Astronomia: Retorno a Urano e Netuno
Nasa conclui estudo para enviar missão aos planetas Urano e Netuno na década de 2030.
OS ESQUECIDOS
Apesar de termos sondas voando pra todo lado no espaço hoje em dia, dois alvos em particular parecem negligenciados nas últimas décadas: Urano e Netuno. Não é sacanagem, e sim o simples fato de que esses são planetas muito distantes, o que torna extremamente difícil chegar até lá e se estabelecer em órbita. Mas é um desafio que a Nasa começou a encarar de frente.
CATATAU
A agência espacial acaba de concluir um estudo volumoso sobre como fazer para chegar a Urano ou Netuno nas próximas décadas por um preço que ela possa pagar, em torno de US$ 2 bilhões por missão.
ÚNICA VISITA
Motivos científicos para ir não faltam. Praticamente tudo que sabemos desses dois mundos, e não é muita coisa, veio da única sonda que passou por lá, a Voyager 2. Ela sobrevoou Urano em 1986, e Netuno em 1989. Desde então, estivemos limitados a observações ao telescópio.
GIGANTES DE GELO
Urano e Netuno são quatro vezes maiores que a Terra, o que faz deles gigantes gasosos. Mas são bem diferentes de Júpiter e Saturno — menores e com proporção maior de gelos na composição. Mais da metade de sua massa é feita de água, metano e amônia, o que justifica sua classificação: “gigantes de gelo”.
E TEM AS LUAS
Além disso, suas luas prometem ser tão interessantes quanto as de Júpiter e Saturno, possivelmente abrigando também oceanos de água líquida em seu interior — potenciais abrigos para a vida. De todas elas, destaca-se Tritão, a maior de Netuno. Ao que tudo indica, ela já foi um planeta anão, como Plutão, antes de ser capturada pela gravidade netuniana.
CALMA LÁ
Em seu relatório, a Nasa estudou diversas possibilidades de missões, com estimativas de custo, lançamento em 2030 ou 2031 e chegada marcada para mais de uma década depois. Tudo muito promissor, mas é importante frisar, contudo, que se trata apenas de um estudo preliminar. A ideia é que ele sirva de base para a próxima Pesquisa Decenal da Academia Nacional de Ciências dos EUA, que estabelecerá as prioridades científicas na próxima década.
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
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Só como curiosidade, sempre ouvi dizer que o fato de Urano ficar de fora das missões da Nasa se deve a que “explorar Urano”, quando dito em inglês, soa meio peculiar….
Ba dum tss…
https://www.youtube.com/watch?v=9CdVTCDdEwI
contornável… hahaha https://www.youtube.com/watch?v=0-Cix53XRVs
Acho que é jogar dinheiro fora. Temos é que usar esse valor astronômico para tentar perfurar o gelo da lua Europa de júpter.
Sairia muito mais caro. São dezenas de km de gelo…
Pode-se usar uma sonda baseada no efeito “síndrome da china”.
Voce só pode estar brincando né?
Olá Salvador! Sem querer ser pé de galo…sabe que adoro sua coluna…mas dá uma olhadinha na parte “encarar de frente”, no primeiro parágrafo, quarta linha…esse termo é um pleonasmo vicioso…bem comum por sinal…pois ninguém encara pelas costas…só se pode encarar pela frente… 😉
Abraço e mais uma excelente matéria…
Pois é, essa discussão chegou ao Facebook.
Usei a expressão “encarar de frente” para dar ênfase. Note que “encarar” já é usado aí como figura de linguagem (metáfora), uma vez que significa “olhar na cara” e o problema de enviar uma sonda a Urano ou Netuno não tem realmente uma cara.
Nesse sentido, não vejo como tão pecaminoso o uso do “encarar de frente”, apesar de seu tom pleonástico, pois dá a noção de enfrentamento, e não só a noção de aceitação ou admissão. “Encarar o problema”, para mim, soa como admiti-lo, reconhecê-lo, mas não necessariamente enfrentá-lo. Por isso preferi o enfático “encarar de frente”.
Também vale lembrar que é tecnicamente possível “encarar” sem ser de frente, no caso em que alguém foge de outra pessoa e olha para trás para ver a reação de seu perseguidor. Também é possível encarar alguém sem ser visto, o que dificilmente aconteceria se o encarador estivesse de frente para o encarado.
Enfim, podemos discutir a sabedoria e a lógica de certos pleonasmos quanto quisermos. Ou você pode fingir que eu escrevi “encarar” só e seguir viagem. 😛
kkkkkkkk tranquilo…só citei, porque esse “encarar de frente” é um exemplo clássico em vários livros de português…mas entendi o que quer dizer…
Abraço!
Sem querer discutir o uso em si do “encarar de frente” (do qual já me arrependi só por abrir a discussão), acho terrível a ditadura que às vezes se impõe no ensino da língua, como se fosse algo preciso, matemático. As línguas evoluem, e o que move sua evolução é o uso, não as regras que tentam impor ao seu uso.
