Nem Trump conseguiu negar a existência das mudanças climáticas, diz físico do IPCC
De questão discutível, a contestação das mudanças climáticas se tornou puro negacionismo ao longo da última década. A afirmação é de Paulo Artaxo, físico da Universidade de São Paulo e membro do IPCC, o Painel Intergovernamental para Mudança Climática da ONU. “A ciência prevaleceu.”
“Veja que interessante: mesmo o presidente Trump, no discurso em que anunciou a saída do acordo de Paris, ele não anunciou a saída porque ele ‘não acredita’, entre aspas, no efeito estufa etc. e tal. Não. Ele aceitou que existem as mudanças climáticas, ele aceitou a necessidade de fazer redução de emissão de gases de efeito estufa, ele só acha que a maneira como foi negociado o Acordo de Paris é prejudicial aos interesses americanos. Isso é muito importante observar”, disse Artaxo ao Mensageiro Sideral.
Antes de se tornar presidente, Trump havia chegado a dizer que o aquecimento global era uma fraude perpetrada pelos chineses — ignorando (ou talvez optando por ignorar) que a imensa maioria das evidências das mudanças do clima terrestre vêm de estudos da Nasa, a agência espacial americana.
Artaxo diz que quaisquer disputas científicas remanescentes sobre a realidade e as causas das mudanças climáticas sumiram completamente de vista nos últimos anos, tanto no Brasil como no exterior. “Essas questões foram ao longo dos últimos 10 anos fomentadas principalmente pelos chamados negacionistas, que aí, entre aspas, “não acreditavam” na questão do efeito estufa”, diz o pesquisador.
“Agora, não é questão de acreditar ou não acreditar, porque ciência não é religião, a gente não acredita ou desacredita em fatos científicos. Você observa a ciência e as evidências científicas e faz seu julgamento em cima disso — nada a ver com a questão da crença religiosa. Então não existe mais essa questão de acreditar ou não acreditar.”
Para o cientista, as negociações e os estudos entram numa nova etapa. “A questão agora é como nós vamos reduzir as emissões de gases de efeito estufa de uma maneira a não prejudicar a economia dos países, de uma maneira que seja internacionalmente justa e que os países paguem de acordo com suas responsabilidades.”
Artaxo atualmente está na Universidade Harvard, nos EUA, trabalhando em cooperação internacional num experimento para medir os efeitos da interação entre as emissões atmosféricas da floresta amazônica e de uma grande cidade — no caso, Manaus –, o GoAmazon.
Confira a seguir a entrevista completa com Paulo Artaxo.
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Salvador, vê se concorda…
Esses últimos tempos tenho achado mais e mais que o assunto aquecimento global é uma grande farsa, explico: não o aquecimento em si, mas o jeito como o discurso é apropriado pelos governos e esses lances de reuniões onde todo mundo quer parecer limpinho e dizer que faz sua parte, e a gente depositando nossas esperanças em políticos e discursos bonitos e se esquecendo de focar mais no indivíduo, livre iniciativa etc. Tá ligado? No fim sempre a boa e velha politicagem, acho que isso que enche o saco da grande maioria das pessoas…
Um exemplo do que pra mim devia ter mais destaque foram as reações de várias empresas dos EUA, achando ruim a decisão do Trump mas mostrando que estão investindo em energia mais limpa. Também dá pra acreditar que o governo chinês também tá preocupado com o clima? Mesmo assim fizeram o teatro…
Acho que deu pra pegar onde quero chegar, não?
Entendo o que você quer dizer, mas acho que você está errado. A Volvo anunciou que só vai fabricar carros híbridos ou elétricos já a partir de 2019.
https://www.theguardian.com/business/2017/jul/05/volvo-cars-electric-hybrid-2019
A Austrália está investindo numa superbateria em parceria com o Elon Musk e a Tesla.
http://mobile.abc.net.au/news/2017-07-07/sa-to-get-worlds-biggest-lithium-ion-battery/8687268?pfmredir=sm
A mesma Tesla está lançando seu Model 3 — um cobiçado modelo “popular” de carro elétrico — no mercado mundial neste mês.
A China já estabilizou suas emissões com carvão, embora ainda tivesse direito a elevá-las um pouco, pelos compromissos assumidos no Acordo de Paris.
E de fato vários estados americanos já têm legislação ambiental que se sobrepõem às políticas federais (lá os estados têm muito mais autonomia do que aqui).
A Alemanha quer banir todos os carros movidos a combustíveis fósseis em 2030.
https://www.dezeen.com/2016/10/10/germany-ban-internal-combustion-engine-2030-bundesrat-support-electric-cars-design-technology/
A França decidiu esses dias que vai mesmo fazer esse banimento completo até 2040.
https://www.theguardian.com/business/2017/jul/06/france-ban-petrol-diesel-cars-2040-emmanuel-macron-volvo
Então, as únicas fraudes aí são o populismo burro do Trump e o oportunismo canalha de alguns pseudocientistas…. 😉
https://www.youtube.com/watch?v=qh_DqCLE63w
Salvador, veja o novíssimo vídeo do Pirula sobre as falácias do Felício!
Eu vi. E depois dizem que eu tenho paciência infinita. Pirula wins. 🙂
ahahhaha… vendo o vídeo inteiro, parece que todos os argumentos do Felício são fruto de um desentendimento pessoal com o corpo docente da USP. Parece que ele foi rebaixado de cargo lá e está acusando todos de perseguição ideológica.
É patético. Um cara com a produção científica dele não devia nem estar na USP, sendo pago com o nosso dinheiro.
“É patético. Um cara com a produção científica dele não devia nem estar na USP, sendo pago com o nosso dinheiro.”
Não seria muito radical?
Não, não seria. Essa coisa de passar num concurso e aí ter emprego garantido pra vida toda, sem entregar desempenho, é um absurdo completo. Tinha de haver metas objetivas, e o contratado teria de entregá-las regularmente, sob pena de ter a posição cassada. É assim com todos os pobres mortais que não arrumam emprego por concurso, por que com alguns deveria ser diferente?! (Ainda se a diferença MELHORASSE a produtividade… mas, como vemos, em muitos casos, gera só acomodação. Inaceitável.)
