Projeto Garatéa-ISS levará experimento brasileiro à Estação Espacial Internacional em 2018

Pela primeira vez em mais de uma década, o Brasil voltará a enviar um experimento à Estação Espacial Internacional para ser realizado por um astronauta. A iniciativa é da Missão Garatéa, o mesmo consórcio espacial que está planejando a primeira missão lunar brasileira, com lançamento marcado para 2021.

Batizado Garatéa-ISS, o projeto fará parte da 12a edição do Student Spaceflight Experiments Program (SSEP), ação anual do governo americano em conjunto com a Nasa (agência espacial americana) para engajar a comunidade estudantil em experimentos educacionais realizados no espaço.

“É a primeira vez que uma comunidade fora da América do Norte teve aprovação no programa e estamos muito animados com a oportunidade”, diz Lucas Fonseca, diretor da iniciativa no Brasil.

A oportunidade foi aberta por meio da Câmara de Comércio Brasil-Flórida, que ajudou na busca de um projeto de impacto que pudesse alinhar interesses brasileiros e americanos. A intersecção encontrada foi com a Kennedy Space Center International Academy (KSCIA)

“Penso que a maior importância de uma colaboração desse porte é a oportunidade de inspirar a futura geração que eventualmente atuará em alguma área do programa espacial”, diz Jefferson Michaelis, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Flórida. “Para o Brasil, abre-se uma oportunidade gigantesca, uma chance de reviver a aliança com a ISS e ao mesmo tempo possibilidade a jovens brasileiros e a educadores a inserção na área de espaço. Para os EUA, uma oportunidade de conhecer o lado do Brasil, talentoso, criativo e inovador, o que possibilitará a criação de novas oportunidades entre as duas nações.”

O experimento brasileiro deve ir à estação espacial em 2018 e contará com a participação de 450 crianças do sétimo ano (13 anos), tanto do ensino público como do ensino privado. Desde 2006, quando a Missão Centenário levou à Estação Espacial Internacional o primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes, estudantes brasileiros não têm uma oportunidade como essa.

COLABORAÇÃO

O projeto não tem financiamento público e, a exemplo da missão lunar Garatéa-L, busca apoio da iniciativa privada para sua realização. “Este primeiro ano estamos tratando como um piloto”, explica Fonseca. “Para o ano que vem, estamos costurando uma parceria com a Olimpíada Brasileira de Astronomia e temos a meta ambiciosa de expandir o programa para atingir 1 milhão de crianças. Para tanto, precisamos nos provar neste primeiro voo.”

A iniciativa será iniciada neste ano, em uma parceria da Missão Garatéa com o colégio Dante Alighieri, de São Paulo. A escola ofereceu suas estruturas de salas, laboratório e professores para o planejamento e a realização do experimento. Como contrapartida, seus alunos participarão do projeto, combinados a estudantes oriundos do ensino público.

Além de envolver os alunos num projeto espacial de vanguarda, a iniciativa oferecerá treinamento para professores com cientistas de alto gabarito trabalhando no Brasil e no exterior. “Sem dúvida é uma oportunidade incrível”, diz Amanda Bendia, pesquisadora do Instituto Oceanográfico da USP envolvida com o projeto. “Os alunos terão a experiência não só de passar por todas as etapas que um cientista realiza para o desenvolvimento de sua pesquisa, mas também terão que pensar em experimentos que sejam simples, práticos e viáveis de serem executados na ISS. Será um grande desafio que contará com o apoio de pesquisadores brasileiros especializados em áreas como Astronomia, Biologia, Física e Química, que darão o suporte multidisciplinar necessário para os alunos desenvolverem suas propostas de experimentos.”

“Acho esta iniciativa fantástica, muito importante para os alunos e professores envolvidos”, complementa Ana Carolina Zeri, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron. “Estou bem entusiasmada e contente de poder ajudar.”

Fazendo coro a gente muito mais esperta, o Mensageiro Sideral também está muito feliz de poder participar do projeto, como consultor.

Ainda não está definido qual experimento será realizado. Ele será escolhido e projetado entre setembro e dezembro deste ano, para ir ao espaço no primeiro semestre de 2018. A bordo da Estação Espacial Internacional, ele será executado por um astronauta americano e, depois de quatro a seis semanas, será trazido de volta à Terra para análise dos resultados.

Os alunos brasileiros responsáveis pelos experimentos ainda participarão de um congresso de apresentação de resultados no museu nacional de ar e espaço “Smithsonian” em Washington D.C., tendo chance de interagir com estudantes americanos que participarão do mesmo programa. O projeto será assessorado por cientistas ligados a NASA, além de pesquisadores brasileiros da Universidade de São Paulo e do Laboratório Nacional de Luz Sincrotron.

O objetivo do projeto é ampliar o interesse dos estudantes brasileiros pelas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, essenciais para o desenvolvimento do Brasil, e desenvolver um caminho rápido de amadurecimento de iniciativas espaciais privadas e de capacitação tecnológica para a Garatéa-L, a missão lunar brasileira.

Confira o hotsite do projeto Garatéa-ISS, clicando aqui.

Comentários

  1. Esse pessoal do Garatéa, juntamente com o Mensageiro Sideral, que sabemos estar envolvido, mostra uma mudança de postura da comunidade interessada em ciências no Brasil. Somam-se os esforços da turma do Sonear, que tem feito um excelente trabalho de monitoramento de asteroides. Tenho certeza ainda, que iniciativas semelhantes em outras áreas devem estar acontecendo, mas sem a divulgação adequada, como acontece aqui pelo Mensageiro Sideral.

    O mais interessante é que são iniciativas sem dinheiro público, e mostram a decepção e desânimo em relação às iniciativas ditas oficiais. O Brasil tem gente competente para avançar em pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico, mas a politização de recursos, distribuídos na forma de barganha, muitas vezes com interesses totalmente distantes das causas científicas, trava por completo nosso desenvolvimento. Outra característica importante é o foco em resultados, ao contrário de muita pesquisa oficial, cujo objetivo é difuso e, via de regra, trás muito pouca contribuição para a sociedade brasileira, que, em última instância, é quem financia estas pesquisas.

  2. Eu sugiro um experimento com os terraplanistas. Mandar alguns deles para lá em camisas de força (para sua própria proteção e da tripulação da ISS, ninguém sabe qual seria a reação deles) e mostrar que a Terra é redonda, avaliando psicologicamente o impacto desta descoberta nos cérebros dos “espécimes”. Lógico que seria dar muita sorte a quem não merece, mas pelo menos eles parariam de encher o saco.

    1. Ah não. Se for mandar alguém lá para cima, eu sou o primeiro da fila.
      Eu prefiro, para os terraplanistas, um projeto diferente: uma escavação até o outro lado do “disco” da Terra. 😉

    2. Hahahahahahahahha.. Boa sugestão de experimento. Me lembrou o conto do Asimov “nightfall”, em um mundo onde as pessoa nunca viram a noite (o planeta orbita várias estrelas).

    3. não!!! acho que o ideal é tentarmos deixá-los em paz, com suas ilusões! eles são mais controláveis assim… não imagino que tipo de reações violentas eles poderiam desenvolver se confrontados com suas “certezas” fundamentais… :-S

      1. Quem é confrontado com alguma coisa que lhe desagrada as vezes pode ter uma reação violenta. Vai que eles dão um jeito de destruir a ISS?

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