Não só falou, como disse tudo… sou um pequeno ser humano que sempre foi a favor da liberdade da escrita…
=D
Pode ser o Curupira kkkk
“Encarar de frente” é um pleonasmo, muitas vezes. Mas nem todo pleonasmo é erro. O pleonasmo pode ser utilizado corretamente, seja com o intuito de ênfase, de ironia/sarcasmo, etc.
Ademais, você pode encarar sem ser ‘de frente’, usando um espelho, por exemplo. E não haveria erro em dizer “eu encarei fulano meio de lado”. Se de lado não é erro, de frente também não é.
Salvador acertou desta vez.
Próxima.
Obrigado, Perna!
Sempre bom ter corroboração independente! 🙂
Muito boa esta verdadeira aula de pleonasmo. Deveria ser criada uma secção “pleonasmos d’ajordui”
Salva,
Qual é o “tudo” que indica que Tritão foi um planeta anão?
Grande abraço.
Sua órbita retrógrada, incomum para satélites desse porte e só possível pela captura posterior, em vez de formação in situ, e seu aspecto geral — atmosfera tênue, albedo e traços na superfície –, que remete a Plutão.
Olá, Salvador.
Fiquei com uma dúvida, na reportagem foi dito que o motivo de não enviarem sondas até Urano e Netuno e que eles são planetas distantes, mas enviaram sonda até plutão, localizado mais distante ainda.
Já enviamos uma sonda a Urano e Netuno do mesmo modo que a Plutão, e muito antes. Como digo no texto, a Voyager 2 passou por Urano em 1986, e por Netuno em 1989, do mesmo jeito que a New Horizons passou por Plutão em 2015. Agora, para se estabelecer em órbita de qualquer desses astros, o desafio é muito mais complexo. Exige você chegar lá em velocidade não muito alta, e isso por sua vez exige que você leve um longo período para chegar até lá. Note que estamos falando de mais de 10 anos de viagem para chegar a Urano, enquanto a New Horizons foi da Terra a Plutão, quase duas vezes mais longe, em 9,5 anos.
Obrigado pelo esclarecimento.
Essa notícia é sobre os planos para Urano e Netuno é muito boa e me dá uma pontinha de inveja. No Brasil, planejamento de longo prazo é ficção, especialmente no governo. Não sabemos planejar nada além de poucos anos, pois muda o governo e os planos são enterrados, mesmo que já tenham gasto milhões nele.
E nossa cultura tem vista curta, nós mesmos queremos tudo para já e somos pessimistas, não acreditamos que um plano para daqui a 10 anos será cumprido, mesmo que só dependa de nós.
Vida longa aos planos da NASA, que sejam bem sucedidos!
vai ser 1 missão pra cada planeta ou vão escolher ou um ou outro?
Ainda precisam decidir. Se eu fosse a Nasa, achava o dinheiro para fazer uma para cada. Mas vamos ver. 😛
Mas não dá pra ser uma missão só que visite um e depois siga em direção ao outro?
Não seria a coisa mais simples do mundo. O veículo teria de ter capacidade de sair de órbita de um e teríamos de esperar o alinhamento adequado dos planetas para fazer a travessia, além de demorar muito, muito mais. Acho que a solução mais racional seria fazer naves gêmeas e disparar uma para cada planeta, aproveitando o melhor momento para usar Júpiter como estilingue.
Faz sentido. É que temos sempre a idéia intuitiva de que um está ‘depois’ do outro….
Pelo que vi, ainda estão pensando em orbitadores ou um flyby, não é?
Tem planos mais baratos para flybys e mais caros para orbitadores, mas a conclusão do estudo é que orbitadores trazem muito mais bang pelos bucks… rs
Bom dia Salvador!
Sempre assisto seu vídeos no Youtube e, olhando o desse post, a direita onde aparecem outros vídeos de temas relacionados, apareceu um outro de nome “Chineses fazem teletransporte quântico entre Terra e espaço” https://www.youtube.com/watch?v=PrD8EwzvSWQ .
Assisti e fiquei curioso com a veracidade. O vídeo cita até matéria correlata que saiu na Science a respeito. Se realmente esses testes que os chineses conseguiram proceder são verdade, podem mudar gigantescamente nossas comunicações. Conseguir provar que existe um entrelaçamento quântico entre fótons separados, onde você interage em um e o outro muda ao inverso da interação mesmo a grandes distâncias, é algo realmente surpreendente.
Você chegou a ver algo a respeito ou será que é uma fake news?
Valeu tchê, grande abraço!
Leonardo.
Leonardo, eu vi sim. Mas não é uma grande novidade. Já haviam feito teleporte quântico a centenas de km, e mostrar que isso pode ser feito da órbita é só mais um incremento. É legal, mas não chega a ser surpreendente. A notícia subjacente é que os chineses estão investindo em comunicação quântica para satélites, o que oferece um meio inviolável de transmitir informações. 😉
Inviolável até um físico hacker achar um meio de atrapalhar o emaranhamento alheio.
O limite é atrapalhar; não dá para roubar os dados. Grande avanço!
Concordo com você Salvador eu acho que as luas desses dois planetas nos reservam grandes descobertas. Talvez até mesmo a maior de todas, vida.