Ricardo Felício parece a todo vapor, criou até um canal e está postando vídeos no yt…
Bem, o YouTube é muito hospitaleiro para nibirutas…
Pois é. Se está no Youtube, só pode ser verdade. A Terra é plana, ETs existem e nos visitam quase que diariamente e gatos dominarão o mundo.
Salvador, pelo que li por ai, segundo consta que as matérias começam, com a reportagem de que um Avião de uso militar chamado Sophia,(O que não da viagem perdida), para ele ir para o ar,( segundo as matérias) esteja porque algo esta realmente esta acontecendo.
Ele esteve colocado de; sobre vôo para detectar a incidência de raios cósmicos, como também algum tipo de radiação sobre o parque Yellostone; já que o mesmo(super-vulção) tem apresentado incidência de atividade incomum nos últimos anos(meses).
Ai vem as possíveis causas a poster esta “uma” delas a questão da emissão de CO2 na atmosfera(a mais relevante para mim) e a consequência do possível aquecimento global etc.
Reconheço o seu esforço para tentar fazer algum sentido aí, e por isso vou liberar. Embora não tenha entendido muito bem. rs
SOFIA é um observatório/avião da NASA, agência CIVIL. Nada a ver com militares.
https://en.wikipedia.org/wiki/Stratospheric_Observatory_for_Infrared_Astronomy
https://www.nasa.gov/mission_pages/SOFIA/index.html
Seu primeiro voo foi em 2007, há 10 anos. E o objetivo do observatório, conforme segue:
The primary science objectives of SOFIA are to study the composition of planetary atmospheres and surfaces; to investigate the structure, evolution and composition of comets; to determine the physics and chemistry of the interstellar medium; and to explore the formation of stars and other stellar objects.
Não tem ABSOLUTAMENTE nenhuma ligação com o que você afirma – como sempre, sem evidências – acima. Tente de novo. E aproveite pra fazer a maquete e ver como a Lua rotaciona.
Caro Eu, a questão de estar (And)(militar/Nasa) ou (or) esta relevante.
Pelo que consta ele só sobe com permissão dos militares.
A questão a priore esta o comportamento de yellostone , e a causa e efeito.
Se eu citar aqui possíveis hipóteses…..provável block(modinha, pseudo-código etc.. tals)deixa quieto.
Caro Eu, a questão de estar (And)(militar/Nasa) ou (or) esta relevante.
São coisas completamente opostas. Ou é civil ou militar. Não dá pra ser ambos.
Pelo que consta ele só sobe com permissão dos militares.
Constou errado.
A questão a priore esta o comportamento de yellostone , e a causa e efeito.
Cara, pare de ver sites conspiracionistas. Tá fazendo MAIS mal pro seu cérebro.
https://pt.flightaware.com/live/flight/N747NA
Nas últimas semanas o SOFIA não chegou NEM PERTO do Yellowstone. Estava entre Honolulu e Nova Zelândia! Não acredite em tudo que vê no Youtube.
Se eu citar aqui possíveis hipóteses…..provável block(modinha, pseudo-código etc.. tals)deixa quieto.
Você pode citar o que quiser, só quero que me mostre o rastreamento do SOFIA e as datas que ele sobrevoou o vulcão. Evidências.
esta ai!
https://pt.flightaware.com/live/flight/NASA747/history/20170610/0245Z/KPMD/KPMD
Cara, o avião passou BEM LONGE da cratera nesse dia 10 (o “vulcão” é onde está o pin):
http://i.imgur.com/dRGbsAm.png
O parque de Yellowstone fica em UM PEDAÇO dessa área verde, como dá pra ver abaixo:
https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/1c/68/85/1c6885cef806d51b63e549b6d65977d6–yellowstone-camping-yellowstone-national-park.jpg
Então o SOFIA passou longe também do PARQUE!
http://i.imgur.com/YX9UOA9.png
Sem falar que foram quase 400 terremotos no último ano:
http://earthquaketrack.com/r/yellowstone-nat-park-wyoming/recent
6 earthquakes in the past 24 hours
24 earthquakes in the past 7 days
208 earthquakes in the past 30 days
396 earthquakes in the past 365 days
Sendo que nos últimos 7 dias, quando o avião estava já em HONOLULU, foram 25 terremotos. E o SOFIA nem sobrevoou o ESTADO antes, durante ou depois das outras ocorrências.
O epicentro do terremoto de 4.4 pontos foi ao OESTE, MAIS LONGE AINDA de onde o avião passou, e 6 dias DEPOIS:
http://earthquaketrack.com/quakes/2017-06-16-00-48-46-utc-4-4-9
De boa, Gilberto, é forçar MUITO a barra querer associar a passagem do avião nas “proximidades” do parque a um terremoto quase uma semana depois, em uma área onde ocorrem VÁRIOS tremores diários, com uma média de mais de 1 por dia. É querer muito “acreditar”.
Caro Eu to tomando block não da para dialogar, morre o assunto .
a questão vai alem do imaginável ,só não vê quem não quer(paradigmas).
Salvador, é verdade que os oceanos e correntes de ar dos dois hemisférios não se bicam, tornando verdadeira a hipótese de se houvesse uma guerra nuclear no Norte, o clima do Sul estaria livre?
Não saberia te responder. Tem as células de Hadley que parecem operar separadamente nos dois hemisférios, e as correntes marítimas também parecem ter essa separação, mas não sei se a ponto de blindar completamente um hemisfério do que acontece no outro. Sobretudo porque é improvável que nada aconteça na região equatorial, que pode espalhar para os dois lados.
Pelos poucos comentários em relação aos posts de astronomia eu acho que o pessoal tem tanta aversão ao assunto quanto à política.
Eu às vezes acho chato esse nós vs eles que sempre vem embutido.
Fazer o quê?
Salvador, a questão é dinheiro. Todos nós usamos carro, avião etc, tudo isso movido a combustível fóssil. Quem vai mudar para um carro elétrico pagando o dobro, o triplo? Quem vai colocar painel solar e aerogerador caseiro se é tudo muito caro?
