Nasa divulga primeiras imagens do sobrevoo da Grande Mancha Vermelha de Júpiter

Salvador Nogueira

A equipe responsável pela sonda Juno, da Nasa, já divulgou as primeiras imagens produzidas pela JunoCam — a câmera de luz visível da espaçonave — durante o sobrevoo rasante da Grande Mancha Vermelha de Júpiter, realizado na segunda-feira (10). Elas foram divulgadas no site da missão hospedado no portal do Instituto de Pesquisas do Sudoeste (SwRI), que você pode visitar aqui.

São três imagens ao todo, mostrando a grande marca registrada do Sistema Solar de variadas altitudes: 13.917,4, 9.866,1 e 6.276,3 km. A segunda dessas reflete o momento em que a Juno passou exatamente sobre a Grande Mancha Vermelha. Na aproximação máxima do planeta, a sonda passou a meros 3.500 km do topo das nuvens jovianas.

Veja a sequência completa, com direito a zoom.

As imagens foram compostas a partir de três fotos diferentes, cada uma captando filtros de uma faixa de cor — verde, vermelho e azul. Combinadas, elas dão uma visão aproximada de como veríamos Júpiter com nossos próprios olhos, se estivéssemos a bordo da Juno.

Claro, esse é só um aperitivo — uma primeira divulgação, claramente para atender à ansiedade do público. Essas imagens devem passar por processamento adicional (e o público participa disso, com acesso às imagens brutas) para que se possa extrair mais detalhes.

A propósito, veja uma primeira imagem processada (por Gerald Eichstädt) para mostrar, com exagero de cores, as nuances da mancha. É de babar.

Imagem processada por Gerald Eichstädt, com base no material bruto da Nasa. (Crédito: NASA/SwRI/MSSS/Gerald Eichstädt /Seán Doran)

Além disso, temos de lembrar que a JunoCam — a câmera de luz visível — é só uma “cereja do bolo” na missão. O que conta mais são os resultados obtidos com os outros sete instrumentos embarcados, que sondam campos magnéticos, micro-ondas, infravermelho e ultravioleta. Com eles poderemos saber o que se esconde “por baixo” da Grande Mancha Vermelha e, assim, ter um melhor entendimento da dinâmica dessa tempestade gigante joviana que está rolando há pelo menos 350 anos.

Há muitas questões em aberto sobre ela, como o porquê da cor avermelhada das nuvens e se o encolhimento visto em tempos recentes é sinal de que ela está para sumir. Portanto, não saia daí.

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Comentários

  1. Salvador a impressão esta que parece maior que o de costume, ilusão de ótica? da ate para desconfiar da realidade das imagens.

    1. É o efeito de perspectiva, pois as imagens foram feitas não só de distâncias diferentes, mas de ângulos diferentes, e a cada ângulo o formato muda por conta disso.

        1. clica com o botão direito em cima da foto e depois clica em “zoom” que o tamanho muda de novo! Impressionante, você controla Júpiter do seu desktop!

  2. Não tenho certeza, mas não houve um astrônomo que disse que a mancha vermelha poderia ter sido causada por uma planeta que colidiu com o gigante gasoso e outro que disse que ela deu origem ao planeta Vênus depois desta colisão por causa da similaridade das cores dos planetas vistos no telescópio?

    1. Não faz o menor sentido isso. Jura que um astrônomo disse isso? Já vimos um cometa colidir com Júpiter e não provocou nada similar. (OK, um cometa é bem menor que um planeta, mas mesmo assim… e Vênus, o que pode ter a ver com isso??)

      1. Salvador, são teorias dos séculos passados quando estavam muito longe de poder contar com uma sonda orbitando o planeta tirando fotos e fazendo observações com outros instrumentos, o “chutômetro” de uma época distante interessante somente para quem curte histórias e teorias antigas para saber quem acertou ou não em seus “chutes”. Não sei se estou errado, mas a teoria de que Vênus se originou de uma colisão de outro planeta com Júpiter foi relatada em Cosmos ou numa série da TV parecida.

        1. Também não me lembro de nada disso no seriado Cosmos.

          Além disso, vamos pensar: Vênus é um planeta rochoso, Júpiter, puramente gasoso… Um planeta rochoso se chocando com Júpiter será absorvido por ele e gases poderão ser lançados ao espaço, mas será que eles se aglutinariam formando um outro planeta rochoso? Duvido. Abraços.

