Astronomia: Missão, desviar asteroide
Nasa dá sinal verde para desenvolver missão que testará capacidade de desviar asteroide.
NO ATAQUE
A primeira missão destinada a demonstrar a capacidade de desviar o curso de um asteroide ganhou sinal verde da Nasa para entrar na fase de projeto. O alvo é o asteroide duplo Dídimo, descoberto em 1996. O objetivo é atingi-lo em outubro de 2022.
DUPLA DINÂMICA
Composto por dois asteroides, um de 750 metros e outro de 170 metros, o Dídimo é um dos milhares de membros da população de NEOs, sigla inglesa para “objetos próximos à Terra”. Ele completa uma volta ao redor do Sol a cada 770 dias e passa periodicamente perto do nosso planeta, mas não ofecere risco de colisão. A ideia da missão é testar nossa capacidade de desviar um bólido espacial de uma iminente colisão com a Terra, caso tenhamos aviso prévio suficiente.
O MELHOR CANDIDATO
A escolha do Dídimo como alvo para o teste tem duas razões principais. Sua órbita faz com que ele seja facilmente alcançável a partir da Terra — a variação de velocidade exigida para ir da órbita terrestre até ele, num momento apropriado, chega a ser menor do que a requerida para ir até a Lua. Além disso, por ser um astro binário, é muito mais fácil medir modificações na órbita de um de seus membros causadas pelo teste do que se fosse um único asteroide.
UM TIRO NO ESCURO
A espaçonave é chamada de Dart, sigla para Double Asteroid Redirection Test e uma brincadeira com a palavra “dardo”. Seu objetivo é demonstrar a técnica de “impacto cinético” — nome pomposo para “trombada”. Em essência, ela vai colidir com o menor dos membros do asteroide duplo e, com isso, tentar alterar sua órbita. O monitoramento do impacto será feito da Terra, mas também há discussões com a Agência Espacial Europeia para que ela mande uma segunda espaçonave, destinada a acompanhar de perto toda a ação.
HUMANITY WINS
Caso funcione, já teremos aí a primeira arma de defesa planetária contra a ameaça dos asteroides. Não custa lembrar nessa hora a clássica frase do escritor Arthur Clarke: “os dinossauros morreram porque não tinham programa espacial”.
BÔNUS: O CÉU DE JULHO
Confira as principais dicas de observação de fenômenos celestes deste mês, que incluem uma chuva de meteoros tripla, uma conjunção entre a Lua, Mercúrio e a estrela Regulus, e a melhor chance do ano de tentar ver o pequenino Plutão ao telescópio.
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
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Eles já sabem ou preveem alguma coisa que nos não sabemos, sempre estamos os últimos a saber.
Salvador,
Li nos comentários anteriores que a gravidade viaja na velocidade da luz, isto é, não é instantânea. Isso da a ela características de partícula. Como conseguiram provar que ela viaja na velocidade da luz e não é instantânea? Se for na velocidade da luz, algo que tinha massa e desapareceu a bilhões de anos poderia ainda influenciar com sua gravidade, como a matéria escura?
A teoria prediz que ela viaja à velocidade da luz, e isso é consistente com a observação de ondas gravitacionais. Ainda há margem para uma violação da teoria, mas não existe mais a possibilidade de a gravidade ser instantânea.
Caro Salvador,
Esse Dídimo está visualmente situado na região da constelação de Virgem?
Grato
Tava tentando te responder olhando a posição orbital dele aqui, mas o diagrama não está abrindo. Veja se abre aí para você.
https://ssd.jpl.nasa.gov/sbdb.cgi?orb=1;sstr=65803
Aqui abriu. Mas não entendi isso (https://ssd.jpl.nasa.gov/?orbit_viewer_help): “Firefox Browser
As of version 52, Firefox has decided they will no longer support various plugins in the browser, including Java applets. It is recommended to run our orbit applet in other web browsers, such as Internet Explorer or Safari.”
Estou usando o Firefox 52.2 e o java continua funcionando. Talvez tenham adiado por algum tempo.
Aqui também abre a página, só não o gráfico da órbita, que é justamente esse JavaScript…
Abriu o gráfico, talvez porque seja o Firefox ESR.
Opa! Javascript não é o mesmo que Java.
O Firefox continua a suportar o Javascript, um padrão incontestável, mas estão abandonando o suporte de applets Java aos poucos.
Difícil conceituá-los detalhadamente em pouco espaço, mas por enquanto tento isso: O JS é uma linguagem de script, que roda num navegador (embora esteja tentando por as manguinhas de fora!), enquanto o Java pretende ser uma linguagem universal, que poderia ser executada em qualquer plataforma.
