuintes, principalmente dos trabalhadores humildes que pagam impostos elevados, e que a maioria deles não se envolvem com propinas e nem no mercado especulativo. E ainda mais, o governo quer aprovar a reforma previdenciária, com a justificativa de que a média de sobrevida dos trabalhadores aumentaram nos últimos anos, entre outras coisas. Mas os comentários de política econômica aqui não combinam com a ciência quando se fala de astronomia, a não ser que eles possam embarcar nesse buraco negro e sair de lá com todos os pecados amenizados, daria um bom comentário, e pasmem!
Pronto, hora do rivotril.
Salvador,
Eu sei que você não gosta muito de matemática, mas talvez os nossos amigos comentaristas ajudem.
Estou curioso para saber se a “densidade” da bolota preta, que envolve o tal ponto infinitamente pequeno, mas acaba por ocupar um espaço em redor até o horizonte de eventos, tem um valor fixo ou variável.
Se variável, tem a fórmula dele aí pra gente ?
Anibal, não é que eu não goste de matemática. Adoro. Acho linda. Só tenho certas limitações no que tange ao uso de ferramentas matemáticas sofisticadas.
Felizmente, o que você quer é muito simples e não requer conhecimentos que vão além dos meus. O raio de Schwarzchild, ou seja, o raio do horizonte dos eventos, é dado pela expressão r=2GM/c^2, em que G é a constante gravitacional, M a massa do objeto e c, a velocidade da luz. Como vemos pela equação, a relação entre a massa e raio é linear. Ou seja, ao aumentar a massa, o raio cresce linearmente. Só que você está falando de densidade, o que exige que levemos em conta o volume. E o volume pode ser dado (aproximadamente, porque a rotação do buraco negro desviará um pouco disso) pela fórmula da esfera: 4/3 pi r^3, ou seja, cresce ao cubo. Logo, se a massa e o raio crescem linearmente, mas o volume cresce ao cubo, podemos concluir que a densidade diminui pelo cubo também, uma vez que é definida como massa sobre volume. Logo, não é fixa para todos os buracos negros.
Abraço!
Muito obrigado Salvador. Nem imaginava que a equação já estivesse pronta e que tivesse até um nome. Show de bola.
Então, se não errei nas contas, a densidade da nossa bolota ficaria em 1.163.303 g/cm3.
Não fiz a conta, mas soa bem densa… 🙂
(Lembrando, claro, que estamos falando em densidade média; na prática, se pudermos confiar na relatividade até as últimas consequências, a borda da bolota é praticamente vazia e a matéria está toda concentrada no centro, onde a densidade deve ser infinitamente alta, ou no mínimo estupidamente alta!)
Seria muito interessante também calcular o horizonte de eventos de um buraco negro que contivesse toda a matéria do universo.
Gargantua manda beijos como primeiro BH a ser filmado! ;*
Mano!
Na minha humilde visão, comparo um buraco “negro” a um grande comensal, glutão.
Só não sei como se processa a sua digestão e muito menos a forma de evacuação.
Tudo bem que é um questionamento de leigo, mas já que o Mano não se dignou a me responder, alguém poderia me dirimir essa dúvida?
Rapaz, eu juro que achei que era piada e não uma pergunta. Nem interrogação tem.
Buraco negros supostamente esmagam toda a matéria num ponto muito, muito denso — essa seria a digestão — e depois emitem radiação Hawking para evaporar — essa seria a evacuação. É isso.
Eu sabia que tu me falharia, Mano.
Obrigado pela elucidação.
Jamais esquecerei que a emissão de “gases” do BN são radioativos, .. hehe!
Uma vez eu li numa reportagem que dizia que a Força do Universo é sempre a mesma, independente do seu estado, matéria, gases, energia etc. Isto procede?
O Universo seria composto por ciclos ou estágios pois algo novo só pode surgir em detrimento de algo que já exista, este seria um dos propósitos do BN “destruir”, apesar de sabermos que do BN não cria nada, mas dele vem uma das condições necessárias para surgimento de algo novo no Universo?