“No futuro” as pessoas vão mudar, ok. Mas quando é esse futuro? Será que isso vai acontecer ANTES de o petróleo acabar? Sou pessimista quanto a isso. Abraço, excelente entrevista. Estou adorando o CONEXÃO SIDERAL.
Tive o prazer de ter aulas com o professor Artaxo no Instituto de Física da USP, bons tempos!
Ele é um cara sensacional, além de grande cientista!
Pode até ser bom físico, mas ultimamente colocou a ideologia acima da política. Já desconfio logo de cara quando leio “professor da USP”.
Então, após uma rápida pesquisa descubro que ele foi contra a PEC 241 com argumentos mentirosos de que acabaria com a ciência no Brasil.
Depois, fez um protesto besta de adolescente, alterando a foto do Lattes contra a junção dos ministérios. Que vergonha para alguém já grandinho, com mais de 60 anos.
Assim tive a certeza que ele não pensa mais em promover a ciência, e sim a sua fé político-religiosa e seus companheiros do partido de coração.
Não vejo problema nenhum em ter opiniões políticas, o que não tem nada a ver com produção científica.
E outra: nenhum absurdo nas posições que você descreveu. A fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação com o de Comunicações foi uma aberração, e a restruturação interna então, nem se fale — o CNPq foi agrupado junto com o departamento de Correio. 😛
Já a PEC 241 era um mal necessário, dado o gasto absurdo do governo nos últimos anos sem receita compatível com ele, mas podia ter feito algumas exceções estratégicas, como Educação e Ciência. Então, nada de errado. Realmente, congelar o gasto de ciência no nível atual representa o virtual fim da ciência brasileira, exceto talvez para o estado de São Paulo, que tem força própria com a FAPESP.
Enfim, você pode discordar do Artaxo e de mim. Diversidade de opiniões é uma coisa boa. Mas, contra fatos, não há argumentos. A mudança climática é um fato. Já subiu 1 grau enquanto gastamos 40 anos debatendo “incertezas”. 😉
Salvador,
sem entrar no merito do aquecimento em si. Nao acho que as causas, o ritmo e a magnitude do aquecimento sao fatos comprovados e sem margem de duvida. Isso nao eh igual a afirmar, a Terra eh redonda.
Se tudo que se estuda na astronomia, por exemplo, gera teorias e mais perguntas e assim caminha a ciencia, como vc sempre diz, acho curioso que esse assunto tenha sido “decidido” sem sombra de duvida e quem diz algo contra eh negacionista.
Eu nao sei sem sombra de duvida que a contribuicao humana eh tao relevante assim pro aquecimento. Acho que causas naturais tem muito mais poder pra mudar pra um lado ou outro. O que causou as mudancas nos ultimos 5 mil anos? As mini eras do gelo da idade media e o calor na epoca do Imperio Romano? Por que Greenland tem esse nome?
Por ultimo, vc como um homem da ciencia sabe que correlacao nao eh a mesma coisa que causa e efeito. Ja vi graficos de temperatura e concentracao de CO2 com boa correlacao mas com a temperatura subindo ANTES.
PS: Sou a favor de respirar ar limpo e viver num ambiente tambem limpo, mas enquanto o mundo precisa de energia barata e abundante, nao da pra confiar apenas em energia limpa ainda.
100% de certeza não existe em ciência. Vamos ter de viver com 97, 98, 99%. Nas ciências mais rigorosas, podemos chegar a 99,999%. Nunca a 100%. Então, se você está esperando 100%, esqueça.
Você também está certo em dizer que correlação não equivale a causação. Mas você falha em reconhecer que essa correlação é apenas UMA das múltiplas evidências do aquecimento global. Temos, entre outras, os estudos de laboratório que demonstram o poder do CO2 como gás causador de efeito estufa (e isso é objetivo, prático, evidente), conhecemos outras possíveis influências no clima da Terra (fluxo solar, vulcanismo, nível de aerossóis na atmosfera) e nenhuma dessas causas correlaciona com a escalada de temperatura, e temos os modelos climáticos que — a partir de leis físicas conhecidas e testadas — simula o ambiente da Terra e REPRODUZ FIELMENTE o que estamos observando com termômetros e estações de medição! Os modelos são imperfeitos, o que te tira dos 100%, mas ainda te deixa com 97, 98, 99%, e sem nenhuma hipótese ALTERNATIVA. Se alguém construísse um modelo climático que mostrasse a subida de temperatura observada sem depender do CO2, teríamos algo com que trabalhar em termos de hipótese alternativa. Não temos. Ninguém jamais conseguiu fazer isso, a despeito de décadas de investimento em contra-informação feito pela indústria do petróleo.
Por fim, vou te dar um exemplo que mostra o absurdo do negacionismo. Os cientistas, num consenso de 97%, dizem que o aquecimento global é real, é antropogênico e é perigoso, mas pode ser combatido com a redução de emissões de carbono na atmosfera. Você aponta incertezas e decide que é honesto não fazer nada.
Agora você vai ao médico e ele diz que você tem uma chance de 40% de ter uma infecção rara que vai te matar. Não é 97%, não é 80%, não é 60%. É 40%. E ele fala: olha, tem esse remédio aqui, é meio caro e tal, mas pode resolver o problema. Não há mal adicional em você tomá-lo, exceto o custo. Você raspa o cofrinho e compra o remédio ou prefere ficar com as incertezas do bom doutor? 😛
Começando pelo final, vou comprar o remédio se tiver dinheiro, não vou roubar um banco nem assaltar na rua se não tiver…
Mas qual a explicação para as grandes mudanças de temeperatura em épocas passadas sem intervenção humana.
Já li também que pela análise do gelo de Vostok a temperatura subiu antes e depois a concentração de co2.
E se o co2 nos níveis atuais representa 0.04% da atmosfera, isso seria suficiente para o efeito?
Vapor de água não tem efeito mais poderoso?
Se a terra vai ter um destino igual de Vênus em alguns bilhões de anos quando toda água evaporar isso não poderia ser beeeem antecipado porque os humanos teimam em querer ter energia?