Computeiros de plantão… há melhor forma de conceituar em pouco espaço?
Sei lá o que é, sei que não abre aqui nem a pau… rs
Sim, o plugin java. O Firefox ESR vai suportar até o fim desse ano (2017). Depois disso só Deus sabe 🙂
ps- provavelmente por isso que a CEF abandonou o plugin java no final de 2015.
Interessantíssima matéria, competente Salvador… Certamente trata de assunto que, mais dia, menos dia, será crucial para salvar nosso maravilhoso planetinha azul, e daí, é bom que já esteja em discussão definindo alternativas, senão… Aliás, à propósito, será que é de seu conhecimento já existir algum tipo de estudo quanto à possibilidade da ciência e da tecnologia terrestre eventualmente “capturar” alguns asteroides, de diferentes tamanhos e massas, mantendo-os em órbita da Lua ou da Terra(á distâncias e órbitas prudentes e seguras, lógico), onde gradativamente, em suas superfícies, seriam “instalados” sistemas de propulsão suficientes para “direcioná-los” à qualquer direção e velocidade, mantendo-os estocados como “munição” à ser utilizada “se” e quando necessário, usando-os como uma espécie de “ariete” jogando-os contra algum corpo celeste, cujo impacto fosse suficiente para desvia-lo de eventual rota de colisão ao nosso Planeta? Será que essa previdente Missão da Nasa, assunto dessa sua oportuna matéria tem “esse” futuro objetivo??? Ou essa “solução”, à seu juízo, seria inviável??? Saudações.-
Nunca ouvi falar de um projeto assim — estocar asteroides para usá-los num bilhar cósmico. A ideia existe — até a menciono no meu livro “Rumo ao Infinito” –, mas jamais vi alguém sugerindo implementação. O mais fácil para isso, sempre presumi, fosse usar um asteroide próximo do que se quer atingir, mudando pouco sua trajetória para que ele bata no outro. Imagino que não seja prático manter um na órbita lunar para despachar oportunamente para um asteroide malfeitor. Mas não sei, nunca pensei nisso! 😛
Kkkkk vc discute ciência e é dogmático. Quando vc diz q é fato deixa de ser ciência e passa ser religião. N vou perder tempo lendo tudo q vc escreveu p mim
Você está enganado. Não há nada dogmático em dizer que objetos caem sob um campo gravitacional. É factual. Nós SABEMOS que objetos caem sob um campo gravitacional. Não há neoliberalismo que possa mudar isso. 😛
N vou perder tempo lendo tudo q vc escreveu p mim
Traduzindo: Li tudo o que você escreveu, mas como não tenho argumentos para refutar, vou dizer que não li, arregar e mudar de assunto.
Tá “serto”.
Salvador.
Questão off topic:
Os norte-coreanos enviaram um míssil a quase 3.000km de altitude, passando (e deixando muito para trás) as órbitas de vários artefatos bilionários como a ISS, Hubble etc. Mesmo sabendo que a chance de uma colisão é muito remota, ela existe – taí a mega-sena premiando com menos de 1/50.000.000 de chance de acerto. Esta possibilidade é considerada e o lançamento prevê uma rota para evitar colisões (meio difícil pois eles não têm qualquer idéia do resultado do teste)? Ou eles não estão nem aí, se acertar em algo, azar (ou sorte, sabe-se lá…)?
Sérgio
Não sei quais são os critérios do gordinho maluco para esses lançamentos. A rigor, calcula-se a trajetória e certifica-se de que não há risco de colisão, embora, mesmo às cegas, esse risco seja muito, muito, MUITO baixo.
Verdade.
Considerando que toda a tralha orbitando a Terra tenha uma área total de 10.000m2 (??), e que a altura média seja de 500km, a probabilidade seria da ordem de 1/50.000.000.000! Mil vezes menor que a mega-sena!
Salvador, não poderia deixar de perguntar, o que achaste do bate papo do mestre Neil deGrasse com a Katy Perry? 😛
Não vi isso…
A melhor versão curta que achei:
https://www.youtube.com/watch?v=1CP2g5d_CxU
Olá Salvador.
Parabéns pelo M.S. e pela paciência com os “nibirutas”…
Pergunta 1: Aquela ideia de acelerar naves a partir de feixes de luz lançados da terra (ou proximidades) não pode ser usado para desvias asteroides ?
Pergunta 2: Será que algum dia será possível rebocarmos um asteroide para a superfície da lua, por exemplo?
Abr
1: Em princípio, pode sim. Mas desvios pequenos apenas, ou seja, só de asteroides que saibamos com bastante antecedência quando vão bater com a gente. (Lembre que as naves do projeto têm pouquíssima massa, e um asteroide não.)