O que há no Universo, até onde sabemos, é uma conservação da energia/momento. Ou seja, a quantidade total de energia e de movimento é conservada em todos os momentos. Mas energia e matéria podem ser intercambiar, assim como movimentos podem se intercambiar, sem nenhum problema.
Salvador. A matéria em uma galáxia pode aumentar em quantidade, tornando-a mais pesada por assim dizer..(interrogação)
Sozinha, não. Mas atraindo mais matéria escura ou realizando fusão de galáxias, sim.
Alguma pista de como matéria escura reage com mais matéria (escura ou não), além da gravidade?
Aparentemente não reage. Eis o problema. rs
O que daria uma boa margem para o surgimento de vida como NÃO a conhecemos!
Salvador, tenho 2 perguntas:
1) A Radiação Hawking que surge na borda do buraco negro não é puxada pra dentro dele, correto? Por quê?
2) A radiação (térmica ou eletromagnética) pode se transformar em matéria, por exemplo no futuro, caso restem apenas buracos negros evaporando no fim do universo, com toda a matéria acabando? Atualmente, alguma radiação se transforma em matéria no universo?
1) A radiação Hawking não é puxada para dentro dele. Ela nasce exatamente na fronteira do horizonte dos eventos. O que acontece em essência é o seguinte. Sabemos, pela mecânica quântica, que a energia do vácuo não é realmente nula. O que chamamos de “energia zero” ainda é capaz de produzir pares de partículas chamadas de “virtuais”, porque aparecem e se aniquilam numa fração de segundo, mantendo a energia média do vácuo em “zero”. O que Hawking fez foi, matematicamente, imaginar o que acontece quando um par de partículas virtuais surgem nas imediações do horizonte dos eventos. Se as duas estiverem dentro, se aniquilam lá dentro mesmo e pronto. Se as duas estiverem fora, as duas se aniquilam fora e pronto. Mas e se as duas estiverem exatamente no horizonte? Isso quer dizer que a energia que as criou veio do próprio buraco negro, ou seja, o buraco negro perdeu momentaneamente energia (que é o mesmo que matéria, segundo E=mc2) e, com isso, encolheu por um tantico de nada o horizonte. No que encolheu, uma das partículas do par virtual acabou do lado de fora, e a outra do lado de dentro. Isso significa que elas não podem mais se reencontrar para se aniquilarem. O resultado é que elas deixam de ser virtuais e passam a ser reais. E aí uma delas escapa do buraco negro, na forma de radiação Hawking, e a outra cai nele. Com isso, o buraco negro vai, muuuuuuito gradualmente, perdendo massa, até evaporar por completo. Mas o processo é muitíssimo demorado — incontáveis vezes mais que o tempo de vida do Universo.
Sobre transformação de energia (radiação) em matéria, sim, é possível, mas exige condições extremas, similares às do Big Bang. Veja que criamos matéria a partir de energia nos nossos aceleradores de partículas. Quando aceleramos prótons no LHC, estamos dando a ele energia (por meio da interação eletromagnética que os faz acelerar nos túneis até perto da velocidade da luz), que, numa colisão com outro próton, é subitamente convertida numa torrente de partículas — de matéria e energia — que podemos então estudar nos nossos detectores.