Novamente, não nego nem uma teoria nem outra, só que pela histeria sou obrigado a desconfiar.
Grande abraço.
Acabei ficando sem resposta aqui por causa dos comentários abaixo…
Desculpe pela demora em responder.
Veja: as explicações para as grandes mudanças de temperatura em épocas passadas, sem intervenção humana, dependem muito do caso a caso e das informações levantadas pelos cientistas. Sabemos, por exemplo, que para uma mudança radical de temperatura — muito rápida, como a que estamos experimentando agora — é preciso um evento cataclísmico. No impacto do asteroide que matou os dinossauros, a poeira levantada foi tanta que a luz do Sol foi bloqueada, e a Terra mergulhou quase instantaneamente numa versão tamanho família de um “inverno nuclear”. Não por acaso tivemos extinção em massa; muito difícil se adaptar numa mudança tão súbita.
Da mesma maneira, há outros eventos naturais que podem mudar muito a temperatura. Uma fase de supervulcanismo, por exemplo, pode levar ao esfriamento da Terra no curto prazo pela emissão de aerossóis na atmosfera, e a um esquentamento no longo prazo pelo excesso de CO2 que ele despeja na atmosfera.
Isso fora os ciclos glaciais mencionados pelo professor Artaxo, o padrão de precessão dos equinócios e a variação da atividade solar. São muitas variáveis, certamente algumas delas desconhecidas por nós até hoje.
O ponto principal é: sem um evento cataclísmico, as mudanças de temperatura são bem graduais. Não por acaso, temos apenas cinco grandes extinções em massa — a de agora é a sexta. Não é frequente que fenômenos naturais causem mudanças maiores que a capacidade de adaptação da maior parte da biosfera no curto prazo.
Não temos nenhum cataclismo natural no momento. Não há supervulcanismo, não tivemos asteroide, não tivemos uma guerra nuclear, que seria um cataclismo artificial. Os cientistas checam todos esses parâmetros capazes de alterar o clima e só encontram uma correlação — o aumento de CO2 atmosférico. Que não foi pouco — é o mais alto dos últimos 400 mil anos, pelo menos, por uma longa margem, e com uma escalada extremamente rápida em termos geológicos. (Na época dos dinos havia mais CO2 na atmosfera, OK, mas o aumento foi gradual, não tudo de uma vez.)
Em essência, o que estamos fazendo é pegando o carbono que a natureza levou milhões de anos para enterrar e despejando-o todo na atmosfera de uma só vez. Seria ingênuo achar que não teria um efeito significativo.
Ademais, estudos de laboratório demonstram o poder de estufa do CO2, e os modelos climáticos, que incluem todas as variáveis conhecidas, foram capazes de prever o trend de aumento dos últimos 40 anos com precisão impressionante. Não vi nenhum modelo de variabilidade climática que fosse capaz de explicar os últimos 40 anos de aumento de temperatura.
Desde que começamos a medir a temperatura da Terra, em 1880, dos 17 anos mais quentes registrados, 16 estão no século 21 — de 2001 para cá. Chamar isso de variabilidade natural é insultar a inteligência do ser humano de enxergar causas e efeitos.
Sobre caminharmos na direção de Vênus de maneira antecipada, os modelos sugerem que não, que isso não vai acontecer. Mas aí é o tal negócio: pau que bate em Chico bate em Francisco. Os negacionistas adoram apontar as “incertezas” dos modelos climáticos. Mas elas cortam para os dois lados. Podem até superestimar os efeitos como subestimá-los. Então, vai saber. De toda forma, a opinião geral é que não, não vamos virar Vênus por conta da mudança climática antropogênica. Mas vamos causar um tremendo baque na economia, provocar extinção em massa, acabar com as cidades costeiras e matar milhões de pessoas. Isso se não fizermos nada. Mas não acredito que possamos continuar com a inação por muito mais tempo. Já há pressões de mercado para uma mudança. Confio na humanidade. A despeito de todo o desgaste que tive nos últimos dias por conta deste post. 😛
Obrigado pela resposta.
No final das contas, depois de tanta discussao, o que acho eh o seguinte.
O mundo tem esquentado um pouco nas ultimas decadas. Existem N fatores contribuindo para isso e o principal nao eh atividade humana. Acho que ha exagero, proposital e nao proposital, nos dados passados e nas previsoes para o futuro. Acredito que no curso de 40 a 60 anos, que eh ate onde a maioria das previsoes vao a humanidade vai ter tempo de se adaptar e de utilizar novas tecnologias para geracao de energia. Acho que muito mais gente iria sofrer hoje se houvesse uma reducao brusca e imposta na utilizacao dos combustiveis fosseis. Ainda nao eh economicamente viavel, com a tecnologia e custos atuais, subsitituir a matriz. Ainda nao vi explicacao para o CO2 com concentracao infima na atmosfera ser o grande vilao do aquecimento. Acredito que algum evento natural qualquer pode tornar qualquer esforco totalmente irrelevante.
Como voce usou a analogia do medico, voto a ela. E se o tratamento for extremamente caro e a chance de salvar a sua vida for de apenas 1%? O mundo vai sobreviver, no matter what.
O principal — talvez exclusivo — é a atividade humana. Isso é um consenso científico, baseado em múltiplas linhas de evidência. Questionar isso é quase tão bizarro quanto dizer “objetos caem, existem N fatores para isso, e o principal não é a gravidade”. 😛
Salva,
O Rony peca pela essência, mas o seu exemplo (“objetos caem, existem N fatores para isso, e o principal não é a gravidade”) é muito radical.
Por isso eu disse *quase tão bizarro*. Sei que é um exagero. Mas não tão grande.
Não há pesquisa crível que sugira alternativa à ação antropogênica sobre o clima. Tudo que os negacionistas conseguem dizer é “variabilidade natural”, ou seja, “não há causa para a mudança climática”. Então, veja, nem mesmo os negacionistas oferecem uma sugestão “há mudança climática, existem fatores que a explicam, mas o ser humano não é o maior deles”.