2: Para a superfície, o pouso seria bem complicado. Mas para a órbita da Lua, bem possível.
Eu acho que a tecnologia que vai vingar quando for preciso desviar asteroides será o laser mesmo. Neste caso o efeito não será via “inércia” do feixe de laser mas pelo aquecimento da superfície do asteroide e consequente projeção de material. Hoje a potência não seria suficiente mas acredito que seja mais seguro andar neste sentido e desenvolver lasers de altíssima potência do que apostar na colisão de uma nave. A vantagem do laser é que ele já poderia iniciar a ação mesmo para asteroides muito distantes.
Salvador,
Desviando a rota do asteroide menor, a do maior sofrerá alteração?
Com relação ao menor, sim. (Lembre-se, o sistema duplo está girando ao redor de um centro de gravidade comum, e bater em um vai mudar essa posição do centro de massa.) Mas com relação ao Sol praticamente não, porque o deslocamento do centro de gravidade do sistema, que é o ponto que tem sua órbita elíptica ao redor do Sol, ainda que se desloque, vai se deslocar bem menos que o próprio asteroide menor.
Salva, mais uma pergunta..
Descobrindo hoje que um meteoro de 10km de diâmetro irá se chocar com a Terra em 5 anos, dá tempo de fazer alguma coisa, ou melhor, em uma ação conjunta global, quanto tempo levaria para ter um plano efetivo e funcional?
Dá tempo de fazer alguma coisa. Mas não sabemos se vai adiantar.
Com água no pescoço, todo mundo faz alguma coisa. rs
Eu tentaria pensar num jeito de “abandonar o barco” pra ontem! 😀
Os cientistas conseguem calcular para uma sonda pousar em um meteoro a 20km/s, lança um rover em marte, fazer o primeiro estágio de um foguete retornar e pousar em uma balça, calcular pra passar uma sonda entre os anéis e o planeta saturno, calcula pra dar um rasante na lua enceladus…. entre tantas outras façanhas. Acreditam mesmo que não conseguiriam calcular a trajetória do DESVIO de um ateroide? Que seja feito agora enquanto não precisa pois um dia que possa precisar poderia não ter tempo suficiente pra testes…
Claro que conseguem calcular. Mas a precisão não pode ser arbitrariamente alta. Vou te dar um exemplo. Asteroides têm sua trajetória em parte alterada pelo efeito Yarkovsky, que é a pressão de radiação solar sobre diferentes partes da superfície do asteroide, de acordo com o albedo. Quando você faz um impacto cinético num asteroide, vai levantar um monte de poeira dele. Parte dessa poeira vai cair de volta nele, recobrindo-o. O albedo vai aumentar ou diminuir? Em que regiões? Qual será o efeito disso no grau do efeito Yarkovsky? Quanto a trajetória do asteroide vai mudar no futuro? Essas são questões que envolvem sistemas caóticos, o que barra uma previsão precisa. É igual a previsão do tempo. Não dá para sequer sonhar em 100% de precisão.
Mesmo com uma explosão nuclear após o impacto sinético, o asteroide ainda continuariam em rota elíptica ?
Ele não tem escolha. Todas as órbitas ditadas pela gravidade são elípticas (ou hiperbólicas, caso ele seja ejetado para fora do sistema, o que não é o caso).
Salvador, eu acho inocência falar em “salvar a terra”. Pesquisas em deslocar asteroides ao meu ver tem interesses bélicos e de exploração de jazidas espaciais de minérios. Um asteroide de aresta inferior a 40 metros (facilmente deslocavel) q caiu na Sibéria arrasou uma área maior a Londres. Vê o potencial bélico disso? Sabe sobre o asteroide de platina q vale trilhões? Salvar a terra é partir da premissa q a ciência é feito para o bem da espécie humana. Sabemos q na prática ciência n é para isso. Não vamos alienar a população com um falso conceito de ciência.
Eu acho que é você quem está enganado. Claro que há interesse em mineração de asteroides, mas isso não envolve desviá-los de uma rota de colisão com a Terra. Talvez a missão Osiris-Rex seja mais representativa desses interesses, já que trará amostras de volta de um asteroide, assim como as japonesas da série Hayabusa. Quanto a aplicações bélicas, é estúpido; uma bomba nuclear seria um ataque muito mais efetivo (e barato, a essa altura) a uma cidade do que o desvio ultra-preciso de um asteroide (algo que não sabemos, francamente, como fazer; fazer desviar para “errar” a Terra é muito mais fácil do que fazer desviar para “acertar”, uma vez que o alvo “fora da Terra” é muito maior).