Contextualizando, esta foi sua resposta ao Ricardo,
“1) A radiação Hawking não é puxada para dentro dele. Ela nasce exatamente na fronteira do horizonte dos eventos. O que acontece em essência é o seguinte. Sabemos, pela mecânica quântica, que a energia do vácuo não é realmente nula. O que chamamos de “energia zero” ainda é capaz de produzir pares de partículas chamadas de “virtuais”, porque aparecem e se aniquilam numa fração de segundo, mantendo a energia média do vácuo em “zero”. O que Hawking fez foi, matematicamente, imaginar o que acontece quando um par de partículas virtuais surgem nas imediações do horizonte dos eventos. Se as duas estiverem dentro, se aniquilam lá dentro mesmo e pronto. Se as duas estiverem fora, as duas se aniquilam fora e pronto. Mas e se as duas estiverem exatamente no horizonte? Isso quer dizer que a energia que as criou veio do próprio buraco negro, ou seja, o buraco negro perdeu momentaneamente energia (que é o mesmo que matéria, segundo E=mc2) e, com isso, encolheu por um tantico de nada o horizonte. No que encolheu, uma das partículas do par virtual acabou do lado de fora, e a outra do lado de dentro. Isso significa que elas não podem mais se reencontrar para se aniquilarem. O resultado é que elas deixam de ser virtuais e passam a ser reais. E aí uma delas escapa do buraco negro, na forma de radiação Hawking, e a outra cai nele. Com isso, o buraco negro vai, muuuuuuito gradualmente, perdendo massa, até evaporar por completo. Mas o processo é muitíssimo demorado — incontáveis vezes mais que o tempo de vida do Universo”
Eu pergunto: Este não poderia ser o motivo pelo qual os corpos do universo são compostos de matéria e não de anti matéria?
Não. Em tese partículas virtuais incluem matéria e antimatéria.
Então, no texto você falou: (….. o que chamamos de “energia zero” ainda é capaz de produzir pares de partículas chamadas de “virtuais”, porque aparecem e se aniquilam numa fração de segundo ….. se as duas estiverem exatamente no horizonte, isso quer dizer que a energia que as criou veio do próprio buraco negro, ou seja, o buraco negro perdeu momentaneamente energia (que é o mesmo que matéria, segundo E=mc2) e, com isso, encolheu por um tantico de nada o horizonte. No que encolheu, UMA DAS PARTÍCULAS DO PAR VIRTUAL ACABOU DO LADO DE FORA, E A OUTRA DO LADO DE DENTRO. Isso significa que ELAS NÃO PODEM MAIS SE REENCONTRAR para se aniquilarem. O resultado é que elas deixam de ser virtuais e passam a ser reais. E aí uma delas escapa do buraco negro, na forma de radiação Hawking).
A PERGUNTA QUE EU FIZ FOI: não pode ser que a engolida seja a de Antimatéria do par, e a partícula que escapa a de Matéria, sendo um dos motivos porque os corpos do universo são de Matéria e não de Antimatéria, considerando loooooooooogo tempo de vida dos BN?
Devemos esperar, pelas propriedades de matéria e antimatéria, que a engolida seja em média 50% matéria e 50% antimatéria.
Prezado Salvador,
parabéns em manter uma discussão sobre ciência tão interessante e democrática.
em particular, os comentários e perguntas dos leitores foram bastante pertinentes ,não envolvendo dogmas religiosos.
gostaria de lembrar que o homem hoje tenta explicar o “mundo” através de três grandes teorias,
a Relatividade Geral, Mecânica Quântica e a mais correta de todas que é a Evolução das Espécies e esta ultima infelizmente sofrendo a interferência destrutiva do progresso desenfreado.
Cada uma das teorias é baseada em um modelo inventado pelo homem e por isso devemos sempre ter em mente em não confundir o modelo com o fenômeno estudado. Por exemplo, singularidade só existe no mundo da Matemática e segundo Penrose para tornar uma teoria física mais realista deve se lançar mão dos teoremas de ” censura”. Mais ainda, conforme Einstein, só podemos medir aquilo que é previsto pelo modelo e portanto extrapolar conclusões dos modelos pode não ter significado físico.A Relatividade Geral apesar de limitada é considerada uma teoria “completa” (existe definição para isso) , enquanto que a M. Quântica não é, mas estas duas teorias permitiram todas as maravilhas tecnológicas que temos hoje. Esperamos por novos modelos ! Abraços a todos.