Não sei qual é a dificuldade das pessoas de acreditar que o ser humano se tornou uma poderosa força da natureza. Alteramos drasticamente o uso do solo e os ecossistemas no planeta inteiro. Extinguimos — voluntária e involuntariamente — milhares de espécies. Estamos alterando radicalmente — e rápido — a composição da atmosfera (maior quantidade de CO2 nos últimos 400 mil anos, disparado). Por que é tão absurdo achar que despejar de uma vez na atmosfera o carbono que a natureza levou milhões de anos para enterrar vá causar uma mudança no clima, sabendo que ele é largamente pautado pela composição da atmosfera??
Salva… Você está quase 100% certo, mas usando também de um argumento *quase tão bizarro*, que você já usou por aqui, “Se fosse possível voltar no tempo e impedir a colisão que extinguiu os dinossauros, você o faria?”
A questão que se coloca é a seguinte: As mudanças ocorridas no nosso planeta, sendo cataclísmicas ou não, quase sempre determinaram adaptação e evolução para melhor da vida biológica, quem somos nós para hoje com ABSOLUTO RADICALISMO, tentar antever qual será o melhor futuro para a Terra e seus habitantes a longuíssimo prazo? VEJA… NÃO SOU NEGACIONISTA E NEM CONTRA AS POLÍTICAS DE REDUÇÃO DOS GAZES DE EFEITO ESTUFA, apesar de não ter convicção se é esta uma atitude benéfica para nossa evolução, segundo as leis do mecanismo de seleção natural.
“Não será o efeito estufa o melhor limitador do crescimento da principal erva daninha que destrói o planeta???”
Independente desta divagação filosófica, acho que devemos ponderar com muito cuidado a relação custo benefício de nossas ações, principalmente considerando que teremos tecnologia barata, em futuro próximo, para corrigir certos descaminhos causados por nós mesmos, e veja um exemplo claro: “Israel já possui tecnologia para obtenção de água potável a partir da água do mar, por um custo já não tão proibitivo, o que joga por terra o pânico quanto ao possível esgotamento de nossas reservas naturais.
Agora você vai ao médico e ele diz que você tem uma chance de 40% de ter uma infecção rara que vai te matar. Não é 97%, não é 80%, não é 60%. É 40%. E ele fala: olha, tem esse remédio aqui, é meio caro e tal, mas pode resolver o problema. Não há mal adicional em você tomá-lo, exceto o custo. Você raspa o cofrinho e compra o remédio ou prefere ficar com as incertezas do bom doutor?
Este é um bom raciocínio, que pode ser usado para explicar o que é o Princípio da Precaução, em Direito Ambiental.
Eu sou cético, mas não negacionista, em relação aos alardeados efeitos do aquecimento global. O aquecimento, é claro, pode ser objetivamente constatado. A ação do homem como causa é que tem sido negada, sem muito sucesso. Mas me incomoda a abordagem midiática – que nem sempre vem dos cientistas, certamente nunca dos cientistas sérios – que aponta, por exemplo, que um dado arquipélago oceânico está sumindo “por causa do aquecimento global” (vide Globo Repórter de hoje), sem que seja possível determinar essa relação direta de causalidade para aquele específico local.
Nossa, incrível como a minha admiração de uns cinco anos pelo seu trabalho se evaporou em um único artigo desastroso. Sério, que decepção. A ciência demorou tanto tempo para se livrar da religião mas agora se vê tomada por uma ideologia política tão fanática quanto. E o pior é ver tanto disparate sair de um pretenso divulgador de ciência, fazendo afirmações com tamanha convicção, citando amplo consenso mundial, e que esses chamados “negacionistas” não podem nem contestar. Ah esses retrógrados!!! E esse exemplo do médico e remédio aí? Que vexame. Comparou o tal consenso de 97% de cientistas que o aquecimento é “perigoso” (mas não disse qual o percentual de dano disso) com 40% de chance de uma infecção rara matar!!! (Perigoso = matar?) Quanta desonestidade intelectual.
Engraçado é que, por exemplo, quando cientistas tentam estudar alternativas ao consenso que é a Teoria do Big Bang, eles não são perseguidos e taxados de negacionistas. Por quê? Porque não tem como encaixar a ideologia anticapitalista contra esses estudos alternativos. Agora, contra o aquecimento, ah sim, é possível falar que a malvadona da indústria do petróleo quer explorar tudo sem nenhum benefício oferecido.
Comentei hoje cedo mas só fui ver o vídeo agora, confesso que a minha impressão só piorou. Entrevista cheia de certezas, baseadas em achismos. Não teve nenhum número citado, gráfico, fonte de estudos, nada. Só o tal do amplo consenso que virou quase um deus. Há consenso que mudanças climáticas ocorrem? Lógico que sim, a história da Terra foi assim. Que essas mudanças do último século são antropogênicas? É, pode haver alguma relação mas o sistema climático é tão complexo que não temos como cravar. Mas a cereja do bolo da desfaçatez é afirmar (com amplo consenso) que essa mudança climática possivelmente causada pelo homem é catastrófica. Aí vocês alarmistas se superaram, abandonando a prudência do método científico e declarando uma verdade absoluta do universo. Seria a Primeira Lei do Salvador?
No vídeo o próprio professor Artaxo afirma: “sabemos muito pouco ainda sobre o clima terrestre”. Mas já tem certeza que o aquecimento é antropogênico e catastrófico? Isso não é ciência, é chute! Você mesmo cita no comentário que há outras possíveis fontes como variação solar e vulcanismo. E cito outros fatores ainda pouco conhecidos como influência de correntes marítimas, dinâmica de ventos, magnetosfera. Não conseguir com certeza se amanhã vai chover mas já se sabe que nós vamos assar de calor em 2100? Que ridículo.
Mas o final do vídeo foi, definitivamente, o seu como palpiteiro. Vamos lá destrinchar:
– “medição da temperatura média da Terra desde 1880 subiu 1°C” – Eu pergunto: quantos milhões de termômetros foram espalhados pelo globo para medir essa temperatura média em 1880? Em quais locais? Tinha lá no meio da Antártida também? Qual a incerteza nessas medições? É pelo menos +-0,1°C?