Então, não vamos alienar a população achando que tudo é a mesma coisa — minerar asteroide é uma coisa, atacar um país é outra e desviar um asteroide em rota de colisão com a Terra é outra. Todas as aplicações são legítimas, mas cada uma sugere um conjunto diferente de soluções. 😉
No seu argumento vc considera que não temos tecnologia para desviar asteroides com precisão. Por isso q vão iniciar as pesquisas… Se soubessem e obvio que não precisariam pesquisar. Continuando nessa linha, o modelo de pesquisa mundial atual é neoliberal, com participação de empresas no financiamento dos estudos. Acho romântica a a sua forma de ver empresas americanas financiando pesquisas da nasa p salvar o mundo! Essa questão da viabilidade económica em desviar asteroides também é a justificativa de se fazer pesquisa na area. Obvio! Não vejo sentido em comparar bomba nuclear com asteroides. Qualquer força armadas de qualquer país por mais insignificante q seja, deseja pluralizar os métodos de ataque. Se um processo é inviável hj, talvez num futuro possa n ser…
Mas eu admito que tenho poucas evidencias para sustentar essa hipótese de financiamento da indústria bélica e de mineração da mesma forma que vc n mostra nenhuma evidência de que essa pesquisa tenha sido financida pela nasa, que está procurando “proteger o mundo. “
Heheheh, você não sabe como funcionam essas coisas. Não tem nada de “neoliberal”. Pesquisa da Nasa é pesquisa da Nasa. Dinheiro público. 100% público. Há projetos PRIVADOS de mineração de asteroides, mas não são financiados com dinheiro da Nasa, e vice-versa. E você se esquece de um detalhe importante. O risco dos asteroides é real. Os EUA não precisam defender o mundo, uma coisa mar de rosas. Eles precisam de tecnologia para defender a eles mesmo. Os EUA, se não me engano, são o quarto país do mundo em extensão territorial. A chance de um impacto em solo americano, portanto, é a quarta maior do mundo. 😉
O “eu n sei” foi um otimo argumento seu. Bem científico! O governo americano, em especial o congresso, é direcionado pelo lobby das grandes corporações. O fato do governo assinar o cheque n foge do modelo neoliberal.
Você demonstrou que não sabe. Não é um argumento, é um fato. Mas vou te dar uma colher de chá e fingir que não reparei sua ideia fixa com “neoliberal” para responder.
É um FATO que a missão Dart AINDA NÃO TEM orçamento garantido. Se fosse um lobby da indústria, e se a indústria é quem manda no Congresso, já haveria, né? O FATO de que o projeto nasceu na Nasa e ainda carece de apoio financeiro é evidência de desinteresse comercial e/ou bélico.
Outro FATO é que projetos bélicos são financiados pelos militares, e não pela Nasa (agência espacial civil), e não sofrem de carências de recursos, uma vez que o Orçamento Militar americano (outro FATO) é aproximadamente 50 vezes maior que o da Nasa.
Por fim, é FATO público e notório que o lobby da indústria aeroespacial americana é um só: ela quer CONTRATOS que rendam DINHEIRO para ela. Não importa se é uma missão para desviar um asteroide, ou um orbitador para estudar a lua de Júpiter Europa ou um superfoguete com uma cápsula para levar astronautas a Marte. O que conta é que pague bem. (E, de novo, se estamos falando da indústria bélica e não da indústria aeroespacial, o lobby dela não será direcionado à Nasa, que é civil, mas ao Space Command da USAF.)
O conceito de “neoliberalismo”, conforme propagado principalmente aqui na América Latina, é uma explicação senso-comum para qualquer fato, tal como as teorias da conspiração que rolam por aí. A pessoa não tem o conhecimento necessário para explicar e delimitar conceitualmente uma questão fática, logo diz que sua causa é o “neoliberalismo”. Desviar um asteroide para a Terra, por mais impossível e descabido que seja em termos técnicos e econômicos, encontra como causa um complô de políticos, corporações e ideologias não determinadas para dominação mundial. Muito mais plausível e extraordinário, não é mesmo?
Sei lá. Às vezes acho que o bom senso devia ser mais disseminado do que é. 😛
Salvador, e se após a colisão esse asteróide vier direto para a Terra? Zoeira, às vezes sinto pena de você. Vlw!
Hehe, estou presumindo que você já leu essa resposta. rs
Po, eu li todo o topico e NÃO vi essa resposta… Perdi alguma coisa?… :-/
Porque essa era exatamente a pergunta que eu ia fazer, se nao havia o risco de colocar os asteroides em uma nova orbita que passasse a trazer mais perigo para a Terra a longo prazo que a orbita atual…
Não há esse risco. 😛
Oops!… Agora que eu percebi que tem mais de 180 comentarios… Vou pesquisar como faz para ver as outras paginas…