Salva, tirando as especulações cinematográficas e as malucas, existe alguma teoria que diga qual a distância entre o horizonte e a singularidade, dependendo do tamanho do BH?
Sim, isso é calculado com base na massa do BH.
Salva, o buraco negro Sagitário A, em um futuro distante corre o risco de explodir, emitindo raios gama, um dos fenômenos mais poderosos do universo. Essa explosão pode afetar a Terra e destruir a vida como a conhecemos? Temos como saber, previamente, o acontecimento?
Abraços!
Eu não me preocuparia com isso. Para dissipar um buraco negro desse tamanho com radiação Hawking você precisaria de mais tempo do que houve até hoje no Universo.
Uma dúvida: os buracos negros são matéria de estudo mais para Física Quântica do que para a Relatividade Geral? Pois no momento em que as leis da física clássica/relativística cessam entra em cena a mecânica quântica, é isso?
Não, a relatividade não sai de cena. É a relatividade que indica a formação do buraco negro. Mas nele ela age em CONJUNTO com a mecânica quântica…
A tão requisitada “teoria de tudo” não seria a junção da mecânica quântica com a relatividade? Como elas podem explicar os fenômenos naturais em conjunto?
Isso.
Legal, único lugar do universo onde elas fazem sentido juntas.. hehe
Lá e no Big Bang, para tornar a coisa mais apimentada… 😛
Em qual local fica o buraco negro?
O Sagitário A* situa-se a cerca de 26.000 ano-luz da Terra no centro da Via Láctea na constelação de Sagitário A, um grupo formado por outros dois que são Sagitário A Leste, que é remascente de uma supernova e Sagitário A Oeste no formato de espiral. Agora, cada Galáxia tem um buraco negro supermassivo no centro e o Universo idem.
O centro do universo é o ponto do big-bang, é isso? Tem um buraco negro lá? Esse deve ser o bicho rs.
O Universo não tem centro, pelo que sabemos.
Esta tua resposta parece que só seria possível se o Universo se “dobrasse” em mais uma dimensão (uma quarta espacial)….
ou não?
Não podíamos enviar uma sonda em missão suicida, direto pra boca do guloso, pra termos as imagem e sei mais o que ?
Ou o fia da mãe está muito longe pra isso ?
Abração e parabéns pela matéria….
Muito, muito, muito, MUITO longe para isso.
Abraço!
Longe demais e inutil para se saber o que se passa no interior do BH, pois a sonda nao conseguiria enviar os dados. So até o horizonte de eventos.
O diâmetro da via láctea é de 100 mil anos luz , então é correto dizer que a nosso lar está situado praticamente no meio do raio do disco da galáxia ?
Aproximadamente no meio, sim.
O que realmente esperamos “ver” “encontrar”? Algo parecido da animação, ou uma grande surpresa?
Off topic para todos – Viram a reportagem do rapaz do Acre….algo sério ou só marketing pessoal!
Para mim só marketing pessoal.
Sobre o que pretendemos ver, coloquei no vídeo uma simulação da imagem “ideal” e do que eles esperam ver com o EHT em 2017-2018.
Salva, para fotografar o horizonte de eventos o buraco negro deve se alimentar de alguma nuvem de gás ou estrela.
Como sabemos se o Sargitário A* está de fato se alimentando neste instante?
Bem, tem uma nuvem que acabou de passar de raspão por lá e está se dissipando. Mas mesmo sem isso, seria difícil imaginar um objeto numa região tão tumultuada da galáxia sem no mínimo um snack… rs
Mas, não tem uns caras aí que acreditam que mesmo sem cair matéria no BH, mesmo assim, ele está sempre emitindo radiação térmica por estar consumindo as partículas virtuais que ficam pipocando no vácuo?
É mais que “acreditam”. Está mais para “têm todas as razões para apostar que acontece”. 😛
Precisa diferenciar o que é buraco negro, ou horizonte de eventos, de singularidade cósmica: o ponto único tão denso que a gravidade tende ao infinito e onde teoricamente espaço e tempo deixam de existir, ou seja, a suprema eternidade. Mais ou menos por aí, meu jovem Salvador?