– “o que temos a perder trocando petróleo por energia limpa?” – Respondo: serve pessoas morrendo de frio e fome pois sem energia concentrada, barata e escalável você acha que as pessoas mais pobres viveriam como? De vento? Sem falar que você não teria mais essas naves de plástico Star Wars na prateleira, hein.
– “carros elétricos não emitem poluição?” – Respondo: hoje? ou no seu mundo hipotético maravilhoso sem petróleo? Porque hoje essa eletricidade é gerada poluindo, sim, por hidrelétricas, por exemplo.
– “petróleo é não-renovável” – Respondo: sim, mas as reservas provadas descobertas nessas últimas décadas aumentaram, veja o shale gas/tight oil, pré-sal. Cada vez se vai mais fundo/distante para encontrar combustíveis fósseis. Aumentando o custo de extração, obviamente.
– “somente trocaria os empregos das minas de carvão para as usinas eólicas e solares” – Respondo: que pérola!!! o mesmo dinheiro investido em ambos os processos geraria o mesmo número de empregos? sério que você acha isso?
– “relação ganha/ganha se livrar do petróleo” – Respondo: frio, fome, pobreza, falta de água tratada, você acha isso ganha-ganha? Você não deve ligar muito para as pessoas de hoje né?
Por fim, apreciava muito sua divulgação de notícias sobre Júpiter, a New Horizons, as missões Marte, mas a partir de agora tudo que eu ler de você eu vou desconfiar se a notícia é verdadeira, ou virou fake news depois de passar pelo seu viés ideológico. Paro de seguir seu trabalho. Não vou fazer escândalo, boicote, nem nada. Honestamente esse papo era direto com você que, na minha opinião, traiu a Ciência e não serve mais como divulgador científico respeitável.
Nossa, fiquei super chateado agora de descobrir que você só gosta de ciência quando a ciência está de acordo com o que você pensa.
Dica: não é assim que o Universo funciona. 😉
Por isso que ele tem sido citado como “Salvador o Ditador” que na verdade até rima. Agora você acaba de confirmar tudo Deivid.
Ô.
Deivid,
Infelizmente a discussão do aquecimento virou uma questão de interesses econômicos e políticos. Agora esta sua atitude “raivosa” demonstra bem como o assunto é tratado, dividindo as opiniões entre contra e a favor e de forma semelhante a uma briga entre torcidas de futebol, onde os argumentos muitas vezes são frágeis. Certamente não é fácil criar um modelo global que aponte a causa antropogênica do aquecimento. Mas o modelo atual é bom o suficiente para apontar o homem como grande influenciador do processo. E isto não é exclusivamente em função do consumo de combustíveis fosseis, mas começou lá trás, há muitos séculos, quando os Chineses começaram a alterar o ambiente com o início do que seria uma agricultura extensiva, substituindo florestas por campos cultivados ou de pecuária.
A Terra, nos últimos 200 mil anos, atingiu um equilíbrio climático excepcional, o que permitiu a evolução humana de uma forma mais tranquila, sem enfrentar grandes mudanças climáticas. Nós humanos não dispomos de energia suficiente para alterar propositalmente o clima na Terra. Nossas atividades utilizam uma energia total da ordem de menos de 1% de toda energia envolvida nos processos naturais da Terra. Porém, nossas atividades tem um efeito cumulativo sobre o meio ambiente. Uma formiga não consegue destruir uma montanha, mas dê tempo suficiente a ela, e ai já se torna possível esta destruição. Pelas vias naturais, a Terra já se estabilizou climaticamente, de forma que o equilíbrio pode durar alguns milhares de anos. Mas se nós continuarmos a forçar este equilíbrio com este efeito cumulativo, uma hora o complexo sistema climático da Terra vai definitivamente buscar um novo ponto de equilíbrio, o que pode não ser nada interessante para nós.
Paulo,
Mas pode também ser muito interessante evolutivamente!
Muito bom artigo. E ele sabiamente lembrou de citar o ciclo de Melankovich Acontece que a Terra não é perfeitamente esférica, mas sim achatada nos polos e bojuda no equador. Seu diâmetro equatorial é cerca de 40 km maior do que o diâmetro polar. Jean Richer (1630-1696) foi o primeiro a estabelecer esta diferença, notando que um pêndulo tinha período diferente em Cayenne (5° N) na Guiana Francesa do que o de Paris, em 1672. Além disso, o plano do equador terrestre e, portanto, o plano do bojo equatorial, está inclinado 23° 26′ 21,418″ em relação ao plano da eclíptica, que por sua vez está inclinado 5° 8′ em relação ao plano da órbita da Lua. Por causa disso a Terra tem pequenas variações orbitais contada por milhões de anos que ora ela está mais quente e hora está mais fria. Milankovich descreveu o ciclo porem sem citar o que acontece no começo, meio e fim pois seria praticamente impossível. Por exemplo, se o aquecimento é rápido no início e depois vai esfriando paulatinamente. Também não há uma estimativa segura da variação de temperatura, só do tempo que dura. Concluindo, o aquecimento global é só mais uma mera hipótese de aquecimento e não devemos fazer em culto em torno delas sim avaliar com cuidado as diferentes possibilidades pois como o Trump bem disse, esse pessoal é financiado pela indústria de energia alternativa para divulgar a causa, e transformar seus negócios em dividendos polpudos.
Nós sabemos por simulações exatamente como se dão os ciclos de Milankovich. Agora, aposto e ganho que Trump nem nunca ouviu falar em Milankovich. 😉
Arkan 4,
O gráfico de temperatura da Terra certamente é fortemente influenciado por questões naturais, como este ciclo citado por você e muitos outros. Mas estes ciclos naturais, nos últimos séculos, não têm afetado o clima de forma catastróficas. A ação humana não vai mudar esta base natural do clima mas vai influenciar picos e vales do ciclo natural. Se naturalmente a Terra já se encontrar numa tendência de aquecimento, nós estamos tornando este aquecimento mais grave e com sérias consequências para as atividades humanas, isto numa visão muito curta de apenas algumas décadas.