  3. estou vendo coisas, ou lá em volta do centro da mancha vermelha começa a se esboçar o mesmo hexágono gigante que já observamos no polo norte de saturno?

  4. A coloração da mancha poderia ter alguma relação com um frustado processo de “acendimento”, similar ao que ocorre no nascimento de estrelas?

    Tento justificar a questão com outra: A cor avermelhada não poderia ser um reflexo de alguma luz lá dentro? Ex.: quando colocamos nossa ponta do dedo em uma lanterna hehe

    Também tento justificar a segunda questão: Apesar de Júpiter ser gasoso, poderia haver um vulcão ativo (que geraria a luz que alimentaria essa mancha, ou ainda, especificamente nesta região poderia haver um processo parcial de fusão nuclear em andamento?

    Aproveitei para emendar o post anterior que fala das estrelas com tamanho de Júpiter e Staturno. Sei que a massa de Júpiter é beeeem menor, mas acho que podem sustentar essas questões, certo?

    Mais uma vez, parabéns pelo blog, Salvador, está muito bom mesmo! (só falta um review do Kerbal Space Program hahah)

    1. Não, a cor da mancha tem duas explicações. Ou é causada por material dessa cor que é levado para cima da atmosfera pela tempestade, ou é causada por reações fotoquímicas dos componentes da atmosfera lá em cima, movidas pelo UV solar.
      Kerbal eu já comprei. Falta a coragem de jogar. Hehehe

    2. talvez seja esta a cor de júpiter debaixo da primeira camada de atmosfera que estamos acostumados a ver… 🙂

  5. Bom dia Salvador!

    Será que um dia teremos uma sonda equipada com radares ou coisas melhores e que possam “ver” além das nuvens e talvez até a superfície? Quem sabe encontraremos jupterianos vermelhinhos mas sem ideologias e assustados com as chegadas de ET (estrangeiros terrestres).
    Obrigado por nos brindar com excelentes matérias.

    1. Não tem uma “superfície” a ser observada. Mas o radiômetro de micro-ondas da Juno pode “enxergar” centenas de km abaixo das nuvens, o magnetômetro em tese pega a camada do meio, onde é gerado o dínamo joviano, e o núcleo é “observado” por medidas de gravidade, que indicam precisamente a quantidade de massa do planeta. 😉

  6. Off:

    Segundo turno, Lula (STF libera a candidatura) vs Bolsonaro, em quem o Mensageiro Sideral votaria?

    1. Eu espero sinceramente não ver nenhum desses dois no segundo turno. O Brasil não merece mais essa.

    2. Sua pergunta me provocou indigestão. Acho que a coxinha de mortadela que comi estava estragada.

    3. Tenho outra enquete: Salvador Nogueira renuncia ao mandato de chefão do Mensageiro Sideral. Como espaço democrático que é, a galera faz eleições e no segundo turno temos Diogo Morelli x Gilberto Pessagno.

      E aí, em quem vocês votam?

  7. A minha teoria sobre a mancha, sempre foibquevum belo cometa, cheio de amonia, bateu de frente no planeta, e até agora tão tentando arrumar a casa do estrago feito…

  8. Ainda rindo da introdução que a Terra não é plana que o Mensageiro Sideral fez…. Salvador qual a idade desta sonda Juno para termos uma ideia da qualidade das fotos tiradas.

    1. Bom lembrar que a captura de fotos “normais” (espectro visível) no espaço não tem tanta utilidade científica quanto a maioria de nós pensa ou gostaria. Logo, suponho que não seja nenhuma tecnologia mais avançada que as das câmeras digitais comerciais da época. Claro que pra publicidade da agência espacial são importantíssimas, mas eles não devem perder muito tempo e pesquisa nisso… (Claro também que não são câmeras comuns com configuração padrão, digo apenas que o nível tecnológico é idêntico).

      1. Muitas sondas não têm câmaras de luz visível, mas as que têm, não é simplesmente “pra publicidade da agência”, mas por curiosidade humana pura, eles também querem ver a paisagem pela janelinha da nave…

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