Pois é. Buraco negro é o fenômeno todo. Horizonte dos eventos é a fronteira entre o que podemos e o que não podemos ver. E singularidade cósmica é algo que se supõe exista no centro do buraco negro, mas não sabemos ao certo porque a relatividade geral se quebra nesse ponto…
“o ponto único tão denso que a gravidade tende ao infinito e onde teoricamente espaço e tempo deixam de existir”
Acho furada essa afirmação de que o tempo e o espaço – dentro de um buraco negro – deixam de existir.
Por acaso o tempo e o espaço deixam de existir ao redor da Terra (interrogação)
Por acaso o tempo e o espaço deixam de existir ao redor do Sol (interrogação)
Por acaso o tempo e o espaço deixam de existir ao redor da Via Láctea (interrogação)
Por acaso o tempo e o espaço deixam de existir ao redor dos aglomerados de Galáxias (interrogação)
NÃO! Não deixam.
Pelo que sabemos, o tempo e o espaço se expandem na presença de MASSAS. Quanto maior a massa, maior o espaço tempo ao seu redor.
Por que haveria de ser diferente no interior de um BN onde sabemos que um corpo extremamente pequeno e extremamente massivo repousa (interrogação)
Mais lógico acreditar que no interior de um BN tanto o tempo quanto o espaço estão – ou estão sendo – esticados de maneira dantesca ao redor da tal SINGULARIDADE.
De outra maneira seríamos forçados a acreditar que MASSA, qualquer que seja, elimina – o que não é observado – o espaço e o tempo à sua volta.
Então, mas a relatividade diz que deixam. Por isso que achamos que a relatividade se quebra quando efeitos quânticos entram na jogada. (Porém, a mecânica quântica em si também não é muito fã do espaço-tempo, então vai saber… rs)
Logo logo meu livro novo estará por aí e vai tratar de todas essas doideiras. rs
Bacana você abordar esses temas em seu próximo livro. Serei um dos primeiros a lê-lo.
Quanto à Mecânica Quântica e suas implicações no mundo real – não que eu seja um especialista no assunto – ainda estamos engatinhando e tentando entender por exemplo: como elétrons podem estar em vários lugares ao mesmo tempo, ou ainda por que esses elétrons hora se comportam como probabilidades e hora se comportam pontualmente. Buscamos entender como partículas entrelaçadas se comunicam instantaneamente, quebrando leis da física que acreditamos serem exatas. (talvez por isso a mecânica quântica não seja muito fã do espaco-tempo)
E o que é ainda pior: como a simples observação consciente de um fenômeno modifica a realidade daquele fenômeno observado.
Acredito que enquanto a física quântica não entender perfeitamente essas e outras aberrações da natureza ela não esteja capacitada para nos dizer o que acontece no interior de um BN.
Mesmo eu sendo fã incondicional da mecânica quântica, tenho que admitir que ela está muito longe de compreender o mundo do infinitamente pequeno, mas estamos a caminho. Isso é o que interessa.
Em 2013 escrevi um livro cujo título é “Não há mais Segredos” onde juntei Ciência, Filosofia, Magia e Religião para – pretenciosamente – tentar decifrar o que o Universo está tentando nos dizer com suas, tão misteriosas, revelações.
Gostaria de lhe presentear com um exemplar Salvador.
Caso seja de seu interesse me envie seu endereço postal que terei o maior prazer em lhe enviar um.
Meu email consta no cadastro.
E nos avise quando for publicado o seu para que eu possa adquirir. abç
Marcos, achei engraçado você dizer todos os mistérios que você ainda julga incompreendidos e aí dizer que escreveu um livro chamado “Não há mais segredos”. Pelo visto, há, né? 😛
Gostaria de ler, sim. Depois te mando o endereço, preciso sair agora pegar o moleque na escola. Abraço!