Esse extremismo ambiental é uma das grandes farsas perpetradas pela mídia vendida aos interesses corporativos. Está absolutamente claro que se trata de uma grande armação que visa derrubar o avanço industrial dos países em desenvolvimento, como o Brasil. Felizmente, os EUA, agora governado por um presidente de verdade, deram o exemplo e rasgaram o patético “acordo de Paris”. É só o começo de uma grande reviravolta que vai restaurar a verdade dos fatos.
Nossa, que depressão terrível que está me dando essa cegueira ideológica.
A MUDANÇA CLIMÁTICA É UM FATO CIENTÍFICO ESTABELECIDO. TONELADAS DE ESTUDOS, DE DIVERSOS PAÍSES, DO BRASIL AOS EUA, DA EUROPA À CHINA.
Acho estranha a sua argumentação, Carlos. O curioso é que existe um grupo autointitulado “tradutores de direita” que divulga vídeos negando que o aquecimento global seja causado pelo homem. Ora, seu argumento é de esquerda (os países ricos, blá-blá-blá, procurando prejudicar os países pobres).
A questão da causa do aquecimento global (não do aquecimento em si, que é fato comprovado) ser humana ou não também não é uma questão ideológica, esquerda x direita, mas científica, e os 25 mil cientistas que fazem parte do IPCC concluíram em 2013 que ele é de causa humana com 95% de certeza.
Como diz o Salvador, não tem sentido ficar parado enquanto se discute se os 5% de incerteza é o que está correto, enquanto o aquecimento global piora a cada ano.
O Brasil está longe de ser um país “pobre”. O fato é que a existência políticas predatórias vindas dos países mais desenvolvidos são fato consumado. Temos inúmeras brigas na OMC que não me deixam mentir.
O Brasil é um país pobre. Divida o PIB pelo número de habitantes e veja quanto dinheiro dá para cada um. O potencial do Brasil é enorme. Mas somos atrasados por políticas canalhas especialmente desenhadas para manter o abismo de desigualdade que existe aqui. A nossa carga tributária tem nível similar ao de países justos, mas a distribuição dos impostos aqui é bizarra: recai proporcionalmente mais sobre quem é mais pobre. Isso inibe o consumo, destrói o mercado interno e sabota a nossa indústria.
Você confunde pobreza com desigualdade. O PIB per capita apenas revela o imenso abismo entre as classe sociais do Brasil, ele não é um atestado de pobreza. Existem locais no Brasil que são mais ricos que muitas cidades da Europa e existem locais mais pobres do que muitas regiões da África. Quando digo que “o Brasil está longe de ser um país pobre”, estou olhando exatamente o potencial brasileiro. País pobre é aquele que não tem nenhum potencial, não tem recursos naturais e humanos. A desigualdade é fruto de má administração e de corrupção.
Ele é um atestado de pobreza na medida em que, se acabarmos com as desigualdades, dividindo igualmente toda a riqueza do país entre seus cidadãos, todo mundo fica pobre.
Por favor, cite um país desenvolvido no qual a riqueza está IGUALMENTE dividida entre TODOS os seus cidadãos. Você pode conhecer algo de espaço sideral, mas tem muito o que aprender em economia. Passar bem…
Não estou alegando que isso seja ideal, ou mesmo possível. Estou só dizendo que um país que tem uma renda per capita ridícula não pode ser considerado rico. Experimente fazer a mesma conta para qualquer país desenvolvido. Você, como leitor, parece não entender muito bem o que a gente escreve. Passar bem. 😉
Radoico,
O interessante é que as pessoas tomam partido de um lado ou de outro sem se aprofundar no assunto. Há algum tempo eu li as teses dos negacionistas brasileiros, incluindo o grupo da USP e do professor Molion. Primeiro na USP as teses são do mesmo grupo e inclusive uma delas é de uma pesquisadora que praticamente repetiu a tese do orientador. A base da contestação é sempre a mesma. Não há fato novo nem sequer um experimento próprio original que balize a tese negacionista. Via de regra estes negacionistas tentam desqualificar os dados atuais, indicando que diversos termômetros estavam inativos ou com defeito e que muitos foram instalados perto de cidades, o que naturalmente aumenta a temperatura média. Fora basear-se em outras teorias que, no mínimo, foram muito menos testadas, como a influência das nuvens sobre a temperatura média. O fato que um negacionista usa a argumentação de outro mas não traz fato novo mas apenas a opinião própria.
Nós temos visto no Brasil este uso de uma suposta “reputação científica” para benefício próprio, muitas vezes remando contra a maré para causar o máximo de visibilidade midiática. Não só na questão climática, mas por exemplo na apresentação de laudos “científicos” em questões populares como as relacionadas à corrupção no Brasil. Adaptando uma expressão atual, o que este pessoal faz é estelionato científico.
Hmm… melhor acreditar numa conspiração global, não é? Mais emocionante. Um ingrediente a mais no nosso cotidiano patético e insignificante. Temos que lutar contra a ameaça global das megacorporações.
PS: seu raciocínio é bem afiado, hein? Agora o Trump defende o avanço industrial dos países em desenvolvimento?
Não mané! O Trump apenas ignora o que se passa em países como o Brasil, que provavelmente levará uns 100 anos para ter um parque industrial parecido com o dos EUA.
Putz, acho que comentei no tópico anterior, em resposta ao leitor marcos villa, tudo pertinente a esse tópico antes de ter visto esse vídeo, portanto só um comentário: D.Trump… mas …não votaram no cara…????
O Colégio Eleitoral votou no Trump. No voto popular, a Hillary ganhou, por uma gorda margem de milhões de votos.
Por que o Luiz Carlos Molion ainda bate nessa tecla?