As equações matemáticas da Teoria Geral da Gravitação de Einstein resultam em impossibilidades matemáticas no centro de um buraco negro, daí a concepção de que a teoria “se quebra” na singularidade e o espaço e o tempo nela deixam de existir (é um ponto “infinitamente” pequeno com uma massa “infinitamente” grande). Por enquanto, pelo estado atual da Ciência, é o que temos.
Provavelmente, quando existir uma teoria que una a Mecânica Quântica à Teoria Geral da Gravitação, aí poderemos deduzir se isso é verdade ou não.
Escrevi besteira, Salvador? (sobre o que é a singularidade do BN).
É exatamente isso!
Seria mais correto dizer: um ponto infinitamente pequeno – dado que ele pode se contrair para sempre – com uma massa extremamente grande, mas não infinitamente grande. Porque a massa para se formar uma singularidade pode ser conhecida e ela não tem que necessariamente crescer infinitamente. Mesmo porque, ela, a singularidade, teria que adquirir massa infinitamente. Para tanto teríamos que ter um Universo infinito que se contraísse para sempre.
Mas tudo é especulação, e talvez nunca saibamos o que está certo ou não.
Vale como exercício de imaginação. rsrsrsrs
Se o ponto é infinitamente pequeno, a DENSIDADE é infinitamente grande.
Valeu o raciocínio, grato! Então, como o Salvador bem disse, a DENSIDADE vai para o infinito, mesmo que a massa seja grande, mas finita. 🙂
Eu pensava que já havíamos fotografado o buraco negro no centro de nossa galáxia. Não foi assim que comprovamos sua existência (interrogação)
Não. Sabemos da existência dele porque é uma fonte de rádio e porque podemos observar estrelas circundando-o, o que dá uma estimativa geral de sua massa e volume.
Fotografar bolota na esfera do buraco negro gigante no centro da Via Láctea, a Sagitário A* requer uma estrutura enorme de instrumentos aliada a técnica de interferometria nos padrões de interferência com comprimentos de ondas, que é muito usado no campo observacional da astronomia para obenção de dados pela quantidade de luz(fótons), e na resolução de imagens contruídas através dessa luz. Os cientistas querem aproveitar exatamente o período em que esse buraco negro está se preparando para capturar nuvens de gás, provavelmente da supernova, uma fase final da estrela gigante com duração de vida menor. Esse buraco não é conhecida com precisão devido a grande quantidade de poeira interestelar, que dificulta a observação pela ótica, mas estima-se que seja equivalente a 4 milhoes de massas solares conforme citado na matéria do Salvador. Os cientistas querem testemunhar um espetáculo cósmico, evento que durará quase um ano para devorar toda a nuvem existente ao redor, e que estão sendo acelerados através das forças gravitacionais de maré do buraco negro.
Salvador, 26 mil anos-luz daqui é distancia pra caramba, (embora não muita quando falamos de universo) existe motivos para nos preocuparmos com este ou algum outro buraco negro em nossa galaxia??
Não. Colisão entre estrelas é extremamente rara. Se estivéssemos num aglomerado globular, talvez fosse uma preocupação. Onde estamos, não.
acredito que do buraco negro, sai tudo e contrai tudo, transformando o que sai em estrelas e planetas. mas o tamanho de cada um,depende muita da velocidade imposta na hora da sua criação . pois tudo tem sua medida e distância,controlada por uma força cronometrada de cada proposição segundo para qual fim fora criado. sim… se houver sucesso nas fotos do buraco negro da via láctea, sempre haverá uma incógnita, de nossa parte sobre os milhões de detalhes que nos surpreende. de como o universo funciona, mas… talvez nunca saberemos como ele foi criado….. Texto de Expedito Marinho.
Buracos negros não transformam o que sai em estrelas e planetas. Nada sai de um buraco negro, exceto radiação Hawking, que não vira estrela ou planeta.