O Molion bate nessa tecla porque é meteorologista, e meteorologista trabalha com variação, não com tendência. Além de ele não ter absorvido os métodos dos climatologistas, é um pesquisador das antigas (já aposentado inclusive, embora siga na ativa na UFAL), provavelmente com vícios do que estudou e aprendeu 30, 40 anos atrás. Sua produção científica reflete seu baixo relevo — poucos trabalhos, praticamente nenhum em periódico de alto impacto, e o mais saboroso: diz trabalhar ainda capta recursos para pesquisas alegando trabalhar com “mudanças climáticas”. Que maravilhosa contradição, um pesquisador que diz trabalhar, entre suas linhas de pesquisa, com “mudanças climáticas” — naturalmente para angariar recursos, já que esse é um tema importante de ciência — e ao mesmo tempo alega que não há “mudanças”, há apenas “variabilidade”, sem conexão nenhuma com o aumento de CO2 na atmosfera. Parece piada, né? Mas, em defesa dele, seu currículo Lattes (http://lattes.cnpq.br/5110326514774369) é melhor que o do Felício. Não é bom (nos últimos 10 anos, apenas cinco artigos em periódicos internacionais, todos de baixa relevância e nenhum deles sobre mudança climática propriamente dita), mas é menos ruim que o do estimado colega negacionista.
Eu acho que além disto ele rema contra a maré porque assim se mantém na mídia. Se defender o aquecimento será apenas mais um em milhares.
Muito bacana a entrevista. Pena que a opinião pública tupiniquim fique dando bola para pesquisadores do naipe do Felício. Por pura curiosidade, pesquisei as publicações dele sobre o tema. Fiquei estarrecido com o nível dos artigos. A maioria foi publicada em um periódico chamado “Fórum Ambiental da Alta Paulista” (nível Qualis B5!!! – irrelevante). Vejam algumas amostras:
“AQUECENDO A TERRA EM SETE LINHAS: A GRITANTE REORIENTAÇÃO DA SOCIEDADE IMPOSTA POR RESULTADOS DE MODELAGEM EM COMPUTADORES”
http://amigosdanatureza.org.br/publicacoes/index.php/forum_ambiental/article/viewFile/193/192
JUSTIFICANDO O FALSO “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”: A TEORIA DA TRÍADE
http://www.amigosdanatureza.org.br/publicacoes/index.php/forum_ambiental/article/view/44/47
Com todo respeito aos pesquisadores nacionais, dá pena um periódico desse tipo existir. Um que aceite esse tipo de pesquisa, de metodologia. Pior, as pessoas que levam a sério as opiniões desse cara.
Exato! O currículo dele fala por si mesmo. E é surreal que deem atenção a ele na mídia. É o analfabetismo científico funcionando a favor dos pseudocientistas.
Colocou pseudo na frente de qualquer palavra perdeu meu respeito. Nota 10 pra você quando trata de assuntos siderais de forma puramente científica. Agora quando você começa a misturar assuntos científicos terrenos com política… Aiaiai… Perde a razão e vira religião com esse alarmismo catastrófico. Sem falar da tal “Marcha pela Ciência”? Por acaso a ciência precisa ser salva pelos “bonzinhos” de alma pura? Discurso parecido ao dos esquerdistas “país dos pobres”. Por que será???
Isso não é política. Mudança climática é ciência. Você não recebeu o memorando?
Salvador, o Felício só não publica mais por conta da grande conspiração que existe entre os grandes periódicos científicos contra quem refuta o establishment.
E o IPCC, na verdade, é só mais uma marionete em prol dos donos do poder.
É isso. Touchè!
“Os pareceristas das revistas científicas também não costumam dar espaço para os céticos. “Eles são todos parte de um mesmo grupo. Nós acabamos tendo de publicar em revistas menores”, diz Felício, que tem apenas três artigos originais em periódicos.”
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/42540-cetico-fica-sem-clima-para-financiamento.shtml
Mentira. Mentira pura.
Veja este estudo, que justamente contabiliza o nível de consenso sobre o aquecimento global antropogênico: http://iopscience.iop.org/article/10.1088/1748-9326/11/4/048002
Ele indica que o nível de consenso, medido em quantidade de papers e de pesquisadores, é de 97%. Isto significa que o estudo encontrou 3% de artigos que discordam do consenso! Então é mentira que o sistema de publicação impede a divulgação de resultados dissonantes. Se a pesquisa obedecer ao método científico e não tiver falhas metodológicas, ela é publicada, independentemente das conclusões a que chega.
Quanto ao Felício, veja que patético. Não é que ele não consegue publicar artigos científicos sobre mudança climática em periódicos de renome internacional. Ele não consegue publicar NADA em qualquer periódico de renome, sobre QUALQUER ASSUNTO. É um pesquisador invisível, em todas as áreas, INCLUSIVE nas reais especialidades dele, geografia e meteorologia. O último artigo científico publicado dele saiu em 2015, e você não vai gostar de saber qual foi. Veja:
NEVES, G. Z. F. ; FELICIO, R. A. ; MACEDO, S. S. . Variação da Temperatura de Superfície na Cota do Pedestre na Avenida XV de Novembro – São Carlos-SP, Brasil. REVISTA DE MORFOLOGIA URBANA, v. 3, p. 31-40, 2015.
Isto como segundo autor, num periódico brasileiro de baixo impacto. Sabe quantos papers ele publicou na carreira inteira em journals internacionais respeitados? Zero. ZERO. Enquanto isso, o Paulo Artaxo, só em 2017 (seis meses, portanto), publicou 16 artigos em periódicos internacionais importantes, como “Nature Communications”.
Como disse no Facebook, tentar colocar lado a lado o Felício e o Artaxo é como lançar a enquete, “Quem foi melhor, Pelé ou Júnior Baiano?”
Falar merda pela imprensa é fácil e dá notoriedade para picaretas evidentes como o Felício. Fazer ciência de verdade é muito mais difícil. Exige rigor. Felício é um fraude, não a mudança climática. Se duvida, basta analisar o currículo Lattes dele. Boa sorte.
http://lattes.cnpq.br/3573585906523607
Salvador! Vc trucou com Zap e Sete de Copas e ainda pregou na testa. Leva 9 de 12. rsrs
Salvador, assino embaixo. Parabéns pela paciência com o pessoal cego, arrogante e chato que dá por aqui. Parabéns também por desconstruir esses discursos falaciosos. Poderia adentrar nessa temática mais ainda e fazer um “Cinco provas” e botar no UOL 😀 😀 😀 😀
PUTZ, que artigos fracos!!!
Meus relatórios de laboratório são muito mais profundos que eles!! 🙂